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História Boneca de Porcelana - Capítulo Único


Escrita por: Mschinder

Notas do Autor


Olá!! De vez em quando eu volto kkk.
Pois bem, dessa vez é uma One de Horror para o desafio do grupo que participo (link nas notas finais)!

Fic inspirada nessa música: Prelude 12/21 - AFI
“Beije meus olhos e me ponha para dormir”

Boa Leitura!!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Era mais uma vez uma noite qualquer no meio de Londres. E, como qualquer outra, eu repousava calmamente naquela cama – sem me mover, falar ou respirar direito. Estou nesta sobrevida há muito mais tempo do que podia recordar.

Quem eu sou? Não tenho certeza. Desde que ele me trouxe para cá, fez tudo que desejava comigo – desde inserção de drogas até usar meu corpo como um brinquedo para suas vontades – e coloquei-me nesta situação, eu perdi completamente a noção de quem e do que eu era.

O “tic tac” do relógio ecoava pela sala – sim, nem mesmo um quarto para mim mesma eu possuía, apenas as outras garotas tinham esse direito. Por quê? Porque elas tinham mais “clientes” do que eu.

Eu posso não saber quem sou, mas tenho completa consciência do quê sou. Já ouvi nos chamarem de diversas coisas – barbies, bonecas, já nos compararam, até mesmo, com cadáveres. Lembram que eu não posso me mexer? Apenas sentir e pensar, que são as duas coisas das quais abriria mão no começo, mas agora nada importa mais. Eu não sou mais eu – seja lá quem essa pessoa for.

Aos poucos, aquela noite se tornava cada vez mais comum. O local se enchia de vozes – masculinas e femininas. Aos poucos, eles nos rodeavam e se curvavam sobre os vidros para ver melhor nossas feições desenhadas e modificadas para o agrado deles mesmos. Meus olhos enxergavam seus rostos, mas a maioria era desconhecida para mim. A hora passava, assim como as pessoas que, por pagarem bem, tocavam em meu corpo da forma como queriam.

Deixe-me explicar, por mais que minha voz não possa sair por minha boca, o que é este lugar. Mais conhecido como um clube, aqui é onde os “clientes” se reúnem para ver suas fantasias mais macabras serem realizadas. A maioria de nós é comprada por preços exorbitantes e levadas para os quartos reservados – se já não estivermos em um – para que os pagantes possam nos usar – seja apenas como uma observadora para suas vontade, seja para nos vestir e tratar como bonecas, seja para fazer sexo conosco imaginando qualquer outra situação doente.

Não conheço mais ninguém que está exposto aqui, mas sei que a maioria de nós somos mulheres. Com o tempo e o adentrar da madrugada, os valores aumentavam cada vez mais e as vozes se elevavam. Eu continuava sendo tocada, mas nunca levada para nenhum lugar. Era apenas nesses momentos que alguns murmuravam algo que parecia ser um nome, em minha direção. Hinata. Hinata. Hinata. Era como um eco, que minha mente sempre insistia em apagar. Entendam, algumas coisas são mais fáceis de aceitar quando não se tempo algo que lhe dê um nome, uma personalidade, lhe torne humano.

Hinata. Mais uma vez o nome, mas, daquela vez, eu conhecia a voz. Talvez fosse a única voz que não desaparecia de minha mente, a única recordação de uma vida que não era mais minha. Ele insistia em vir todas as noites para me ver; insistia em admirar, como gostava de dizer, sua obra-prima.

— Sasuke, senhor! — exclamou a pessoa que sempre cuidava de minha caixa. Sim, nós temos cuidadores, pois ainda temos necessidades humanas que precisam ser evitadas. — Como sempre, é um prazer!

— Suigetsu, leve-a para minha sala.

Ao ouvir aquilo, senti o impulso de sair correndo, mas os movimentos eram algo que não pertencia mais a mim. O barulho das rodinhas se fez presente, pela primeira vez em dias, e me levou por corredores com paredes vermelhas, teto branco e várias portas de mármores. Eu nunca sei como é o chão, mas imagino que seja de madeira pelo som que as rodas fazem ao passarem por cima de si.

Uma porta foi aberta e minha caixa deixada no centro de uma sala decorada com as cores marrom e preto. Era muito sombria, mas eu a conhecia bem. Novamente a porta foi aberta e fechada e passos rápidos vieram em minha direção. O som a madeira rangendo – ali eu tinha certeza do que era feito o chão – era assustador e, quando as mãos gélidas tocaram as minhas, eu arrepio atravessou meu corpo e a vontade de sair correndo voltou com mais força.

Ele era a única pessoa que sabia sobre o meu passado – coisa que até mesmo eu esquecera. Seus olhos negros me observavam da mesma forma que na primeira vez que nos encontramos – com tanto carinho que era difícil imaginar que seria capaz de me machucar. Seu toque quente saiu de minha mão inerte para meu rosto sem expressão e tocou minha bochecha. Aos poucos, e descendo de onde estava, a mão percorreu por minhas roupas – desatando os laços, abrindo zíperes e botões.

Minha mente sempre ficava em branco nessas horas e mergulhava nas poucas coisas que eu conseguia me lembrar sobre ele. Sasuke Uchiha. Magnata. Trinta e cinco anos. Órfão. Ganhador do prêmio Nobel da paz. Dono da maior rede de venda humana no planeta e o primeiro homem a conseguir criar uma boneca humana de verdade. Sasuke era admirado por todos aqueles que o perseguiam para colocá-lo atrás das grades.

Minha mente voltou a focá-lo quando ouviu-o gemer pela última vez. Como eu disse antes, posso sentir, mas se conseguir ir para bem longe, nada disso me afeta. Diferente de muitas outras que foram a loucura e acabaram descartadas em vielas, barrancos e rios – como Suigetsu, meu cuidador, adorava me contar – minha mente conseguiu sobreviver a todos os assédios que aquele homem fizera a ela e ao meu corpo.

— Minha doce, Hinata — murmurava fazendo carinhos circulares em minha bochecha. — Depois de tantos dias longe, finalmente posso lhe ver. Não aguento mais aquela insuportável da minha esposa, nem a chata da minha filha. Sakura e Sarada me forçaram a ficar em casa, durante uma semana, acreditando que isso me impediria de vir até aqui. Ó, minha Hinata! Você não sabe como senti sua falta. Mas podemos ficar juntos agora, nada mais vai entrar em nosso caminho.

Eu não podia responder, mas se pudesse teria pedido para que me matasse, mas eu sabia que nunca o faria. Não tinha “clientes”, pois era proibido que me tocassem do jeito que ele o fazia. E eu sabia que, se ele estivesse falando sério, Sakura e Sarada já não estavam mais entre nós.

— Agora, podemos viver muito mais anos assim e você não precisará mais ficar exposta para todos aqueles nojentos — continuou sem se afastar do meu corpo quase morto. Um espasmo fez com que meu braço tremesse duas vezes e ele saltou para longe, com o olhar horrorizado. — Não! Não! Acho que está na hora de dar seu remédio mais uma vez.

E, quando a agulha entrou em meu braço, eu senti como se morresse mais uma vez. Ouvi sua voz ficar distante e meus pensamentos nublaram. O esquecimento se aproximava novamente e apenas a sensação de que eu perdera tudo continuou ali, presente. As coisas que ele fazia eram erradas, mas ninguém conseguia o impedir.

— Isso, agora vamos ficar juntos para sempre — murmurou enquanto depositava beijos em meus olhos e balançava a caixa como se estivesse fazendo um bebê dormir. — Sempre...

O verdadeiro monstro é sempre o ser humano e não as lendas que tantos ouvimos quando somos crianças.


Notas Finais


E então? O que acharam? Horroroso? Ficou aquela sensação de nojo e incredulidade que temos com monstros e outras coisas?
Deixem seus reviews!

(link do grupo: https://www.facebook.com/groups/CurtidoresSHBR/ )


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