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História Blur - Letargia


Escrita por: UchihaSpears

Notas do Autor


Olá!
Ps: O processo de hipnose realmente ocorre e é usado em casos de múltiplas personalidades. Tentei ao máximo para reproduzi-lo, espero que gostem!

Capítulo 7 - Letargia


Capitulo XXVI

Assombrada.

Lucy saiu correndo em direção ao convés do navio, talvez aquelas palavras tivessem sido duras. O capitão sabia de tudo e resolvera chantagear. O navio estava ancorado próximo ao porto de Havana, ali pararam para entregar açúcar e tabaco de uma parte das Antilhas. Ela não tinha tempo. Loki, por qual estava apaixonada, revelou-se ser apenas mais um. Ela estava perdida, revelou seu segredo para ele, acreditava em suas palavras, porém ele mentiu.

Assustada.

— Lucy. — ouviu a voz de Loki ao longe, não poderia ficar ali. Saiu pelas escadas desesperada. A população local a olhava, era uma mulher com um fenótipo bastante diferente dos presentes.

Fugiu.

— É ela. — um dos piratas a avistou. Ela estava encurralada.

Sasuke ouviu batidas na porta e revirou os olhos.

— Senhor Uchiha. — era Kurenai.

Era sábado, normalmente ele não tinha expediente no escritório nos finais de semana. Essa era a parte que ele ansiava, na sexta ele já afrouxava sua gravata, estava livre dos processos.

Sempre saia com alguns amigos geralmente iam ao United Center, arena do time de basquete do coração, eventos da NASCAR e a rachas, qual ele adorava. A velocidade sempre fora uma de suas paixões e esse ele dividia com o Naruto, que nesse sábado não iria participar de um.

O racha seria às duas no autódromo da cidade, era fechado e exclusivo para os participantes abastados de dinheiro ali, desfilar com suas máquinas potentes.

— O que quer Kurenai? — disse, mau humorado.

— Tem visita. — enfiou a cabeça no travesseiro, quem o visitaria às dez em uma manhã de sábado? Passou a mão no rosto. Levantou-se da cama e calçou seu par de sandália. O gato qual estava deitado na pequena cama o seguiu.

— Custava ela dizer quem era? — disse para o gato.

Saiu bocejando até a sala. Seu cabelo estava desgrenhado, sua camisa branca com mangas compridas e sua calça de moletom preta nem se comparavam com os ternos italianos.

— Tire uma foto, Izumi. Esse é um momento raro de se ver. — seu irmão estava na sala em companhia da esposa. — Uchiha Sasuke seu cabelo, que tragédia! — o primogênito tinha um senso de humor escrachado e era um pouco mais brincalhão que ele.

— Não se olhe no espelho ou terá um susto. — sua esposa compartilhava do mesmo.

Izumi era uma versão feminina de Itachi nos seus mínimos detalhes. Ela era natural do Texas, veio para Chicago devido uma transferência interna da corte onde trabalhava, rapidamente chamou a atenção do novo juiz da comarca.

Caminhadas no parque e debates acalorados durante os almoços, cinemas e então veio o namoro, o que foi difícil para os dois de cara, pois trabalhavam no mesmo fórum.

Até ele ser transferido para a capital do país. Por fim, resolveram engatar o noivado.

— Um gato! — ela olhou aquela criatura felpuda lambendo a pata.

— Gato? — Itachi o olhou de cenho franzido, sabia que o irmão não era fã de felinos. — Sasuke está entrando na crise dos trinta.

— Que fofinho, como ele se chama? — a mulher se aproximou do gato, qual não gostou muito. — Ele é metido como o Sasuke. Que fofo!

— Senhor Chandler. O gato é de uma cliente e estou cuidando dele provisoriamente. Satisfeitos?

— Senhor Chandler, que nome mais divertido. — Izumi enfim abraçou o gato. — Pesado.

— Engraçado. Vim falar com você sobre casos, qual anda negligenciando. — o mais velho coçou a bochecha com o dedo indicador. Sasuke o fitou com os olhos estreitos e até sabia quem tinha o denunciado. — Sasuke, um grande contrato está nas mãos de um estagiária, você tem noção disso?

— Eu sei do que estou fazendo.

— Espero que saiba, a senhorita Yamanaka me ligou e falou do seu novo comportamento estranho. Chega atrasado ao trabalho e anda lendo livros, ao invés de trabalhar.

— Veio de Washington para me dizer isso? — Sasuke sentou-se no sofá, bocejou um pouco. — É uma longa história. Aliás, como está a suprema corte?

— Atarefada.

A suprema corte Americana os magistrados eram primeiramente escolhidos pelo atual presidente da república e em seguida passam pela a aprovação do senado. Itachi tinha sido escolhido pela atual presidente, pelo seu brilhante trabalho na corte de Illinois. Era um dos mais jovens a integrar na corte.

— Não desvie do assunto, meu irmão.

— Estou em um caso e esse requer total disponibilidade. — disse ele com os braços cruzados e a cabeça por cima.

— Estão pagando a mais por esse caso? — Itachi o fitava sério e era até impertinente. — O que eu duvido bastante.

— Não.

— Seja lá o que for, pare e volte ao caso. É a fusão de uma grande empresa Sasuke. — disse impacientemente.

— Não posso. Creio que não irá demorar muito para eu solucionar esse caso e logo voltarei para esse. Eu só preciso de um curto espaço de tempo.

— Me diga o que é esse outro caso, o que tem ele de tão importante? — Sasuke olhou para sua cunhada brincando com o gato, ele era mesmo esnobe já que a Izumi fazia um esforço daqueles para ele pegar a bola de crochê e o felino nada. Se divertiu com a cena.  — Sasuke, papai confiou esse trabalho a você.

— Digamos que a sua patroa me chamou para um caso. — aquilo deixou Itachi intrigado e teve toda a atenção de Izumi.

— A presidente? — perguntou incerto.

— Se tiver outra chefe, me avise. — usou de seu sarcasmo e o pior de todos, o matinal.

— O que a Tsunade quer com você, é sobre a petroleira da família? — estava interessado, afinal era um Uchiha e a empresa era dele. O lucro era bem-vindo.

Itachi era um capitalista de primeira de deixar qualquer seguidor de Karl Marx sem argumento.

— Por favor eu tenho ética profissional. — Itachi o jogou uma almofada em direção ao rosto, se não fosse o reflexo. — Podia ter machucado o meu belo rosto, por favor Itachi. Te contarei.  — foram poucos minutos de explicação para deixar o casal boquiaberto.

— E você dormiu com a Cherry. — disse Izumi, ainda incrédula. — O que você acha Itachi? — o mais velho remoía aquela história em sua mente. Nunca passou pela cabeça que a filha da presidente passava por um drama desses. Ele já tinha a visto na Casa Branca uma vez e foi até gentil. No entanto, agora ele tinha uma dúvida: qual delas o cumprimentou naquela noite do baile? Sucintamente descartou a Cherry Bomb.

— Eu só peço mais alguns dias e se puder me ajudar Itachi. Se estiver livre pode olhar o contrato da empresa. Eu preciso resolver esse caso.

— Irei para Washington apenas na terça, verei o que posso fazer e o seu caso não deixa de ser um assunto federal.

— Eu posso ajudar também. Trabalhei um ano com Direito Comercial. — completou Izumi.

— Obrigado.

— Sasuke, uma última pergunta. — o caçula concedeu. — Não está nesse caso apenas por ela ser filha da presidente dos Estados Unidos ou por ter dormido com um dos alter ego dela. É mais, não é? — aquela pergunta o pegou de surpresa.

“Era algo a mais?” Perguntou-se.

Nos últimos dois dias, Sakura conseguiu controlar sua personalidade, mesmo ele querendo desvendar o caso e precisando da Cherry Bomb para tal. Ele gostou da companhia da mulher. Ela não era desinteressante, ao contrário.

Tudo bem que os gênios deles não se batiam em alguns assuntos e isso sempre gerava discursos acalorados. Porém, descobriram algo em comum: ela torcia para o Chicago Bulls. Simplesmente conversaram sobre quase todas temporadas. Ela era divertida, porém acanhada e sua falta de autoconfiança era o seu defeito principal.

E claro, o sorriso dela que era... encantador.

Não podia negar que a sensação de estar ao lado dela era como ela fosse uma velha conhecida, aquela amiga do ensino médio qual perdeu o contato e reencontraram-se anos mais tarde.

Era essa sensação que o efeito Sakura causava nele. Ele a conhecia intimamente, mesmo sem ter falado com ela antes. Sentia-se íntimo.

Na sexta, ele esperava vê-la e comentar o resultado da partida da noite anterior, mas era a It que estava ali.

Ele não sabia responder ao irmão, pois o caso Blur era algo qual ele nem sabia como responder.

 Após a visita dos familiares, ele foi à cozinha e pegou algumas frutas e uma vasilha com cereal. Kurenai limpava o apartamento e de costume, ela estava ouvindo alguma coisa em seu fone de ouvido.

Seu café da manhã seria uma tigela de cereal com leite. O Senhor Chandler subiu em sinal de protesto em cima da superfície de mármore onde ele preparava seu café da manhã.

— Com fome? — compadeceu-se da situação do gato. Foi ao armário e achou uns sachês da Whiskas sabor salmão. Parecia ser bom. Colocou na vasilha personalizada de cor azul.

Sim, ele comprara uma vasilha nova. Achou um disparate daqueles quando viu a antiga do gato, uma rosa.

Voltou ao quarto e ligou o seu MacBook, enquanto atualizava ele pegou o livro e colocou um marcador de texto na página e por fim o fechou. Pensou em quem seria o Loki, já que a Lucy gostava dele. 

A Sakura gostava dele. Ela tinha alguém?

Foi até a sua pasta no computador e abriu com o botão direito do mouse. Pegou o seu celular e abriu o último áudio gravado. Era a It.

O Gaara não se dava bem com a Sakura e a Cherry. — a conversa tinha sido registrada ontem.

Elas não se davam bem com ele.

Ele acelerou o áudio. — Quem você acha que o matou?

A Sakura. Ela já não aguentava mais a situação, estava em seu limite. Ela o matou. — dizia a voz sem confiança.

Tanto It quanto a Shakespeariana apontava para a Sakura. Ele sabia do ódio e a indiferença que ela sentia pelo Gaara. Olhou para o lado e viu o gato brincando com o novelo de lã. Sua peça do quebra-cabeça estava indo na direção certa. Estava chegando à uma conclusão, no entanto precisaria de mais uma delas.

***

Pontualmente às uma e meia ele saiu do apartamento. Não gastaria mais de vintes minutos para chegar ao autódromo. Escolheu o Lamborghini Gallardo cor preta, ao qual ele deu o apelido de Batmovel.

Tirou o carro da garagem e percebeu alguns chuviscos em seu para-brisas. O céu estava fechando. Correr na chuva era ótimo, já que o asfalto ficava um pouco mais escorregadio, ótimo para derrapagens. A adrenalina era alta.

Avançou um pouco mais com o carro e parou na saída. Olhou para direção à sua esquerda, direção do autódromo, onde ele queria ir. Mas, por que não conseguia rolar o volante para àquela direção? Estava pensativo e em meio à uma batalha interior.

À direita pareceu ser a opção certa e daria no Mercy Hospital. Ele queria ver ela/elas, seja qual for queria apenas ver. Em seu íntimo fervilhava em curiosidade, queria saber quem era o tal do Loki. Como era sábado, o tráfego de carros era um pouco menor e vias descongestionadas.

Parou próximo de uma loja de doces. Desceu do cardo sob chuva, já que o seu braço direito não iria proteger em nada. Alguns minutos depois saiu da loja com uma caixa envolvida em plástico vermelho com um laço. Entrou no carro encharcado e colocou a caixa cuidadosamente no banco ao lado.

Às uma e cinquenta e nove a câmera do hospital viu o carro preto entrar no estacionamento. Sua camisa Polo de cor azul marinho estava grudada em seu corpo detalhando cada músculo de seu abdômen e o contorno de seu braço.

Entrou pelo corredor e avistou os dois agentes federais comendo donuts. Apenas acenou para os guardas. A essa altura ele já não mostrava mais sua credencial. Entrou no quarto e viu uma delas ali sentada na cadeira com um livro na mão.

— Não diz nada. — ele disse causando estranhamento na mulher que franziu o cenho. — Eu vou adivinhar quem é. — ela fechou o livro e se pôs a olhar para ele. Teve que segurar o riso.

— Sakura. — disse certeiro.

— Errou. Cherry Bomb. — tentou fazer uma expressão provocante, mas desabou em risos.

— Não. Sakura. — ele sabia do olhar sério, porém angelical. Tinha um ar brincalhão, no entanto resguardado. — Para você. — entregou a caixa embrulhada para ela, que não escondeu a surpresa.

— O que é?  — disse curiosa.

— Abra.

— Céus, são M&M’s. Como soube que eu gostava? — seu riso era incrédulo. — Como?

— A Lucy se referiu à uns doces coloridos que eram seus favoritos, porém só existiam na terra de Marselha. O M revelou.

— Eu amo. Sente-se. Céus, está todo molhado! — ela se levantou preocupada. — Um minuto.

— Não se preocupe. — disse gentilmente, mas já estava sentindo calafrios. Ela apareceu com uma toalha felpuda branca e o entregou. — Não precisava. — um mínimo sorriso saiu em seu rosto.

— Infelizmente não tenho uma camisa para lhe emprestar. Apenas batas. — disse um pouco sem jeito.

— Tudo bem, Sakura. Você se incomoda se eu tirar a camisa e botar em algum lugar para secar? — ela prontamente disse não, mas assim que o homem retirou a camisa ela repensou diante da visão.

 Ele colocou a toalha por cima. Sakura nunca teve contatos íntimos com homens, ao contrário de seu alter ego. Ela nem se recorda como perdeu a virgindade e sabe que foi a Cherry Bomb com sabe-se lá quem. Ela tentou desviar de olhar para ele, mas acabou sendo pega por ele. Foi embaraçoso.

“Por favor Sakura, você tem vinte e seis.” Disse para si diante da cena e o comportamento de adolescente.

— Como está? — Sasuke entrou em um novo assunto ao perceber o desconforto da mulher. Não negou que achara engraçado, já que quando a outra personalidade o viu nu, teve outras rações e prazerosas.

— Acordei hoje cedo e tive um alívio por ser eu.

— Imagino. A it estava aqui ontem. — ele deu um tempo para ela, já que ela estava se deliciando com os chocolates. — Ela te acusou.

Sakura pausou.

— Entendo.  — suspirou triste. — Eu não o matei. — Sasuke apenas acatou.

— Falta pouco para terminar o segundo livro. Você é famosa. Eu não tinha a mínima ideia da quantidade fóruns na Internet sobre você. Está lado a lado com a J.K Rowling.

Sakura ficou um pouco constrangida e colocou uma mecha do cabelo por trás da orelha. Ela não ligava para fama e nunca botou fé em suas ideias. Inicialmente achou que foram aceitos pela editora apenas por ela ser de uma família riquíssimo e influente na sociedade, no entanto com as vendas do primeiro volume estranhou, até cogitou na hipótese do seu avô ter comprado grande parte, mas não, os leitores tinham gostado. Os próprios críticos aprovaram, era um novo sucesso da literário desde o Harry Potter.

— Quem era o Loki? — perguntou sem delongas, ele era impaciente.

— Foi um antigo como posso dizer... Ele era um crush. Eu gostava dele, mas não tinha coragem de dizer, então ele veio até a mim. E como tudo em minha vida não é simples e sempre tem algo por trás, eu acreditei que ele gostava de mim, porém era apenas interesse. Olha um spoiler do terceiro livro. — falou alegremente, ela já tinha superado aquele episódio.

— Oh não. — fingiu de indignado e não negou o alívio. — O terceiro é sobre quem?

— Shakespeariana. É bem dramático e você pode imaginar porquê.

— Sempre foi assim, fechada? Com medo?  — disse calmamente. Ele esperava que ela falasse algo, de como tudo isso começou, mas ele achou ser impossível, já que ela não contou nem para o Naruto, seu psiquiatra. — Como isso surgiu? — ele percebeu o quanto foi longe. — Me desculpe.

— Quando ela morreu. — disse e logo passou a encarar a parede branca do outro lado, acima do ombro dele.

— Lembra dela? — não sabia se o que estava fazendo era certo, já que ele não era psiquiatra. E se ela tivesse algum tipo de ataque por lembranças? Ele estava indo longe demais.

— Sim, éramos idênticas, mas de comportamento éramos diferentes. Eu era calada e também fui uma criança doente, crises fortes de asma. Sayuri era sadia, brincalhona e extrovertida. Eu a achava tagarela. Todos na minha vida chegam por algum interesse, senhor Uchiha, e isso foi antes de eu nascer. — ela se acomodou na poltrona e Sasuke estava prestativo para ouvir.

 — Minha mãe era uma alpinista social. Ela era uma mulher interesseira e encontrou o meu pai, um empresário e senador do estado. Ela cravou os olhos nele até o seduzir, meu pai cedeu aos encantos dela e se tornou um caso, apenas para sexo. Meu avô não apoiava esse relacionamento, sabia que ela não valia nada e essa sabia bem. Então em um encontro casual, ela furou uma das camisinhas e apareceu grávida. Como não queriam escândalos na família, papai resolveu se casar com ela. Mebuki não tinha vocação para ser mãe, na verdade ela nem queria. Para o azar dela, descobriu estar grávida de gêmeas. Ela quase caiu quando soube. — disse amargurada. — As gêmeas nasceram, para alegria de meu pai e infortúnio dela.

— Ela não gostava de vocês?

— Não era tão maternal e digamos que uma das gêmeas tinha um problema de saúde, que no caso era eu. Ela odiava acordar no meio da noite para cuidar de mim. E assim foi, com os anos ela se mostrava um pouco prestativa com a Sayuri, como ela tinha um jeito único e parecia ser a cópia dela. Mebuki mostrava isso descaradamente e causava descontentamento no papai. Para ele não existia exceção, nos amava de forma igual. Com o tempo a briga entre eles aumentava e, graças a preferência à Sayuri, em uma das brigas papai caiu no chão, lembro que a ambulância o levou, mas ele nunca mais voltou. Sofreu infarto. Aquilo foi ótimo para ela, já que teria toda herança e estava livre do meu pai, claro que ela me acusou disso, quando brigava comigo.

Ela dizia coisas como:  “Sua asmática inútil”.

Sakura fingiu ser forte ao dizer aquilo. Mesmo que falasse para si mesma que essas lembranças não as atingia. No fundo aquilo ainda doía.

— Ela mal esperou papai completar um ano de falecido e encontrou um outro homem, desse ela gostava. Lembro que fomos para Aspen nas férias. Ela estava com ele se divertindo. Pela tarde eu fui para o lago e Sayuri estava ao meu lado, eu resolvi andar pelo lago e estava congelado. Andei muitos metros até o gelo trincar. Eu afundei rapidamente e a Sayuri pulou para me pegar.

Sasuke ouvia atentamente ao que estava claro ser um desabafo. Ele notou o olhar vago no rosto da mulher ao relatar o acontecido.

— Eu não recordo muito do que aconteceu depois. Sei que Mebuki estava lá quando eu abri os olhos e gritava pela Sayuri. Virei o meu rosto para o lado e vi a outea gêmea morta. Mebuki não se importava. Ela virou para mim e perguntou se eu era a Sayuri.

“Por favor, seja a Sayuri.” — Ela não ligava para a outra menina morta.

“Fala comigo Sayuri.” — Queria saber onde começou, senhor Uchiha? Pois bem. Foi naquele momento que tudo iniciou.

“Mamãe!” — Eu respondi e ela me olhou transtornada.

“Sayuri?” — Ela perguntou e eu confirmei. Então ela me abraçou fortemente.

“Pelo menos você é util.” — Ouvir aquilo me cortou como nunca e eu tinha seis anos. Ela não me amava.

— Você fingiu ser a Sayuri para ser aceita. — ele concluiu em tom comoção. — Como ela descobriu que você não era a Sayuri?

— A gêmea doente. Uns três meses depois, eu tive uma crise de asma pela noite e ela ficou maluca. Tentei explicar tudo, mas ela não aceitou. Eu estava sentada na cama, ela me derrubou e eu quebrei um braço. Mebuki estava fora de si e não percebeu a besteira que fez, Tia Tsunade me pegou quando eu liguei para ela e ela quis minha guarda. Mebuki lembrou da estupidez que tinha feito, porque sem mim não teria dinheiro já que a herança do papai ficou para as filhas e ela era a responsável até a maioridade. Ela lutou e fez de tudo para ter minha guarda de volta, mas no tribunal eu disse que não queria ficar com ela.

— Não a viu mais? — inquiriu curioso.

— Passei uns dez anos sem vê-la, porém, ela apareceu atrás de mim pedindo dinheiro. Eu não dei, ela me xingou de tudo novamente e me acusou como sempre fez. Há uns dois anos eu fui chamada em um hospital, em Nova Iorque, e lá ela estava com câncer em sua fase terminal.

— E pediu perdão?  — ela negou com a cabeça causando espanto ao homem. — Era um monstro.

— Sim. — ela concordou — Naruto vai adorar saber disso.

— Se quiser eu não conto.

— Tudo bem. Eu contaria, mas ele disse que sou extremamente orgulhosa e não me ajudo.

— Quando ele fala assim, é porque você o irritou.

— Sim. — disse, soltando um mínimo sorriso. — É difícil contar.

Se moeu por dentro, para ele foi fácil contar. Por quê?

Parecia que Sasuke era um velho amigo dela e, de certo modo, ela confiava nele.

— Eu não tenho a sabedoria do Naruto em casos psicológicos, mas faz completamente sentido. É triste o que aconteceu com você. Essas personalidades surgiram, pois você queria compensar a Sayuri.

— Não se compadeça. Eu já passei muitos anos carregando tal sentimento e olhe onde estou. — ela pausou, lembrou da irmã gêmea. — Talvez, a It com certeza teria a personalidade da Sayuri e a Cherry também, quando ela crescesse. Talvez. Não quer chocolate? — ela o ofereceu, mudando de assunto.

— Não sou muito fã.

— Que ultraje! — ele riu.

— Não precisava fingir para ser aceita. — ele retornou ao assunto, deixando-a apreensiva.

— Nunca sairia com alguém como eu, você não entende.

— Não tem nada de errado. Você é uma mulher linda.

— Não me refiro ao exterior e sim ao meu interior, não sairia com alguém tamanha complexidade. Palavra essa para não dizer loucura.

— Apenas perturbação de sua mente causada por um monstro. Eu não sairia com alguém como você de primeira, mas se eu tivesse a oportunidade de te conhecer, eu não veria problemas. — ela ficou sem ação. — Você é vítima de si mesma. — ele se aproximou dela. Ela estava com os lábios entreabertos, procurava algo para dizer, mas não encontrava. Apenas os olhos de turmalina negra à sua frente. Hipnotizante.

— Não seduz as clientes, não é? — ela disse por impulso.

“Merda.” Pensou sozinho.

— Ouch. — ele riu.

— Não. — negou com a cabeça. — Sou bem profissional, e a maioria são homens.

— Eu falo sem pensar as vezes, me desculpe.

— Eu sei. A Lucy costuma fazer isso. — sentiu seu coração palpitar mais que o usual. Poderia se descrever como uma manteiga derretida, essa era a melhor definição. Ele fazia isso com ela. — Preciso de sua ajuda Sakura.

— Em quê? — o clima entre os dois voltou ao normal. Ela pode se encostar na cadeira e beber um copo d’água. Tranquila.

Que clima foi esse com ele?

— Creio que estou perto de solucionar o caso, mas preciso de uma das personalidades para fechar de vez. Preciso que, de algum modo, você traga a Cherry Bomb, essa personalidade de volta. — ela não precisou falar, ele percebeu pela expressão amuada do rosto dela. Eles sempre recorriam para a Cherry. Não negou a insatisfação. — Não é para esses fins. — ficou levemente corado. — Houve uma discussão entre ela e a Shakespeariana, e dali preciso tirar informações para minhas conclusões. Ela é a peça final de jogo.

— Gostou de dormir com ela? — ela o pegou de surpresa. Logo condenou-se a si mesma. Maldito impulso. Ela tinha essa dúvida, sempre teve com qualquer um que ela acordava. — Olha eu falando merdas novamente. — disse embaraçada. — Me perdoe.

— Como surgiu a Cherry? — perguntou. Sakura passou a mão no pescoço.

— No fim da faculdade, eu queria sentir um pouco de autoconfiança e agir como uma mulher, sabe? Eu não recordo o exato momento, mas acordei na cama do capitão de basquete da faculdade.

— Hn. Eu joguei basquete na faculdade. — nem ele sabia o porquê de ter citado aquilo.

— Baquete é ótimo. — riu. — Então, havia uma foto e lá estava eu de batom, roupa provocante e um nome escrito de batom vermelho no espelho: É a Cherry vadia! — ela desviou o olhar, estava envergonhada.

Sasuke achou admirável aquela mulher corada em sua frente. As maçãs assimétricas avermelhadas e ela tentando desviar do assunto. Pensou que talvez Sakura nunca tivesse experimentado um relacionamento carnal com alguém, pois se for pela Lucy, ela nunca.

— Eu não esqueço até hoje. — respondeu. Foi verdadeiro. — Ela é uma mulher adorável.

Ah! Aqueles detalhes vindo em sua cabeça. Aquela noite.

Ela percebeu o sorriso de canto. — Me perdoe. Eu não tinha a mínima ideia de que era você, e, por algum tempo, até procurei por ela. Quase acatei a ideia da minha empregada de colocar anuncio em alguma rede social. Não quero lhe constranger.

— Tudo bem, querendo ou não é a Cherry vadia! — respondeu, presenteando-lhe com um sorrindo. Aquele sorriso espontâneo parecia ser único nela.

Ele não estava apaixonado e sim encantado.

***

— A visita de Sasuke a fez muito bem. — não conseguia disfarçar o sorriso bobo que foi visto em seu rosto. Mesmo que o homem em questão ganhasse onze mil dólares por hora para tratar o caso. Gostava da companhia dele.

Dois dias tinham passado e nada da senhorita Cherry voltar.

A equipe do hospital já tinha dado alta para ela, porém Tsunade achou melhor que ela permanecesse mais alguns dias, até se resolver o assunto. Discrição era essencial.

Tsunade lhe fazia companhia, relatava sobre as reuniões cansativas e a briga que tinha comprado com os democratas. Sakura fingia prestar atenção naqueles assuntos, não que não fossem interessantes, eram assuntos confidenciais do país. Sua mente estava apenas ocupada por a qualquer outra coisa.

— Jiraiya lhe mandou um abraço. — comentou, não era segredo para ela a relação da mãe com o seu vice.

— Qualquer dia irão descobrir vocês se pegando no salão oval. — respondeu alegremente. Estava sentada em uma cadeira com o braço apoiado na cadeira e a mão no queixo.

— Já saímos dessa fase. — rebateu a mulher impecavelmente alinhada em seu terno preto e de cabelo em um coque. — Estamos em um momento tranquilo. Claro que os agentes secretos que trabalham por lá sabem de tudo. — Tsunade olhou no seu discreto relógio de ouro, herdado de sua avó. — Tem certeza que quer fazer isso? — perguntou incerta para Sakura.

— Sim. Eu quero sair daqui logo.

— Desculpem o atraso. Trânsito na cidade. — as mulheres logo desviaram os olhares para a porta, onde estava Naruto em companhia do advogado. — Madame presidente. Sakura. — cumprimentou-as.

— Madame. — disse respeitosamente o Uchiha. — Senhorita Haruno.

— Tem certeza que quer o método da hipnose para trazer a Cherry? — Sakura assentiu.

— Como é isso? — perguntou Tsunade curiosa.

— Eu vim o caminho todo explicando para o Sasuke. — ele colocou a maleta sobre a mesa. — Freud costumava usar tanto a hipnose como a regressão em seus pacientes como parte dos processos psíquicos. A hipnose é um mecanismo que a nossa mente oferece, é algo natural. Nessa prática tratamos de levar ao paciente para um estado mental, mas de forma coordenada. Inicia-se com um estado de Rapport, uma espécie de conexão com o paciente, onde começo a conversar e fazer perguntas em um envolvimento emocional. — ele pausou, se deixasse ele explicaria passo por passo e até os brilhantes resultados que Freud conseguiu. Ele admirava aquilo, mas se conteve. — Aos poucos o paciente vai entrando em uma espécie de transe mental, então começo a estimular o paciente a lembrar e trazer suas emoções.

— Por que acha que a Cherry não apareceu mais? — questionou Sakura.

— Digamos que a Cherry é o seu lado sexual. Ela exala a sua libido, mas como você e uma das personalidades sofreram um trauma envolvido nessa área, o cérebro bloqueou essa sua parte. Vamos entrar no seu inconsciente e trazer a Cherry.

— Já tentaram isso alguma vez? — Sasuke inquiriu, intrigado com aquilo tudo.

— Na primeira vez que conheci Sakura, usamos a regressão. Eu consegui trazer lembranças dela e a sua primeira personalidade, a It. Foi nesse momento que dei o diagnóstico de Transtorno Dissociativo de Personalidade. Agora, vocês dois poderiam aguardar no lado de fora?

— Claro. — disse Tsunade.

— Aham. — Sasuke respondeu, insatisfeito. Ele queria ver o que se sucedia.

— Tchau. — Sakura se despediu com o sorriso que, segundo ele, era encantador.

— Nos vemos em breve. — respondeu acenando.

— Nervosa? — Perguntou cordialmente o psiquiatra. — Tem um tempo que não faço isso. — ele sentou-se em frente à Sakura. — Quer ir para cama?

— Aqui está bom. — respondeu, deixando aparente o nervosismo. Lembrou da primeira vez que entrou em transe. Depois daquele fatídico dia, nunca mais foi a mesma.

— Feche os olhos. Segura minha mão. — ela estendeu a mão para ele. Naruto estava centrado na mulher de olhos fechados. — Sua mão esquerda está ficando pesada. Relaxe. — ele foi aos poucos dando curtos comandos para Sakura. Seu corpo já parecia responder aos impulsos. Estava completamente relaxado e assim ele poderia aprofundar seus métodos. — O que sente?

— Vazio. — disse um pouco zonza.

— Relaxe seu corpo e se entregue aos poucos. O que sente? — Sakura nada disse.

Naruto soltou suas mãos, ele conseguia entrar com certa agilidade na mente dela. Ela já estava em um estado profundo. Naruto abriu a sua maleta e pegou um exemplar do livro “Como Ser a Amante Perfeita”. Tentaria por meio do livro despertar a libido de sua paciente.

Abriu o livro e foi procurando por páginas aleatórias com qualquer sinal de pornografia explícita. — Como está? — ele nada ouviu, e a sala continuou em completo silêncio.

É um dos princípios básicos da hipnose sempre repetir palavras e criar monólogos entre os pacientes. O principal ponto desse tipo de tratamento não era o estado psicológico do paciente, mas sim o poder que ele concede ao terapeuta sobre seu corpo e seu psiquismo. A mente dela estava em suas mãos.

— Por Freud. — começou.

“— Por que não vamos para minha casa? — perguntou Lyon para a mulher de cabelos azuis.

— Eu não estou afim, me desculpe. — ela respondeu, segurando o molho de chaves e escolhendo uma delas.

— Não vai me deixar entrar? — ele puxou seu insistindo. Almejava tocar cada parte do corpo daquela mulher, estava apaixonado.

— Desculpe.

— Você foge de mim? — perguntou alterado, para espanto dela. — Tem alguém na sua vida?

Ela coçou o cenho. — Não tem ninguém em minha vida. — mentiu. Ela tinha alguém em sua vida, mas naquele momento nem ela sabia ao certo.

Ela abriu a porta e o homem forçou entrada. — Eu a amo.

— Pare com isso. — pediu, mas ele continuou segurando o braço. Já estava a machucando. — Me solte. — ela ouviu uma voz.

— Não escutou ela mandando soltar? — ela virou-se e era ele.

— Gray.”

— Deixa eu pular essa parte. — disse Naruto. — Como está Sakura? — seu transe estava funcionando com sucesso. Lembrou da primeira vez qual conseguiu usar essas técnicas, mal pôde se segurar. Celebrou por horas seu grande feito, que foi realizado em sua prima, porém logo o receio bateu. Já que não sabia como a trazer de volta.

“A mulher estava envolta ao corpo dele, suas pernas entrelaçadas em seu tronco. Colocou-a pressionada contra a parede, enquanto distribuía beijos em seu pescoço. — Precisamos conversar. — ela dizia, mas foi colocada de lado. Ele não acataria ao pedido. Caminhou com ela até ao quarto e colocou-a sobre a cama, deitou-se por cima dela deixando sua intimidade roçar na vagina a fazendo suspirar.”

Agradeceu aos céus por Sasuke não estar presente no momento. Aquilo era constrangedor.

“— Você é minha. — dizia loucamente. — Seu corpo é meu.

— Não sou, Gray. — ela respondeu entre gemidos. — Eu não te pertenço.”

— Em qual momento escreveu isso? Você me ouve, Sakura? — ele ouviu apenas grunhidos. — Qual momento?

 Ele voltou-se a leitura do livro. Não queria admitir, mas estava suado.

— Cherry? — sem sinal.

“Gray lentamente mordiscava o clitóris dela, tirando gemidos incontroláveis dela. Sentiu o arrepio passar pelo sou corpo, arqueou as costas e suspirou. Tateou até encontrar a cabeça dele, envolveu suas mãos nos cabelos dele e ergueu o quadril, estava em seu ápice. Ele não parava. Gray se mostrava insaciável e ela estava amando aquele momento, não pelo sexo e sim pela entrega dele.“

— Cherry. — ouviu um novo gemido. — Pode me ouvir, Cherry? — ela assentiu. Naruto colocou a mão dela dando um impulso para trás. — Como você está? Abra os olhos.

Aos poucos as orbes esverdeadas foram abertas. — Oi.

— Cherry? — perguntou.

— Sentiu minha falta, Uzumaki delícia?

***

No lado de fora, Tsunade conversava com Sasuke assuntos de Direito, a mulher era formada em Direito por Harvard. Eles falavam sobre o avanço do ensino na faculdade e comparavam com o tempo de cada um, porém a curiosidade dos dois estava na sala do lado.

Sasuke contou do breve encontro que teve com a senhorita Cherry e Tsunade logo deduziu como foi, aliás, Miss Bomb era uma das personalidades que a loira mais gostava. Talvez pela espontaneidade que ela emanava. Ela era livre e fazia tudo o que vinha na cabeça, o que ela sempre desejou para Sakura.

— Foi a Cherry que me incentivou sair com o meu vice. — disse constrangida.

Sasuke a colocou quase contra a parede, quando mencionou que leu a agenda da Sakura e existia troca de mensagens entre elas. Ele mencionou o tal caso, deixando a mulher vermelha.

— Adoraria que ela encontrasse alguém como você. — disse sincera. — A Cherry de certeza já aprovou. — completou deixando o advogado sem jeito. — Eu espero que tudo isso termine o mais breve possível.

— Irá. — ele viu Naruto saindo do quarto. — E aí, conseguiu?

— Eu preciso de um batom vermelho. — comentou sem jeito. Tsunade sorriu e tratou de abrir a bolsa.

— Entregue para ela. — deu uma embalagem preta, era um batom vermelho. Sorriu furtivamente, deixando Sasuke sem entender. — Essa menina.

— Podem entrar. — Naruto pronunciou-se. Os dois procuraram pela mulher e ouviram do psiquiatra que ela estava no banheiro. Logo ela saiu de cabelos soltos e lábios vermelhos.

O olhar abatido foi substituído por uma expressão vivida e intensa. Ela o olhou de cima a baixo.

— Que adorável surpresa, Sasuke! — disse provocativa.

— Cherry. — respondeu.

Era ela.

Betado por: Icunha, maior procrastinadora de fanfics que você conhece! 


Notas Finais


Olha quem voltou, Cherry is Back!
Triste em dizer que esse foi o penúltimo capítulo, preparando meus lenços aqui, mas teremos um epilogo pela frente.
Espero que tenham gostado, queria agradecer aos leitores novos que estão aparecendo!

Ps: Eu estou em parceria com a @Icunha em uma nova fanfic, ela será short também e baseada nos jogos do Assassins Creed com a temática da segunda guerra mundial. Deixarei o link caso se interessem.
https://spiritfanfics.com/historia/operacao-blitzkrieg-7841324

Beijos , obrigada e é isso pessoal!
Mereço algum review?


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