1. Spirit Fanfics >
  2. Blues Moon >
  3. O Tempo

História Blues Moon - O Tempo


Escrita por: Alekz

Notas do Autor


"Once in a Blue Moon... Era uma vez, numa Lua Azul. A tradução literal sugere que a Lua adquiriu essa bela cor, por algum motivo qualquer. Mas não é bem assim. Essa expressão recorda uma história quase cômica contada nos países anglo-saxões no século XVI. Quando um cavaleiro queria ser gentil com sua dama, mas sem assumir um compromisso mais sério, simplesmente dizia - Eu me casarei contigo numa noite de Lua Azul. Apesar da proposta romântica, a ideia era que esse momento nunca chegasse, o que adiaria a cerimônia indefinidamente não fosse por um detalhe: a Lua pode mesmo ficar azul."

Capítulo 1 - O Tempo


Fanfic / Fanfiction Blues Moon - O Tempo

Prelúdio

Numa tarde em seu apartamento Hector deslumbrava a paisagem na sacada, era um dia que estava perto de chover, aquele sentimento que tanto gosta causado apenas pelo tempo. Para descrevê-lo superficialmente este jovem: um pierrô que vivia a sorrir, intelectual que não continha contragosto, passivo, bem sociável, embora muitas vezes preferia estar sozinho. Talvez sua maior companhia fosse seus pensamentos, de aparência simples e forma. Acostumou-se desde cedo à maneira da sociedade, mesmo para o bem ou mal de si mesmo; viver no meio urbano implica regras que castram seus sentidos, ou mais.

Em frente de telas que conduzem um estado lúdico, prazeroso, fechado muitas vezes em seu recanto de estar, um ócio vicioso. Poderia nem saber que o mundo lá fora é imenso e ilimitado, claro que sabe, mesmo assim são poucos que crescem entre quatro paredes que se arriscaria modificar a paisagem, esta ordem do mundo implicaria qualquer desvio de conduta.

Se olhasse ao redor de seu espaço favorito, teria uma pequena estante de livros, um violão jogado algum dos cantos, um estofado ao qual acha uma realeza - era o lugar predileto do sonhador, onde formaria suas danças à psicoballet - sem contar ainda seu computador, a mão sempre se movimentava nesses lugares e poderia ver rastros. E também tinha o acesso da sacada de frente ao mar ao qual adorava observar lá fora.

Como pode ver, Hector se achava simples até demais, curioso como gato, preso como cachorro na corrente, nada parecia impedir sua liberdade," liberdade"... Escolheu a conformidade para não ter conflitos, corria de qualquer pressão emocional. Nesse ponto de vista que ele se retratava, via sua geração passar em um corredor de informações, um labirinto, que afogava-se em maré de ideias. Seja um cidadão pronto para a vida, contudo poucos estão preparados para enfrentarem si mesmo. Lobos espreitam, nem todos podemos ser bons, isso reflete o mundo de agora, e como sempre fora.

“Todo mundo deve encarar sua vida como drama, quem toma conta é ele, o personagem - cadê o palco? Seria tragicômica assim... A vida realmente é um drama?! Poucos escapam desse enredo tradicional que habita na inconsciência, esta seja uma das únicas exceções para quem têm tempo para mudar sua história. Tenho tempo para mudar as coisas? Ah não, eu não suporto ter que ouvir sempre problemas que habitam em cada ser, e citam como se fossem insolúveis; parecem afetar a quem escuta, logo, começam repeti-los - olhamos para trás ás vezes, apenas rimos quando não lamentamos. A chuva é tão boa, não é qualquer coisa que faz uma pessoa parar, refletir... Mas não! É mais um problema, um mal tempo... ’’ Assim dissolve os pensamentos de Hector, que vê algumas pessoas correrem, ora reclamarem da chuva, principalmente sua irmã, Elaine, que acabara de fazer chapinha.

Adágio

Às vezes o tédio pode ser um grande amigo, por isso Hector conhece bem seu estofado para roncar enquanto não pensa; parece um sedentário, engana-se, pois este adora sua bicicleta, nem nega qualquer tipo de caminhada. Sua ocupação não é mais nada do que trabalhar em seu próprio computador, tem ênfase de um grande designer, porém a paciência não é sua maior virtude. Estava mesmo um pouco triste, por alguns problemas qual passara atrás, estes que fez chegar onde se encontra agora, afinal quem nunca teve problemas.

“Dez, nove, (...), três, dois, um... Elaine chegou!” Exatamente no término da contagem abre a porta sua irmã. Ela corre para salvar seu cabelo, indo direto ao espelho mais próximo... Hector observava a figura erguendo as mãos para cima, sabia que agora teria que ouvir os berros de uma fera.

— Eu perdi duas horas da minha vida para acontecer isso! — grasnava, e correria quase chorando ao seu irmão. — Olha só o que sou agora! O que farei de mim?

Agarrando seu irmão pelo o pescoço, ele apenas respondeu: — Olha lá, a chuva parou agora mana! — ela sai correndo gritando indo ao seu quarto. “Por um pouco pensei que morava sozinho, ainda sim ela parece ser a dona...” Concluiu imediatamente, porém sua irmã desejava o que ele não sabe bem, é não deixá-lo sentir muitas vezes solitário, o qual nisso era muito boa para preencher qualquer silêncio de um ambiente.

Anoitece, a lua no horizonte revela-se cheia, o céu entre seus véus cedem algumas estrelas. Depois de estar irritada, tal sábado parecia ter acabado o dia da Elaine, fez uma mágica e saiu novamente, mas como sempre ela quer sair impecável. “As garotas são propaganda de marcas e modelos ao mesmo tempo.” Pensava, admirando o horizonte aquele que estava sozinho agora. Acabara de sair da frente da tela, sentia agora o ar mais fresco do que nunca, previa uma noite bela.

“Eureca!” – Teve naquele momento uma grande ideia pelo jeito, pegou o violão, a bolsa e algumas coisas a mais, logo sairia do recanto. Em frente do condomínio só tinha uma avenida que quase não havia trânsito, mas antes de sair foi até uma lareira pegou algumas lenhas, colocou num saco, partiu dali. Estava cheio de coisas, andava agora pela areia e sentia a brisa da noite da praia. “Hummm... Acho que aqui está bom, posso parecer meio doido. Ah! Mais importante é ser feliz, se isso é sentir alguma coisa... Sei lá.” E agora se via a preparar algo inusitado, empilhava os paus, para começar ali uma pequena fogueira.

Sonata

Agora a luz daquela fogueira tocava seus sentimentos, simplesmente era bom estar ali, bom, como os ventos que veio do horizonte. Ouvia as ondas como uma bela sinfonia, isso o fez esquecer o dia desde então, aquele momento era necessário. Quem diria, trouxe algumas batatas para jogar nas brasas, adorava isso, ficaria descalço logo em seguida e pegaria seu violão. Olhou ao céu: “Não sei onde estou neste mundo, mas sei que momento como esse os outros deveriam passar, mesmo sozinho, mas nada melhor, um amigo talvez... Veja temos dois planetas no céu, as estrelas parecem se moverem em alguma direção sem rumo, mas hoje a lua está acessa, isso! Já sei o que tocar... " - Seu violão soa, e:

'Fly me to the moon and
Let me play among the stars
Let me see what spring is like
On Jupiter and Mars

In other words, hold my hand
In other words, baby kiss me

Fill my heart with song and
Let me sing forever more
You are all I long for
All I worship and adore

In other words, please be true
In other words, I'm in love with you
In other words,
In other words…’

Suas mãos ainda se movimentam no ritmo da noite, mas para de cantar, nunca arregalou os olhos como agora, a não ser que... É, que para ele era sem palavras, para descrever tamanha beleza que retirava um corpo banhado sob o luar, as ondas quebravam entre as pernas que delicadamente se moviam, e, ainda nua... Claro, neste momento Hector não pensava mais consigo mesmo, devia censurar essa cena, mas a natureza sempre prega uma peça. Sim, era uma dama que parecia ter saído de algum conto de fadas, parecia brilhar enquanto afastava seus cabelos longos ondulados para os lados. Seu tom era tal qual é o bronze, essa era “a moreninha” dos que anseiam um romance, se encontrava ali a formosura de uma menina numa mulher, nela ele via as curvas de um violão, e ainda seu violão tocava sem o perceber.

“Deus! Isto só pode ser brincadeira, ou, nana não, não, nãooo! Será que foi a música, a lua, estou sonhando, ela não tem vergonha de andar pelada por aí não é, nossa... Está saindo, agachou, ah, será que me viu!? Ou irá... Acho que percebeu que estou aqui, devo acenar eu acho, e, hã? O que é aquilo que ela pegou, parece um pote, não! Um aquário? Ela, ela, ela, ela está vindo, e, o que direi... 'Encontro de violões hoje!?’ Não, isso não, de onde tirei isso! Poxa, ela é mais alto do que eu, o que será que... ” O violão para instantaneamente num tom já desafinado.

— Boa noite, que agrado encontrar você aqui.


Notas Finais


"É verdade que o falso pretendente sempre levava vantagem. A Lua só fica azul em situações muito particulares, raras mesmo, quando a atmosfera terrestre colabora de um jeito muito especial. Foi o que aconteceu aos indonésios durante a erupção do vulcão Krakatoa em 1883, quando foram vistas muitas luas azuis naquele ano, para desespero dos rapazes. Em outras palavras, Blue Moon significa algo muito raro, como sugere a expressão em inglês que abre este texto, comum em livros infantis de língua inglesa, e cuja possível tradução seria algo do tipo era uma vez, como nunca....

Blue Moon é um termo popular na Inglaterra e Estados Unidos, sendo usado com frequência em poesias e canções. Aliás, apesar da tradução tentadora, neste caso o melhor mesmo é usar o termo original, já que a expressão Lua Azul não tem relação com nenhuma lenda do folclore nacional. A primeira ocasião em que a expressão Blue Moon apareceu na literatura foi em 1528, num poema pertencente a ninguém menos que o dramaturgo inglês William Shakespeare. Começar uma história dizendo que tudo aconteceu numa noite de Blue Moon pode significar uma lenda fantasiosa ou algo extremamente difícil de acontecer. Aliás, Blue Moon tem diferentes conotações no idioma inglês. A música com esse mesmo título exprime solidão, melancolia. E para os que anseiam por um compromisso sério, a noite de Blue Moon é uma data mais que especial para iniciar um romance. Talvez um amor impossível."

- http://www.zenite.nu/


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...