Existia uma linha tênue entre dois campos de força inexplicáveis. Eles não podiam se ver a todo o momento, mas podiam se conectar às vezes.
Exista uma mulher. Ela tinha cabelo castanho-escuro que podiam ser confundidos com cabelos negros como a noite. Seus olhos com tons ora verdes, ora azuis, uma pigmentação rara que se alternava. Sua pele era bem branca e por fim, em seu rosto, existiam pequenas sardas sob seu nariz.
Existia um homem. Ele tinha cabelos castanhos. Seus olhos eram azuis, bem azuis. Que podiam ser comparados com o céu ou com a água do mar mais límpida. A pele era bem branca, como a da garota.
Existia mais um homem. Seu cabelo também castanho. Seus olhos combinavam com seus cabelos. E sua pele era bronzeada.
Todos tinham problemas, muitos problemas. Todos estavam sendo perseguidos por alguma coisa. Todos tiveram suas vidas bagunçadas. E todos estavam conectados por alguma coisa inexplicável.
Ela criou uma sentença e agora tinha uma punição. Um dos homens estava à beira de uma morte dolorosa e bem lenta. E o outro só estava à procura de seu melhor amigo.
A partir daqui, começará o nosso novo capítulo, e assim, uma contagem regressiva para que todos eles sobrevivam até o final da história.
Enquanto ela se contorcia na cama, ele procurava um jeito para ajudá-la. Desesperado e angustiado por vê-la naquele estado. Podia-se notar o suor frio que escorria por toda a sua pele branca e ele não sabia se ela estava tendo um pesadelo ou passado mal.
Ele não optou por nada, apenas seguiu seus instintos. Ligou o chuveiro na água fria e voltou para quarto para pega-la. Pegou-a no colo e a levou diretamente para chuveiro, colocando sua cabeça e depois banhando seu corpo.
Instantaneamente ela abriu os olhos e respirou bem fundo, como se estivesse mergulhada no mar e depois de ter perdido o oxigênio, estivesse voltado à superfície. Ela estava tão tensa e assustada que ele podia sentir seu coração a mil por segundo. E ficaram por longos dez minutos se encarando com os olhos assustados.
Ela encarando seu peito nu e somente com uma cueca preta e ele encarando apenas a fina malha da blusa branca tapando seus seios. A hipnose tomou conta de seus olhos.
Descendo dos braços dele, ela se perguntou o que tinha acontecido e enquanto pensava nisso, os olhos azuis a encaram com um ponto de interrogação.
-O que aconteceu? – e ele quebrou o silêncio.
Ela não respondeu, simplesmente saiu do banheiro, pegou uma toalha e foi em direção a cozinha. Ele, transtornado pelo que acabou de presenciar, a seguiu fazendo seus mesmos trajetos.
-O que aconteceu? – ele novamente perguntou a ela.
A garota o ignorou e começou a esquentar um canecão com água no forno.
Depois de um tempo em silencio e o chá dela pronto, ela se sentou na mesma mesa em que ele se encontrava.
-Já tiveras algum pesadelo bem ruim? – ela invadiu a cozinha com sua voz doce.
-Já. – ele lhe foi sincero e percebeu as mãos trêmulas da garota ao pegar a xícara. – Quer me contar o que aconteceu?
Ela negou. Mas ele se sentiu bem, em pelo menos, ouvir a voz dela novamente.
-Quer um pouco de chá, Hamilton? – ela somente perguntou no automático, mas logo percebeu que dissera seu nome.
-Não. – ele a olhou intrigado. – Como sabe meu nome?
-Sei de muitas coisas... E olhei na sua carteira enquanto estava adormecido. – ela bolou uma desculpa que parecia muito verdadeira e ele assentiu acreditando.
-Pode me chamar só de Nash. – ele lhe disse sereno. – Você sabe até o meu nome e eu ao menos sei o seu. – ele riu.
-Anabell. – ela lhe respondeu.
-Anabell? Como a boneca assassina Annabelle? – ele brincou.
-Não. O que? Boneca assassina? – ela riu. A risada mais doce que ele já tinha ouvido.
-É um filme, mas dizem que foi baseado em fatos reais. – mais uma vez ele brincou.
Resumindo, eles tiveram, pela primeira vez, uma conversa inteiramente humana e normal. E ambos gostaram desse momento de entretenimento.
-O que aconteceu com você? – ela perguntou, mas sua pergunta inocente cutucou uma ferida aberta.
-É complicado. – ele abaixou a cabeça.
-Qual era o nome dela? – parecia que ela havia lido os pensamentos dele.
-Meredith. – ele quase não falou audivelmente.
O silêncio voltou a se instaurar no cômodo. Anabell ainda tremia de medo e Victor havia ficado triste por citar o nome dela.
-Eu te vi... – ela começou a contar. – Você e eu. – ele prestou atenção nela. – Havia mais duas pessoas, uma mulher e um homem. – ela suspirou.
-Seu pesadelo? – ela assentiu. – O que acontecia?
-Tu me matavas enquanto os outros dois riam. – sua voz estava fraca.
-Eu nunca faria isso. – ele colocou sua mão sob a dela na mesa.
Talvez ele não fizesse agora, mas ninguém saberia o que aconteceria no futuro.
A partir dali, um contrato de aposta seria assinado pelo diabo. O que eles apostaram? Ela. Quem seria o premio? Ele. E a mesma sentença se repetiria: Uma doce menina de dezesseis anos... Um erro que levaria demais gerações ao fim... E um ciclo que duraria por mais vários anos.
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