Quando acabaram de contar para Harry o motivo de tanto sangue espalhado pelo apartamento, o homem estava claro sobre sua opinião a respeito da gangue que seguia Niall e seu namorado. O de olhos verdes perguntou onde Louis estava e depois que Niall disse que outro não estava se sentindo bem, saiu da cozinha.
O quarto de Louis estava inteiro apagado, com a janela fechada quando Harry entrou.
-Lou? - perguntou ao entrar. Ele ouviu o namorado se mexer na cama. - Ei, o que aconteceu?
-Que horas são? - o outro perguntou, ignorando completamente a pergunta que havia sido feita.
-Pouco depois das 2.
-Da manhã?
-Não, da tarde - o outro respondeu serio.
-Preciso melhorar - Louis disse e se sentou na cama. - Preciso ir a um encontro de negócios com Horan hoje a noite. Sabe aquele clube de luta ilegal onde nos conhecemos? Lembra que compramos ele quando estávamos na 1975? - Harry concordou com a cabeça. - Chegamos a assinar a papelada e tudo, mas nunca fizemos nenhuma obra para arrumar o lugar e quando vamos fazer, a 1975 acabou. Bom, Niall está pensando em comprar e vamos continuar com a luta, mas vai ser legal dessa vez.
-Preciso falar com você sobre isso, na verdade.
-Sobre luta legal?
-Não, Tomlinson. - Harry disse e se sentou na cama. - Não quero mais que você continue com isso.
-Que porra?
-Eu sei que a única pessoa que decide o que fazer sobre a sua vida é você, mas eu só queria que você pensasse no que eu vou dizer, porque eu sou seu namorado e isso conta um pouco.
-Fala então.
-Há muito tempo precisávamos de dinheiro para viver e o Zayn deu a ideia de plantar e vender maconha. Tudo bem, aceitamos e começamos a 1975 nós três. Os lucros vieram e com eles decidimos vender outras drogas. Ai começamos a ir em rachas, em apostar alto e ganhar mais alto ainda. Estávamos na adolescência e conseguimos sobreviver, mas de forma ilegal. Não somos mais adolescentes, idiotas ou sem coisa para se importar. Estamos voltando a ter contato com a nossa família e planejando começar uma. Eu não quero olhar para trás e ver que o meu maior sucesso foi uma gangue.
-Não nos menosdespreze. Éramos a gangue e não uma gangue.
-Eu sei. Vivemos bem hoje por causa do dinheiro que conseguimos lá, mas não foi um dinheiro honesto. Matamos gente, Louis. Pessoas com família e amigos. Não importa quantas vezes eu tome banho, o sangue não sai das minhas mãos.
-Fazer parte do mundo perigoso e correr riscos é tudo que eu sei.
-Não, não é. Tem muito mais em você do que isso e eu quero me tornar uma pessoa melhor - Harry ficou em silêncio por um tempo. - Eu acabei o colégio, posso entrar em um curso e começar a trabalhar integral para sustentar a gente. Você fica cuidando dos nossos filhos, já que acha que não consegue fazer nada. Ou então você pode fazer um curso também e então nós dois trabalharíamos meio período e ainda sim teríamos tempo para cuidar dos nossos filhos.
-Não sei, Styles.
-Só pensa nisso, tudo bem? Cansei de viver essa vida de 1975. Não faz bem para ninguém.
Harry levantou e beijou o namorado antes de sair do quarto.
[…]
Cassandra chegou cedo no trabalho na manhã seguinte. Landon, seu chefe, estava abrindo o bar.
-Bom dia, Landon - ela o cumprimentou.
-Como está, Cassandra?
-Normal e o senhor?
-Estou bem. O dia está lindo - ele disse, olhando para o céu antes de entrar no local.
Cassandra se segurou para não gritar falando que gostava de chuva.
Brenda chegou em seguida.
-Bom dia - ela sorriu, seus cachos estavam perfeitinhos nessa manhã, fazendo com que seu cabelo ruivo ficasse mais bonito ainda.
-Amei - Cassandra disse apontando para o cabelo da amiga.
-Eba - a outra comemorou. - Estou testando penteados novos, cansei do liso de sempre.
Casais e pessoas arrumadas para trabalhar começaram a entrar no local. Muitos deles sentavam no bar e pediam um prato do cardápio de café da manhã, outros optavam por sentar sozinhos em uma mesa. Era assim todo dia. Até que, ao anotar o pedido da mesa 4 e ia para o bar, atender um cara que tinha acabado de chegar, Cassandra percebeu que ele não era um cara qualquer.
-Ei - ela falou, passando a mão pelo braço dele e vendo o homem tirar a mão do rosto e mexer no cabelo já bagunçado. Seus olhos azuis pareciam casados. - Está tudo bem?
-Não - ele respondeu. - Vou querer uma vodka, por favor.
-Você sabe que horas são, Tomlinson?
-Importa? Ainda vou querer uma vodka. Com gelo, na verdade.
Cassandra colocou o pedido que tinha anotado na parede da cozinha e voltou com um copo para o amigo. Ela colocou um guardanapo na frente dele e antes de apoiar o copo, começou a falar.
-Só vou te dar se me falar o que está te incomodando.
-A pergunta certa seria quem - o homem disse e depois apontou para o guardanapo, esperando que a amiga colocasse o copo lá.
-Na verdade, você ainda não respondeu a minha perguntou.
-Começa com Harry termina com Styles. Conhece? - ele brincou.
-Tudo bem - ela apoiou o copo em sua frente. - Agora me explica como vodka vai ajudar a resolver o problema?
-Ele tá maluco, fora de si.
-Como assim?
-Ele veio pedir para eu sair do negocio com o Niall, não me envolver com mais nada ilegal - o homem falou baixo.
-Ele não tá maluco, só não quer que você se machuque. Especialmente depois de ver o que aconteceu com os meninos do Niall.
-Você soube?
-Liam me ligou ontem a noite e contou tudo.
-Só que eu não sou mais um menino, sei me cuidar.
-Do mesmo jeito, ele te quer em segurança e vivo.
-Parece que você está do lado dele - Louis acusou.
-Não estou no lado de ninguém, só estou comentando. Vocês dois vão se acertar eventualmente, mas só não esquece que quem decide se fica ou sai, é você.
-Tenho medo de ficar e ele me deixar.
Depois dessa frase, Louis virou o copo de vodka.
-Mais um? - ele perguntou, esticando o copo para Cassandra.
[…]
-Oi, Cass, é o Jamie - o homem começou a falar, já que havia desistido de ligar mais uma vez para sua esposa e decidindo apenas deixar um recado. - Seguinte, eu liguei para Carter depois que você falou que tinha encontrado com ele e acabei marcando deles irem hoje a noite lá em casa. Tem problema para você? Ele disse que a Stephanie vai trazer alguma coisa para a gente comer, mesmo eu insistindo que não precisa. Você sabe como a mulher dele adora agradar, lembro que ela sempre trazia flores quando via aqui em casa. Bom, eles vão trazer as filhas também, dessa vez eu insisti, adoro elas. É isso meu amor. Te amo. Beijos.
Jamie desligou e voltou para dentro do estudio.
-Campbell, estão te esperando na sua sala - Cinthia, a mulher da recepção avisou. Seu cabelo era escuro, igual ao da Cassandra antes dela pintar.
-Achei que não tivessem mais nenhuma tatuagem marcada para hoje.
-Ela disse que vai ser rápido - Cinthia deu de ombros. - Eu não entendo metade das coisas que os clientes fazem.
Jamie riu e foi andando para a sua sala. Ele entrou na terceira porta à direita. A luz do teto estava apagada, apenas um abajur pequeno estava aceso quando o homem entrou. A mulher alta a sua frente estava com um vestido colado e seus cabelos loiros caiam em linha reta um pouco abaixo do ombro.
-Chloe? - o homem perguntou. A loira sorriu dando um passo para frente, seu rosto finalmente iluminado pela luz fraca.
Ela chegou mais perto e empurrou o homem na parede. Seus dedos foram para a fechadura da porta em meio segundo e ela a trancou. Com a outra mão, segurou firme a nuca do loiro e o beijou. Ela sentia falta daquele beijo.
-Sentiu a minha falta? - ela perguntou, com os lábios ainda colados no dele. Depois, começou a beijar o pescoço do mais novo e logo suas mãos estavam no botão da calça jeans preta dele.
O homem se afastou.
-Como você não está em Manchester?
-Tenho uma reunião hoje aqui em Bradford e pensei em te fazer uma surpresinha.
-Como soube que eu trabalho aqui?
-Sua mãe. Ela me adora.
A mulher voltou para cima dele, seus lábios foram novamente grudados. Eles começaram a andar em direção à maca que tinha lá. Ela deitou, abrindo as pernas o suficiente para mostrar que não estava usando nenhuma calcinha.
-Não posso te foder - Jamie disse por final. - Não vai dar, Chloe.
-Tudo bem - ela disse, colocando um pé em cada ombro dele. - Consigo pensar em muitas coisas para nós dois fazermos, das quais seu pau não entra em mim.
[…]
Cassandra estava chegando em seu apartamento. Kyle estava em seu lado, o menino veio no caminho inteiro arrancando as flores que mais gosta.
-Mamãe - o menino puxou a blusa dela. A mulher olhou para baixo. - Para você - ele sorriu.
-Que lindas - ela falou, pegando o monte de flores da mão do menino. - Vou colocar em um vaso quando chegar em casa, assim elas não morrem.
-Tudo bem - o menino concordou. Eles chegaram na portaria do prédio. - Bom dia, Seu João - o menino disse ao porteiro.
-Bom dia, Kyle. Como foi na escola?
-Normal - ele respondeu sorrindo.
-Espero que amanhã seja melhor - porteiro respondeu sorrindo. - As correspondências, dona Cassandra.
-Obrigada - ela disse ao pegar o bando de papel. Kyle já estava na frente, segurando a porta do elevador para ela.
-A azul foi a que eu mais gostei - o menino disse, se referindo as cores.
-Eu também, mas a vermelha… - ela ia continuar a falar, mas seu telefone começou a tocar. Ela o tirou do bolso.
-Quem é, mamãe?
-Zayn - ela respondeu.
-Ele pode vir aqui hoje?
-Hoje não vai dar, filho.
-Por quê?
O elevador chegou no andar deles. O telefone dela ainda tocava e a mulher torceu para Jamie ter esquecido a porta aberta, já que não tinha mão livre para pegar as chaves. Ao girar a maçaneta, a porta abriu e parecia que a sorte estava ao seu lado.
-Porque os amigos meus e do seu pai vão vir aqui hoje, lembra? Carter e Stephanie?
-Os pais da Martha e Kayla?
-Isso.
-Eba! Mas o Zayn não pode vir também?
-Outro dia ele vem, tudo bem?
-Nem hoje a tarde?
-Vou pensar, Kyle.
-Tudo bem - ele respondeu e saiu correndo.
Ela entendeu o telefone.
-Desculpa a demora, Malik. Kyle tava me enchendo de perguntar.
-Sem problemas, Cass.
-E então? Do que precisa?
-Preciso te ver. Acabei de sair da delegacia, você ainda tá trabalhando?
-Não, mas tenho compromisso a noite. Quer vir aqui? Kyle também está louco para te ver.
-Tudo bem, chego ai em 10.
-Beijos, Malik.
Cassandra foi andando até o quarto do filho. Ia contas que seu pai estava indo lá e já imaginava o sorriso no rosto do menino. Mas quando chegou, ele estava dormindo. Ela se segurou para não rir e foi devagar até a cortina e a fechou, deixando o quarto escuro. Depois pegou uma coberta para o menino e o cobriu.
Quando voltou para a sala, começou a ver as correspondências. A maioria era contas para ela pagar, mas tinha uma que a chamou atenção. Era da Oxford University. Ela ficou encarando a carta por muito tempo, sem saber se queria saber o que estava dentro ou não.
Ela havia feito a prova para direito há um tempo atrás. Chris ainda estava vivo. Sempre quis is para a faculdade, mas com Kyle pequeno não dava e quando conheceu Jamie ele já estava cursando engenharia e não dava para ela deixar o menino sem ninguém ou só com uma babá. Queria que ele crescesse com alguém dá família.
Quando Chris nasceu, elas esperou até que os filhos estivessem grande o suficiente para ela deixá-los juntos, não sozinhos, mas com Jamie. Ele já tinha acabado a faculdade e ela ainda trabalhava poucos turnos no bar quando os dois filhos atingiram uma idade que ela julgava ser ideal para ela conseguir voltar a estudar. Quando Chris morreu, já tinha feito a prova mas não tinha recebido nenhum resultado e sabia que para Kyle conseguir seguir em frente, era preciso que ele ficasse mais tempo possível com os pais. Então, seu sonho de fazer faculdade parecia cada vez mais distante.
E agora, ela estava com a resposta em sua frente. Sem pensar, rasgou o envelope. Ia tirar a carta de dentro quando a campainha tocou.
Ela largou a carta na mesa e correu para o homem não tocar de novo.
-Kyle está dormindo - ela avisou e fez sinal de silêncio.
O homem sorriu e se inclinou para beijá-la na bochecha.
-Tudo bem - ele sorriu. - Como você está?
-Bem e você? - ela perguntou e o abraçou.
-Bem melhor agora.
-Você sempre fala isso.
-Mas é verdade - ele respondeu. Vendo que não tinha mais ninguém na sala, ele segurou a nuca nela e a beijou. Seus dedos delicados foram para o cabelo dele. - Você não sabe o quanto eu precisava disso - ele disse e a pegou no colo. Ele a carregou até o sofá e a jogou nele. - Machucou?
-Não - ela respondeu, juntando seus lábios.
-Tem certeza? Eu não tive a intenção.
-Malik, cala a boca e me beija.
Ele sorriu e fez o que ela mandou.
Estava tudo bem, até o que o telefone dele apitou uma vez, duas vezes, três vezes. Ele saiu de cima dela e foi ver quem era. Niall.
Ele levantou do sofá e foi até a mesa. Apoiou as mãos e começou a respirar devagar. Precisa pensar, tentar achar uma conexão com o que tinha acabado de ler e de acontecer, mas parecia que toda a força de seu corpo estava pensando na mulher deitada no sofá.
Agora, ela tinha levantado. Estava atrás dele.
-O que houve?
-Horan. Você soube do que fizeram com os meninos dele, né?
-Sim, não sabia que você sabia.
-Ele me contou hoje de manhã. Bom, eu venho ajudando ele a descobrir quem fez isso e parece que ele descobriu o lugar.
O homem respirou fundo.
-Manchester. Foram os The Youngers.
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