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História Boatos - Capítulo Único


Escrita por: taozing

Notas do Autor


HEYHEYHYE
reparem q essa fic tem exatas 12345 palavras AMÉM AO MEU PERFECCIONISMO
ESSA FIC É MT VELHA e eu sofri mt c ela pq travei no final e n conseguia desafogar mas agr tá td certo e estamos reunides aqui hj para contemplar essa obra prim--
um cheiro no cangote da kat, essa linda, que leu e releu essa fic 6597432 vezes p me ajudar e pôs em rosinha as putaria ♥
PS: TODOS OS PERSONAGENS DA FANFIC TÊM MAIS DE DEZOITO ANOS!!!!

boa leitura e espero que gostem~

Capítulo 1 - Capítulo Único


 

Diziam muitas coisas, poucas ao seu respeito: não tinha muito o que dizer sobre Oh Sehun. Alto e magro, de cabelos descoloridos com a raiz por fazer; ficava até tarde na escola, ensaiando umas coreografias com Jongin. Tentaram espalhar boatos de quais “coreografias” os dois ensaiavam, mas Jongin namorava Soojung fielmente e o boato morreu em menos de uma hora.

Ah, os boatos... Sehun agradecia a qualquer divindade que existisse por passar despercebido pelo último ano do ensino médio e escapar dos malditos boatos – que geralmente tinham um fundinho bem vergonhoso de verdade.

Falavam que Jongdae e Junmyeon iam fumar a famosa marijuana depois da aula e aproveitaram para dar uma esfregada lingual um no outro. Baekhyun e Taeyeon, cara!, com certeza tinham um caso. E o tal do Park Chanyeol, do time de basquete? Paga de ativaço gostosão, mas na hora do “vamo vê”, vira um filhotinho manhoso e carente; “é até fofo”, completavam.

O ensino médio era um ninho de cobras.

 

*

 

Kyungsoo-hyung era a melhor pessoa. Abraçado à cintura de Sehun, ouvia atentamente o mais novo soltar todas as palavras que havia segurado durante o dia enquanto o incentivava com “hmm”, “uhum”, “e aí?” e afins.

– E aí?

– E aí que não sei – murmurou fazendo bico. Deitou a cabeça no peito de Kyungsoo. – Eu acho que vou perguntar pro Jongin o que ele acha.

– É uma boa – Kyungsoo afirmou, infiltrando os dedos nos cabelos do outro. – Jongin é seu parceiro de dança, vai saber dizer qual música combina melhor com seu estilo de dança e tal.

Sehun fez “uhumm”, encerrando o assunto. Buscou em sua memória jovem qualquer outra coisa que pudesse conversar com Kyungsoo: adorava falar com ele. Não entendia por que, mas gostava demais. Seu hyung não o julgava, não reclamava, não mentia na hora do conselho. Melhor pessoa sim, e, se reclamar, Sehun te bate.

– Hyung, posso te falar qualquer coisa, né?

– Pode.

– Se eu te dissesse que seu cabelo tá horrível assim e que eu preferia ele compridinho como antes..?

– Ia mandar você à merda. Do meu cabelo cuido eu.

Sehun deu uma risada alta.

– Por isso você é meu hyung preferido.

Kyungsoo sorriu e rodou os olhos.

 

*

 

Jongin havia adoecido aquela semana, “volto semana que vem”, dizia na mensagem cheia de emojis – que denunciavam que quem havia a escrito fora Soojung.

– Tá tudo bem mesmo você me dar carona, hyung? – Sehun perguntou, entrando no carro. Kyungsoo, ao seu lado, diminuiu o volume do rádio.

– Claro, Hun – confirmou, dando a partida. – Não tem problema eu sair do serviço uns minutinhos mais cedo, é só eu chegar mais cedo pra compensar. Eu tava precisando chegar e sair mais cedo, mesmo.

Sehun deu um sorrisinho contente. Olhou em volta, batucou os dedos na coxa, fitou o mais velho.

– Soo – riu. – As pessoas não estranham você ir trabalhar todo de preto?

– Estranharam no começo – respondeu com ar de riso. – mas depois se acostumaram. E eu tenho tentado usar outras cores, então tem amenizado a situação.

– Outras cores tipo azul-bem-escuro, cinza, grafite, bordô-quase-preto...

– Eu tenho que começar devagar, ora.

Sehun gargalhou e se encostou no banco, os braços atrás da cabeça. Seguiu cantando as músicas que ecoavam do rádio; as que desconhecia, fingia dominar a letra falando qualquer coisa que viesse à sua mente, arrancando risadas de Kyungsoo.

– Valeu, Soo! – exclamou ao saltar do carro, resgatando a mochila no banco de trás.

– Mesma hora amanhã? – perguntou o mais velho.

– Pode ser. – Sehun pôs a mochila nas costas de modo desajeitado e sorriu. – O que for melhor pra você, hyung.

– Certo. Qualquer coisa te mando mensagem, mas por enquanto ficamos nesse mesmo horário.

– OK!

Sehun, repentinamente tímido, hesitou antes de meter a cara janela adentro e dar um beijo na testa de Kyungsoo. Como resposta, ganhou um beijo estalado na bochecha agora vermelha.

– Boa noite, hyung! – despediu-se ao entrar tropeçando em casa.

Ah, o coração...

 

*

 

Sehun deixou o prédio abusando de sua habilidade especial de desviar de um monte de gente e encostar num total de zero pessoas. Avistou Kyungsoo parado no portão e franziu o cenho, apressando o passo.

– Hyung? – chamou, sendo agraciado com a atenção do moreno. – Por que não mandou mensagem avisando?

– Não cheguei há muito tempo, aí fiquei esperando – respondeu com um sorrisinho, puxando Sehun para um selinho na bochecha. – Vamos?

– V-v-vamos – gaguejou com vergonha, entrando ligeiro no carro e espalmando as mãos contra o rosto.

– Qual o problema, Hun? – Kyungsoo perguntou ao adentrar o veículo. – Não gosta desse tipo de afeto?

– Que vergonha, hyung... na frente da escola toda...

Kyungsoo riu e começou a dirigir, ignorando o adolescente em crise ao seu lado.

– Hyung, e se alguém disser alguma coisa?

– Tipo o quê?

– Tipo que a gente namora.

– Você diz que eles não têm nada que se meter.

– Mas... e se alguém me bater?

– Eu passo com um trator por cima.

– Hyung! – Soltou a primeira risada do percurso. – Tá proibido matar as pessoas, ouviu?

– OK. Eu faço vodu.

Sehun riu de novo.

– Isso também não! – reclamou. – Hyung, você é muito sádico. Tenho pena de quem te namorar um dia.

– Que nada. Pra me namorar, vai ter que gostar dessas coisas sombrias que eu digo.

– Vai acabar pegando Satã.

Eu sou Satã.

– Para o carro que tô descendo.

Kyungsoo gargalhou e pousou a destra sobre a coxa de Sehun.

– Você não vai a lugar algum, baby.

Sehun tentou ignorar o rubor em sua face e o tremelique no coração. Só tentou mesmo.

 

*

 

Como Sehun esperava, estavam falando dele no dia seguinte. Passou pelo corredor recebendo olhares e sussurros, sentindo-se minúsculo debaixo da vista de tanta gente.

– Ei. – Chanyeol se aproximou com bochechas vermelhinhas assim que Sehun se livrou dos enésimos pares de olhos. – Valeu por fazer o povo me esquecer. Eu já tava querendo sair do time, porque os caras não paravam de me encher com aquela história de filhotinho.

– Imagina. – Sehun deu uma risada fraca. – Quando precisar de um cafuné ou algo assim, tamo .

– Qual é, Sehun, até tu? – resmungou, mas manteve um sorrisinho. – Não vai mesmo voltar pro time, né?

– Não. Foi mal, Yeol – usou o apelido sem querer. Eram bons amigos quando Sehun fazia parte do time de basquete, mas, devido aos seus horários divergentes, pararam de se ver duas semanas após Sehun entrar no clube de dança. – Eu gosto mesmo é de dançar, cê sabe.

– Sei, sei – confirmou, coçando a nuca; hesitou. – Você faz falta.

Sehun sorriu doce.

– Você também.

– ...Eu tava falando do time, mas... – brincou. Sehun gargalhou.

– Vai te foder, rapaz.

 

*

 

Kyungsoo apareceu no portão com um sobretudo preto esvoaçante. Parecia irritado, a julgar pelas sobrancelhas grossas unidas numa expressão fechada – mas só parecia mesmo. Ao ver Sehun, aliviou um pouco a carranca, puxando o mais novo pela cintura e dando-lhe um beijo demorado na bochecha.

– De novo, hyung? – Sehun murmurou, todo vermelho. Kyungsoo riu. – Ah, que vergonha...

Sehun afundou o rosto corado no pescoço de Kyungsoo, reclamando e resmungando. Kyungsoo sorria e fazia carinho nos quadris do mais novo.

– Tá todo mundo olhando, né? – questionou o loiro, meio sem querer ouvir a resposta.

– Tá sim. – Kyungsoo apertou a cintura de Sehun. – Quer que eu faça alguma coisa?

– Não, hyung, só... vamos embora.

– Tem uns rindo. Eu vou matar.

– Hyung.

– Vou sacrificar o sangue deles.

– Hyung!

– Eu preciso de carne nova, Sehun.

Sehun riu gostosamente.

– Anda, Soo. Para de graça.

Entraram no carro dando risadas.

 

*

 

Yeol: cara, que história é essa??

Yeol: (imagem)

Sehun: ah...

Sehun: é meu melhor amigo

Sehun: ele tem me dado carona e todo mundo tá achando que a gente tá namorando

Yeol: adorável, mas não é disso que tô falando

Yeol: tu nem leu a legenda né

Yeol: tão dizendo que teu boy tá metido com satanismo

(Visualizada às 19h57)

Yeol: hun é sério

Yeol: cuidado com quem tu tá se metendo

Yeol: (emoji dos olhos)

Sehun: “nois”

 

(“Nois”, também conhecido como o melhor jeito de encerrar um assunto sem ser grosseiro).

 

*

 

– Sehun, quem é aquele cara que tem te buscado?

– Sehun, ele é seu irmão?

– Sehun, é verdade que ele faz rituais com sangue humano?

– Sehun, por que não fala nada?

Sehun saiu correndo assim que o sinal bateu. Não respondeu nenhuma pergunta. Por fim, já mandava todo mundo ir se foder.

– Sehun tá possuído!

– É assim, não pode nem perguntar do boy que já ficam putinhos.

– O cara namora um satanista e não quer que a gente fique curioso.

– Gente. – Esfregou as têmporas, exausto; odiava receber atenção, ainda mais com esse tipo de coisa fútil. – Ele não é meu namorado, nem é satanista. Parem, por favor. Me deixem em paz.

Saiu num estorvo pelo corredor, correndo para o portão, pulando nos braços de Kyungsoo e o abraçando com força. Kyungsoo fez cafuné em Sehun, percebeu que este chorava e todos os outros alunos observavam a cena. De cara amarrada, Kyungsoo fez gesto de ameaça ao cortar o pescoço com uma mão, fazendo todo mundo arregalar os olhos e começar a comentar. Tirou Sehun dali antes que este notasse.

– Você vem pra minha casa hoje – Kyungsoo disse. Sehun só puxou o celular do bolso para avisar sua mãe, soluçando demais para contestar.

 

*

 

Kyungsoo gargalhava como há tempos não fazia. Sehun, ofendidíssimo, chegou a se levantar irritado, mas Kyungsoo o puxou de volta para seu colo.

– Desculpa, mas você tem que admitir que é engraçado – Kyungsoo disse, limpando uma lágrima de seu rosto e depois uma do rosto de Sehun. – Eu sei que você não gosta desse tipo de atenção, mas é um boato engraçado.

– Não é não – teimou, cruzando os braços.

– É sim, baby, e você sabe disso. – Sorriu doce, fazendo carinho no rosto vermelho e molhado de Sehun. – Namorado satanista... sinceramente – riu de novo. – Na minha época, os boatos não eram tão criativos assim.

Sehun sorriu fraco e se ajeitou no colo de Kyungsoo, as pernas de cada lado do corpo do mais velho. Kyungsoo o puxou para mais perto, quase colando os troncos.

– Vem cá. – Kyungsoo gesticulou. – Não recebeu seu beijo hoje.

Sehun ficou mais corado ainda e abaixou o rosto, apertando os olhos ao sentir os lábios grossos de Kyungsoo pousarem sobre sua bochecha fervente.

– Melhor?

– Um pouco – O loiro resmungou. – O que eu faço? – Jogou-se dramaticamente no sofá. 

– Entra no jogo deles.

– Como assim?

– Confirma os boatos.

Sehun arregalou os olhos.

– Hyung! O q-quê!?

– Por que não? – Sorriu irônico. – Não é como se fossem acreditar em você se dissesse que o boato é uma completa mentira. Quem sabe, sabendo que você tem um – Fez aspas com as mãos – “namorado satanista”, não te deixam em paz?

Sehun pensou um pouco, mordendo os lábios. Querendo ou não, Kyungsoo tinha razão – como sempre.

– Tudo bem pra você, hyung? – quis saber, sentando-se no sofá. – Quer dizer, quem é importunado sou eu, mas o boato é sobre você... não se importa com isso?

– Nem um pouco. – Deu de ombros. – Tenho mais o que me preocupar. Não vai ser um bando de pirralhos desocupados que vai me distrair.

Sehun queria ser que nem Kyungsoo quando crescesse.

– Se bem que tem um certo pirralho que tem me distraído bastante... – confessou baixinho.

– Quê? – Sehun pulou em cima de Kyungsoo. – Quem?!

– Nada, esquece – Kyungsoo falou com um sorrisinho. Sehun fez bico. – Vou arrancar esse bico a tapas.

– Ih, olha o cara, mal começa a me namorar e já quer me dar tapa na cara – zombou Sehun, rindo alto. Kyungsoo desviou o olhar e Sehun jura que viu as pontas das orelhas dele ficando vermelhas. – Hyung, você... você tá corado?

– Não, eu só... lembrei... de uma coisa...

Hmmmm, hyung!

– Não é nada disso, Sehun... – Esfregou a pálpebra, suspirando.

– Hyung é sadomasoquista! Hyung é sadomasoquista! – cantarolou.

– Vou te mostrar o sadomasoquismo, moleque.

Seguiu-se uma corrida infantil e ridícula pelo apartamentinho de Kyungsoo. Sehun gargalhava de se acabar e Kyungsoo dava tudo de si para alcançar o mais novo. Ao conseguir, pegou na cintura de Sehun por trás e o abraçou com força, levantando-o para ter certeza que Sehun não fugiria. Só que Sehun já estava mais pesado do que Kyungsoo se lembrava, aí acabaram caindo no chão. Sehun rolou para longe de Kyungsoo, mas o mais velho foi mais rápido e prendeu o loiro entre seus braços.

– Doeu – Kyungsoo constatou. Sehun riu, confirmando. – Mas tá bem longe da dor que vou te mostrar agora.

Em milésimos de segundo, a mente adolescente de Sehun vagou por lugarzinhos bem obscuros e inapropriados, fazendo o rosto dele pegar fogo. Kyungsoo, notando isso, riu de canto.

– Sem-vergonha – acusou, abaixando-se para beijar a testa de Sehun. – E eu que sou sadomaso, né?

– E-eu não sou s-s-sadomaso.

– Bom, eu também não. Não sou maso, pelo menos.

– Hyung, vamos manter isso abaixo de “mais dezoito”, por favor – implorou, querendo morrer de tanta vergonha.

Kyungsoo subiu uma mão pelo torso de Sehun, as pontas dos dedos descobrindo cada centímetro daquele corpo delineado de dançarino. A respiração de Sehun ficou presa, o coração entalou na garganta, o suor escorreu frio pela têmpora.

– Tá nervoso por que, baby? – perguntou com um sorriso malicioso. – Ninguém tocou seu corpo assim antes?

– H-hyung...

Aí Kyungsoo rompeu uma sessão de cócegas que fez Sehun gritar, espernear, gargalhar, bater os punhos fechados no chão e implorar por misericórdia. O moreno meteu os dedos na barriga, cintura, quadris e demais locais coceguentos do mais novo – que não eram poucos –, para então parar de repente, rindo baixinho. Apertou a cintura de Sehun e o fitou; Sehun estava descabelado, com o rosto todo torcido, as bochechas vermelhas e os lábios entreabertos, a respiração descompassada.

Foi a vez de Kyungsoo de ter pensamentos, mas, contrariamente a Sehun, Kyungsoo soube se controlar e mandar os pensamentos embora.

– Era essa a dor que você queria? – Sehun murmurou, fazendo Kyungsoo gargalhar. – Sai, eu não quero mais.

– Eu não me conformo de não ter conseguido te segurar. – Kyungsoo se levantou, esticando a mão para ajudar Sehun. – Anda, vem cá.

Kyungsoo carregou Sehun até o escritório/quarto de hóspedes, deixando-o na caminha de solteiro já prontamente arrumada. Feito isso, deu um selinho na testa do loiro e apagou a luz, desejando-lhe boa noite.

Sehun quis morar ali.

 

*

 

O dia seguinte foi, no mínimo, engraçado. Kyungsoo deixou Sehun na escola de manhã cedinho, com direito a um roubo honesto de um dos vários moletons pretos do hyung e um beijinho de despedida na bochecha no portão da escola.

– Ele dormiu na casa do cara! – cochichavam de bochechas coradas enquanto Sehun passava pelo corredor.

– E ainda pegou uma roupa dele... – disseram ao notar o moletom pequeno demais para o corpo de Sehun.

– O cara só usa preto!

– Sehun tá com uma cara de... felicidade...

É que mais cedo Kyungsoo tinha lhe contado uma história muito engraçada sobre um cara que foi cagar no mato, ateou fogo no papel higiênico sujo e provocou um incêndio colossal. Era raro Kyungsoo contar coisas desse tipo, então Sehun riu que se acabou e ainda ficou lembrando e rindo sozinho mais tarde. Claro que não ia se explicar pros colegas que já traçavam mil e uma teorias sobre a noite de amor de Oh Sehun e seu namorado satanista; ia seguir à risca o conselho de seu hyung preferido.

Se não pode com eles, junte-se a eles.

– Sehun... – Chanyeol se aproximou quando as pessoas se dissiparam pela escola. – Tá tudo bem?

– Claro. – Sehun sorriu. – Por que não estaria?

Chanyeol deu de ombros.

– Vocês... são namorados mesmo, né? – perguntou finalmente, envergonhado. Sehun mordeu os lábios.

– ...Somos.

– Ah...

– Sério, Yeol? – Sehun suspirou. – Ainda?

– Desculpa...

– Não, imagina... você não tem culpa de nada.

Chanyeol jogou o peso do corpo de um pé para o outro.

– Quem sabe um dia você me note – murmurou com um sorrisinho esperançoso. – Né?

– Ah, Yeol... – Sehun abaixou o olhar. – Sabe que não te vejo dessa forma. Segue em frente, cara. Vai ser melhor pra você.

– É, eu sei. Agora fala isso pro meu pobre coraçãozinho machucado. – Pousou dramaticamente a mão sobre o peito, fazendo uma careta de dor. Sehun riu e lhe deu um tapa leve no braço.

– Bobão.

Chanyeol e Sehun andaram juntos pelo corredor. No caminho, Jongdae passou e trocou olhares interessados com Chanyeol, que ficou todo coradinho e bobinho com o ato.

Chanyeol ia superar a paixonite por Sehun. Sehun sabia que ia.

 

*

 

A sexta-feira encerrou-se com o sinal estridente interrompendo a aula de Matemática. Sehun guardava seus materiais na mochila quando sentiu seu celular vibrando no bolso da calça.

 

Soo: ei, já tô aqui te esperando

Soo: tá todo mundo me encarando... o que foi que você fez, oh sehun?

Sehun: segui seu conselho ué

Sehun: (moonface)

Soo: então a gente namora?

Sehun: e aparentemente transamos ontem

Soo: fantástico

 

Sehun apertou o passo; queria ver logo seu hyung. Não entendia aquela saudade doida que aparecia mesmo quando estava vendo Kyungsoo todo dia.

Sehun voou para o abraço de Kyungsoo, que, sem entender aquele aperto todo, riu dizendo “calma, calma, baby”. Sehun olhou em volta e percebeu que a escola inteira estava parada encarando os dois, e a ideia que Sehun teve fez seu sangue ferver.

– Hyung – sussurrou no ouvido de Kyungsoo. – Posso te beijar?

Kyungsoo riu.

– Pode.

Sehun jogou os braços ao redor do pescoço de Kyungsoo e grudou os lábios, se divertindo ao ouvir os grunhidos de espanto de quem estivesse assistindo. Kyungsoo tinha expressão de riso também, acabando por soltar uma risadinha quieta quando se separaram poucos segundos depois.

– Vamos logo antes que chamem o jornal pra nos entrevistar – Kyungsoo disse, empurrando Sehun para dentro do carro.

Virou-se para encarar a multidão de alunos vidrada na cena. Com os dedos médio e indicador, apontou para os próprios olhos e depois para os estudantes, fazendo-os se encolherem uns nos outros.

Ah, sextas-feiras...

 

*

 

Nini: eu saio por uma semana e você começa a dar pra um adorador de satã?

Nini: sinceramente sehun

Sehun: morto

Sehun: em minha defesa ele é lindo

Nini: aceito fotos

Sehun: (imagem)

Nini: PUTA MERDA

Nini: com todo o respeito

Sehun: quando você volta? quero te contar certinho essa história

Nini: nem sei cara

Nini: eu achei que ia melhorar pra essa semana mas parece que fui ludibriado

Nini: que coisa não?

Sehun: tá tudo errado

(Visualizada às 20h12)

 

*

 

O Messenger de Sehun estava abarrotado de mensagens – algo inédito. Havia colegas questionando a identidade do tal namorado satanista, outros mandando mensagens “religiosas” que não passavam de puro desrespeito disfarçado, e até uns mais sombrios mandando rituais para casais e coisas desse tipo.

Negaria até o túmulo, mas Sehun estava adorando bancar o namorado de Kyungsoo. Era engraçado mesmo, precisava ceder quanto a isso; as pessoas iam acreditando em qualquer coisa que lhes fosse contada e pôr lenha na fogueira era divertido.

 

Sehun: bom dia flor do dia

Soo: dia

Sehun: eu sou seu namorado, me trate melhor

Soo: não lembro de ter concordado com namoro algum

Sehun: pô hyung como assim

Sehun: vou aí na sua casa chorar

Soo: olha que uso seu sangue nos meus rituais satânicos, hein?

 

Sehun riu, rolando de barriga para baixo no colchão.

 

Sehun: mas hyung

Sehun: não tem que ser sangue de virgem?

Sehun: você nem sabe se eu sou virgem...

Soo: na verdade, “sangue virgem” é sangue que nunca foi usado em rituais antes, não sangue de virgens

Soo: sexo não importa pra satã

Sehun: ...por que tu sabe disso hyung?

Soo: amor, não me subestime

 

Amor.

 

Sehun: ok então

(Visualizada às 10h23)

Sehun: hyung fala comigo

Soo: tô fazendo faxina, ó minha adorada ovelhinha negra

Soo: e você devia tá estudando

Soo: como tá indo na escola? as notas estão todas boas?

Sehun: ovelha negra? por queee

Sehun: claro que sim hyung...

Sehun: cê sabe que só tô lá por obrigação

Soo: porque de todas as ovelhas boas do mundo, eu escolhi corromper você

Soo: (do kyungsoo poeta contemporâneo me aguardem)

Soo: sempre bom conferir

Soo: vai precisar de carona essa semana?

Sehun: vou, nini ainda tá doente

Soo: beleza

Sehun: tenho

Soo: de sobra

Sehun: (emoji envergonhado)

 

*

 

Soo: vai passar um filme

Soo: na tv

Soo: e eu vou fazer comida

Sehun: vou

 

Sehun chegou no apartamento de Kyungsoo por volta das 19h30; os pais foram jantar fora e deram uma carona para o pequeno Oh. Kyungsoo abriu a porta e indicou para que Sehun entrasse, perguntando-lhe por que ainda ficava parado na porta se já era de casa.

Sehun ficou meio tímido, porque não sabia como cumprimentar Kyungsoo. Devia dar-lhe um abraço, um beijinho ou um beijão? Achou melhor nem fazer nada e qualquer coisa que Kyungsoo fizesse estaria de bom tamanho para o loiro. Mas aparentemente Kyungsoo pensou o mesmo, pois provocou um total de zero contatos físicos com o mais novo.

– Você parece incomodado, Hun – comentou Kyungsoo ao voltar para a cozinha. – Que foi?

Sehun chegou perto do mais velho e o abraçou por trás, circundando a cintura dele e pousando o queixo sobre seu ombro. Kyungsoo sorriu fraco e seguiu fatiando as verduras e essas coisas de culinária. Ao terminar, lavou as mãos e deu uma cotovelada leve em Sehun, para que este o soltasse.

– Anda, Sehun.

– Não.

– Anda, enquanto eu tô pedindo com carinho.

– Não.

Kyungsoo se virou nos braços de Sehun, pegou nos quadris deste e o girou num ato rápido, prensando Sehun contra a pia da cozinha. Resgatou o papel toalha atrás do corpo do mais novo e aproveitou a proximidade – e o nervosismo cômico de Sehun – para selar brevemente o queixo alheio, logo se afastando e chamando Sehun para ver o filme enquanto a comida ficava pronta.

– Eu acabei de perceber uma coisa – Sehun disse depois de largado no sofá e com o coração mais calmo. – Essa coisa de “vem aqui em casa ver um filme” é desculpa furada pra transar, não é?

Kyungsoo olhou malicioso para Sehun, que arregalou os olhos.

– N-não que eu queira! M-mas... mas é.

– Oh, não, você descobriu minha armadilha – Kyungsoo fingiu drama. – E agora, o que farei?

– Vai se foder, hyung.

– Não vou, né? – Riu.

– Ah, cê entendeu. – Mostrou a língua. – Vai tomar no cu.

– Isso aí não é comigo, não.

– Só acredito vendo.

– É? Vamos ver então.

– Não, sai! Sai! Eu tava brincando! Socorro!

– Cala a boca, daqui a pouco tão ligando pra cá. – Soltou uma risada. Sehun fez um bico emburrado. – Nada de bico, baby.

– Vai à merda – xingou.

O narrador do filme começou a falar e atraiu a atenção dos dois.

 

*

 

Depois do filme, Kyungsoo foi catar as comidas na cozinha. Sehun nem se deu ao trabalho de perguntar o que era; estava com tanta fome que foi só comendo e identificando à medida que engolia.

– Cuidado pra não se afogar. Come mais devagar. – Kyungsoo pousou uma mão sobre o braço de Sehun, tentando acalmá-lo.

– Sabe, hyung – Sehun puxou assunto. – Acho que a gente devia combinar umas coisas pra fazer na escola.

– Como assim, criança?

– Tipo, pra fazer o povo ficar com mais medo. Eu não quero mais ficar respondendo pergunta idiota deles.

Kyungsoo mastigou, pensando em opções.

– Olha, eu posso chegar na escola ouvindo minhas músicas estranhas – sugeriu, fazendo Sehun rir.

– Calma, não estamos tão hardcore assim ainda. – Tamborilou os dedos no queixo, pensando. – Que tal umas correntinhas de pentagrama?

– Hm? Você quer um pentáculo? – Kyungsoo o fitou. – Eu posso te dar um, mas como proteção, não como coisa de Satã. Aliás, pensar assim é bem errado. – Deu uma risadinha.

– Mas você sabe como são as pessoas, né, hyung...

Kyungsoo rodou os olhos.

– Já sei. – Kyungsoo encarou o outro. – Vou chegar qualquer dia coberto de sangue carregando um corpo decepado.

– Hyung.

– Talvez eu coma a perna...

– Hyung!

Kyungsoo riu.

– Que medo de te namorar, sério – Sehun balançou a cabeça.

– Até o cara tá acreditando no boato que me namora – Kyungsoo debochou, fazendo Sehun ficar envergonhado.

– Tu entendeu...

Kyungsoo chegou perto e puxou Sehun para um abraço, sentindo que o mais novo precisava de um aperto e uns beijinhos. Sehun deitou a cabeça no peito do mais velho e relaxou quando este começou a cantar uma das músicas indie que Sehun gostava.

Quando Sehun adormeceu – coisa que não demorou –, Kyungsoo ficou dividido entre onde deixar Sehun dormir; não havia arrumado a cama do escritório/quarto de hóspedes, e o sofá era desconfortável demais para um corpo grande como o de Sehun.

Corolário: dormiram na cama espaçosa de Kyungsoo.

 

*

 

Sehun, surpreendentemente, acordou primeiro. O sol tentava entrar no quarto, mas falhava; Kyungsoo, esparramado ao seu lado, dormia pacificamente. Sehun alcançou seu celular e ficou alternando entre um aplicativo e outro até resolver abrir o SnapChat – depois dos boatos, havia ganhado vários seguidores na rede inativa, provável fruto de esperança de flagra de alguma coisa da vida do Oh.

Sehun sorriu travesso e resolveu fazer algo. Abriu a câmera frontal, fez sinal de rock’n’roll com os dedos sobre os olhos e cuidou para pegar um pouquinho do rosto adormecido de Kyungsoo na foto; postou com a legenda “voltando pro snap nesse dia lindo”.

Não tardou em chegar a mensagem:

 

Yeol: tão dizendo que você tá postando snap com sinal satânico

Yeol: e com aquele seu namorado junto

Yeol: eu tenho windows phone ajuda esse pobre mano que não pode baixar snap e me explica o que tá rolando

Sehun: queria que espalhassem cola de prova tão rápido quanto espalham boatos...

Sehun: (imagem)

Sehun: postei isso. cês tirem as conclusões de vocês

 

– Bom dia... – Kyungsoo murmurou, pousando o queixo sobre o ombro de Sehun. – Que foto é essa?

– Uma que postei no Snap. Nada de mais.

– Ah. – Espreguiçou-se, levantando da cama em seguida. – Eu tenho que ir no supermercado, quer ir junto ou prefere ficar?

– Vou junto. – Bocejou e deixou o celular em qualquer lugar da cama. – Que horas você vai?

– Agora. – Kyungsoo deu uma risadinha irônica, entrando no banheiro. – Se não se arrumar logo, vou te arrastar de pijama mesmo.

Sehun pôs o mesmo jeans surrado que vestia no dia anterior e foi catar um moletom no guarda-roupa de Kyungsoo quando percebeu uma caixa preta escondida atrás dos sapatos. Abaixou-se para xeretar, pegou a caixa em mãos e, ao reerguer o corpo, bateu a cabeça com tudo na prateleira de moletons. Soltou um “ai!” alto até demais.

– Que foi? – Kyungsoo saltou do banheiro, os olhos arregalados, a cara molhada e o torso despido. Os olhos do mais velho correram até a caixa nas mãos de Sehun e sua respiração falhou. – O que... o que tá fazendo com essa caixa?

– N-nada – balbuciou fazendo bico, uma mão subindo para acariciar o local dolorido pela batida. – Eu só peguei pra ver o que tinha dentro.

– Pelo amor de... – Aproximou-se apressadamente, arrancando a caixa de Sehun. – Acredita em mim, você não quer saber o que tem aqui dentro.

Sehun ficou vermelho. Hyung estava sem camisa. Nem se tocou de ficar curioso do porquê não quereria saber do conteúdo da caixa; ocupou-se em observar Kyungsoo esconder a caixa de volta no armário, os músculos das costas se tensionando, as veias dos braços ficando salientes sob a derme.

– E não adianta perguntar por que, ouviu? – Kyungsoo disse, apontando um dedo no rosto de Sehun. – Hyung falou, tá falado.

– S-sim, hyung – murmurou ficando mais corado ainda. Kyungsoo deu um sorrisinho e voltou para o banheiro.

O coração de Sehun estava prestes a ser vomitado.

 

*

 

Tomaram café-da-manhã, fizeram compras de mãos dadas e depois arrumaram tudo nos armários da cozinha. Quando a senhora Oh mandou mensagem perguntando que horas Sehun voltava, o loiro rebateu perguntando se podia ficar mais um dia na casa de seu hyung preferido.

– Vou começar a cobrar essas suas estadias – Kyungsoo falou ao se aproximar de Sehun, que estava debruçado na janela da sala.

– Nem tem coragem – Sehun respondeu, sorrindo.

Kyungsoo pôs um braço ao redor da cintura do mais novo e ficou ali com ele, vendo o pôr do sol. Era lindo, com o céu todo colorido e brilhante, mas, ao lado de Sehun, parecia ser ainda mais especial.

– Sabe, hyung – começou, sem tirar os olhos do sol que se despedia. – Fico feliz de o único boato sobre mim envolver você.

– Adora me ver sofrer?

– Não. – Riu. – Adoro você.

Kyungsoo meneou a cabeça e deu um sorrisinho. Percebeu o rosto do outro ficando vermelhinho.

– E... não sei se eu ia gostar de bancar o namorado de outra pessoa – Sehun admitiu, abaixando o olhar.

Kyungsoo achava que estava velho demais para ter o coração batendo mais rápido. Apertou a cintura de Sehun, chegando mais perto e erguendo os dedos para tirar uns fios de cabelo que cobriam os olhos do mais novo.

– E se eu te dissesse que... talvez... você não precisasse bancar nada? – falou bem baixinho, com medo de que alguém além de Sehun ouvisse.

Sehun arregalou os olhos. Não soube o que dizer; Kyungsoo estava mesmo sugerindo aquilo? Digo, pra valer? Não, devia ser mais uma das brincadeirinhas do mais velho. Não podia ser verdade! Sehun sabia que já estava mais do que óbvio que havia se apaixonado por Kyungsoo – e isso não era de hoje –, mas achou que ia conseguir suprimir seus sentimentos até que eles fossem embora. Só que, aparentemente, Kyungsoo já havia notado e – olhe só! – estava zoando Sehun por causa disso.

Sehun ficou estático. Desaprendeu a respirar, esqueceu todas as palavras que um dia soubera. Achou que vomitaria – e dessa vez nem era uma metáfora para o coração.

Kyungsoo, delicadamente, pegou no maxilar de Sehun e fê-lo olhar em seus olhos. Com a atenção do loiro voltada para si, Kyungsoo pôs-se nas pontas dos pés e lhe deu um beijo puro, quase casto, nos lábios.

Sehun piscou lentamente, tentando processar aquela situação, mas Kyungsoo não contou tempo: puxou Sehun para mais perto, dando-lhe outro beijo na boca, este um bocado menos inocente. Sehun tentou fazer seu cérebro funcionar pelo menos para retribuir o beijo, porém tudo foi por água abaixo quando Kyungsoo deu uma mordidinha em seu lábio inferior e uma risadinha safada.

– H-hyung...

– Shh... a gente não precisa de títulos... – sussurrou, roçando os narizes. – A gente só precisa disso aqui.

E Sehun entendeu. Deixou-se levar por outro beijo gostoso de Kyungsoo, apoiou as palmas nos ombros do mais velho, entrelaçou as línguas, gemeu bem baixinho.

Sehun foi dormir feliz da vida abraçado no seu hyung preferido.

 

*

 

– Ele tá machucado! – sussurraram quando Sehun passou pelo corredor.

– E tá todo de preto... que nem o namorado...

– Para de falar, ele tá olhando!

Sehun havia cortado a palma da mão ao passar manteiga no pão mais cedo – o que gerou um Kyungsoo rindo da sua desgraça enquanto enrolava uma gaze na mão do loiro carrancudo. Estava todo de preto mesmo; inclusive, a camiseta com os dizeres “DONKER MAG” era de Kyungsoo. E estava olhando mesmo, mas nem se incomodou; por dentro gargalhava de toda aquela situação.

Pela primeira vez, abriu seu armário e estava cheio de cartinhas. Algumas tinham versículos bíblicos, outras uns símbolos estranhos que Sehun deduziu pertencerem à alguma seita satânica. Rodou os olhos. Tinha até um bilhetinho numa letra corrida “não ligo se vocês são do diabo, só sei que vocês são gostosos pra caralho. Quando quiserem um ménage, me chamem.”, seguido de um número de telefone.

Acabou dando uma risadinha ao seguir pelo corredor. Que loucura, rapaz.

 

*

 

Segunda-feira terminava com uma deliciosa aula de vários nada – também conhecida como Física. Sehun era tão bom na matéria que nem precisava prestar atenção na aula; já sabia que ia gabaritar as provas.

Os colegas, morrendo de inveja, atribuíram suas recentes atividades macabras com suas notas boas na tal matéria do demônio. E talvez não tenha ajudado muito o diálogo:

– Tá, Sehun, fala aí pra gente qual o segredo pra ir tão bem em Física.

– Tem papel e caneta aí? Vai anotando: sal, chifre de bode, velas pretas, livro da matéria desejada, uma gota de sangue...

Não foi o sinal batendo que fez com que todo mundo corresse. Sehun ficou rindo sozinho e balançou a cabeça em negação.

Sehun teve que esperar um pouquinho por Kyungsoo. Quando viu o carro preto se aproximando, sorriu; entrou no veículo antes que Kyungsoo pudesse desligar o carro e tascou um beijão na boca do mais velho.

– Boa noite pra você também – Kyungsoo disse, meio atordoado com aquele ataque repentino. – O que houve?

Sehun contou a Kyungsoo seu dia. Os comentários, as respostas que dava aos colegas intrometidos, os olhares tortos, os bilhetinhos. Kyungsoo dava risada, divertindo-se. Alimentar o boato tinha sido a melhor coisa que haviam feito.

– Isso sem falar no tanto de mensagens que tenho recebido no Messenger e no Snap – Sehun disse. – Parece até que sou popular.

– Você meio que é, não? – Kyungsoo meneou a cabeça. – Só não é por um motivo convencional.

– Acho que nada naquela escola é convencional...

Ao parar na frente da casa de Sehun, hesitaram. Kyungsoo se virou para fitar Sehun e viu os olhinhos dele brilhando; não se aguentou: puxou o loiro pelo pescoço e selou os lábios dos dois num beijo demorado e apaixonado. Soltou por pouco tempo, logo retomando o contato, agora mais intenso. Embrenhou os fios de Sehun nos dedos, dando uma puxadinha leve, ganhando resposta positiva do mais novo. Arrastaram as línguas, moveram as bocas e se separaram com um selinho.

– Vai lá, amor. Até amanhã. – Kyungsoo deu um sorriso lindo, fazendo carinho no rosto de Sehun.

Sehun saltou do carro, acenou para o moreno e entrou em casa sorrindo como nunca antes.

 

*

 

Chanyeol veio perguntar de Jongin como um pretexto para ficar perto de Sehun.

– Sabe que podemos ser amigos normais, né, Yeol? – Sehun riu, enfiando o sanduíche em sua boca.

– Sei, mas... – Chanyeol bagunçou os cabelos. – Eu já te superei, mas ainda fico com vergonha.

– E o Jongdae?

Chanyeol abriu um sorriso que denunciava tudo.

– O que tem ele?

– Vi vocês saindo juntos outro dia. Qual é?

– Ah, estamos nos conhecendo...

– Você se apaixona fácil demais, Yeol... – Deu uma risadinha.

– Que mentira! – Fingiu estar ofendido, batendo na mesa. – Ultraje!

– Olha o escândalo – repreendeu, mas ria da animação do amigo. – Eu realmente espero que vocês se acertem, sabe? Vocês parecem ser bem compatíveis.

– Valeu. – Chanyeol deu um sorriso, ficando meio vermelhinho. – E... e você e o..?

– Kyungsoo – lembrou. – Estamos bem. Cê sabe. Nada de novo.

– Você já dormiu na casa dele algumas vezes... – disse, ficando vermelho de verdade. Sehun entendeu.

– Ah, é... mas não estamos nesse nível ainda. – Sehun desviou o olhar. – A gente só gosta de ficar junto, já que durante a semana só nos vemos quando ele vem me buscar e tal. Mas não... não fizemos.

– Cê tá ligado que tem uma discussão rolando entre quem é o ativo e o passivo entre vocês, né? – Chanyeol contou e Sehun se engasgou.

– Quê!?

– É, pois é... também achei mau. Mas tenta falar alguma coisa pra esse bando de fofoqueiros ingênuos.

Fofoqueiros ingênuos. Sehun gostou da denominação.

– E como tá a discussão?

– Bem acirrada. Mas acho que a maior parte acha que você é o ativo, provavelmente porque você é mais alto e tal. Só que...

– Só que eu e você sabemos que altura não significa nada, né? – Sorriu malicioso. Chanyeol fez uma careta desconfortável.

– Nem me lembra... – Afundou o rosto nas mãos. – Sério, agradeço todos os dias a Oh Sehun por ter feito todo mundo me esquecer.

– De nada.

– Você parece nem se importar com esses boatos, né? – Espiou por entre os dedos. – Quando crescer, quero ser igual a você.

– Eu me importei no começo, mas Soo me disse que, quanto mais eu me importasse, pior seria. – Deu de ombros. – Aí caguei.

Chanyeol confirmou com a cabeça.

– Queria ter um Soo pra me dar coragem pra cagar também.

– Essa frase ficou estranha.

– Vai se foder. – Riu.

 

*

 

– Hyung? – Sehun franziu o cenho ao ver Kyungsoo sem o conhecido carro preto atrás de si.

– Oi, ovelha negra. – Kyungsoo abriu um sorrisinho. – Tudo bem andarmos um pouco hoje?

– Claro – disse. Ganhou um selinho na boca e sorriu envergonhado. – O que houve?

– Quero te mostrar uma coisa. – Pegou na mão de Sehun. Levou-o até um parque e apontou para o céu. – Já, já, aparece.

Esperaram alguns minutos, até que os olhos de Sehun captaram algo: o alinhamento de Mercúrio, Vênus, Júpiter, Saturno e Marte. Seus olhos brilharam; era tão lindo, tão luminoso! Apertou os dedos de Kyungsoo e sorriu largo.

– Especial pra você, baby – disse o mais velho, trazendo as falanges de Sehun até os lábios para beijá-las. – Poucas pessoas sabem desse alinhamento.

– Como você soube?

– Tenho meus contatos. – Riu de lado. Sehun deu uma risadinha. – Vamos?

– Pera aí, Soo... – Segurou o pulso do moreno. Kyungsoo o encarou com expectativa, e os olhos vidrados dele fizeram o coração de Sehun palpitar mais rápido.

Não encontrando palavras, agiu; aproximou-se com passos vacilantes e pegou delicadamente no rosto de Kyungsoo, acarinhando nariz com nariz antes de prender-lhe os lábios num beijo lento e calmo. As mãos de Kyungsoo encontraram pouso na cintura de Sehun e nada as tiraria dali.

– Hun... aqui é muito... visível... – sussurrou, inebriando-se no cheiro do loiro. – Vem.

Abrigaram-se no banco de trás do carro de Kyungsoo, com Sehun todo jogado em cima do mais velho, quase no colo deste. Beijaram-se por sabe-se lá quanto tempo. Ao notar que estavam se empolgando demais, Kyungsoo convenceu Sehun a pular para o banco da frente e irem para casa.

O caminho foi feito em silêncio. Sehun, vermelho dos pés à cabeça, mordia furiosamente os lábios ao encarar a rua pela janela. Kyungsoo suspirou.

– Qual o problema, Hun?

– N-nenhum, hyung.

– Tá com vergonha?

– Eu... tô – confessou. Kyungsoo deu um risinho.

– Foi bom, não foi?

– F-foi.

– Então. Não precisa ter vergonha. Eu também gostei – afirmou. – Talvez até demais...

Sehun olhou para o volume nas calças de Kyungsoo e esbugalhou os olhos; percebeu que ele próprio não estava muito longe das mesmas reações. Kyungsoo pigarreou.

– A gente pode ir mais devagar, se você quiser – sugeriu o mais velho.

– Não, eu... n-não me incomodo. – Engoliu em seco. – Eu gosto. É só que...

Silêncio.

– Tem que ser claro comigo, Hun.

– Eu tenho medo de você me achar pervertido e me largar – balbuciou bem baixinho, brincando com os dedos. Kyungsoo soltou uma risada.

– Primeiro que isso não é motivo suficiente pra eu te largar. A gente termina relacionamentos por ações que a gente desgosta, não características. Se não for pra gostar de quem a pessoa realmente é, por que começar, né?

– Uhum.

– Segundo que, cara... – Surpreendentemente, ficou um pouco corado. – O dia que você for pervertido, eu nem sei o que eu vou ser.

Você é pervertido, hyung? – Encarou o moreno. – Como assim?

– Um dia te explico direitinho, caso esteja realmente interessado.

Sehun ficou refletindo. Algo estalou em sua mente.

– Por acaso aquela caixa preta é uma dessas coisas pervertidas? – perguntou, mordendo os lábios. Kyungsoo arqueou as sobrancelhas.

– Caso seja, o que você acha que tem dentro?

Sehun ficou vermelho.

– Ah, sei lá... revistas, camisinha, lubrificante... – Pensou. – Você... é s-sado, né, hyung? Deve ter algo pra isso também...

– Prometo que um dia te apresento todos os meus “algos pra isso”. – Sorriu safado. Estacionou frente à casa de Sehun. – Vai lá. Seus pais já devem estar preocupados.

Sehun puxou Kyungsoo para o último beijo do dia.

– Boa noite, hyung – desejou.

– Boa noite, meu amor – retribuiu. – Sonha comigo, hein?

O loiro correu para dentro de casa e se encostou na porta de seu quarto. Sua mente adolescente não parava de criar imagens bem maliciosas e um tanto inéditas; envolviam Kyungsoo, a tal caixa preta, lençóis encharcados de suor, e mais uma porção de coisas que Sehun tinha até vergonha de admitir.

Ah, com certeza sonharia com Kyungsoo aquela noite...

 

*

 

Sehun: aliás

Sehun: como foi que tu soube do alinhamento?

Soo: perguntei pros meus súditos do inferno o que eles achavam romântico e eles me disseram “flores e chocolates”

Soo: aí mandei eles à merda e rearranjei os planetas pra que todos eles se alinhassem e eu pudesse te mostrar o universo se alinhando pra gente ficar junto pra sempre

Sehun: ...

Soo: vou te arrastar pras profundezas do inferno comigo

Sehun: chega nx crush manda aquela

Sehun: mas sério hyung me fala

Sehun: eu gostei demais... quero ver os próximos

Soo: cê sabe que curto astronomia

Soo: aí um site que acompanho postou sobre esse alinhamento e achei que seria legal compartilhar algo que eu gosto contigo

Soo: sei lá

Sehun: (coração grande e pulsante)

 

*

 

Sehun acordou ouvindo “Cry Baby”, do The Neighbourhood, e resmungou infeliz. Não queria acordar, não queria levantar, não queria sair de seu conforto para ir enfrentar aquele monte de gente, não queria ter aula o dia inteiro, não.

Lamentavelmente, foi. Arrastou-se pelos corredores da escola com Twenty One Pilots abafando qualquer tentativa de comentário sobre ele. Sabia que iam falar de suas olheiras, de sua cara de morte, de sua postura torta, de tudo que pudessem falar, falariam.

Chanyeol chegou arrancando os fones de Sehun e rindo da cara mortificada do loiro.

– Com todo o respeito, Chanyeol, vai tomar no cu – resmungou irritado, o que fez com que Chanyeol risse mais alto.

– Qual é, tá parecendo diabinho indie. – Deu outra risada, devolvendo os fones para Sehun. – Por que essa atmosfera de morte? O pacto deu errado?

...Por aí. – Sehun desviou o olhar, pondo um fone de volta na orelha. A verdade era que havia passado a noite em claro recapitulando toda a situação em que havia se metido (e metido seu hyung preferido junto). Óbvio que pensou nos momentos juntos, dos beijos, das mãos bobas, e isso acabou gerando um tempo a mais acordado.

De todo modo, Sehun não tinha pregado os olhos à noite e estava exausto.

– Sério, tu tá horrível. – Chanyeol arregalou os olhos, fitando Sehun. – Olha só, eu ia enforcar a aula de Inglês pra ir estudar Física no terraço. Essa hora não tem ninguém lá. Quer ir comigo?

Foram. Chanyeol se acomodou no canto e Sehun se instalou no colo do jogador, a cabeça sobre as pernas de Chanyeol e os braços cruzados sobre seu próprio peito. Chanyeol deu um sorrisinho envergonhado, dirigindo uma palma vacilante até os fios descoloridos do outro, fazendo-lhe um carinho desajeitado.

Sehun fechou os olhos e dormiu.

 

*

 

– Então os chifres dele não são de Diabo?

Sehun franziu o cenho ao passar pelo refeitório e todo mundo olhá-lo com sorrisos maliciosos. Oh, céus, o que havia sido daquela vez?

– O que tá rolando, Yeol? – perguntou ao sentar-se de frente para o amigo, que estava com a face afundada nas duas mãos. Ao afastá-las, Sehun viu que Chanyeol estava chorando. – Yeol? O que houve?

– V-viram a gente no terraço... tão dizendo que estamos de casinho... – Fungou. – Jongdae tá me ignorando...

Sehun sentiu raiva. Jogou sua caixinha de leite com raiva sobre a mesa, derramando o líquido branco, e levantou-se num pulo. Atraiu alguns olhares, e alguém apontou para Chanyeol e gritou:

– Olha lá o filhotinho chorando!

Um coro de risadas ecoou pelo refeitório. Chanyeol escondeu o rosto nos braços, querendo morrer. Sehun apertou os punhos, sentindo o sangue borbulhar quente, deixando-o vermelho de ódio.

Deu um murro na mesa suja de leite, fazendo um barulho alto reverberar pelo local. Todos os olhos do Ensino Médio pousaram sobre ele. Quis berrar, quis xingar, quis soltar umas verdades, quis perguntar-lhes se não tinham mais o que fazer, se não tinham vergonha, mas, com tanta gente parada ouvindo ele, recuou. Respirou fundo.

Certa vez, Kyungsoo havia lhe falado para que, sempre que tivesse que falar em público e quisesse transparecer segurança, falasse pouco, mas bonito. Corria menos risco de se atropelar nas palavras e assim criava até um misteriozinho no ar.

– Vocês. – Apontou para o público. – Deixem o Chanyeol em paz.

– Defendendo o contatinho, Sehun?

– Defendendo meu amigo, porque, contrariamente a vocês, eu tenho alguém de confiança do meu lado.

Burburinhos.

– Se eu ouvir mais alguém incomodando o Chanyeol, ah... – Fechou as mãos com força, mordendo os lábios furiosamente. – Vai ter problemas bem sérios comigo. – As unhas pressionaram a gaze sobre o machucado recente, fazendo com que um pouco de sangue escorresse pelos dedos do loiro.

O Ensino Médio revirou-se de comentários, dedos sendo apontados e gente já criando novos boatos sobre Oh Sehun.

Sehun limpou a palma suja na camiseta, puxou Chanyeol pela mão e fugiram juntos da escola. Ambos precisavam de um tempo longe do ninho de cobras para respirar ar puro, sem cheiro de mentira nem desespero.

 

*

 

Sehun: oi gatão

Sehun: lindo gostoso tesão

Soo: ...quem é você?

Sehun: fruto dos seus sonhos mais molhados

Sehun: aquele que vai te fazer perder a cabeça

Sehun: sou oh sehun também conhecido como popô guloso

Sehun: vou tornar todas as suas fantasias realdinasj

Sehun: DESCULPA

Sehun: meu amigo pegou meu celular

Soo: ahh...

Soo: eu já tava até ficando empolgado

Sehun: hyung!! (emoji envergonhado)

Soo: sabe, não paro de pensar em ontem

Soo: você não é pervertido como eu, mas do jeito que tá, podemos chegar numa igualdade um dia

Sehun: HYUNG PARA MEU AMIGO TÁ DO MEU LADO

Soo: pois dê oi pra ele

Soo: ele é bonito? Podemos tentar um a três, qualquer dia

Sehun: HYUNG!!!!

Soo: tá, tá

Soo: o que tu quer? Eu tô trabalhando

Sehun: eu ia dizer pra você vir me buscar na esquina da rua das azaleias com a rua kim daejung

Sehun: na frente de um salão de beleza

Soo: não teve aula à tarde?

Sehun: longa história

Sehun: te conto depois

Sehun: tchau hyung beijos te amo

Sehun: (coração com brilho)

(Visualizada às 17h45)

 

Te amo.

 

Soo: oh sehun, oh sehun...

Soo: quero ouvir direitinho essa história, hein? Não tenta se livrar de mim não

Soo: eu também te amo, ovelhinha. Se cuida

 

Eu também te amo.

Sehun achou que ia explodir.

 

*

 

– Oi, hyung. – Sehun entrou no carro e deu um selinho em Kyungsoo.

– Com licença – Chanyeol murmurou, sentando-se no banco de trás.

– À vontade. – Kyungsoo sorriu. Virou-se para Sehun para examinar se estava tudo bem com o loiro.

– Tudo bem levarmos o Chanyeol em casa? – Sehun perguntou.

– Ah, eu não vou pra casa – Chanyeol interveio. – Vou pra casa do Jongdae tentar falar com ele. – Coçou a nuca. – É... tem como me deixar na frente daquele parque de diversões que todo mundo pega tétano?

Kyungsoo e Sehun deram risadinhas.

– Onde é a casa do menino? – Kyungsoo questionou. – Te deixo lá.

Chanyeol explicou e Kyungsoo foi. No caminho, perguntou a Sehun por que estava sujo de sangue, e então o loiro contou-lhe o maravilhoso dia que tivera longe do covil das cobras.

– Você devia ter me visto, hyung! – dizia empolgado. – Começou a escorrer sangue pela minha mão e a arder que nem o inferno, mas eu tava com tanta raiva que nem percebi.

– Foi bem assustador – Chanyeol se pronunciou. – O povo já acha que você tá ligado com satanismo, depois de hoje, então...

Kyungsoo riu.

– “Vão ter sérios problemas comigo!” e aí começa a sangrar a mão do cara, pô... é de meter medo em qualquer um. – Chanyeol deu uma risadinha. Brincou com os dedos. – Hun... valeu por hoje.

– Hm?

– Por ter me defendido e tal – explicou, dando graças à noite por estar escuro e ninguém enxergar seu rosto ficando rosadinho. – Eu não costumo levar desaforo pra casa, mas quando mexe com minha sexualidade, eu fico tão... sei lá, fraco? Parece que enfiaram o dedo numa ferida.

Kyungsoo e Sehun suspiraram em uníssono. Ah, conheciam aquele sentimento...

– Você realmente fez falta, Hun. – Sorriu tão largo que seu sorriso quase foi audível na fala. Sehun se virou no banco para encarar Chanyeol e lhe retribuir o sorrisão.

– Aliás, hyung... – Sehun voltou a atenção para Kyungsoo. – Só pra esclarecer, eu e Chanyeol não fizemos nadinha no terraço, tá? Eu tava dormindo com a cabeça no colo dele e ele ficou estudando Física.

– Eu sei, baby – Kyungsoo disse num tom gentil e despreocupado. – Eu acredito em você – completou, pousando uma mão na coxa de Sehun e o olhando para compartilharem um sorrisinho cheio de sentimentos.

Pararam na frente de um prédio não muito alto, pintado em tons de bege e marrom claro. Chanyeol agradeceu, desejou boa noite e correu para falar no interfone. Depois de uns minutinhos falando afoito com quem quer que tivesse atendido, fora liberado para subir. Kyungsoo deu a partida e rumou para a casa de Sehun.

– Então, meu amor – falou após um curto tempo de silêncio. – Mais alguma novidade?

– Acho que não. – Bagunçou os cabelos. – Ah, falei tanto hoje que até cansei... – comentou, respirando fundo e relaxando no banco.

– Quando chegar em casa, vai direto tomar banho e dormir, né? – Kyungsoo deu um sorriso. – Nada de ficar acordado mexendo no celular. Vou ficar espionando.

– Que horror! – Gargalhou.

– É, rapaz. Quando você menos esperar, eu estarei lá – falou pausadamente, fazendo Sehun rir de novo.

Creepy – acusou.

– Eu sou “o namorado satanista”, não sou? Tenho que honrar meu título.

– Acho que o maior satanista da escola sou eu agora. – Bufou. – Não quero nem ligar a internet quando chegar em casa. Vou bloquear todo mundo.

– Não faz isso, Hun. Deixa o povo falar. Daqui a pouco eles encontram outra coisa pra comentar e te deixam em paz.

– Sei não, hyung...

– Não é assim com todo mundo?

– É.

– E por que seria diferente com você? – Estacionou na frente da casa dos Oh. Esticou uma mão para acariciar os cabelos loiros de Sehun. – Relaxa, baby. Você é especial demais pra dar bola pros tais fofoqueiros ingênuos.

Sehun se sentiu na obrigação de beijar Kyungsoo. Porém, esgotado do jeito que estava, separou-se antes mesmo de Kyungsoo ter tempo de apertar sua cintura e penetrar a língua em sua boca.

– Eu vou lá, Soo. Tô acabado. – Sorriu, dando mais um beijinho na boca do mais velho. – Boa noite.

– Boa noite, amor. – Kyungsoo ficou olhando Sehun sair e lembrou-se de algo: – Ei, ovelha negra?

– Oi?

– Tô orgulhoso de você.

Sehun foi dormir com um sorrisão no rosto.

 

*

 

Nini: adivinha

Sehun: tá solteiro

Sehun: (moonface)

Nini: você não me provoque

Nini: agora nós dois estamos casados temos que nos controlar

Nini: (selfie dando um sorriso forçado que mais parece uma careta enquanto segura um livro de Química)

Nini: quem será que tá voltando amanhã

Sehun: ALELUIA

Sehun: rapaz tenho tanta coisa pra te contar

Sehun: tu vai te sentir a verdadeira gossip girl

Nini: quem

Sehun: vai embora da minha casa

Nini: quero saber de tudo do seu boy

Nini: detalhes sórdidos inclusive

Sehun: nem fizemos nada sórdido ainda

Nini: AINDA

Nini: hun, hun, quando te conheci tu não era assim

Sehun: tu fodeu a soojung uma semana depois de vocês começarem a sair

Sehun: zero morais para kim nini

Nini: olha em minha defesa nós dois éramos adolescentes lindos e hormonais e virgens loucos para descobrir os prazeres da vida

Sehun: tô me recusando e indo dormir

Sehun: boa

Nini: shout it out

Sehun: ???

Nini: vai embora da minha casa

Nini: (parece que o jogo virou não é mesmo)

Sehun: (emoji de dedo do meio)

 

*

 

Chovia.

Sehun pisou na escola xingando a vida e a morte, encharcado, o machucado exposto na mão começando a arder pela falta da gaze, atrasado. Correu pelo corredor fazendo barulho, respirando pesado, ouvindo o trovejar raivoso lá fora ecoar em seus ouvidos como se lhe cantarolassem “hmm, what’cha say?”.

Abriu a porta da sala e os trovões balançaram o local. Os alunos o fitaram com olhos arregalados, o professor repreendeu Sehun por chegar atrasado e perguntou-lhe se havia passado na secretaria para que liberassem sua entrada. Sehun caminhou com passos firmes até o professor e deixou o papel com sua permissão de assistir à aula assinada pela secretária, e, assim que o papel conheceu a madeira da mesa, outro trovão soou alto.

– OK. Sente-se, Oh Sehun.

Sehun dava tanta risada por dentro que quase não conseguiu segurar a cara de porta que ostentava. Acomodou-se numa das últimas cadeiras, sentindo o olhar de todos pesar sobre si. Incomodou-se, sentiu-se pequeno, mas disfarçou ao se abaixar para resgatar o caderno da mochila molhada.

Parecia que estava numa daquelas histórias que fãs escrevem e postam na internet. Deixou escapar um sorrisinho bobo com a ideia.

 

*

 

No recreio, Sehun se sentou com Chanyeol e Jongdae, que conversavam felizes como os dois pombinhos que eram. Ao ver Sehun se aproximar, Chanyeol ergueu os dois braços dramaticamente e berrou:

– Piedade! Piedade, demônio!

Sehun caiu na gargalhada.

– Super discreto, né, Park? – Sehun rodou os olhos. – Oi, Jongdae.

– E aí? – Jongdae sorriu. – Não se importa de eu sentar aqui a partir de hoje, né?

– Imagina, quem sou eu pra te impedir.

Jongin entrou correndo no refeitório, puxando Soojung pela mão. Sehun havia se distraído tanto com os olhares amedrontados pelo corredor que tinha até se esquecido que Jongin havia voltado à escola – só não contem isso pro Nini, ele vai ficar triste.

Sehun largou sua comida e correu para os braços de Jongin, que o agarrou e o girou no ar. Ah, como se gostavam! Sehun riu alto, e sua risada se misturou à gargalhada de Jongin, e o resultado foi uma bagunça gostosa de felicidade. Jongin apertou Sehun, beijou as bochechas dele, arrastou-o para sentar-se ao lado dele na mesa.

– Oi, gente! – Jongin cumprimentou Chanyeol e Jongdae, que acenaram. – Desde quando andam juntos? – Entortou a cabeça. – Ah, Soo! Te deixei pra trás, desculpa, foi a emoção. – Puxou a namorada para a mesa.

– Nini, calma. – Sehun riu. – Senta aí que nessas duas semanas a escola virou de cabeça pra baixo.

– Percebi. – Acomodou-se, abraçando Soojung e deitando a cabeça dela em seu ombro. – Bem que achei estranho o jeito que todo mundo olhou nossa ceninha homoafetiva ainda há pouco, mas...

– Bom, quanto a esses dois – Apontou para Chanyeol e Jongdae. – estão se pegando. Quanto a nós – Gesticulou para si e para Chanyeol. – voltamos a nos falar assim que você saiu.

– Ai, que fácil me substituir. – Jongin fingiu dor, pousando uma mão no peito.

– E quanto a mim... – Sehun sorriu. Os outros deram risadinhas. Jongin olhou perdido. – Na verdade, é uma história engraçada.

Contou tudo. Desde como começaram os boatos até os eventos do dia anterior. As mensagens, os bilhetinhos no armário, os comentários, o que inventavam e todo mundo acreditava.

Ao terminar, Jongin estava chorando de tanto rir; gargalhou muito, com direito a ataques por falta de ar e socos na mesa.

– Namorado satanista! – exclamou. – A sua cara!

Passou-se um momento para Jongin se conter, em que todos o abanavam, ofereciam água e/ou riam da situação dele. Soojung tentou o acalmar fazendo carinho nos cabelos castanhos dele, mas Jongin respirava fundo, lembrava de alguma coisa e voltava a rir.

– Tá bom, parei, desculpa – disse por fim, suspirando. – Mas vocês têm que admitir que isso é engraçado pra caralho.

Jongin puxou Soojung para perto, fazendo carinho na mão dela enquanto sorria refletindo sobre a história. Jongdae pegou na mão de Chanyeol e entrelaçou os dedos, fazendo Chanyeol dar um sorrisinho.

– Tá, mas cês tão namorando mesmo, afinal? – Jongin perguntou.

– Estamos. – Sehun sorriu bobo, ficando rosinha ao lembrar de Kyungsoo.

– Adorável, mas eu tava falando com o Chanyeol e o Jongdae.

Sehun abaixou a cabeça, ficando mais envergonhado. A mesa inteira percebeu e mexeu com ele.

– Cuidado! Ele vai fazer vodu da gente! – Jongin apontou, fazendo todo mundo rir.

– Aula particular de introdução a novos tipos de dor. – Sehun sorriu. – Seu instrutor é Oh Sehun.

Uuuhh! – fizeram em uníssono, arrancado uma gargalhada de Sehun.

– Tá, e aí? – Jongin retomou o assunto. – Namoro ou diversão?

– A gente faz os dois. – Jongdae sorriu safado, fazendo Chanyeol ficar vermelho. – Mas somos namorados sim. Né? – Fitou Chanyeol, que sorriu largo e confirmou com a cabeça. Deram um selinho que fez todo mundo da mesa fazer “awwn!”.

 

*

 

“He likes his coffee black like his soul”

Assim que ouviu esta linha, Sehun soube que Kyungsoo havia chegado. Riu ao correr para abraçar o mais velho, percebendo que todo mundo comentava os gostos musicais do “namorado satanista do Sehun”.

– Achei que tivéssemos combinado de não tocar músicas estranhas, hyung – Sehun comentou ao entrar no carro. Kyungsoo, após se acomodar no assento do motorista, deu de ombros.

– Um jovem rapaz não pode mais ouvir Die Antwoord? – perguntou com um sorrisinho. Sehun soltou um risinho.

– À vontade, senhor Do.

– Ah, aliás... – Esticou-se para abrir o porta-luvas, tirando dali uma pequena caixinha roxa. – Toma.

Sehun abriu a caixinha e dentro havia uma correntinha com um pentáculo prateado e um anel simplesinho com uma lua crescente. O loiro percebeu que o próprio Kyungsoo usava o mesmo anel em seu anelar direito, e aí se tocou que era uma aliança.

– Gostou, baby? – Kyungsoo perguntou com um sorriso gentil.

– Hyung, n-não precisava... – balbuciou, metendo o an– a aliança no dedo.

– Perguntei se gostou, não se precisava – falou, mas seu tom não era de bronca. Deu a partida. – Não é nada de mais, mas...

– Tá brincando, Soo! É tão bonito... – Sehun deu um sorriso contente. – Obrigado! – exclamou, abraçando Kyungsoo e lhe dando um beijo na testa.

– Eu tô dirigindo, criança! – repreendeu, mas acabou rindo. – Quando a gente chegar, você me agradece direito, tá?

Ao chegarem na casa de Sehun, não saltaram do carro de imediato. Kyungsoo conferiu que não tinha ninguém olhando e puxou Sehun para seu colo, atacando os lábios num beijo sedento. Sehun enfiou as mãos nos cabelos escuros do mais velho e retribuiu o laçar afoito de línguas e bocas. Deixou escapar um gemido no meio dos beijos e ficou vermelho ao sentir o membro de seu hyung ficando duro aos poucos – não que ele mesmo estivesse muito diferente.

– É bom você ir... – Kyungsoo disse, sem ar. – Senão seus pais podem ficar preocupados...

– Tá bom... – Sehun engoliu em seco. – S-só mais um...

Beijaram-se de novo, cada vez mais desesperados por... o quê? Sehun não sabia, nem queria saber; do jeito que sua cabeça estava bagunçada, ia acabar surtando se pensasse demais. Só queria aproveitar daquele momento, daquele beijo molhado e gostoso, das mãos de Kyungsoo que atrevidamente acariciavam suas coxas e sua bunda. Sehun deu umas reboladas no colo do mais velho e sorriu satisfeito ao finalmente ouvi-lo soltar um gemidinho.

– Sehun... puta merda...

– Hyung... – Fechou os olhos ao rebolar de novo. – T-tá duro...

– Hm..? – Piscou lentamente, absorto na atmosfera sensual que havia se instaurado ali. – Você também... – Levantou a camiseta de Sehun com um sorrisinho, indicando o volume mais que evidente no jeans do mais novo. Sehun enrubesceu.

Kyungsoo passou a palma algumas vezes sobre o membro coberto de Sehun, arrancando uns gemidos manhosinhos dele. Mordeu os lábios e reuniu toda a coragem em seu ser para dizer:

– Acho melhor a gente parar, Hun.

Sehun fez bico e resmungou. Kyungsoo suspirou e fez carinho no rosto do loiro.

– Quer ir pra minha casa?

– Não... acho melhor eu entrar – Sehun disse, envergonhado. – A gente já tá parado aqui faz um tempão. Outro dia a gente... faz... isso.

– Claro, claro. Vai lá. – Sorriu, puxando Sehun para um selinho. – Boa noite, ovelha negra.

– Boa noite, Soo. – Deu um sorriso fofo ao correr para dentro de casa. Kyungsoo cuidou para que Sehun entrasse em segurança e deu a partida, bufando.

“Pirralho maldito”, pensou, “ninguém avisou que você ia me deixar duro tão fácil”.

Suspirou.

“O satanista sou eu, mas quem faz magia negra comigo é você”.  

 

*

 

O pentáculo prateado reluzia sob a luz do corredor. Sehun andava no ritmo de “Baby’s on Fire” – Die Antwoord, culpa de Kyungsoo –, os olhos vacilando de um lado para o outro a fim de não encarar ninguém diretamente.

Jongin estava encostado no armário de Sehun, os braços cruzados e os olhos apertados de sono.

– Que isso, rapaz? – Sehun deu um empurrãozinho em Jongin, que tomou um leve susto.

– Vim te chamar pra conversar sobre o clube. – Esfregou os olhos. – Mas tô achando melhor esperar eu acordar.

Sehun deu uma risadinha, pegando seu livro de Literatura. Jongin pegou na mão direita do loiro e sorriu malicioso.

– O que significa isso, Oh Sehun?

Sehun sorriu.

– Aliança.

Jongin até pularia de felicidade se não estivesse tão sonolento. Bastou-se a abraçar Sehun e dar uma risadinha contente. Seguiram rumo às suas respectivas salas. No caminho, flagraram Chanyeol e Jongdae dando uns beijinhos, e as piadas perduraram até a hora da saída.

 

*

 

Sehun estava feliz da vida com seu pentáculo e sua luazinha. Simpatizava com Kyungsoo, que simpatizava com a Wicca, religião a qual via o pentáculo como símbolo de proteção, então gostava de pensar que Kyungsoo lhe dera a corrente para garantir que Sehun estaria protegido no covil das cobras. Quanto à lua... a via como um pedacinho de Kyungsoo o acompanhando; Kyungsoo gostava dos astros, e a lua crescente no dedo de Sehun obrigava-o a lembrar disto sempre.

Espantosamente, não ouviu comentários sobre seus novos apetrechos, e não soube dizer o que sentiu ao constatar isto.

No recreio, ganhou elogios de Jongdae. Descobriu que ele também curtia astronomia; mais pelo lado místico da coisa, contrariando os interesses astrofísicos de Kyungsoo, mas ainda assim Sehun sorriu ao pensar que o namorado e o novo amigo se dariam bem.

Saiu da escola se esquivando por entre as pessoas. Pulou nos braços de Kyungsoo e o coração acelerou perigosamente quando o outro sussurrou “vem pra minha casa hoje” em seu ouvido.

Sehun mandou uma mensagem a dedos tremulantes para sua mãe, inquietando-se quando ela não se opôs à noite fora do filho. Kyungsoo, óbvio, notou o adolescente vermelho trans(pirando) ao seu lado, e achou que ajudaria em algo pousar sua palma na coxa de Sehun.

Então havia chegado o dia. O grande dia. Aquele grande dia. O dia que Sehun daria adeus a várias coisas – como sua virgindade, sua dignidade, sua concentração e, a julgar pelo o que sentira ao rebolar no colo do mais velho noutro dia, suas pregas.

– Hun – Kyungsoo chamou finalmente. Sehun engoliu em seco. – Não te chamei necessariamente pro que você tá pensando. Só quero ficar contigo, tá? Você que resolve até onde a gente vai. – Fitou-o com um sorriso doce. – Para de surtar.

– T-tá. Tá bom. – Respirou fundo. – Desculpa, eu...

– Eu sei, eu sei. Calma. Sabe que eu nunca faria nada que você não tivesse plena certeza de querer.

– Sim, hyung – murmurou, um tanto mais relaxado.

Chegaram no prédio e subiram em silêncio, Kyungsoo acariciando a cintura de Sehun para preservar a calmaria nele.

– O que quer comer, Hun?

– Não sei. O que tiver tá bom.

– Tem nada, serve?

Pela primeira vez, Sehun relaxou os ombros e riu. Sentou-se na borda da pia e não protestou quando Kyungsoo chegou perto e lhe deu um beijo nos lábios. Kyungsoo lhe ofereceu um sorriso lindo, que lembrou Sehun da lua, e do alinhamento dos planetas, e de tudo o mais que os caracterizava, e gostou de pensar que, talvez, o sorriso de Kyungsoo fosse em forma de coração porque era um sorriso dele para Sehun.

Pediram comida chinesa e jantaram assistindo um programa qualquer. Sehun já havia até esquecido que, há algumas horas, estava morrendo de nervosismo. Após comerem, encontravam-se largados no sofá, com Sehun deitado no peito de Kyungsoo, recebendo sorridente os carinhos deixados em seu cabelo e suas costas.

– Mais tranquilo, baby?

– Bem mais... hyung, me desculpa por hoje, eu só...

– Shh, já passou – disse baixinho, selando a testa do loiro. Sehun apertou os braços em volta do mais velho. – Como foi seu dia hoje?

– Ah, nada de mais – resmungou. – Nenhum comentário, nem nada. Acho que vão me deixar em paz agora.

– Finalmente, hm?

– Admito que eu já tava até gostando. É engraçado ver o povo louco por qualquer coisa e acreditando em tudo que ouvem.

– São pessoas vazias, sabe, Hun? – Fez uma carícia gostosa nos fios claros do outro. – Não têm informação, aí ficam inventando essas coisas pra se distraírem.

– Tanta coisa acontecendo no mundo e eles se importando com coisas fúteis como o relacionamento dos outros...

Ficaram um tempinho em silêncio, só aproveitando daquele momento bom que compartilhavam.

– Acha que pode me beijar agora? – Kyungsoo perguntou silenciosamente. Sehun deu um sorrisinho.

Grudaram os lábios, de modo puro primeiro, mas não demorando para evoluírem para um beijo malicioso com línguas e dentes e assim se mantiveram. Uma mão de Kyungsoo subiu pela perna de Sehun até encontrar a bunda deste, ousando dar-lhe um tapa sem força antes de apertar a nádega farta e redondinha, fazendo Sehun gemer arrastado.

– H-hyung...

– Ah, desculpa. Vamos parar.

– Não... não é isso. – Deu uma risadinha quieta. Roçou a coxa no membro duro do moreno. – É isso.

Kyungsoo – quem diria! – ficou vermelho com o ato e até deixou escapar um grunhido baixo. Sehun voltou a beijar seu hyung, mais tranquilo para continuar depois de ver o jogo virando.

O próprio Sehun foi virado, sendo deitado de barriga para cima com Kyungsoo sobre si. O mais velho foi dando beijos pelo rosto e pescoço de Sehun, e foi a vez do loiro de ruborizar. Palmas escorregaram pelos corpos alheios e encontraram intimidades excitadas; acarinharam-se, beijaram-se, entregaram-se.

Começou com uns beijos que deixaram Sehun todo estranho. Perguntou “hyung, tem certeza que não é febre?” e Kyungsoo riu e teve a audácia de dizer “só se for febre de amor, ovelhinha”. Sehun defende a opinião de que ele só não broxou porque ainda era um adolescente virgem e cheio de hormônios.

– Quer parar por aqui? – Kyungsoo murmurou, beijando atrás da orelha de Sehun.

– N-não... – respondeu, ficando corado.

Kyungsoo sorriu e beijou a boca de Sehun de novo, escorregando uma mão pelas pernas do outro, fazendo um carinho agradável, até chegar sorrateiramente no pênis teso ainda coberto. Sehun deu um gemidinho com o súbito contato, apertando o tecido da roupa de Kyungsoo quando este passou a mover sutilmente a palma sobre sua ereção.

– H-hyung... – chamou envergonhado.

– Hm?

Sehun pegou no pulso de Kyungsoo e delicadamente tentou meter a mão do mais velho dentro de seu próprio jeans apertado. Kyungsoo deu um sorrisinho, desabotoando as calças do loiro e as puxando um pouco para baixo juntamente com a cueca deste, fazendo com que seu membro duro saltasse para fora das roupas. Sehun cerrou os olhos, repentinamente frio demais numa área tão quente.

– Espera um pouquinho, meu amor. – Kyungsoo levantou do sofá e correu apartamento adentro. Voltou com um tubinho de lubrificante e beijou o rosto de Sehun ao posicionar-se acima dele novamente. – Tudo bem?

– Quase tudo. – Sorriu minimamente. – Só vai ficar tudo bem quando você andar logo com isso.

Kyungsoo rodou os olhos e se inclinou para dar mais um beijo nos lábios já vermelhos de Sehun. Kyungsoo lambuzou as mãos com um pouco de lubrificante e começou a masturbar Sehun, que não demorou para virar um amontoado de gemidos e “hyung!”, deixando que Kyungsoo sorrisse.

Seguiu-se um tempinho em que os únicos barulhos no quieto apartamento eram os gemidos manhosos de Sehun e os barulhos obscenos da masturbação. Kyungsoo subia e descia a mão pelo membro de Sehun, alternando o ritmo, e os gemidos do mais novo acompanhavam – mais arrastado quando Kyungsoo demorava, mais “ah! Ah! Ah!” quando Kyungsoo apressava.

– H-hyung – chamou de repente, puxando a manga da camisa de Kyungsoo.

– Diga, baby.

– D-deixa eu... fazer também... – Puxou Kyungsoo para mais perto, abaixando a calça e a boxer dele e fazendo o mais velho gemer ao finalmente libertar seu membro dolorido de tão duro.

Sehun alcançou o lubrificante e lambuzou seus dedos com o gel, seguindo a mão até a intimidade de Kyungsoo e começando a masturbá-lo. Kyungsoo gemeu baixinho, estocando por impulso a palma do loiro. Voltou a mexer sua mão no pênis de Sehun, agora mais rápido, e os gemidos dos dois se uniram harmoniosamente.

Kyungsoo se curvou para encher Sehun de beijinhos, fazendo o loiro sorrir momentaneamente.

– Bom? – perguntou baixinho, acarinhando a glande molhada de Sehun.

– D-demais... hyung... – Fitou o mais velho. Os olhos de Kyungsoo estavam entreabertos, tão negros e cheios e intimidantes que tudo que Sehun conseguiu fazer foi rir sem graça. Kyungsoo sorriu e beijou Sehun com toda a sua vontade, não precisando de palavras para entender o que seu amor queria dizer.

Sehun começou a dar uns tremeliques e seus gemidos começaram a aumentar de volume. Kyungsoo juntou as intimidades dos dois em sua mão e começou a masturbá-los em conjunto, fazendo Sehun grunhir e murmurar “hyu-uh-ng!”. Kyungsoo apressou-se, beijando o pescoço do loiro e deixando que este amassasse sua camisa entre os dedos dele, e não demorou para que Sehun gemesse alto e despejasse seu sêmen na mão de Kyungsoo.

O mais velho deu um beijinho na bochecha de Sehun e concentrou-se em dar prazer a si mesmo, apertando seu pênis e alternando as velocidades, mordendo o lábio inferior e franzindo o cenho. Sehun ficou assistindo de rosto vermelho e respiração falhada. Quando Kyungsoo, por fim, gozou, Sehun quis correr até sua mochila, catar seu celular e tirar uma foto de Kyungsoo, porque o rosto dele contorcido de prazer era a coisa mais linda que Sehun já vira.

Kyungsoo deu umas respiradas e se jogou por cima de Sehun com um sorriso satisfeito. Sehun deu uma risadinha e abraçou o mais velho.

– Que foi, hyung?

– Tô feliz – respondeu sonolento. – Eu tava muito na seca, tu não tem noção.

– Mais de um ano, né?

– Uhum.

– Imagino como deve ter sido. – Riu.

Kyungsoo apertou Sehun em seus braços e beijou a testa do mais novo. Tentou se lembrar se realmente havia participado de algum ritual satânico em sua vida, porque, sinceramente, não achava que merecia Sehun.

– Hyung.

– Hm?

– Obrigado. – Deu um sorriso fofo.

Oi, Lúcifer, tudo bem? Tô mandando essa carta pra saber o que eu fiz pra merecer Oh Sehun na minha vida.

 

*

 

A escola estava num alvoroço só: aparentemente, sábado havia rolado uma festinha e – pasmem! – Sooyoung, a tão certinha Sooyoung, com certeza era a menina louca de bêbada no Snap do Junmyeon.

Sehun chegou perguntando qual era o boato da vez. Jongin e Soojung tinham passado o final de semana na praia, então não sabiam de nada; Jongdae e Chanyeol só sabiam que tinha acontecido uma festa, mas preferiram fazer noite do pijama na casa do Chanyeol para jogarem videogame. E Sehun, óbvio, estava ocupado demais com Kyungsoo para ligar para qualquer outra coisa.

– Pelo menos vão te deixar em paz agora, né, Hun? – Jongin sorriu. Sehun deu de ombros. – Tá tudo bem mesmo a gente voltar a ensaiar semana que vem?

– Uhum. – Sehun deu uma golada de seu leite.

– Seu homem não vai ficar triste de parar de te dar carona? – Chanyeol perguntou. Os outros deram risadinhas. 

– Já falei com ele sobre isso. Ele disse que tudo bem vir me buscar mais tarde.

– Que homem! – Chanyeol exclamou, pousando uma mão no coração. – Que outro homem faria isso? – Fitou Jongdae, que arqueou uma sobrancelha.

– Eu que não faria – disse. – Já vou estar no conforto de meu lar e ainda tenho que sair pra buscar pirralho na escola? Me poupe.

Chanyeol fez bico e Jongdae riu alto, dizendo “tô brincandoooo!”  antes de dar um selinho no outro. Jongin sorriu e balançou a cabeça.

– Kyungsoo realmente é o homem – Sehun disse com um sorrisinho. Os outros riram maliciosamente.

– Ai gente, que nojo de todo mundo assim apaixonado. – Jongin fez careta. – Saudades de quando era só eu.

– “Hun-ah! A Soojung é tãããão linda!” – Sehun debochou, fazendo Jongin ficar envergonhado e os outros darem risada. Soojung ficou vermelhinha.

– Você pare, senhor “hoje-Soo-quase-me-fez-morrer”. – Jongin apontou um dedo na cara de Sehun, que instantaneamente ruborizou.

– Caraca, não quero nem imaginar por que você quase morreu. – Jongdae riu de lado. – Pela sua cara, a coisa foi forte.

– Na moral, vou matar todos vocês. – Sehun balançou a cabeça e os outros gargalharam. – Tão rindo de quê? Vou matar sim e vai ser agora.

Os quatro se entreolharam. Sehun deu um sorrisinho.

– Vou matar de amor. – Abriu os braços. – Vem gente.

Se abraçaram desajeitadamente por cima da mesa e riram no meio daquela bagunça estranha e engraçada de carinho. Sehun se sentou com um sorrisão no rosto; sabia que estava entre as pessoas certas, e não podia estar mais feliz.

 

*

 

– Sabe, hyung...

– Hm?

– Acho que não vou me foder tanto quanto achei que me foderia.

– Até porque quem vai te foder vai ser eu.

– Hyung!

– Parei, parei.

– Tô falando da prova de Geografia. Tarado.

– Desculpa se eu não paro de pensar em você rebolando numa bengala com as roupas bem coladinhas no corpo, tá?

– Eu nunca mais vou deixar você assistir nossos ensaios...

Kyungsoo puxou Sehun para perto e encheu o rosto do loiro de beijinhos.

– Me fala da prova – murmurou o mais velho, apertando Sehun nos braços.

– Agora não quero mais. – Fez bico. Subiu os olhos para encarar as bonitas pupilas dilatadas de Kyungsoo; só conseguia as diferenciar das íris quando estava assim, bem pertinho do moreno. – Soo, você é tão bonito.

– Hm? Obrigado. – Sorriu. – Acabou de perceber isso ou é um fato de longa data?

– Desde a primeira vez que te vi que eu acho isso.

Silêncio.

– Soo...

– Hm?

– O Ensino Médio é cheio de cobras venenosas.

– Sim.

– E os boatos são simplesmente ridículos, tipo, não tem tempo pra isso, cara!

– Concordo.

– ...Mas eu agradeço.

– Hein?

Sehun sorriu lindamente.

– Talvez, se nunca tivesse rolado uns boatinhos sobre a gente, a gente nunca teria ficado junto.

Kyungsoo retribuiu o sorriso.

– Bom, na verdade, eu tava planejando te contar depois da sua formatura – Kyungsoo admitiu, as bochechas ficando rosadinhas. – Fiquei com medo de acabar atrapalhando seus estudos e aí eu teria mais tempo pra me acalmar e não enfartar. Os boatos só adiantaram o processo.

– Pois que bom que serviu pra alguma coisa. – Sehun se aninhou no peito do mais velho. – Porque eu não me imaginaria em outro lugar agora.

– Acho que, independentemente dos boatos, você estaria no meu abraço de qualquer jeito.

– É, mas... eu não estaria ouvindo seu coração batendo forte nem sentindo a aliança no seu dedo doer nas minhas costas.

– Desculpa.

– Tudo bem.

Silêncio.

– Hyung.

– Tá bem tagarela hoje, hein, Hun? Tem que parar de andar com o Chanyeol – brincou. Sehun soltou um risinho. – Que foi?

– Eu nunca fumei nada nem bebi até ficar doidão, mas meu amor por você me deixa chapêbado.

– Céus...

– Gostou da referência?

– Tira a roupa agora. A gente vai foder até o sol raiar.

Sehun soltou uma gargalhada alta. Ali, no calor de Kyungsoo, recebendo beijos e risadas contra sua pele, Sehun percebeu que cobra nenhuma poderia destruir sua felicidade.

 

FIM


Notas Finais


obrigada por ler ♥


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