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História Boa Sorte, Lynn. - Esquema Criminoso


Escrita por: CandyBabe

Notas do Autor


POSTEI E SAÍ CORRENDO

Capítulo 14 - Esquema Criminoso


"A vida de teu espírito, meu irmão, está cercada de solidão e, se não fosse por esta solidão e abandono, tu não serias TU e eu não seria EU. Não fosse por esse abandono e solidão, eu acreditaria, ao ouvir tua voz, ser a minha voz; ou, vendo teu rosto, que eu estava mirando num espelho." 
- A Voz do Mestre, Khalil Gibran

 

Um dia depois da cena real que Lynn tomou como alucinação, Rosalya, avaliando os recentes acontecimentos, achou por bem ter uma conversa com a sua querida amiga protagonista desta história. Ela também decidiu que iria arrastar o Castiel para a conversa, mesmo que fosse contra a expressa vontade do senhor rapaz de cabelo vermelho.

 E agora os dois estavam sentados em frente da senhorita Lynn, numa mesa redonda com vários papéis em volta, encurralada em uma sala de estudos vazia durante o horário extracurricular da escola. Horário que nenhum deles, além da Lynn, costumava passar dentro da escola, mas Rosalya sabia que a sua amizade significava mais do que simplesmente ficar naquele buraco alienador de jovens mais tempo do que ela precisava.

 - Lynn, eu sei que você não gosta de ninguém perturbando sua solidão. – Rosalya disse sorrindo para a sua melhor amiga. – Mas nós precisamos conversar.

- Se isso for uma “intervenção”... – Lynnóquio respondeu sem levantar os olhos do caderninho. – Eu já tive uma ontem, acho que vocês gostariam de saber.

- Você teve uma intervenção ontem? – Castiel perguntou incrédulo.

- Não foi inicialmente uma intervenção. – Lynn explicou. – Mas por algum motivo nós três fomos parar em grupo de narcóticos anônimos na igreja.

- “Nós três”?

- Minhas primas e eu.

- Como vocês conseguiram isso?!

- Eu não me lembro, eu estava sob o efeito de várias drogas ao mesmo tempo e a prima Lynn estava, nas palavras dela, “tão bêbada que já tinha esquecido se não tinha colocado sutiã desde o começo ou perdido ele no meio da noite”.

- Caralho...

- Está tudo bem, nós achamos o sutiã dentro da calça do marido dela. – Lynn ajeitou os óculos. – Só não descobrimos como ele foi acabar dormindo dentro do porta-malas.

- É exatamente por causa desse tipo de coisa que nós estamos tendo essa Intervenção.

- Isso é uma “intervenção”? – os outros dois indagaram.

- Isso mesmo. – Rosalya disse. – Lynn, a diretora já está de olho em você por causa da história do alarme de incêndio, claro que nossa escola sempre parece vazia e nunca parece ter algum professor que se importe de nos vigiar, mas ficar delirando dentro da escola é uma viagem expressa para a nossa volta a Unidade de Correção.

- “Nossa” volta? Eu nunca estive em uma Unidade de Correção! – Castiel falou.

- E você sabe que eu não posso voltar para lá, Oaklynn, eu cortei metade dos guardas enquanto estava lá. – Castiel foi ignorado.

- Isso é verdade inegável.

- Como assim “verdade inegável” essa história de Unidade de Correção não é invenção de vocês duas pra assustar a gente?! – Castiel parecia perturbado com a ideia de que, nos últimos dias, estivesse convivendo com duas supostas delinquentes que realmente eram delinquentes, e não simples estereótipos escolares como ele.

- E Lynn, por Deus, você escreveu “Ambre morta por um ataque de coala às 17:54” no espelho do banheiro masculino. – Rosalya pelo visto decidiu ignorar duas vezes o senhorito de cabelo vermelho.

- Nós ainda vamos voltar a essa historia de Unidade de Correção. – Castiel falou olhando desconfiado para as duas. – Mas por que você escreveu aquilo, Lynnóquio? O Lysandre quase morreu do coração quando te viu no banheiro masculino.

- Foi você quem deu o gritinho que avisou o Nathaniel, Castiel. – Rosalya falou.

- Isso porque eu vi uma lagosta gigante atrás da Lynn.

- Eu achei que o espelho do banheiro era um Death Note. - Lynn disse com uma simplicidade cômica.

 Silêncio constrangedor e cheio de julgamento.

- Por que, cara? – a pergunta foi formada pelas únicas cordas vocais masculinas ali.

- Eu não sei se você se lembra, Castiel, mas nós consumimos uma quantidade estúpida de LSD ontem. – Lynn explicou.

- Isso é muito idiota.

- É, eu também me senti assim depois que eu lembrei que nenhum de nós tem sobrenomes e que, por isso, um Death Note nunca funcionaria.

 E aqui está a referência que indica que alguém envolvido diretamente nesta história voltou a assistir Death Note.

- Você sabe que coalas são inofensivos né? – Castiel falou.

- Não segundo a prima Lynn.

- Como assim cara...

- Ela é veterinária, você não pode querer saber mais que ela.

- Lynn. – Rosalya estalou os dedos para chamar a atenção dos outros dois. – Já faz três semanas desde a Corrida. – bendita corrida. – E as pessoas estão começando a perder o interesse em vocês dois.

- Talvez seja porque ultimamente a “Dia de Fúria” aqui decidiu bancar a maluca vandalizando a escola. – Cassy disse fazendo uma referência com sucesso.

- Realmente nós estamos bem atrasados no cronograma. – Lynnóquio falou folheando o caderninho até achar uma tabela. – A essa altura já era para nós dois termos sido pegos nos beijando.

- E nós estamos ficando sem tempo também. – Rosalya completou. – A não ser que você queira desistir da “fase dois”. – pelo tom de voz dela, dava para perceber que Rosalya não era uma adepta de seguir com a “fase dois”.

- Tem uma “fase dois” nesse esquema idiota?

- Eu tenho tido dúvidas em relação a fase dois. – Lynn disse ajeitando os óculos. – O Nathaniel tem demonstrado uma sensibilidade que está me confundido. – nenhum dos outros dois pôde dizer isso na hora, mas Lynnóquio realmente estava incomodada por ser confundida.

- Provavelmente é porque por causa dele você quebrou uns quinze pares de óculos e quase ficou sem a sua carreira de stripper. – Cassy falou.

- Ainda assim é mais compaixão do que você demonstrou por qualquer outro ser humano desde que essa história começou. – Rosalya retrucou enquanto mexia no próprio cabelo.

- Do que você está falando?! Comparado a vocês duas eu sou o mais adorável aqui.

- Castiel, você não é o mais adorável nem se comparassem com aquela parede e essa mesa. – a musa vitoriana respondeu.

- Isso vindo de uma garota que supostamente cortou metade dos guardas numa Unidade de Correção.

- Não foi “supostamente”. – Lynnóquio observou, para o aumento nas taxas de pânico do senhor Castiel. – Além do mais, eu acho que tenho motivos para me sentir confusa, o Nathaniel não me delatou no caso do alarme de incêndio.

- Provavelmente porque ele tem medo que você o esfaqueie com uma agulha de tricô.

- Duas observações justas. – a garota de cabelos platinados disse.

- Primeiro, a possibilidade de eu agredir alguém fisicamente com uma agulha de tricô só foi levantada depois do caso do alarme de incêndio. – Lynn respirou. – Segundo, além do alarme de incêndio, tem o caso do beijo na biblioteca.

 Dita essa frase, Rosalya soltou uma exclamação, se levantou abruptamente, derrubando a cadeira atrás dela e deu um tapa tão forte na mesa entre eles que o fiel caderninho de Lynn pulou uns dois centímetros no ar. Tanto Lynn quanto Castiel se encolheram perante aquela demonstração cômica de poder.

- O CASO DO QUE?! – a garota que não vestia moletom na escola indagou.

- Eu gostava mais de quando a Rosalya era a melhor amiga emocionalmente estável da protagonista. – Castiel disse recuperando a compostura.

- PARE DE QUEBRAR A QUARTA PAREDE. – a melhor amiga emocionalmente estável da protagonista falou estapeando a mesa novamente. – Nós estamos dentro de um plot point aqui!

- Belo jeito de não quebrar a quarta parede de novo.

- Voltando ao plot point. – Lynnóquio disse resgatando o diálogo, mas ainda assim quebrando a quarta parede, de novo. – Sim, o Nathaniel me beijou na biblioteca.

- O QUE?! -  os outros dois exclamaram.

- Essa reação não faz sentido, vocês já tinham escutado essa informação antes.

- Ele te beijou?! – Rosalya disse voltando a se sentar.

- Foi mais como um gentil acariciar de lábios. – Lynn respondeu olhando em volta sem ter nenhum motivo para isso. – Acho que foi um impulso ocasionado por “frustração por atração”.

- Ah meu Deus. – Rosalya abaixou a cabeça sobre a mesa e a cobriu com os dois braços. – Lynn, eu não posso deixar você continuar com isso.

- Do que você está falando?! Outro dia era você me dando um sermão por não levar essa vingança a sério. – Cassy protestou.

- Eu não estou falando da vingança, estou falando da parte que trata do Nathaniel.

- O que é que vocês pretendiam fazer com ele, afinal de contas?

- Caçá-lo como um animal imundo, cortar sua garganta e vê-lo sangrando num balde enquanto a vida escapa lentamente junto com o seu sangue e lágrimas... – os outros dois olharam para Lynn assustados. – Eu posso tentar de novo do começo?

- Isso aqui é um diálogo escrito, Lynn.

- De toda forma, do que é que você está falando, Rosalya? – Lynnóquio disse ajeitando os óculos, para variar um pouco na sua extensa lista de linguagem corporal.

- É perturbador como todo mundo decide ignorar esses surtos de violência da Lynnóquio. – Castiel disse para si mesmo.

- Olha, Lynn. – Rosalya tocou na mão da amiga. – Eu juro que te apoio na sua vingança contra a Ambre, ela merece isso e você tem direito a uma reação depois de dois anos dela sendo uma idiota com você...

- Eu sinto que uma conjunção adversativa está vindo...

- MAS... – Rosalya falou bem alto. – O Nathaniel não tem nada a ver com isso.

- Por que essa insistência em proteger o Nathaniel, Rosalya? – Lynn disse. – Agora eu entendo, mas você não queria envolve-lo nisso desde o começo.

 Rosalya olhou para o Castiel antes de continuar.

- Eu só imagino que essa história de vocês dois... – ela apontou para Cassy e Lynnóquio. – Namorarem já é castigo o suficiente para ele.

- O que?

- Eu não passei três semanas sendo voluntária no arquivo para a gente desistir da fase dois assim do nada. – Rosalya jogou o cabelo para trás dos ombros. – Mas mesmo assim eu acho que nós não deveríamos fazer isso.

- Do jeito que vocês falam até parece que vocês vão matar o representante.

- Matar a reputação dele. – a musa vitoriana gesticulou de forma elegante. – O que é quase a mesma coisa.

- E o que ficar no arquivo tem a ver com tudo isso? – Cassy só fazia aquele tipo de atividade, ajudar no arquivo da escola, nas raras vezes em que cumpria detenção.

 Contextualizando: como Sweet Amoris era uma escola que acreditava no ensino e gestão participativos, e como só parecia haver três professores em toda a escola, os alunos tinham muita participação no processo administrativo da escola. Tanto que a maioria dos festivais era organizada por alunos, principalmente os do terceiro ano. Além dos eventos os alunos poderiam trocar voluntariado por crédito extra, sempre bem-vindo na hora de se calcular as notas. Por esse motivo sempre havia algum aluno ajudava a imprimir o jornal, a organizar fichas na secretaria, plantão na biblioteca, monitorias de apoio, limpar o ginásio e por aí vai. Não é preciso dizer que o campeão em crédito extra por voluntariado era o senhor Nathaniel, apesar de na maioria das vezes em que ele ajudava na escola não era por iniciativa voluntária.

 Por incrível que pareça, Castiel também era um campeão em voluntariado em Sweet Amoris, mas o caso dele era porque as tarefas burocráticas e inúteis eram o jeito preferido dos professores de puni-lo.

 Lynn soltou um pigarro educado e discreto e ajeitando os óculos virou o caderninho para que Castiel pudesse ver o seu mapa mental.

 - A maioria dos alunos não pode fazer mais de uma semana seguida de crédito extra no arquivo, mas como a fiscalização dessa escola é quase inexistente, nós conseguimos um jeito de alternar sem que ninguém descobrisse.

- Além do mais, ninguém suspeitaria de nós duas. – Rosalya disse, como uma deusa.

- Nós descobrimos que antes da semana de provas, os professores mandam as provas para a escola e o pessoal do arquivo imprime e as mantém guardadas lá até o dia da prova. – Lynn ajeitou os óculos novamente.

- Tá bom, e daí? – Cassy indagou.

- Em toda a escola, só tem um aluno que sabe onde exatamente ficam as provas no arquivo. – Rosalya disse sorrindo orgulhosa de suas próprias habilidades investigativas.

- O presidente do grêmio. – Castiel não a deixou terminar. – Mas e daquela vez que a Ambre deu um jeito de roubar um pacote de provas de história?

- Erro humano. – Lynn disse de forma mecânica. – O professor Faraize se distraiu depois de pegar as provas no arquivo e a Ambre conseguiu ver o que tinha no pacote.

- Por isso, desde então, quem entrega as provas, quinze minutos antes de começar, é o presidente do grêmio.

- Pelo visto vocês gastaram muito tempo nisso. – Castiel falou. – Mas o que isso tem a ver com o representante? Não era melhor simplesmente roubar um pacote e esconder no armário da patricinha?

- Você não sobreviveria um dia numa Unidade de Correção. – Rosalya retrucou, mas Castiel não se sentiu ofendido. – Nenhum aluno além do presidente do grêmio tem acesso às provas, e ninguém acreditaria que o Nathaniel estaria mancomunando com a irmã dele.

- Resultado de dois anos investindo em uma postura impecável como aluno e representante. – Lynnóquio completou. – Além do mais, quando ela roubou as provas de história, ninguém conseguiu provar, então isso não serviria como antecedente.

- Eles suspeitariam de que, na melhor das hipóteses, foi uma pegadinha. – a outra continuou. – E começariam a checar a lista de quem foi voluntário no arquivo.

Castiel se encostou a cadeira e soltou um suspiro impaciente.

- Então qual é o plano afinal de contas?

As outras duas garotas se encararam por alguns segundos.

- Em poucas palavras? – Rosalya falou depois de um tempo. – Invadir a sala de arquivo depois das provas e alterar os gabaritos do Nathaniel antes de as notas serem mandadas para a secretaria.

 Castiel soltou um risinho irônico com aquilo, mas depois engasgou em seu próprio desdém ao ver que as duas garotas estavam falando sério.

- Isso é sério?! – ele exclamou. – Pra que esse trabalho todo?

- A fiscalização da nossa escola é risória. – Lynnóquio falou. – Porém, a burocracia aqui funciona como um relógio de corda. – pausa. – Nós terminamos as provas, o Nathaniel leva os gabaritos de volta para o arquivo e de lá eles vão para a secretaria serem processados nos nossos históricos para depois voltarem para o arquivo.

- Caralho.

- Não faça essa cara, Cassy. – Rosalya quase foi degolada ali mesmo por conta do uso não permitido do apelido proibido. – Faz bastante sentido, o pessoal do arquivo controla o fluxo de informação da secretaria para garantir que ninguém vai misturar nada.

- Eu não estou falando disso. – Castiel protestou. – Estou falando desse esquema criminoso que vocês estão inventando.

- Não é o primeiro. – Lynn disse.

- E provavelmente não será o último.

- Olha. – ele gesticulou para chamar atenção das duas. – Eu não gosto do representante, e não estou defendendo, na verdade eu até acho que ele vai acabar matando a Lynnóquio sem querer...

- Mas...

- Mas a vingança não era contra a irmã dele?!

Silêncio reflexivo.

- Isso é justo. – Lynn disse. – Porém, desde o primeiro ano, a Ambre nunca foi punida por nada, não desde que o Nathaniel se tornou presidente do grêmio.

- E daí?

- Se o Nathaniel não é presidente do grêmio, ele não pode usar a influência dele para defender a Ambre em um Conselho Estudantil. – Rosalya deu de ombros. – É cruel, mas o fato é que os professores só deixam a Ambre fazer o que ela quer porque o Nathaniel faz tudo o que eles querem.

 Cassy massageou as próprias têmporas. Castiel não era um garoto complicado, e talvez essa fosse seu charme, quando ele estava com raiva de alguém, se as circunstâncias permitissem, ele não armava todo um plano diabólico e burocrático para arruinar a pessoa, simplesmente ia até o seu alvo e socava a cara dele.

- Vocês querem ferrar o representante agora, para poderem ferrar a Ambre no futuro.

- Isso mesmo. – as duas disseram ao mesmo tempo.

- Se esse era o plano desde o começo, então por que fingir que nós estamos namorando?

 Lynn ajeitou os óculos com as duas mãos dessa vez, somente Rosalya sabia disso, mas aquele gesto significava que ela estava se sentindo encabulada e desconfortável.

- Bem... Além de fazer ciúmes na Ambre...

- Sim...

- Nós... – hesitação. – Nós meio que precisamos de você para alterarmos as notas do Nathaniel.

- O que?! Como?! Eu não vou arrombar o arquivo.

- Não é isso o que nós falamos. – Rosalya disse dando um sorriso meio gentil, meio persuasivo. – Nós só precisamos que você seja... Você.

 Castiel, apesar de não ser dado a reações muito exageradas, demorou a se lembrar de quando ele tinha sentido tanto medo na vida. 


Notas Finais


POSTEI E SAÍ CORRENDO


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