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História The Holy Incarnation - The Rescue I


Escrita por: SubarashiiHime

Notas do Autor


Gente, essa é a primeira parte do flash back do que aconteceu antes da execução, sempre leiam as notas para não se perderem.

Avisando novamente que o nome da fic vai ser alterado para "The Holy Encarnation", fiquem ligados.

Capítulo 11 - The Rescue I


O jovem guarda realizava a ronda noturna pelos corredores de pedra do calabouço subterrâneo do castelo de St. James. Trazia consigo uma lamparina e um molho de chaves prateadas que levava a tiracolo. – O que eu faço... – Disse a si mesmo andando lentamente, vigiando cada metro que percorria. O loiro perdia-se em seus pensamentos, certamente voltados em relação ao resgate de Yára, apesar das aspirações, achava-se imerso em um mar de receios. De repente, o farfalhar de correntes e o som de uma voz fraca e cansada soou do fundo do corredor, rapidamente lhe trazendo á tona e arrancando-lhe de seus devaneios. Will atravessou alguns metros do corredor e colocou-se em frente á cela do prisioneiro cuja voz minutos atrás, havia lhe chamado. O estalido alto do ferrolho de aço quando a porta-forte foi aberta ecoou pelas paredes de pedra, seu olhar caiu sobre a figura extremamente pálida, suja e ferida, havia sangue seco proveniente dos pulsos e tornozelos esfolados, olhos verdes cujo brilho altaneiro haviam se perdido á tempo imploravam para que seus grilhões fossem rompidos.

Exausto, quase sem forças para articular as palavras e com a voz a custo audível, o elfo proferiu. – Compreendi de súbito o que se passa e tomei uma rápida decisão. – O pequeno suspirou e abaixou sua cabeça encarando o chão sujo.

– Do que está falando, Gwyan? – Indagou Will buscado algum sentido em suas palavras, concentrando a sua atenção no que o prisioneiro e também ex-amante estava prestes a falar.

O elfo cerrou os punhos gelados e fechou os olhos, cílios úmidos não passaram despercebidos pelo guarda. – Sobre Yára. Seguirei aos sepulcros da morte em seu lugar. – Disparou o ser pálido convictamente, sua frequência cardíaca aumentou consideravelmente naquele momento.

O loiro arregalou os olhos e engoliu em seco, elevando as partes internas das sobrancelhas. – Você tem certeza, Gwyan? – Indagou Will, surpreso com a decisão inesperada.

Gwyan balançou a cabeça positivamente e com um aperto no coração, lhe respondeu. – Você era minha única fonte de luz na escuridão, nesse calabouço úmido e sem ventilação, era a brisa suave tocando o meu corpo. Seu amor, serenando meu coração e atenuando essa solidão insuportável era o que me mantinha vivo, sem você eu não posso mais suportar, estou no meu limite. – O elfo levantou a cabeça e voltou o olhar para o guarda, a tristeza dera lugar a um semblante sério em seu rosto. – Esse é meu último desejo. Ao invés de apodrecer nesse lugar abandonado pelos deuses, prefiro morrer por uma causa nobre. Eu não tenho razão para continuar vivendo.

– M-Mas... Gwyan, isso... Eu... Não posso... – Gaguejou ele, abaixando a cabeça sem conseguir encará-lo.

– Quando tomo uma decisão, é terrivelmente difícil dissuadir-me, no entanto, não acho que esteja sendo sincero em sua oposição. – Retrucou Gwyan, sentindo uma grande tristeza no coração.

oOoOo

Dois dias haviam se passado desde então, no céu de um azul claro, cintilante e suave, nuvens rarefeitas corriam lentamente com o sol, hora, timidamente omisso entre elas. O clima estava tenso na mansão Dasovic, mais especificamente dentro do escritório, onde o conde passou os últimos dias trancado. Em sua mesa, uma papelada infernal a ser resolvida, uma vez que, a posição de grande poder na corte vinha acompanhada também de deveres e obrigações a serem cumpridos. As questões referentes tanto da corte, quanto do povo que a rei solicitava resolução o deixara extremamente atarefado. Seus olhos passearam pelos papéis amassados jogados pelo chão, papéis esses que, tratavam-se de esboços provisórios em pró do resgate de Yára, nos quais registrou táticas de resgate em ações específicas. Damon tinha ciência de que primeiro havia de resolver os assuntos da corte para depois trabalhar no plano, mas em sua atual condição era praticamente impossível. O conde agachou-se, apoiando-se no chão com o joelho esquerdo e pôs-se a baralhar as bolas de papéis. – Um desses há de servir... – Pensou alto, desamassando todas e relendo o conteúdo nelas escrito. – Vamos Damon, você consegue, pegue um plano por vez, observe-o, analise-o...

No momento em que completaria seu raciocínio, uma das empregadas bateu a porta. – Mestre, desculpe atrapalhá-lo, vim trazer-lhe o chá das cinco e também uma correspondência há pouco tempo entregue pelo mensageiro, parece que é urgente. – Mary depositou a bandeja na mesa e não pôde deixar de comentar. – Esse lugar está uma bagunça, por que não vai descansar enquanto faço a limpeza do escritório?

– Você já me entregou a carta e serviu-me o chá, está dispensada. – Respondeu curto e grosso, sem olhar para o rosto da empregada e vice e versa.

– Ando muito preocupada com você, na verdade, estamos todos preocupados, precisas descansar, seu rosto está péssimo. Vê-lo dessa forma me deixa tão angustiada... – Mary estava se esquivando e usando chantagem emocional para aproximar-se de si, Damon podia sentir. Apesar de a maioria não tocar no assunto, era visível que todos os empregados estavam preocupados, tanto que pareciam disputar a atenção do conde, mas ninguém, de fato, sabia o que fazer para ajudar, todos se sentiam impotentes diante de tal situação.

– Eu estou bem, retorne aos seus afazeres e deixe-me trabalhar. – Retrucou o nobre, havia uma ternura rude no tom de sua voz.

 Assim que a empregada se retirou, Damon voltou a sentar-se, com um estilete de aço cravejado de pedras, ele abriu o envelope, retirou a folha de papel rapidamente e começou a ler o manuscrito. Ao longo da leitura, o moreno apertava entre dedos trêmulos, as extremidades da folha de papel. O conteúdo da carta era pouco, mas o suficiente para lhe deixar realmente surpreso, o semblante em seu rosto mudou instantaneamente, e após tê-la lido, o conde não pensou duas vezes, ele levantou-se abruptamente e seguiu para o salão principal da mansão ordenando que a carruagem e seus dois guarda-costas, Frank e Alfred, fossem preparados. Não parecia ter descoberto nenhum indício de quem fora o autor da misteriosa carta, no entanto, optou arriscar-se, vendo nele, sua última esperança.

A carruagem já havia sido preparada, o cocheiro não pôde deixar de notar a aparência terrível do conde, os cabelos desgrenhados, barba por fazer e o enorme par de olheiras em volta dos olhos denunciavam suas noites mal dormidas. Damon cumprimentou-o com um sorriso fraco e após ter informado-lhe o destino, seguiu para a carruagem. Através de certa fraqueza e adormecimento em suas pernas, ele cambaleou ligeiramente.  Alfred rapidamente o segurou firme e ajudou-o subir, segurando seu braço com um punho. O mordomo e os criados fizeram uma reverência respeitosa quando a carruagem começou a andar, por fim, o cocheiro fustigou os cavalos que partiram á galopes.

O endereço cuja carta descrevia levou a um casebre pobre e abandonado, o local encontrava-se praticamente deserto onde apenas o soprar do vento era o som predominante. O conde deu uma lufada de ar fresco e suspirou. – Então é isso... Eu já devia ter imaginado. – Apesar do seu desgosto ele soltou um breve riso, denunciando um humor superficial e irônico. Quando se preparavam para partir, ouviu-se um ruído de algo se quebrando proveniente do interior do casebre e onde parecia não ter ninguém, surgiu, porém, um homem misterioso.

– O que achou do plano, conde Dasovic? – Saindo do casebre sua imagem fora revelada, era um homem de estatura media alta, pele clara, olhos verdes e cabelos loiros, ninguém menos do que Will, guarda do calabouço do castelo de St. James.

Virando-se rapidamente para onde vinha o som da voz, o moreno respondeu. – Devo dizer que é um plano bastante articulado. 

– Tramar essa estratégia de resgate acabou demorando um pouco, o planejamento só foi concluído ontem á noite. – Explicou o que tratou de e ir ao encontro do conde, no entanto, fora impedido por Frank, que instintivamente, colocou rente ao pescoço do guarda logo abaixo da orelha, o gume afiado de sua espada, enquanto Alfred ocupou-se em revistar o velho casebre.

– Quem diabos é você? – Perguntou o guarda-costas aumentando a pressão na espada, fazendo com que uma tênue linha de sangue escorresse pelo pescoço de Will, que instantaneamente recuou.

 – Espere, eu estou desarmado, venho em paz! – Exclamou o loiro enquanto erguia as mãos, demonstrando não significar nenhuma ameaça. – Meu nome é Will Michaud, trabalho na guarda do calabouço do castelo de St. James. Pode parecer ironia, mas eu realmente quero ajudá-lo. Pelo menos um pouco, tenho tornado as coisas menos sofridas para ele naquele lugar, sei que é difícil, mas peço que confie em mim.

– Abaixe a espada, Frank. – Ordenou ao guarda-costas. – A troco de quê pretende me ajudar? Por que iria tão longe? – Indagou Damon estreitando o olhar.

– Simplesmente porque estou apaixonado por Yára. – Revelou com naturalidade. – E claro, também por algumas moedas de ouro. – Completou o guarda soltando um riso breve, no entanto, irritante o bastante para provocar o conde, que franziu fortemente as sobrancelhas.

 Surpreso com a revelação totalmente inesperada do loiro, o nobre retrucou. – Para mim, dinheiro não é problema, todavia, creio que se ter a Yára for seu objetivo nesse resgate, sinto de lhe informar que terá sido em vão.

– Imaginei que diria isso, mas fique tranquilo, a pessoa a quem Yára quer não sou eu. – Proferiu o guarda de "olhos no chão", curvando um meio sorriso. – Bem... Negócio fechado então, conde Dasovic? – Indagou Will levantando o olhar e estendendo sua mão para Damon.

– Mesmo tendo ciência de que posso cair em algum tipo de armadilha, chamo isso de “risco aceitável”, pois há algo muito mais precioso em jogo.  Você receberá o suficiente pelos seus serviços e pelo seu silêncio. Se isso não passar de um joguinho seu, certamente sairei prejudicado, no entanto, você não ganhará nada com isso. – Não vendo nenhuma outra opção eficaz, o nobre respirou fundo e respondeu. – Negócio fechado. – Decidiu o conde, apertando a mão do loiro.

– Sei que tens todos os motivos do mundo para desconfiar de mim, mas como homem, dou-lhe minha palavra de honra, estou sério sobre isso. Minha palavra são promessas, e eu com certeza as cumprirei. – Proferiu o que curvou-se respeitosamente.

– Assim, espero. – Disse o nobre num tom neutro. – Bem, diga-me os detalhes.

– Conforme meus cálculos, o dia perfeito para pormos o plano em prática será no próximo sábado. A execução acontecerá daqui uma semana, os guardas atuam em diversos horários, conheço de cor e salteado a escala das rondas então não será difícil sabermos em que horário devemos agir. – Explicou o guarda demonstrando conhecimento da área. – Eu me encarregarei de invadir a dispensa da cozinha e despejar as ervas soníferas nos frascos de tempero.

Em seguida, o conde afastou a aba de seu casaco, tirou dele uma pequena bolsa de couro recheada de moedas de prata e entregou ao guarda. – Tome, aqui tem o suficiente para a compra do sonífero, procure pela mais potente das ervas, forte o bastante para sedá-los completamente. 

– Entendido. As refeições serão distribuídas ás seis horas da tarde, o período até o sonífero surtir efeito é de trinta minutos, portanto, ás seis e meia é o horário exato para realizarmos a troca de Gwyan para a cela de Yára.

– Mas, e esse Gwyan... É mesmo parecido com Yára? – Indagou o nobre entrecerrando os olhos, com uma expressão desconfiada em seu rosto.

– Não se trata de serem parecidos. Eles são quase idênticos, o mesmo olhar, o mesmo tom de voz... Certamente isso será mais do que suficiente para enganá-los.

 Após longos minutos discutindo o plano, Damon conferiu a hora no relógio de ouro que levava no bolso do colete, já estava ficando tarde e o sol já estava se pondo no horizonte, dando lugar à noite que em breve, se aproximaria. Ele despediu-se de Will e seguiu para sua carruagem, Mark imediatamente correu para abrir a porta e dar o braço ao conde. – Espero que faça uma boa viagem de volta á mansão, conde Dasovic. – Disse o guarda com um último aceno, recebendo um gesto curto e positivo com a cabeça em resposta. O conde disse para si mesmo o quanto aquilo era ridículo, não sabia se podia confiar naquele homem, que por ironia do destino, pertencia justamente á guarda do calabouço, mas unir forças com ele parecia-lhe a solução mais prática.

oOoOo

O dia da execução do plano chegou nublado, o céu estava coberto por um manto acinzentado de nuvens espessas e carregadas, anunciando que em breve uma forte chuva cairia. Damon vestiu uma armadura na qual pertencia ao seu pai e experimentou andar, pois nunca antes a havia usado, era consideravelmente leve, não ultrapassava de dois quilos e sua flexibilidade tornava possível uma cambiagem de tensões dentro da couraça. O conde retirou da parede, logo acima da lareira, sua espada lavrada em prata e de pé em frente ao espelho, sacou sua espada e treinou sozinho alguns movimentos de ataque e defesa, investindo violentamente contra um inimigo imaginário. Os movimentos pareciam fáceis nas mãos experientes do nobre, no entanto, foi necessário muito treinamento e dedicação na base de diversos erros e tentativas.

Chegada a hora de partir, Damon embainhou sua espada pendida ao cinto de couro com rebites e seguiu para a carruagem. O cocheiro Mark subiu na boleia, agitou as rédeas e arrancou a grande velocidade, rumo ao castelo de St. James.

 O plano começou a tomar forma fora do papel, Will encarregou-se de invadir a cozinha subterrânea e realizar a mistura das ervas antes mesmo de o sol nascer, o fato do sonífero possuir um aroma quase neutro contribuiu copiosamente para que a mistura passasse despercebida tanto pelos cozinheiros, quanto para os guardas e prisioneiros. O encontro com o conde nos arredores do castelo foi pontual, após ter lhe informado o sucesso da primeira etapa do plano, partiram, portanto, para a sua segunda etapa.

Os guardas, desde os portões principais ao interior do calabouço encontravam-se estirados sobre o chão, completamente inertes sob o efeito das potentes ervas soníferas, todavia, todo cuidado era pouco, por precaução, ambos cutucavam os homens sedados com a bainha de suas espadas.

 Tudo aquilo era como um grande pesadelo, a morte nunca tinha parecido tão próxima, ou tão complicada. O potencial de perda era muito grande, um homem tão importante e renomado quanto Damon não arriscaria sua vida por mero escravo, no entanto, isso não passava de um reflexo pessimista de suas inseguranças que tomavam cada vez mais o controle de seus pensamentos. – Sei que não virá, mas queria ao menos sentir um último abraço seu antes de partir, um último beijo, despedir-me corretamente e dar-lhe um último adeus... Você já fez demais por mim e sabe o que eu lhe agradeço, mais do que tudo? Ter me proporcionado os melhores meses que tive nesse país. Só os deuses sabem o quanto eu seria feliz se pudesse continuar vivendo ao seu lado. – Yára sentiu como se Damon estivesse ali presente, ouvindo cada palavra que dizia.

Segundos depois, uma voz bastante conhecida para si soou através do postigo gradeado. – Então já pode considerar-se a pessoa mais feliz do mundo, enquanto você estiver ao meu lado farei até o impossível para dar-lhe os próximos melhores anos da sua vida. – De repente, ali estava ele, a figura e personificação do amor que pode atravessar quaisquer barreiras, um amor tão forte que nem mesmo o destino poderia separá-los. Yára não imaginara que seria capaz de estabelecer um vínculo tão forte com o alguém, cuja espécie, massacrou e escravizou todo o seu povo.

– D-Damon!? – Lágrimas, desta vez de felicidade e esperança, escorreram violentamente pela face pálida. Em uma reviravolta, olhos expressivos que em instantes atrás pareciam secos e sem vida, brilharam de alegria. Enquanto o conde abria a porta-forte da cela de Yára, Will ocupou-se em destrancar a de Gwyan para realizar a troca. – Você veio por mim...! – Quando liberto dos grilhões que prendiam seus pulsos e tornozelos, Yára não pode conter-se, meio trêmulo e desajeitado, o pequeno jogou-se nos braços do homem mais velho, ambos abraçaram-se com força e choraram compulsivamente.

– Você acreditou realmente que eu não viria lhe buscar? – O moreno fixou seus olhos castanhos nos azuis dos do elfo e lhe disse num tom carinhoso e apaixonado. – Não há ninguém nesse mundo quem eu ame mais do que você. – Dessa vez mais próximos, ambos os olhares encontraram-se, lábios rosados e ligeiramente carnudos abriram-se lentamente como se concedesse mutuamente a permissão para o nobre beijá-los. Esquecendo-se completamente de onde estavam e sem se importar com as consequências, ambos entregaram-se como se por instinto, a um beijo longo, quente e profundo. Momentos depois o ósculo foi interrompido devido à necessidade de recuperar o ar que lhes faltava.

– Mas... Certamente virão atrás de mim... – Ainda meio ofegante, disse o elfo com certa dificuldade.

– Não se preocupe, eu tenho tudo sob controle. – Damon sorriu, segurou o rosto pálido entre as mãos e o olhou carinhosamente ao dizer. – Vamos para casa, você precisa descansar. – A mão em seu rosto estava prestes a congelar sua pele, de tão gelada. – Sua pele está tão gelada... – Após enrolar um manto de algodão em torno de seus ombros para protegê-lo do frio tremendo que ali fazia, o conde levantou cautelosamente o corpo frágil, pegou-o no colo e não pôde deixar de compadecer-se por ele estar tão magro, pesando tão pouco em seus braços. O pequeno, por sua vez, aninhou-se no calor dos seus braços, sua cabeça repousava no peito largo do homem mais velho, deslizando lentamente seus braços ao redor do pescoço do mesmo.  – Feche seus olhos e durma. Logo estaremos em casa. – Sem nem mesmo pensar, o moreno inclinou-se depositando um beijo sobre sua testa. O elfo fechou seus olhos fazendo que sim com a cabeça, embora não pudesse explicar, nos braços fortes do conde, via o seu maior e único porto seguro.

Damon fez um sinal com a cabeça em incitamento á Will, que aguardava do lado de fora da cela com Gwyan, e a troca fora realizada silenciosamente sem que Yára pudesse perceber, sabia que ele jamais se permitiria fugir sabendo que outro elfo se sacrificaria em seu lugar.

Instantes depois, estava tudo pronto para partirem, no entanto, passos pesados e metálicos descendo a escadaria de pedra foram ouvidos de repente. Ambos cogelaram suas posturas, apenas entre olhavam-se estáticos e acuados, sem saber o que fazer. – Essa não... – Murmuraram ambos. O conde desceu o elfo de seu colo e colocou-se em sua frente. Nos últimos degraus foi revelada a imagem do homem a quem menos queriam que aparecesse por lá. James havia sido convocado para uma missão de patrulhamento de rotina pelos perímetros do reino, uma vez que a guarda do calabouço não era a única de suas obrigações. Sem soldados o suficiente, o guarda havia retornado para convocar alguns de seus homens para reforçar a artilharia. – Droga, havia me esquecido totalmente de James!

– Estou impressionado, eu confesso. Todos os meus homens estão completamente sedados, ninguém teria a capacidade para isso a não ser um traidor da própria guarda, mas nunca pensei que esse traidor fosse você. Estou decepcionado Will, lamento muito, mas terei que matá-lo. – Proferiu o que separou o punhal da bainha e testou o fio de sua lâmina com o dedo polegar, o toque, por mínimo que tenho sido, causou-lhe um pequeno corte. James desembainhou sua espada, já pronta para o ataque, enquanto a de Will posicionava-se em modo de defesa.  James avançou furioso e atacou por cima com uma velocidade impressionante, no entanto Will desviou para direita e depois para a esquerda, arriscando, em uma tentativa falha, ferir a lateral do corpo de seu oponente. James investiu novamente e redirecionou seu ataque em pleno movimento, com um sorriso perverso estampado em seu rosto, o mais velho, em um golpe certeiro, cravou sua espada no pescoço do guarda mais novo, atravessando sua garganta, o ferimento jorrou sangue imediatamente para todos os lados. Quase desprovido de qualquer sentimento, o guarda limpou seu rosto e sua espada suja de sangue em um lenço branco e disparou friamente. – Talvez eu deva cortar a cabeça de Will e expor para os demais para que sirva de aviso.

– Will! – Gritou o elfo extremamente horrorizado, lágrimas brotaram como torrentes de seus olhos ao vê-lo ser morto por sua causa. 

 James soltou uma gargalhada maléfica com uma voz rouca e gélida, sacando sua espada novamente. – Pensou que ia simplesmente fugir e viver feliz para sempre ao lado do conde como num conto de fadas? Infelizmente as coisas não serão como você deseja. – Disse o guarda que não poupou-se em conter seu sorriso diabólico, lançando um olhar assassino ao nobre. – Você é o próximo, Dasovic. Creio que não há problema em mandar para o inferno um conde que traiu a corte e seu rei. Certamente, ganharei algumas moedas de ouro como recompensa.

– Não será tão fácil como imagina! – Vociferou Damon com a espada erguida e em posição de combate. De jeito algum podia deixar-se fracassar naquela luta, uma vida muito preciosa estava em jogo, salvar a vida de seu amado era muito mais importante que a sua própria.

Com os olhos arregalados, e a face incrivelmente empalidecida, Yára interviu. – Não! Eu não posso deixar outra pessoa ser morta por minha causa! James, se eu me entregar, por favor, deixe Damon ir?!

– É claro, dou-lhe minha palavra. – Respondeu sarcasticamente, enquanto olhava nos olhos ingênuos do elfo.

– Que droga está dizendo Yára? Como se a palavra desse desgraçado tivesse algum valor. Eu jamais permitirei isso! Se afaste agora! – Damon deixou-se perder a cabeça e baixou sua guarda, desconcentrando-se por um momento. A situação oportuna foi o impulso perfeito para que James avançasse rapidamente em direção ao conde, que num reflexo perfeito, empurrou o elfo para longe e bloqueou o primeiro ataque com precisão. Os dois encaravam-se com os rostos muito próximos um do outro, forçando lâmina contra lâmina. – Veremos quem irá para o inferno. – Damon puxou sua espada, recuou dando um pulo para trás e investiu num contra-ataque, o guarda, por sua vez, se defendeu rapidamente do golpe vertical do conde.

James esboçou um sorriso esnobe, vangloriando-se ao dizer. – Você é bom, devo admitir, mas não é páreo para mim. – O som metálico do raspar das lâminas ecoava no calabouço, o nobre atacou de baixo para cima e ao ter seu ataque precisamente defendido, girou e tentou com sucesso, atingi-lo pela lateral, cortando a armadura do guarda.

– É nocivo subestimar em excesso seus inimigos. Não fique tão cheio de si. – Disse confiante.

– Maldito! – O guarda avançou furiosamente, desferindo golpes contínuos, foi necessária uma rapidez espantosa para repeli-los, era como se a raiva houvesse aumentado significativamente suas habilidades. James atingiu de raspão o braço em que Damon empunhava sua espada, o conde havia bloqueado as demais investidas, entretanto, dessa vez verteu sua espada, ferindo o braço musculoso do seu oponente. – O próximo alvo será sua garganta!

 O ruidoso tinir da espadas ainda ecoava, o combate excedia-se cada vez mais violento. Impotente, Yára chorava compulsivamente enquanto observava os dois homens lutarem sem medo e sem descanso durante o que lhe parecia quase uma eternidade. Odiava ser esse garoto fraco e vulnerável que ansiava pela proteção de Damon, estava completamente indefeso e, mesmo que empunhasse a melhor das espadas, não teria a mínima chance de lutar ao lado do conde, nunca havia se sentido tão inútil em toda sua vida.

James contra-atacou tentando arrancar a espada longa das mãos de Damon, que bloqueou novamente seu ataque. Agora, em posições opostas, o nobre girou sobre os calcanhares e investiu sua espada contra a brecha da armadura do guarda. Espadas chocaram-se novamente num atrito violento, lâmina contra lâmina. Ambos colocavam uma pressão espantosa em suas espadas, no entanto, o conde exigiu muito de seu braço recém ferido, a dor foi insuportável e a mão direita acabou por fraquejar. Assim, o guarda arrancou sua espada com um puxão violento, que voou rodopiando no ar, fazendo com que o conde se desequilibrasse e caísse sobre o chão. Rendido pela espada de James, podia sentir o afiado gume da espada arranhando seu pescoço. – Como eu lhe disse antes, você não é páreo para mim!

Yára concluiu que nada se compara com o horror de perdê-lo, lhe doía profundamente não ter feito nada para ajudá-lo, mas o que um corpo fraco como o seu poderia fazer? Não podia permitir que Damon fosse morto por sua causa, era naquele instante em que precisava lutar e superar suas fraquezas. Sentiu uma grande esperança florecer dentro de si, e por mais difícil que lhe parecesse, naquele momento, resolveu agir. Movido por uma grande adrenalina, o elfo correu em direção ao guarda, tomou impulso e subiu-lhe pelas costas agarrando-o pelo pescoço. James desvencilhou-se dando com o ombro em Yára, que foi rapidamente arremessado para trás, caindo de costas no chão. Isso foi tempo o suficiente para que o nobre se levantasse e recuperasse sua espada.

 – Damon!  – O conde virou-se rapidamente enquanto a voz de Yára clamava seu nome.

– Elfo maldito. Morra! – Tomado por uma fúria terrível e descontrolável, o guarda lançou-se contra o pequeno, mirando a espada contra seu peito.

 

Continua...



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