História Books - Provocations

  Então se passaram duas semanas desde nosso "primeiro encontro", e saímos umas quatro vezes durante esse tempo.

  No começo de cada encontro eu devolvia sua jaqueta, e ao término de cada um, Jean me devolvia sempre alegando que era uma desculpa para passarmos para o próximo encontro. Seu ato era um tanto fofo, acabava que aquela jaqueta que ficava sempre grande em meu corpo estava passando um bom tempo comigo, e isso resultava que aos poucos ela ia perdendo o perfume que eu amava de Jean ,e perdeu de vez quando fui obrigado a lava-la.

  Eren já tinha me perguntado várias vezes sobre meus "atrasos" e sobre a jaqueta masculina que tinha "surgido misteriosamente" no nosso cesto de roupas para lavar.

  Sempre quando chegava em casa depois de ficar com Jean, Eren fazia uma série de interrogatório querendo saber onde e com quem eu estava, eu só dizia que estava saindo com alguém, mesmo ele insistindo para que lhe diga pelo menos o nome de quem eu saía, eu simplesmente não o fazia.

  Eren é meu amigo, eu confio completamente nele e quero lhe contar tudo, mas ele também não me diz sobre com quem ele sai, então para mim era mais do que justo.

  - Eren, vou sair - o avisei enquanto saía do banheiro com uma toalha no corpo.

  - Wow, que novidade Armin, você nunca sai... - Eren disse fingindo surpresa enquanto estava deitado no sofá assistindo algum programa na TV. Revirei os olhos com seu comentário sarcástico, entrando no quarto para me trocar - Armin! - o ouvi me chamar, saí de meu quarto já de calsas e com o resto de minhas roupas nas mãos, incluindo meus tênis.

  - Oque?

  - Quando vai me contar sobre esse cara com que você anda saindo? - essa conversa de novo​ não...

  - Por que deduziu que é um cara? Poderia ser uma garota - o vi revirar os olhos entediado.

  - Julgando pela jaqueta masculina que é maior do que você, que surgiu magicamente nas suas coisas, e é a mesma que você leva para lá e para cá sempre que vai sair... Ah! E o mais importante: você nunca quis sair com garota alguma! Então, foi só somar 2 2. Enfim, quando vai me contar?

  - No mesmo dia que você for me contar sobre sua "queda" pelo nosso vizinho, sendo mais específico, o vizinho da frente, o... Levi... - falei entrando na "brincadeira", e Eren logo se sentou no sofá, pronto para dizer algo.

  - Como assim Armin?! De onde tirou essa ideia? - ele estava levemente corado oque me fez rir.

  - Sou observador, e digamos que foi só somar 2 2 que o resultado é Levi - "reciclei" sua frase, vendo Eren bufar voltando a olhar a TV, provavelmente​ desistindo da "discussão".

  Terminei de me vestir pegando minha bolsa e colocando a jaqueta dentro.

  - Eren - ele me olhou - Prometo que quando voltar, te contarei tudo - falei saíndo.

  Apesar de estar sol, ainda estava frio por conta do outono.

  Avistei Jean do outro lado da rua me esperando em frente ao shopping. Sorri atravessando a rua e o abraçando.

  - Você sempre chega antes de mim, estou começando a achar que sempre chego atrasado - ele riu.

  - Oi pra você também Armin - ele disse beijando minha bochecha, algo que ficou comum entre nós.

  - Trouxe sua jaqueta - a retirei dá bolsa a entregando, ele pegou de minha mão para me vestir com a mesma.

  - Obrigado - disse ele e entramos no shopping.

  Jean e eu estávamos tendo um bom relacionamento amigável, o que na verdade é bom se lembrarmos de que a algum tempo atrás eu nem sequer imaginava falar com ele como falo agora. Mas como eu era alguém nada satisfeito, eu gostava de Jean, mas no tipo apaixonado - o que já era bem óbvio - e com isso, já estava claro de que eu queria mais do que apenas sua​ amizade, mas eu tenho a impressão de que de algum modo meu sentimento é recíproco.

  Pela primeira vez estávamos indo ao shopping para assistir um filme no cinema, Jean me disse que queria inovar um pouco em nossos encontros, então estávamos lá, na fila dá bilheteria, compramos nossos ingressos e já entramos em uma outra fila, a fila da bomboniere.

  - Vai querer só a pipoca? - ele me perguntou e fiquei um pouco pensativo.

  - Acho que também vou querer... Chocolate! 

  - Chocolate?

  - Sim, chocolate, é tão doce, tão... Delicioso e...

  - Combina com você - disse e o olhei questionando - só não posso confirmar ainda se é tão bom quanto - corei, vai ver minha mente anda muito pervertida e qualquer coisa que Jean fale pode ser transformada em algo cheio de segundas intenções, porque foi oque entendi.

  Pegamos nossas guloseimas, que consistiam em pipoca, refrigerantes, muitos doces e minha adorada barra de chocolate, eu amava doces, ah! E uma garrafa d'água.

  O filme durou mais ou menos uma hora e meia, e ao seu término, saímos dá sala de cinema.

  O percurso até a garagem foi nossa conversa sobre o filme assistido, e meus agradecimentos o quanto de doces Jean me deu.

  - Quando​ passamos dá minha casa, não imaginei que me traria aqui - falei descendo da moto.

  - Não gostou? - observava o lugar atentamente.

  - Não é que... Eu amo vir aqui - falei maravilhado. Eu amava ir à praia dali, era um ótimo lugar para ler algo, ainda mais quando era tão calmo assim.

  Andamos até o meio para nos sentamos na areia. Retirei a jaqueta e meus tênis dobrando minha calça ficando um pouco abaixo dos joelhos. Olhei para Jean que sorriu, me levantei caminhando até a beira do mar, onde a água tocou meus pés, andei mais um pouco e observei atentamente a paisagem a minha frente.

  Era perfeito, tudo alí era perfeito.

  Me assustei ao sentir braços me rodeando.

  - É lindo não é?

  - Sim, é lindo... - me virei para olha-lo. Jean se abaixou segurando minhas pernas me carregando em seu ombro - o que está fazendo?

  - Estou te levando para a areia, está ficando frio para você ficar aqui na água - eu ri me debatendo.

  - Jean! Me solta! Eu sei andar - ele riu me ignorando até chegarmos onde estava nossas coisas e me sentou na areia fazendo o mesmo ao meu lado.

  - Podemos vir aqui mais vezes.

  - Seria incrível - falei abrindo minha bolsa para pegar minha deliciosa barra de chocolate pela metade, a desembrulhei e dei uma deliciosa mordida - quer um pouco? - ofereci para Jean o estendendo um pedaço para que pegasse.

  Jean se inclinou para mim pegando o pedaço de chocolate com sua boca dá minha mão.

  - Obrigado

  - N-nao tem de quê - disse corado com seu ato, desviei o olhar para a barra em minhas mãos.

  - Você disse que gosta daqui.

  - Sim, eu gosto.

  - Bom saber - o olhei, ele estava sorrindo - assim já sei onde sempre te levar - abri minha boca para dizer nem que fosse algo sem sentido algum, mas travei mais ainda ao ve-lo se aproximar colocando uma mão em meu rosto - seu rosto está sujo - falou passando o polegar no canto de minha boca e ao retirar, pude ve-lo com algumas migalhas de chocolate que foram levadas até sua boca as chupando. Abaixei a cabeça para que não me visse com o rosto completamente vermelho.

  - Por que você faz isso? - sussurrei para mim mesmo, mas acho que ele ouviu pois perguntou:

  - Isso oque?

  - fica me provocando assim - sussurrei, mas é claro que ele novamente me ouviu.

  - Por que você acha? - levantei a cabeça o olhando, Jean me fitava meio sério.

  - N-não faço ideia do porque...

  O vi se aproximar novamente ,parando a milímetros para nossos se tocarem.

  - Então quer que eu diga? - sua voz rouca me arrepiava. Não consegui negar e nem afirmar sua pergunta, meu corpo se encontrava totalmente estático.

  No segundo seguinte, nossos lábios se tocaram não demorando para que abrissemos nossas bocas - fiquei até impressionado comigo mesmo por conseguir retribuir seu beijo - logo sua língua adentrou a minha boca. Suas mãos foram para meu rosto e as minha finalmente soltaram o chocolate para segurarem seus ombros.

  Eu estava bem nervoso para falar a verdade, nunca tinha beijado alguém assim, estava até com medo de fazer algo errado.

  Franzi o cenho ao senti-lo se afastar quebrando o beijo tão viciante com um leve gosto doce do chocolate que comemos.

  Destranque a porta entrando em casa, a fechei me jogando no sofá.

  Meus olhos se fecharam com o intuito de relaxarem, pois havia sido um dia cansativo cheio de surpresas, mas meus planos de relaxamento estava sendo envão, já que meu coração ainda acelerava tanto que achei que teria um ataque cardíaco. Abri meus olhos ao ouvir a porta abrir e fechar.

  - Ah, oi Armin - Eren me cumprimentou ao passar pala porta, ele estava com os cabelos bagunçados, as marcas em seu corpo e principalmente no pescoço tentavam ser cobertas pelas roupas amassadas de Eren, e algo a mais que me chamou a atenção foi que sua camiseta estava do lado errado deixando a etiqueta a mostra, o olhei de cima a baixo raciocinando oque ele havia feito e imaginando sua desculpa.

  - Oi, onde estava? 

  - Fui pedir um pouco de açúcar para um dos nossos vizinhos - o analisei mais uma vez.

  - E onde esta o açúcar? - perguntei logo vendo seu olhar de pânico. Pelo menos para mim, Eren era um péssimo mentiroso.

  - Eu acho que... N-não vem mudar de assunto! - falou apontando para mim.

  - Você é quem está mudando de assunto.

  - Você me disse que contaria sobre seu "caso" quando voltasse - ele falou me ignorando - agora eu quero saber! - se sentou ao meu lado e fiz o mesmo.

  - O nome dele é...

  - Há! Sabia que era 'ele'! - me interrompeu e eu bufei.

  - Posso falar?

  - Claro.

  - Bem, o nome dele é Jean... - comecei contando tudo à Eren e sobre oque houve hoje na praia, e é claro que Eren me interempeu algumas vezes, mas consegui tudo - me desculpe não ter te contado sobre isso antes, é que... Não sei, acho que eu estava com vergonha...

  - Tudo bem Armin, oque importa, é que você me contou.

  - Obrigado por me ouvir Eren - ficamos mais um pouco em silêncio até eu me lembrar de que ele me devia explicações - então... Nós compramos açúcar ontem - ele fez novamente a expressão de pânico e não pude deixar de rir - por que não me diz oque realmente estava fazendo?

  - Eu disse, pegando açúcar.

  - Compramos açúcar!

  - Acabou.

  - Ok, o açúcar acabou e você foi pegar mais com o vizinho, mas onde está o açúcar?

  - Armin! Para de ficar me interrogando! - ri novamente, era engraçado pois ele também me interrogava.

  - Estou com fome, e é a sua vez de fazer o jantar.

  - Estou muito cansado para cozinhar.

  - Se eu te pagar uma pizza você me conta? - ele ficou pensativo por um tempo e sorriu.

  - Me convenceu...

  Segunda feira era um dia normal de trabalho, e eu estava lá trabalhando, sentado em minha mesa lendo um bom livro. Ao meu lado estava Eren, sentado com o queixo apoiado na palma dá mão com a mesa sustentando o braço pelo cotovelo, ele olhava diretamente para alguém, e pude ver que era nosso vizinho.

  Levi Ackerman era nosso vizinho da frente desde que nos mudamos para o condomínio, eu e ele não conversávamos muito, e no começo ele e Eren só discutiam sem algum motivo que eu achava realmente necessário discutir, mas com o tempo eles foram ficando mais simpáticos um com o outro, é isso aconteceu de um dia para o outro, é isso para mim foi meio estranho. Mas tudo foi explicado para mim.

  Noite passada Eren confirmou oque eu já desconfiava. Meu amigo me contou uma história super longa e complicada sobre como ele é Levi começaram a ter um caso, e se encontravam uma ou duas vezes na casa do Ackerman para fazerem... Coisas bem intimas.

  E Levi estava hoje na biblioteca sentado em uma mesa lendo alguns livros enquanto Eren o encarava de longe nada descreto.

  - Assim vai se atrasar Eren - o avisei voltando a ler.

  - Quem é você para falar sobre atrasos Armin? - Eren era tão irônico que as vezes eu ficava irritado, já que o mesmo brigou comigo por chegar em casa faltando três horas para o começo de uma festa, e agora que eu digo a ele que se não for logo se atrasará, ele simplesmente me ignora e continua a encarar nosso vizinho.

  - Hey, Armin - ergui meus olhos do livro para ver Hange - podemos trocar de lugar? Estou cansada de ficar guardado livros.

  - Claro - falei fechando o livro e dando espaço para Hange se sentar na cadeira. 

  - Acho que já vou indo Armin - Eren disse se levantando, mas sem tirar os olhos de Levi - se não chegarei atrasado - ele me olhou e assenti, mas quando ele ia sair, Levi se aproximou com dois livros os estendendo para Hanji, oque fez Eren paralizar.

  Revirei os olhos sorrindo ao ver Eren que não parava de encarar o menor ao seu lado, e oque me intrigava era o fato de Levi não estar ligando!

  O barulho dá porta me chamou a atenção, sorri mais ainda​ ao ver que era Jean quem entrava , olhei para meus amigos que se encontravam entretidos em algo - ou alguém. Peguei o carrinho de livros e entrei em um corredor até chegar a parte mais isolada da biblioteca, peguei alguns livros os guardando em seus lugares.

  - Que bela estratégia Arlert - ouvi sua voz sussurrando em meu ouvido, e apesar de já imaginar que ele me seguiria, não pude deixar de me surpreender com aquilo.

  - Jean - me virei para ele - achei que viria somente amanhã.

  - Resolvi vir antes - ambos sussurravam um para o outro, mais baixo até do que do que falávamos na parte mais movimentada para ninguém nos ouvir - e te convidar para ir jantar na minha casa - se aproximou mais para beijar o canto de meus lábios.

  - J-jantar na sua casa ? - gaguejei pois eu realmente não estava acostumado com suas provocações, por mais que ele as faça sempre.

  - É... - ele continuou com seus beijos pelo meu rosto - oque me diz?

  - Q-quando? - ele beijou meu pescoço antes de me olhar. Céus! Não dava para resistir aos seus encantos nem se eu quisesse!

  - Tudo bem se for na sexta? - perguntou e eu tentei ignorar suas mãos em minha cintura.

  - C-claro - o respondi antes de Jean me beijar, foi algo rápido, mas quando nos separamos o vi sorrir.

  - Então te busco as 20h , certo? - assenti devagar até Jean se afastar - vou precisar ir agora, mas nos vemos na quarta na cafeteria no mesmo horário?

  - Sim ... - ele sorriu e me deu um último beijo antes de ir.

  - Até Armin - entrou em um corredor até não conseguir ver mais ele.

  - Até...

  Meu coração continuava acelerado enquanto meu rosto de quente voltava ao normal aos poucos.

  Era estranho ainda não ter me acostumado com tudo aquilo que Kirschtein me transmitia, desde palavras até atos?

  Mas isso não importava, oque importava era que Jean estava retribuindo meus sentimentos, é isso era algo que me deixava extremamente feliz.