Perda. Substantivo feminino. Ato ou efeito de perder. Fato de deixar de possuir ou de ter algo.
Como já disse Lya Luft: ” Não queremos perder, nem deveríamos perder: saúde, pessoas, posição, dignidade ou confiança. Mas perder e ganhar faz parte do nosso processo de humanização.” Perder faz parte da nossa vida, constantemente lidamos com ela, mas isso não quer dizer que estaremos preparados para a próxima perda. Nunca estaremos. Sempre será um choque, irá doer ou preocupar. Causar raiva. Você. Eu. Rico. Pobre. Todos terão que lidar um dia com isso, seja perder um dente ou... perder um ente querido. E as vezes perder é algo bom, como por exemplo, perder algum tipo de medo.
Mas naquele caso perder seria devastador.
O hospital estava deserto aquele horário da madrugada, não havia sido um dia cansativo para os médicos, pequenos casos durante o dia e até aquele horário nenhum paciente de risco havia dado entrada, apenas os mesmos casos de dias anteriores. Camila estava entre eles.
Três pessoas observavam, do lado de fora da sala de vidro, o corpo inerte da jovem mulher que não dava sinais haviam dias, e no momento uma delas deixava claro que talvez o pior viesse a acontecer. Veja bem, ela torcia tanto quanto eles para que a latina acordasse, mantinha sua fé direcionada aquilo, como pessoa ela podia ter fé, mas como médica sabia que as coisas eram diferentes. Difíceis. E quanto antes a família se preparasse para o pior, seria melhor. Mesmo que ela própria fosse desmoronar se aquilo acontecesse.
Era uma jovem que ela considerava filha em cima daquela cama de hospital, com um tubo garganta a dentro e quase morta. Mas no momento ela era a médica responsável pelo caso e devia agir como tal. Foi o que ela fez, mas a namorada da jovem, sua filha, não havia aceitado muito bem aquilo. A jovem na cadeira de rodas podia parecer frágil, mas o olhar duro lançado a mãe deixava claro que não queria ouvir nada daquilo.
_ Então você acha que vamos ter que desligar os aparelhos? _ A voz da morena escorria deboche. _ Ela vai reagir. Vocês não a conhecem como eu. Ela vai reagir, Dra. Jauregui.
Homem já de certa idade virou o rosto para encarar a mulher. Vocês não a conhecem como eu. A expressão facial deixava claro o quanto estava cansado, desestruturado. As bolsas negras abaixo dos olhos eram marcas de noites em claro. Ele devia se manter em pé para segurar a esposa, mas a noite, quando ela dormia, ele desmoronava e aquela menina, que ele trocou as fraldas estava dizendo que ele não conhecia a própria filha.
_Você acha que só dói em você? Que só você está destruída? Você acha mesmo que sua dor é maior que a de um pai e uma mãe?
As palavras eram duras. Ele amava a jovem de olhos verdes, mas ela agir como se só ela fosse sair perdendo alguém, como se a dor dela fosse maior que qualquer outra quando a dele era tão esmagadora que mal conseguia levantar, o deixava furioso.
_ Alejandro...
Clara tentou interferir. Eles estavam cansados, machucados, palavras duras poderiam ser ditas e eles não precisavam de mais feridas, o estado da garota entubada já machucava o suficiente.
_ Não, mãe, o deixe falar, desde que você disse que morte cerebral seria uma possibilidade tudo que ele e Sinu fazem é pensar nessa possibilidade, não pensam que ela vai reagir, n-
_Cale a maldita boca!_ Alejandro explodiu. O dedo apontado para a face pálida da garota que viu crescer ao lado da sua menininha._ É a minha filha! Eu penso todos os dias que ela vai abrir os olhos, não fale como se eu fosse matá-la! Eu vi os primeiros passos daquele mulher ali, ouvi as primeiras palavras, eu cuidei dos machucados, físicos e da alma, é a minha menininha._ Um soluço rasgou a garganta do homem._ A minha garotinha linda que agora é um monte de machucados e continua linda, mas se... se houver morte cerebral aquilo ali será só o corpo, ela já vai ter nos deixado a muito tempo.
_ É a minha namorada, Alejandro, a mulher com quem eu deveria casar, essa decisão deveria ser minha, não de vocês. É o amor da minha vida.
Clara já havia os deixados sozinhos a muito tempo, se encontrava ao lado de Camila tentando ignorar os sons abafados do lado de fora.
_ EU SOU O PAI! VOCÊ NÃO É NADA! NADA!._ Lauren congelou perante a raiva do homem. A face vermelha. Não importava o quanto Lauren amasse Camila, não importava se era a alma gêmea da sua filha ou se ele viu aquela mulher crescer, naquele momento ela era apenas uma pessoa acusando um pai de não amar a filha o bastante, o acusando de não ter esperanças quando tudo que ele fazia era rezar todas as noites por sua menina, quando tudo o que ele pedia antes de dormir era que se fosse uma alma que Deus ou seja lá qual fosse a força maior quisesse, que então levasse a dele e deixasse a da sua menina.
Ele daria a vida pela de Camila e desligar os aparelhos seria a coisa mais difícil que ele faria em sua vida.
A morena apenas acenou positivamente, se ajeitando na cadeira de rodas e voltou a atenção para o corpo inerte sendo cuidado por Clara. Sua memória a levando para sua adolescência.
[FLASHBACK ON] (Ouçam Seafret-Oceans)
A latina estava em seu quarto, esparramada na cama macia, a música que saía pelos fones de ouvido estava no máximo abafando o mundo lá fora. O dia havia sido cansativo, o coração machucado. Machucado pela única garota que era capaz de fazer aquilo. Lauren. Haviam tido uma briga mais cedo, algo que era normal entre elas, mas daquela vez Camila havia ficado chateada com a maior, ouvir de Lauren que era muito melhor ir ao baile com Brad do que com ela tinha machucado mais do que deveria. Camila sabia o porquê daquilo, sabia como seus sentimentos em relação a menina mais nova havia mudado e tomado proporções que ela negava para si mesma. Lauren merecia mais e ela nunca seria aquele mais.
Já havia aceitado aquilo e ignorava o que sentia, mas em momentos como aquele da briga ficava difícil.
Cobriu os olhos com o braço, bufando irritada. Não podia pensar naquilo. Que Lauren fosse para o baile com Brad, ela iria arrumar a companhia mais linda... Bom, a segunda mais linda, já que Lauren vai estar lá.
_Consciência de merda.
Camila resmungou arrancando os fones do ouvido e jogando o celular longe, não longe o suficiente para cair da cama e quebrar, mas o suficiente para fingir que havia sido uma atitude explosiva sem correr o risco de levar um sermão sobre como dinheiro não nasce em árvores. E nem adianta falar: Nasce sim, é papel e papel vem das árvores. Pois Sinu tinha uma resposta pronta para isso “Eu disse que não nasce –frise o nasce –e não que é feito de. –Frise o “feito de” –Eu pago a escola para você não saber interpretar? ” E com isso Camila não tinha como discutir.
Sorriu para a voz da sua mãe em sua cabeça, hoje ela estaria em casa à noite, depois de um plantão de 36 horas –mesmo Camila tendo certeza que aquele plantão estava durando mais de 36 horas. Nunca reclamava, sabia que sua mama salvava vidas e as vezes salvar vidas levava mais tempo do que o previsto. Era uma profissão nobre –mesmo alguns médicos esquecendo de seu juramento, e mesmo querendo a atenção de sua mãe, ela estava dentro de sua casa, segura e inteira, ao contrário das pessoas que chegavam no hospital, eles precisavam mais da atenção de sua mãe do que ela. E no final ela tinha Lauren, seus pais confiavam nas duas para cuidar uma da outra.
E foi apenas por esse motivo –e não por preocupação, que ela pegou o celular para saber onde a menina de olhos verdes estava.
_ Toc! Toc!
Antes de digitar os números a voz rouca já conhecida ecoou pelo quarto, lá estava a morena encostada no batente da porta, com a mão fechada no ar simulando uma batida. As bochechas ─estavam coradas, ela estava sem graça. Os olhos baixos, mas ainda assim olhando para Camila que tinha a boca aberta. Ela nunca se acostumaria a beleza de Lauren. Era sufocante. E você pode dizer “São os olhos” e sim, os olhos são lindos e transmitem uma enxurrada de sentimentos bons e gritantes, mas era um conjunto de coisas. Era o cabelo naturalmente bagunçado, as sardas nas bochechas bem desenhadas, eram os dentinhos de castor, as sobrancelhas grossas, o nariz empinado, os lábios carnudos, até as espinhas avermelhadas na bochecha faziam dela uma obra de artes. Mas o que era mais apaixonante para Camila e que a fazia cair em um abismo de sentimentos era o sorriso, porque o sorriso envolvia todos aqueles elementos. Os olhinhos cristalinos eram espremidos pelas bochechas cheias de sardas e pontos vermelhos, bochechas essas que eram empurradas pelos lábios que se ampliavam, mostrando os dentinhos de castor e enrugando o nariz onde havia um piercing.
Mas naquele momento Lauren parecia acanhada demais para sorrir.
_Posso entrar?
Camila tombou a cabeça para o lado, franziu o cenho mordendo o lábio, havia algo errado. Lauren parecia nervosa.
_Desde quando você pede para entrar?
Era nítido o quanto a latina estava intrigada, sua testa enrugada e o olhar avaliador deixava claro para Lauren que ela estava tentando lê-la. Camila era mestre naquilo.
Lauren havia discutido muito com Normani e Keana –Dinah e Normani ainda não estavam se falando, o que a fez não comparecer e Ally não queria tomar partido de ninguém –se aquilo era a coisa certa a se fazer. Aquilo seria contar a Camila o que sentia, Keana propôs uma votação, e em uma disputa justa o sim havia ganho por 2 a 1.
Lauren deu de ombros, desde que viu a expressão de Camila mais cedo ao falar aquilo sobre Brad não sabia como agir. A menor nunca havia ficado chateada com qualquer coisa que Lauren falasse, em uma situação como aquela a latina teria dito “Eu sei que você me ama e que me acha melhor que qualquer um desses seus casos” e Lauren reviraria os olhos, mas não negaria e Camila saberia que estava certa, mas daquele vez ela apenas havia acenado positivamente dado as costas e ido embora, Lauren ficou parada por longos minutos no estacionamento, olhando o caminho que Camila havia partido com o carro sem entender o que havia acontecido. Foi minutos depois que Keana e Normani chegaram e a discussão sobre sentimentos foi estendida até a casa da de olhos verdes, mas no fundo ela sabia que as garotas estavam certas e Dinah ter gritado ao telefone com ela foi o suficiente para entender que estava na hora de ser sincera com Camila sobre o que sentia, mas só teve coragem para atravessar a rua e ir em direção a casa branca quando Ally ligou lhe passando coragem, dizendo que ela já tinha um não garantido se ficasse sentada sem fazer nada, mas que se levantar e atravessar a rua despejando seus sentimentos já lhe daria 50% de chance, e em uma matemática bem simples, 50 era maior que 0.
Mas olhando os olhos castanhos que lhe faziam pensar em casa, a morena só conseguia ver o 0.
_Eu preciso conversar algo com você.
Lauren ficou surpresa com o quão firme sua voz saiu. Até seus pensamentos gaguejavam. Camila levantou da cama, ameaçando avançar alguns passos até ter Lauren em seus braços, ela estava chateada, mas aquela era a sua garota chata, a menina que carregava um universo nos olhos, esqueceria tudo só para cuidar dela. Lauren parecia tão perdida que a latina apenas queria colocá-la no colo até o que estivesse a preocupando fosse embora. Mas Lauren levantou as duas mãos, em um pedido para ela parar.
_Não... por favor, fica aí, se você chegar perto não conseguirei falar e eu preciso falar, senão... senão isso vai ficar aqui dentro me sufocando mais a cada dia.
Camila ignorou a frase, Lauren parecia tão frágil e Camila só conseguia pensar que aquela distância era estupidamente grande e ela precisava quebra-la até ter Lauren em seus braços. Mas a morena deu passos para trás, quase saindo do quarto.
_Camila, não! –Lauren quase gritou, os olhos implorando para que a latina atendesse seu pedido, Camila que tinha as mãos no ar pronta para segurar Lauren apenas deixou os braços caírem ao lado do corpo e assentiu, recuando alguns passos.
_Ok... mas você está me deixando nervosa._ Soltou uma risada nervosa, a relação delas sempre foi muito intensa, mas mesmo em momentos difíceis Lauren nunca negou a aproximação dela, pelo contrário, sempre buscava refúgio em Camila._ Se foi por causa de mais cedo, se eu disse algo que te machucou, me desculpe, Lern, só me deixa cuidar de você e consertar o que quer que eu tenha feito.
Camila quase implorou, a rejeição de Lauren estava machucando-a a cada segundo. Lauren parecia com medo. Medo dela. E Camila que sempre foi tão boa em ler a morena, agora não sabia interpretar se Lauren estava realmente com medo dela.
_ Você não fez nada, Camz._ Lauren sorriu levemente, Camila sempre começava a pedir desculpa quando não sabia o que havia acontecido, por algum motivo ela sempre se sentia culpada por qualquer coisa que fosse relacionado a Lauren, mesmo quando não tinha culpa. Na cabeça dela proteger Lauren era o que tinha que fazer e odiava falhar._ Eu que devia me desculpar por mais cedo, mas não estou aqui por isso, queria te dizer algo.
A voz tremulou no final, onde ela estava com a cabeça quando tomou aquela decisão? Ah claro, ela havia deixado as garotas a convencer de que era certo. Suas mãos tremendo e seu coração a mil não a deixavam pensar que aquilo era certo, era apenas loucura. Ela calculou quantos minutos levaria para descer as escadas correndo, atravessar a rua e se trancar em casa.
_Você pode me dizer qualquer coisa, Lauren. Lolo da Camz, lembra?
Camila disse com um sorriso adorável no rosto, era uma frase da infância das duas, uma promessa de serem melhores amigas para sempre.
Era só sua Camila ali, ela conseguiria, era só respirar fundo.
_Ok... Eu tentei me convencer de que isso não era amor... Correr para você quando o mundo me machucava e receber seus braços ao redor do meu corpo, porque você é a única pessoa que consegue me acalmar, não significava amor. Ficar a madrugada ouvindo você reclamar de seus casos mesmo tendo aula cedo também não significava amor. Quando você bateu naquele idiota no bar a uns meses atrás porque ele passou a mão na minha bunda, não foi amor que me fez sentir a mulher mais protegida do mundo. Tentei me convencer de que o que eu sinto nunca foi amor, não o sentimento além da amizade... Nem mesmo quando eu te vi com aquela garota da aula de biologia e algo dentro do meu peito se comprimiu por você estar sorrindo para ela, aquele sorriso que eu julgava ser só meu. E meu coração ter quase saído do meu peito quando você disse que só estava sorrindo daquele jeito porque estava falando de mim, porque de alguma forma eu te fazia querer sorrir o tempo todo também não foi amor._ Camila abriu a boca para falar algo ao ver que Lauren começava a chorar, mas foi impedida de emitir qualquer som._ Não, Camz, me deixa terminar... Não podia ser amor, sabe? Você é a minha melhor amiga, tinha que ser só amizade, você me disse que eu seria sua melhor amiga para sempre, Camz da Lolo, Lolo da Camz, e que mesmo quando você casasse, seria eu sua alma gêmea, porque para você amigos podem ser almas gêmeas uns dos outros. E eu não queria me iludir quando você reagiu daquele jeito quando eu disse aquilo sobre o Brad, mas eu já me iludi, Camila, eu não queria acreditar que é amor, mas eu não consigo mais me enganar desse jeito... Quando virou amor, Camz?
Camila abriu e fechou a boca algumas vezes, olhou todos os cantos do quarto, ela não podia acreditar em tudo que tinha ouvido. Lauren a amava? Vinha sofrendo em silêncio por tanto tempo? Camila não sabia o que dizer e diante da falta de palavras da menor, Lauren apenas abaixou a cabeça, as lágrimas agora escorrendo livremente pelo seu rosto.
_Ok...
A morena disse em um suspiro, uma risada amarga escapou de seus lábios, estava pronta para sair quando Camila encontrou a voz.
_Não... Lauren, não! Você não pode me amar, olhe para mim_ a voz era indignada, os braços abertos como se o gesto explicasse o porque dela não merecer o amor da maior. _ Lauren, eu sou toda errada, você não vê?_ E Camila começou a despejar palavras, ela sempre fazia aquilo quando estava nervosa, as mãos na cabeça, andando pelo quarto todo e transformando seus sentimentos em comparações, era a forma mais fácil que havia encontrado a muito tempo para se expressar._ [...] Eu sou a distância, sou o fim, o medo de seguir, o amor não correspondido, a dor de um coração partido, sou o músico que errou a nota, ido sem volta, partida sem despedida, palavras mal ditas, brigas de separação._ A latina pareceu voltar a si, olhando para Lauren com o olhar desesperado ela praticamente gritou._ Sou aquilo que todos evitam, a porra de um erro sem correção, Lauren. Então não, você não pode me amar. Somos amigas. Nada além disso. Nada.
[FLASHBACK OFF]
Clara saiu da quarto de Camila analisando as duas pessoas que estavam discutindo a uns minutos e agora estavam em total silêncio como se nada tivesse acontecido.
_Você está disposta a me ouvir agora? Eu já expliquei a Alejandro e os outros, a Meredith te explicou também, mas creio que você não absorveu nada do que ela disse.
Lauren apenas assentiu positivamente, seus olhos nunca abandonando a figura adormecida de Camila.
_ Camila sofreu um grande traumatismo, Meredith tratou os sangramentos, mas ela pode ter danos permanentes. Pode não voltar. Mesmo que o corpo esteja aparentemente salvo, o cérebro pode não voltar. Entende porque eles precisam aceitar todas as possibilidades?
Lauren apenas assentiu mais uma vez. Ela não queria ouvir aquelas coisas de novo. A doutora Grey já havia dito todas aquelas besteiras. A morena levou a cadeiras de rodas até o quarto de Camila, apertou o botão para a porta abrir e se colocou ao lado da latina. Sua mão estava melhor do que antes, ainda tinha um pouco de dificuldade, mas nada que um tempo a mais com Selena não resolvesse, ela também já conseguia dar alguns passos com um pouco de esforço, sua coordenação motora voltava aos poucos.
Puxou um bombom do bolso, e o colocou na travessa de vidro junto aos vários outras que ela levava todo dia, era apenas um ritual para imaginar que tudo continuava o mesmo, mesmo estando tudo errado.
Segurou delicadamente a mão pálida de Camila, as partes inchadas e machucadas começavam a diminuir e cicatrizar, algumas partes estavam ficando verdes.
_Seu pai está certo, sabe? Sou nada. Legalmente, sou ninguém. O que é meio louco, porque me sinto como sua esposa. Sinto que serei a mãe dos seus futuros filhos. Nossos filhos._ Seus lábios tremularam._ Você pode... Você pode viver?_ Um soluço atravessou sua garganta._ Pode viver por mim? Por favor... viva por mim. Viva para casar comigo. Por favor, Camz, por favor...
Dinah que estava do lado de fora ouvindo as palavras abafadas se afastou do local puxando o celular do bolso e digitando uma mensagem rápida para Normani.
“Preciso ir ao apartamento de Camila, não fale para ninguém. Eu te amo”
Mas Dinah não estava lá para ouvir Lauren ligar para Alexa, a pedindo para que a levasse até o apartamento de Camila.
As duas se conheceram na faculdade através de Camila. A modelo havia conhecido Camila durante a aula de matemática financeira e horas mais tarde Lauren e Camila tinham mais uma de suas discussões acaloradas e Alexa que passa por perto colocou o corpo na frente da menor servindo de escudo humano achando que Lauren era uma louca qualquer querendo arrumar confusão. Foi engraçado quando Camila disse que estava tudo bem e que a morena era sua namorada, Alexa havia ficado vermelha por ter se metido em uma briga de casal.
Já no apartamento de Camila, que conseguiu entrar porque o zelador do prédio a conhecia e sabia do que havia acontecido lhe forneceu uma chave reserva, Dinah revirava tudo atrás do que na época ela julgou que seria a maior felicidade de Lauren e agora ela julgava a destruição, se o pior acontecesse –e seus olhos encheram d’água ao imaginar perder sua Walz –e Lauren achasse aquilo seria devastador. Abriu o closet vasculhando os bolsos de todas as peças de roupa e ao colocar a mão no bolso da jaqueta jeans preferida de Camila ela sentiu a pequena caixa e a puxou disposta a guardar e devolver a Camila quando voltasse para eles. Devido ao barulho que fazia não ouviu o barulho da cadeira de rodas no chão, só voltou a si quando um soluço ecoou pelo quarto. E com a jaqueta em uma mão e a caixinha de alianças na outra foi que ela viu uma Lauren com lágrimas nos olhos e uma dor palpável se instalar rapidamente no ar.
_Lauren...
Alexa que havia encontrado o que Lauren estava procurando, um porta-retratos com a foto preferida de Camila, as duas abraçadas embaixo de uma árvore no campus da faculdade, olhando uma para a outra como se não existisse mais nada no mundo, foto essa batida por Ally, paralisou ao ver o que Dinah segurava.
A morena foi ali apenas para dar mais vida ao quarto de Camila no hospital.
_Ela ia... ela... Dinah... ela...
_Sim... No dia do acidente... eu sinto muito, Laur, muito mesmo.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.