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História Blues Moon - Daisy


Escrita por: Alekz

Capítulo 3 - Daisy


Fanfic / Fanfiction Blues Moon - Daisy

Ouro

Estava na frente da sua tela operativa, seu trabalho era às vezes entediante, por isso precisava mais de distração, não era o dia ideal, porém pesava mais para o Hector naquele momento uma garantia do sustento, ainda era necessário firmar a segurança financeira. Sua irmã estava mais uma vez a caprichar no visual, era quase a estação do momento, verão mais próximo, muitos estudantes em férias. Ainda era manhã, ela despede do irmão, disse que visitaria uma amiga e não ia demorar muito, no entanto voltaria ao fim da tarde.

No almoço preparou algo simples para comer, estava com pouco apetite, quando a casa está vazia, parece bater uma tristeza, o silêncio o convida a pensar, estava ele preso a duelar com seu eu interno, precisava ser distraído por algo. Elaine começava a sair mais, algo marcante aconteceu com o rapaz no qual ele de alguma maneira lutava consigo mesmo, isso mais incomodava nas noites - insônias já eram comuns, e, por estranho que pareça dormira bem desta última vez. “Saudades da comida da mamãe”, estava na mesa depois de um reboliço no fogão.

Satisfeito, levou seu prato até a pia e lavou, o almoço parecia pouco agradável. Assim era aquele intervalo do trabalho, seguiu até o quarto e se jogou na sua cama e olhar o teto frio num dia que era quente: “As memórias são como os gostos, boa parte doce, outras salgadas, as piores são as amargas... Aí que toca a melancolia, se não fosse por dor, seria uma bela companhia; por estranho que pareça nessas horas ela me parece me chamar, lembro-me de muitas noites com ela. Não sei, há muito tempo que não faço isso...”.

Debaixo da sua cama, havia uma caixa grande deitada, retirou-a de lá. Retirou um suporte que parecia pesado dentro da caixa, e abriu em cima da sua cama. E Naquele momento o tempo parou, deparava com diversas lembranças, vozes, sons, lugares, pessoas, e uma pessoa querida. Seus olhos vacilaram e se encheram de lágrimas, sua mão parecia pesada, e sentia seu peito apertado, era a Daisy!

— Saudades, minha querida! — exaltou emocionado, e pegou sua guitarra semi-acústica, era de cor igual ao diamante carbonado, tão reluzente como a noite cheio de estrelas, detalhadas com silhuetas em sinuosos ramos ao tom de cinza, à Art Nouveau. Após isso pegaria sua caixa acústica, um cubo pequeno e leve aparentemente, logo depois os demais instrumentos. Assim confessou através da melodia que ecoavam no ambiente o que sentia.

Pôr do sol, lá chegava Elaine toda entusiasmada para ver seu irmão, o encontraria cantarolando em frente do computador, que ficava próximo a sacada. Claro que ele nem ligou o tanto que ela chamasse, estava no mesmo ritmo que o dela, empolgado perto de terminar o trabalho.

— Olha que eu comprei! — Falou também cantarolando, sorria até as orelhas ali atrás dele.

— Calma aí, estou quase; quase terminado. — Concentrado, ao ponto de ignorar sua irmã, contundo a persistência dela era maior. Quando se vira para dar atenção a ela, Hector se joga da cadeira para trás, perto de sair para a sacada. Era um aquário que sua irmã segurava, de forma global, com dois peixes dourados. Ele toma aquela cara de complexado: — Você está brincado?

— Que foi? Achei tão bonitinhos, que fez lembrar nós dois, lembra que muito tempo mamãe nos deu um pra cada, e juntamos os dois.

— É que é igualzinho ao que sonhei na praia...

— Hã?

Mirra

— Está aqui, se não cuidar eu pego pra mim! Ei, preciso ligar pra mamãe! — a menina deixou o aquário na mesinha de centro, correu após isso. Enquanto permanecia meditativo naquele instante Hector, sem se levantar, e, agora a aflição batia em seu corpo, desordenado, confuso e transtornado. Pressupôs que fosse verdade o que havia acontecido, ou se aproximava de uma realidade; se de fato aconteceu da mesma forma que os outros entenderiam que aquilo como um presságio, perante a isso seu corpo lhe dava certo calafrio.

Então foi pesquisar na internet, e, os livros que se encontram lá na estante, ele passaria algumas horas em profundidade sem perceber que a noite ia. Elaine já dormira, o silêncio era quase absoluto, a não ser que sentia leves brisas invadir a sala, após horas se cansou, parou de navegar pela net – por mais que tentava compreender as dúvidas se multiplicavam. Daí resolveu pegar novamente Daisy, se aconchegou em seu sofá chaise, na sacada dava para ver novamente aquela lua cheia de mistério. Estava sereno agora, com Daisy ele tocava e a melodia tocava em seu coração, apesar das lembranças de certa pessoa, naquela noite predominaria um ar sobrenatural, que por estranho que pareça o atraía, assim esqueceu-se dos outros assuntos.

Levantou-se, foi até a sala deixou sua guitarra no estofado, pretendia ir até a cozinha, até que ele sente o vento bater em suas costas... — Olá seresteiro noturno. — Hector dá uma meia volta suspeito, abre a boca quando se depara e, em seguida, encosta-se ao canto da parede perto da cozinha.

— Devo estar ficando maluco mesmo não é! — exclamou ele atônito. Ele resolve conferir novamente, pois era aquela sílfide do encontro anterior, Sara, estava ao sorriso e serena do jeito dela. — Poxa vida, se eu não estou com esquizofrenia, poderia me dizer o que está se passando realmente? — Suspirou tensionado, até porque sua mente estava cheio de questões nesse dia.

— Talvez seja como quiserdes, ó doce, recebeste o suspiro dos ventos levante, da lufa imponente, que derrubam sobranceiros e atravessam destemidos o ádito. Atendi o chamado do seu coração desesperado numa noite que já foi tão negra, agora no qual o chamo a sair da agonia da vida, encarecido, arejarei a chama que porta a sua luz.

— Sinceramente. Não entendi bulhufas. — respondeu serenamente após de ver o gracejo dela ao dar as palavras. Abaixou um olhar soturno, e viu que os pés delas eram descalços, porém belos; confirmara a suave cor que lembrava o bronze que pouco lembrava próximo do tom vermelho.

Somente a luz da sacada estava acessa, estavam na sala pouco iluminada, mas mesmo assim percebia o tom de cor que oferecia as asas dela, (de cor azul nas pontas que enroxam-se em mais escuro adentro) que pareciam brilhar sobre sua leve transparência. Claramente lhe parecia deslizar pelo ar tocando os pés desvelados ao chão, e as asas levemente se agitavam - Hector deslumbrava o sorriso dela, e dela vinha um olhar pueril, um jeito afável que lhe encantava.

Então num salto Sara começou a levitar pelo ar, com movimentos graciosos, envergara-se para pegar o aquário que ali estivera próximo a ela. Hector despertara seus olhos, que agora estavam mais ativos e curiosos ao que vinha acontecer; via sustentar o aquário com a mão esquerda próximo do corpo, e tocar-lhe a superfície da água com o indicador de sua outra mão. Posteriormente estenderia os braços em sua direção, com as duas mãos segurando as laterais do recipiente, viu-se o primeiro peixinho dourado saltar para fora - para o espanto dele - e se transformaria num pombo branco a voar. Sem tempo de comentar o que havia transcorrido; o segundo acabara de saltar para fora também, só que este para sua segunda exclamação em sua face, converteu-se para um morcego, que lhe tirou o que tinha a dizer.

— Escolha uma entra essas três palavras: sândalo, mirra, ou alfazema.

— Mirra! — respondeu no mesmo ritmo que ela colocou, contudo não deu tempo para pensar sobre as escolhas. No ar, em pleno voo, ela se aproximou dele, acima da sua cabeça o aquário, com os gestos de quem ia virar, e derramar a água sobre ele, fecharia seus olhos sem ao menos reagir.

Incenso

Assim cai a primeira gota a tocar em sua testa, tão lento que o tempo pararia naquele instante, algo estranho ele desconfiara, “que água estranha” – nem tão pouca estava fria e não o molharia, estava viscosa como óleo. Curioso para abrir os olhos, percebia que aquela água ao tocar seu corpo se transformava em fumaça de uma cor branca, que começava preencher o ambiente, seu odor logo verificou que era de mirra realmente, era perspicaz nesse assunto.

Depois de ter esvaziado o aquário, Hector se sentia realmente estranho, com sensações adversas e sublimes, nunca sentira algo daquele jeito, estava emocionado perto de chorar, sua garganta doía. Ele via agora toda a sala se neblinar, as imagens estavam ficando opaca, sua visão turva ao deparar com tudo aquilo, e Sara quase imóvel recuava devagar, sua impressão era de que ela partiria.

— Sara! — Expressava como um menino abandonado.

— Escute o silêncio... ­— ecoava profundamente a voz dela, e desaparece.

Ele se ajoelha, as emoções eram fortes, as mãos apertavam seus peitos, queria arrancá-los, estava tremendo, estava suando, estava agitado, estava – parou! Agora, sentira tão leve, como o mais puro alívio, como depois de sair do banho, e, deitar-se logo após, ou alguma droga prazerosa, era o mais próximo que ele poderia descrever. Ouvia um som baixo que parecia ser de um rádio, e aumentava gradativamente, junto surgiriam outros sons, como vozes, barulhos de automóveis, objetos caindo, batidas, etc. E no meio dessas uma voz grave - muito grave e sombria - começaria baixo, mas que se aproximava. Chegou a tal ponto que fora tão alto que, era algo que gritaria aos seus ouvidos e tampou na esperança de amenizar; permanecia no chão agora agoniado por diversos barulhos, até que no meio dessa balbúrdia, captou: “Amor”. Nesse momento ele respirou fundo, se levantou concentrado a ouvir esta voz que suava como música novamente, fechou os olhos e soltou o ar mais leve agora, os ruídos diminuiriam – esperava ouvir, a que lhe parecia uma voz particular, lembrava o de Ariane, em sua memória via o gentil sorriso dela.

Os sons ecoavam baixos e desapareciam um a um, se deu conta de que ainda sentia o cheiro de mirra ao seu redor, mantivera os olhos fechados, e uma imagem interferiu: “Luc!” – Exatamente nesse momento abriu os olhos, despertado, quando deparou com a luz que vinha da sacada, a sala normal como sempre fora, somente apenas uma leve brisa tocava o seu rosto. Hector deitado suspirava, parecia ter tido apagado outra vez, sentia-se livre agora, e olhava para fora em direção ao horizonte. Ao olhar para o aquário viu que mudaram as cores do peixe, estava agora preto e branco, deu um passo para trás muito desconfiado de como se aquilo não fosse possível. A sede lhe despertara, pensou em ir até a cozinha tomar água, porém, ao se virar, ali vê uma figura muito estranha em sua frente, uma sombra – em forma de gente, tudo escuro, um espectro para sua visão, o espanto nessa hora foi grande que o fez travar espontaneamente. O que seria aquilo dessa vez?



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