“O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente.”- Mário Quintana
Um ar tenso rodeava os nossos distritos. A dúvida era muita e a pergunta que era posta em causa era: “porque raios o nosso pai têm uma cicatriz no olho?”. Eles, por santa ignorância, não sabiam. Então, a reunião era sobre teorias de tal marca, já que seria muito vergonhoso perguntarem isso diretamente.... Agora que penso, talvez fosse por preguiça mesmo.
- Acho que foi o demónio do Sunshine!- a Braga debateu.
- O galo do pai? – Lisboa perguntou.- Já agora, porque têm um nome inglês?
- Diz-me aí um nome português que dê para um galo!- o Porto pediu.
- ...- a capital pensou e pensou.- Gilbertino?
- Isso nem existe!- o Porto informou.
- Se misturares Gilberto com Albertino... Mas Sunshine também não é nome de galo!
- Maria Albertina, como foste nessa de chamar Vanessa à tua menina?!- a Braga cantarolou.
- Er...? Vamos cá vêri (ver)... Porque o Sunshine têm um nome inglês?- Portalegre perguntou, curioso.
- O pai pediu ajuda ao senhor Inglaterra, logo após da Braga ter oferecido o galo a ele...- a Coimbra informou, lendo o jornal local.
- Porque ofereceste um galo ao pai?- a Beja perguntou.
- O Sunshine era muito mau comigo...
- ESPEREM! NÓS JÁ SAÍMOS DO TÓPICO PRINCIPAL!- a capital avisou aos berros.
- Verdade! Verdade!- A Beja concordou.- Mais teorias sobre a cicatriz do pai?
- Talvez foi o tí (tio) Espanha... Ou o maldit (maldito) do França!- o Faro propôs, cruzando os braços.
- Talvez! Talvez!- o Funchal concordou.
- E o que achas Coimbra?- Portalegre perguntou.
- Hum... Luís de Camões...- Disse isso, ao ler um artigo sobre o mesmo.
- Como assim?- o portalegrense perguntou, desta vez confuso.
- Se a minha memória não me falha... O pai ficou com aquela cicatriz mais ou menos quando Luís de Camões foi para África, onde perdeu o olho esquerdo. Essa é a minha opinião. Não esquecemo-nos que este poeta fez uma parte importante na língua portuguesa, então teve influencia no pai.
- ...- Lisboa ficou sem palavras.- Sinceramente, acho que esta é uma teoria razoavelmente melhor do que as vossas.
Depois disto, a nossa capital recebeu alguns livros na cabeça, por sorte é que não foi para o hospital. Cabeça dura é o que ela têm!
~Hetalia~
Na manhã seguinte, logo aos primeiros raios de sol, Braga andava entre os caminhos de Lisboa com um leve nevoeiro.
Fugiu de Alcácer Quibir
El Rei D. Sebastião
Perdeu-se num labirinto
Com seu cavalo real
Ela começou ouvir sons de cavalo, ela olhou para os lados e não viu nada. Ouviu novamente e nada... Talvez estivesse a ficar doida.
As bruxas e adivinhos
Nas altas serras beirãs
Juravam que nas manhãs
De cerrado de Nevoeiro
Vinha D. Sebastião
Voltou a ouvir o som do cavalo, desta vez mais alto. Para a sua surpresa, avistou um vulto grande no nevoeiro.
Pastoras e trovadores
Das regiões litorais
Afirmaram terem visto
Perdido entre os pinhais
El Rei D. Sebastião
O vulto andava em direção de um pinhal que havia lá. Braga decidiu ir atrás deste.
Ciganos vindos de longe
Falcatos desconhecidos
Tentando iludir o povo
Afirmaram serem eles
El Rei D. Sebastião
E que voltava de novo
Braga finalmente viu o que era o vulto: um jovem rapaz montado num cavalo branco.
Todos foram desmentidos
Condenados às gales
Pois nas praias dos Algarves
Trazidos pelas marés
Encontraram o cavalo
Farrapos do seu gibão
Pedaços de nevoeiro
A espada e o coração
de El Rei D. Sebastião
O jovem começou a desaparecer; o seu cavalo também, mas este demorava mais. Um som semelhante ao bater do coração foi ouvido, cada vez mais lento. O nevoeiro tornou-se mais espesso e a ultima coisa que a Braga viu foi o jovem a erguer a sua espada.
Fugiu de Alcácer Quibir
El Rei D. Sebastião
Perdeu-se num labirinto
Com seu cavalo real
E uma lenda nasceu
Entre a bruma do passado
Chamam-lhe o desejado
Pois que nunca mais voltou
El Rei D. Sebastião
El Rei D. Sebastião
E o que a Braga fez? Começou a correr para o hotel onde estavam todos –claro que bateu contra alguns postes devido ao nevoeiro denso–. Ao entrar no hotel, não encontrou ninguém conhecido, viu na sala de reuniões e nada, olhou no quarto dela, compartilhado com os outros distritos do Norte e encontrou a Vila Real.
- VI-VI-VILA!!!
- Passa-se algo?- Ao ouvir o seu nome, olhou para ela.- O que passou-se à tua cara?
- Ah? Não... Tirando o facto de ter batido contra vários postes...- Foi à casa de banho e olhou-se no espelho.- OS MEUS ÓCULOS DE SOL PARTIRAM-SE!
- Estás sempre com eles... Não tens oitros? (outros)
- Tenho na mala.
Ela apareceu depois com um penso rápido ou outro na cara. Tirou outros óculos e colocou-os na cabeça. Respirou fundo e finalmente disse o que viu:
- Acho que vi um fantasma!
- Debes (deves) ter alucinado, não?
- Não alucinei nada!
- E como era?
- Era...- a Braga pensou durante alguns segundos.- Era um cavalo branco, que era montado por um jovem... Com um fato estranho, mas familiar.
- Familiar?- a transmontana estranhou.- Explica-me.- sentou-se na cama.
- Era como se fosse uma armadura digna de um rei!
- Jobem (jovem) e rei?- interrogou-se, pensativa.- Talbez (talvez) foi o fantasma do D. Sebastião!
- Eu duvido... Também não se diz que ele só voltaria quando o pai estivesse em caos?
- Bem... O país está em crije (crise) e está a arder em fogos... Atcho (acho) que nós estamos em caos.
- Visto dessa forma...- Braga finalizou, rendida.
~Hetalia~
O intenso cheiro das bebidas alcoólicas bebidas pelos três países –ou melhor, por dois países e um principado a beber um sumo de laranja, oh tão puro!- pairava no ar daquela sala. Dois deles aparentavam ser mais velhos e eram muito semelhantes: um deles tinha o cabelo castanho –como a madeira– um pouco comprido, preso num rabo de cavalo baixo, tinha olhos verdes olival, tendo uma cicatriz sobre o olho esquerdo; era Portugal! O outro tinha cabelo castanho e curto –no mesmo tom– e olhos verdes olival; oh! Era Espanha! Já o principado –que era o dono da casa já agora– possuía cabelo castanho claro –até parecia um pouco com loiro– e ondulados, os olhos eram também verdes olival e tinha um sinal a noroeste da boca, então quem era? Ora! Era o Andorra!
- Romano... Pareces um tomate...- o espanhol falou... Talvez já estivesse a dormir e a sonhar com o italiano.
- Bacalhau...- o nosso país falou, também a dormir e a sonhar com o bendito bacalhau! Nesse momento, em um lugar longe, Lisboa sentiu-se vitoriosa –apesar de não saber o porquê– e o Porto estremeceu –também não sabia o porquê disso–.
- Oh! São tão fofinhos!- Disse uma mulher que acabou de entrar.
- Verdade... Tirando dos facto de estarem bêbedos.- o andorrano riu e depois bebeu a sua bebida, até perceber quem era a mulher, então engasgou-se e cuspiu tudo.- MÃE?!
A mãe dos três ibéricos estava presente, a Ibéria! Ela tinha longos cabelos ondulados na cor de caramelo e também tinha os olhos verdes olival.
- Q-Que fazes aqui?! Digamos... Viva?- O andorrano perguntou, tentando raciocinar bem o que passava.
- Se o Roma Antiga pode ir visitar o italiano doido por pastas (massas italiano), eu também posso visitar o doido por bacalhau, o de tomate e o de sumos de fruta!
- Era para ofender-nos?
- Não, Andorra. Eu amo esses doidos!
- Conhecendo-te, eu acho que não vieste nos visitar.
- Er...? Ok, o Roma, como grande tarado que ele é, não deixava-me em paz, e mandar lanças para cima dele já não funciona.
- Pois...- Andorra foi ao frigorifico buscar outro sumo, mas ao olhar de volta para a sua mãe, ela simplesmente desapareceu.- Porque todos abandonam-me quando vou buscar sumo?
- Eh?- Portugal acordou.- Quem abandonou-te?
- A mãe esteve aqui...- disse, com receio de ele não acreditar.
- O teu sumo tinha álcool?- perguntou, que seguiu logo por uma ressaca, fazendo-o colocar a mão em sua testa.
- Não.
- Portugal~! o Andorra não é fofo?- o espanhol falou enquanto dormia e recordava dalguns momentos.
O Andorra, simplesmente, não gostava desses comentários –afinal, ele vive entre o Espanha e o França, e toda a gente sabe que eles são tarados, sendo o ultimo o mais entre eles– então encheu um balde com água fria e adivinham? Ele despejou a bendita água em cima do Espanha, fazendo o Portugal ignorar a ressaca e a barriga começar a doer de tanto rir. E agora o Espanha espirra uma ou outra vez.
~Hetalia~
O Viseu estava sentado a comer um bolo que ele mesmo fez, acompanhado por um pastor alemão. Ele olhava atentamente com seus olhos verdes para o bolo enquanto o devorava, mas depois sentiu-se observado e olhou para sei lá onde. Passou a mão direita em seus cabelos negros, tentando ignorar. No entanto, um espírito, muito semelhante ao Viseu continuou a olhar para este ultimo, ao mesmo tempo que sorria. O cão notou muito bem a presença deste e quando Viseu foi buscar mais bolo, o animal foi até o tal espírito.
- Então, Ruffus?- o espírito perguntou, acariciando-o.- Cresceste muito, assim como Viseu.
Ele olhou para uma foto, era Lamego e o Viseu em criança, mesmo antes de Lamego desaparecer devido à nova sede... O espírito era Lamego, na verdade. Ele só queria ver se o seu menino estaria bem... Como bom tutor que era...
Continuará...
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