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História Born to Die - Exile - Exile - Red


Escrita por: BarbaraHerdy

Notas do Autor


84 DIAS DEPOIS... EU ESTOU DE VOLTA!

Primeiramente, eu peço perdão pelo meu desaparecimento. Isso não estava nos meus planos, mas aconteceu e eu sinto muito, muito mesmo por isso. Eu sei como é chato acompanhar uma história e o autor demorar séculos para postar o novo capítulo, mas entre postar algo mal revisado e postar algo seguindo a qualidade de todos os capítulos, eu ainda opto pelo último, mesmo que isso leve 12 anos! Bom, eu espero que não demore tanto se houver uma próxima vez...

Eu pretendia entrar em Hiatus em abril, para iniciar um novo projeto. Acabou que eu iniciei um novo projeto, ai veio a faculdade me atolando de trabalhos e provas, as obrigações do trabalho também bateram na minha porta e a revisão do meu livro chegou na caixa do meu e-mail e PUF... Acabou meu tempo :/

Só semana passada, eu consegui finalmente sentar e olhar com carinho para esse capítulo e revisar a altura para vocês ♥


- EM OUTRAS NOTÍCIAS...

EXILE TEM UM TRAILER OFICIAL FODÁSTICO!
CHEIO DE SPOILER. CHEIO DE CENAS LINDAS! COM UMA MÚSICA MARAVILHOSA ♥

Foi feito pelo Kamicat Fanfics (quem faz fanfic, recomendo muito eles ♥) e vocês podem assistir essa maravilha aqui

https://youtu.be/sP8ur4jcSME

O que acharam? :3

Então, por hoje, é só isso mesmo :D
Até o próximo capítulo de Exile e eu espero do fundo do meu coração que seja ainda nesse século ♥

Um beijão e um ótimo feriado a todos!

Capítulo 28 - Exile - Red


Fanfic / Fanfiction Born to Die - Exile - Exile - Red

RED 
que tem a cor do sangue.


Casa de Yanagi e Stone
Tóquio, Japão.

Willa trançava os seus cabelos com auxílio de um espelho redondo, um laquê e finalizava o penteado prendendo a ponta com um elástico bege. Conferiu o desenho no pinterest mostrando o passo a passo do coque trançado. Em uma primeira olhada parecia um trabalho impossível de fazer para uma primeira vez. Olhando quadro por quadro e colocando em prática, ela até que pegou o jeito. Escolheu grampos com um tom próximo ao seu cabelo para camuflagem e prendeu mecha por mecha até o coque afunilar transversal e charmoso. Ela conferiu o desenho e modestamente era uma boa réplica. Conviria para o evento. Ela concentrou na maquiagem. Ela pegou amostras em uma loja de cosméticos e agora, escolhia um tutorial no pinterest para seguir. Ela não queria nada muito ‘tcham’. Nunca foi muito fã de maquiagem, mas destoaria da massa se ela usasse apenas um batom e um lápis de olhos. Cobriu as olheiras, tomando cuidado para não cobrir as suas sardas. Base e sua pele não combinavam justamente pela delicadeza por trás das suas sardas. Passou um blush de batom nas maçãs do rosto e espalhou o seu conteúdo, avermelhando as suas bochechas. Concentrou cirurgicamente no desenho das suas sobrancelhas. Passou um delineador nos olhos para destacar os seus olhos azuis usou uma cor azul bic. Nos cílios rímel preto. Delineou os lábios em vermelho e bateu a ponta do dedo no batom vermelho e assentou nos lábios para concentrar a textura. Parou o que fazia, ao sentir a presença de Pietro na entrada do quarto.

— Faz um tempo que eu não saio, mas até acho que me sai bem com esse visual, o que você ach...? – Suas palavras engasgaram em seus lábios. Ela olhou para Pietro através do reflexo do espelho e suas sobrancelhas uniram ao encontrarem ele encostado no umbral da porta, braços cruzados e um olhar desgostoso para ela. – Você não está pronto.

— Eu não vou. – Ele meneou a cabeça em negativa, copenetrado em seus pensamentos. - Eu não posso fazer parte disso.

Disso? Viajar de um lado para o outro no mundo ou... A missão. Pietro estava em conflito com isso desde o primeiro instante. Não era de surpreender. Isso não era o seu mundo.

— Eu sei que você não concorda com isso... – Ela tentou racionalizar apoiando o seu braço contra a base da cadeira.

— Você vai matar uma pessoa. – Pietro não pensou nas suas palavras, o seu sotaque carregou a palavra matar com uma soturnidade enebriante.

— Eu não vou... – Willa sentiu o seu coração vacilar. O jeito de Pietro olhá-la certamente a desconfortava. Era como se ele não a visse como antes. Ela concentrou em seu reflexo no espelho, arrumando as pequenas falhas da maquiagem. - Eu vou conversar com ele.

— E para isso você precisa disso? – Willa uniu as sobrancelhas, confusa com as suas palavras. Ele usou a velocidade ao seu favor. Ela sentiu um toque frio fantasmagoricamente tocar a pele da sua coxa. Em milésimos, ela assistiu a adaga que por suposto deveria estar presa na sua cinta liga, agora estava entre o indicador e o dedo médio de Pietro.

— Precaução.

— E isso? – A brisa tocou novamente agora a sua perna direita e ele retirou um trio de shurikens da cinta liga. Willa ficou de pé em busca de defesa, mas... – E eu nem vou perguntar como você conseguiu esconder isso. – Ele retirou da parte de trás da perna esquerda dela uma faca mediana presa na cinta liga. Ele largou tudo sobre a penteadeira, gesticulando com as mãos em negativa. – Eu entendo. É o seu trabalho e é quem você é ou você acredita ser. Eu não tenho o direito de mudar quem você é, mas não quer dizer que eu tenho que aceitar quem você está se permitindo se tornar.

— Entendi. – Magoada, ela abaixou o olhar concentrando em guardar as suas armas em seus esconderijos.

— Não, eu... – Pietro respirou fundo, massageando a nuca com um olhar sentido. - Eu não queria que soasse assim.

— Não, você queria – Ela endureceu o seu olhar, mirando ele com frieza. – Sustente o que você diz. Um homem sem caráter é nojento.  

— Willa, me deixa tentar de novo. – Ele usou da sua velocidade, parando a frente do seu corpo temendo que ela partisse com as suas palavras embaralhadas e mal entendidas. Repousou as suas mãos nos seus antebraços buscando o seu olhar. - Você é melhor do que isso. Você não é uma assassina da Casta.

— Não, não sou. Mas eu já fui. – Ela reconhecia as suas ações com convicção e ela não buscava esse mesmo entendimento de Maximoff, mas ao menos, buscava o seu respeito que era um direito. - E não tem como você fugir do meu passado. Eu já tentei e olha onde eu estou.

— Isso tudo é muito confuso para mim. – Ele meneou a cabeça em negativa. Tudo era tão confuso para ele ultimamente, ele nem sabia dizer o que ele tinha como certeza mais. Ele pensava que os seus sentimentos por Fairchild e o seu amor por sua irmã eram as suas bases nessa nova vida, mas após esses últimos conflitos com Willa ele estava questionando o que era o seu sentimento de amor por ela e o que ele sentia por ela e era na realidade, uma idealização cega. E aí ele era sucumbido pelo temor de descobrir que o que ele sentia por Willa era uma mentira, que tudo aquilo era uma mentira.

— E você acha que é fácil para mim? Que inferno! – Ela bradou frustrada. - Você olha para mim e só vê isso? Uma assassina em potencial? Eu tenho nas minhas mãos o destino da vida de uma pessoa, de um clã secular, da Elektra... – Toda aquela responsabilidade estava sobre os seus ombros. Ela não era parte da Casta, ela não era Stone, ela não era uma Vingadora tomando uma decisão pelo seu grupo, tomando a decisão por um governo. A decisão que ela tomaria ali não tinha nada haver com uma ordem, com o que era certo para alguém. Aquela decisão era por ela, pelo que ela suportaria sobre os seus ombros. - Seria fácil para você decidir poupar a vida do homem que pode trazer a sua irmã morta do inferno para tornar-se unicamente um monstro?

— Eu não sei te responder, mas você me trouxe de lá, talvez você tenha essa resposta e só não quer aceitá-la.

— Eu sinto muito se me importei com você ao ponto de te trazer de volta a vida, Pietro. – Ela apontou o dedo em riste acusatoriamente para o velocista. - Não vai acontecer de novo. – Ela proferiu em promessa e percebeu no vacilo do seu coração uma magoa por não compreender essa sua maldição. - Até porque, o que diabos me permite fazer isso não me dá a mesma oportunidade duas vezes.

— Eu não pedi por isso. – Willa abaixou a cabeça sentindo os seus olhos encherem de lágrima. Ele podia acusá-la, ele podia odiá-la, mas culpá-la por querer salvar a sua vida... Não deveria ser muito diferente da sensação de ter o coração arrancado do seu peito.

— Não, não pediu, mas a sua irmã disse sim, eu podia te trazer e eu não estava aberta a perder você. – Ela revelou olhando em seus olhos e ele notou aquelas lágrimas, notou o tremer dos seus lábios e a firmeza perspassando o embargo nas suas palavras. - E isso não mudou. – Ela deixou a sua mão encontrar o rosto de Pietro em um carinho afetuoso. - Agora, eu preciso que você entenda que a Casta...—

— Você sempre quer que eu entenda sobre a Casta, sobre onde você vem, sobre o que você é, mas não quer entender o que está passando comigo. – Ele proferiu com pesar segurando a mão dela e afastando pela primeira vez o contando de carinho de Fairchild e isso causou um embrulho em seu estômago.

— Eu... Eu não pertenço ao seu mundo. – Ela uniu as sobrancelhas descobrindo como aquelas palavras em público não a corroeram como Willa esperava. Libertara. - É por isso que eu pareço um disco arranhado sempre pedindo para você entender, para você me ouvir, para você me compreender, porque no fundo, eu não entendo nada disso. Eu só finjo muito bem. – Ela gesticulou para si, compreendendo os seus sentimentos mais obscuros e aterrados em seu interior. Ela riu. A arte de falar o que sente era um desbravador dos males do mundo. - Eu não entendo o que diabos o Stone é. Um homem que leva um tiro na cara e não morre? Não é normal. Eu deveria achar isso estranho, não é? Ele viu a Guerra da Secessão acontecer, ele é mais velho do que o Steve e parece mais jovem do que eu e você juntos.

 “Eu não entendo como os clãs funcionam, mas sei que sem eles, a terra não teria equilíbrio. E se com eles a terra está da maneira que está, imagina sem eles? Eu posso trazer pessoas da morte, com as minhas mãos? Minha mente? Com o poder do amor? (Willa abafou uma risada irônica) Quem liga, eu sinto que eu posso e trago a pessoa morta à vida, em três horas ou três meses. (Pietro levantou as sobrancelha entendendo a referência) Eu não sei o que diabos eu posso fazer, mas eu não piro quanto a isso ou eu não vou sair da cama de manhã. Agora, a única certeza que tenho acima de todas essas maluquices é que eu não posso trazer a Elektra a vida com esses dons. O Tentáculo pode e se fizerem isso, ela será um monstro, uma fera assassina. E eu não posso permitir que ela se torne isso. Para isso, eu preciso perder ela, para sempre.”

Pietro estava sem palavras. Elucidado, ele não apenas compreendeu os sentimentos da ninja, como também se sentiu elucidado por suas palavras adornadas agora, aos seus sentimentos.

— É. – Ele assentiu recostando na parede contemplativo. - Colocando assim, eu também tenho uma lista de coisas que eu estou bem longe de compreender.

— Quer falar sobre elas? – Willa sugeriu com um sorriso fraco, um pouco de apoio ali viria a calhar.

— Mashmallow. – Willa arregalou os olhos, na ponta dos lábios ela tinha uma boa contrarresposta, então ela se pegou pensando em como os doces eram feitos e ficou sem respostas. Agora, ela tinha mais um item em sua lista de incompreensões e certamente, eles estavam lutando para não enlouquecer naquela vida insana. - Eu não sei como eles são feitos. São macios, doces e aerados. Como? Eu não entendo os guarda sois de papel dos japoneses, nem porque eles deixam os sapatos na entrada de casa. Parece tolice. Eu também não entendo porque o Steve usa um colante como um uniforme e a Viuva um decote tão grande... É bonito, mas parece impraticável. – Willa levantou as sobrancelhas estava arrebatada pelo caminho que aquela conversa seguiu e surpresa por ele ter noção que um decote era tão impraticável quanto um alfinete encravado no calcanhar. - Eu não entendo como uma pedra fundida em uma maquina deu esses poderes para mim e Wanda. Eu não entendo porque eu tive uma nova chance. E culpo você por isso. – Aquela constatação pesou desgostosamente sobre os ombros de Fairchild. - Talvez eu devesse estar morto. Talvez eu não me sinta parte daqui porque eu não deveria estar aqui... Talvez você tivera um julgamento errado, quando escolheu me salvar. Fez uma escolha equivocada e para que? Você não me ama. Você ama o Bucky.

— Eu não diria amo – Ela sussurrou revirando os olhos com a constatação do surgimento de um sorriso nos lábios de Maximoff.

— Você moveria o mundo para curar ele. Mesmo que você diga que fez isso por mim também, eu não estava aqui quando isso aconteceu, eu não vi isso acontecer, mas eu estou aqui agora e assisti-la fazer tanto por ele me deixa enciumado e possessivo e enraivecido e Deus, eu não sou esse tipo de cara!

Pietro distanciou da parede passando os dedos nos cabelos. Nessas horas ele sentia falta de Wanda. Ela olhava para ele e a sua intuição ligava os seus sentimentos e ela não precisava de muitas palavras para aconselhá-lo certeiramente. Sem ela, Pietro se sentia uma alma incompleta.  

— Na realidade você é muito esse tipo de cara. – Ela debochou com uma careta curvada em seus lábios.

— Eu não sou o tipo de cara que me apaixono – Ele atirou aquelas palavras acusatoriamente. - Eu amo a liberdade, eu amo poder estar com alguém hoje e amanhã conhecer outra pessoa e depois conhecer alguém diferente... – Ele não amava aquela vida de Pietro e Willa contra o mundo. Ele amava a vida do Pietro e uma-pessoa-diferente-na-sua-cama-por-noite-contra-o-mundo. - Eu amo essa empolgação, essa incerteza, essa adrenalina.

Sua paixão por aquele sentimento causou inveja em Willa.

— Entendi. Eu era uma delas.

— Era. E agora não é mais. – Willa levantou o seu olhar, esperançoso. Desconcertado com a sua emoção, Pietro sustentou aquele olhar gélido. - Ou nunca foi. Eu não sei.

— Eu não posso ser uma delas.

Não era um pedido. Era uma certeza. Ela não podia ser um reflexo de um desejo. Quando ela estava com Bucky, ela declarou no ápice do seu romance que com ela era tudo ou tudo. Ou eles ficavam juntos ou ela seguiria com a vida dela e tudo bem. Pietro não era Bucky. O nova iorquino era um homem perdido no tempo, perdido em seu caráter, com um demônio em seu coração ao qual ele buscava exorcisar com o que existia de bom em sua alma.

— Eu sei disso. — Pietro assentiu baixando o seu olhar, batucando os dedos no arco da porta. — Você merece um homem do seu lado, te apoiando nas decisões mais loucas, te aconselhando, cuidando de você e deixando que você também cuide dele, você precisa de alguém para te amar incondicionalmente.

— Eu não acho que tenha alguém assim para mim.

Não era charme. Pietro acreditava que ela merecia um mundo ao qual Willa sabia em seu coração que não pertencia. Ela queria ser capaz de viver nesse mundo, ao menos conseguí-lo imaginá-lo. Como ela podia pensar em encontrar alguém assim, ter uma vida ao lado de alguém quando em cada esquina ela tinha um inimigo espreitando uma falha sua? Seria como amaldiçoar alguém com o seu amor. Se Clint conseguiu, ela também conseguiria, certo? No fundo, ela sabia que se fosse só mais uma na vida de Pietro (e de qualquer outro) seria mais fácil para eles, só não seria o que ela queria e eles mereciam. O que atrapalhava eram os seus malditos sentimentos. Ela não queria ser só mais uma na vida de Pietro. Ela não queria ser uma anomalia. Ela queria ter uma vida normal, uma família, uma casa, um cachorro, uma planta, um trabalho, esporadicamente salvar o mundo; ela queria a vida que foi arrancada dela naquele incidente. Seria a melhor forma de honrar o seu irmão e os seus pais. E Riddle.

— Eu quero ser esse homem — A paixão nas palavras de Pietro levaram Willa a perder momentaneamente a capacidade de respirar. — Toda vez que eu estou com você, eu quero ser esse homem. — Ele gesticulou com intensidade em suas ações, caminhando passo a passo até estar diante dela. — Toda vez que eu arranco um sorriso seu, eu quero ser esse homem. — Ela não resistiu e sorriu. Pietro deixou suas mãos encontrarem conforto na base de sua cabeça, em seu rosto. — Toda vez que eu vejo você duvidar da sua capacidade de ser incrível, eu quero ser esse homem que te abraça e te mostra o tão impar você é. — Os seus olhos se encontraram. Willa sentiu em seu cerne que ela poderia viver por aquele homem com aquela paixão alimentando a sua alma. — Só de te ver nesse vestido eu quero arrancá-lo fora do seu corpo e te fazer mulher nesse chão, aqui e agora.

Aquelas palavras sussurradas aos seus lábios arrepiaram a pele de Fairchild. Ela não conteve uma gostosa risada e distanciou milimetricamente de Maximoff, encarando-o.

— E a adrenalina? – Ela o desafiou sentindo as suas mãos descerem a base da sua coluna.

— Eu sinto a adrenalina o tempo todo com você. — Ela proferiu, encantado.

— E a empolgação? — Ela instigou deixando os seus dedos trilharam a lateral do seu corpo, as veias saltadas dos seus biceps.

— Eu vou ter um enfarto por tamanha empolgação. — Willa riu e Pietro assentiu, aconchegando suas mãos na cintura dela, encaixando o seu corpo ao dele perfeitamente. — Não duvide, eu vou sim. — Ela não duvidava disso por nenhum segundo. — Um dia você vai virar um corredor, eu não vou estar esperando por isso e vou enfartar por tanta empolgação. — Ele repousou dramaticamente a mão em seu coração.

— E a incerteza? — Ela questionou arqueando uma sobrancelha.

— Não saber o que você sente me mata um pouquinho a cada novo dia. — Ele revelou deixando os seus lábios tocarem a tempora de Fairchild. Ela fechou os olhos, buscando aquela paz dos seus braços.

Abriu os olhos, em confusão, incompreensão.
Ela não conseguiu.  

— Se você escolher me amar será como abrir a caixa de Pandora e ser acometido por todas as suas maldições, de uma só vez.

— Eu quebraria todas elas com o meu amor. — Willa gargalhou meneando a cabeça em negativa.

— Não existe um amor assim.

— Existe. — Pietro proferiu com cortesia e o seu charme galante. — E eu posso mostrá-lo para você.

— Você ficará melhor com as suas amantes de uma noite apenas. — Ela tentou convencer-se disso, pelo bem deles. — Você merece mais do que os meus demônios, Pietro.

— Willa, você é o melhor para mim. — Ele proferiu com confiança. Se ele tivesse o dom da premonição, Willa acreditaria que ele viu isso acontecer entre eles em um futuro não muito distante.

— Você está cego. — Ela meneou com a cabeça. Ela estava perdendo o ponto ali. — Está confundindo gratidão e uma noite de sexo bom com paixão, amor e cumplicidade. E se você for esperto, quando eu retornar, você terá partido para a sua próxima aventura sem correr riscos de se decepcionar com a minha decisão e a ilusão que tem de mim.

— Maldição, Willa! — Ele exclamou, injuriado. — Você é a cega aqui! Não está claro o quanto que eu am...—

— Não. Não diz isso. — Ela fechou os olhos, distanciando de Maximoff. — Você mesmo disse. Você não é um homem de uma mulher só e eu não sou a mulher para você. — Pietro se encontrou sem palavras, decepcionado e pesaroso, ele não acreditava em como tudo levava eles para um fim. Ele lutava por ela, ela lutava de volta e aí, ela desistia de tudo, dele, deles. Por que ela fazia isso? Por que ela estava afastando ele dela? — Me deixa ir, Pietro, da mesma forma que eu deveria ter te deixado ir em Sokovia. 

Ela preferia perdê-lo para sempre sem ouvi-lo dizer que a amava do que ouvir tal declaração pela primeira e última vez.

Pietro não podia fazer muito. Se ela queria assim, ele não podia desrespeitá-la. Ele não podia continuar lutando pelo amor de uma pessoa que estava atormentada pelos seus demônios. E, no final das contas, o amor era para ser lutado, conquistado ou deveria ser um clique? Ele não queria lutar Willa. Ela não era algo para ser conquistado. E o tal do clique, não rolou entre eles. Apenas aconteceu.
Como a sua partida.
Antes dele poder dizer qualquer coisa a ela, fosse um adeus ou um pedido de desculpas por toda aquela situação, Willa partiu para cumprir a sua missão para A Casta e deixou Pietro desolado, como ele estivera, quando sozinho despertara na Torre dos Stark, após a sua ressurreição.

É, aparentemente, todos eles tinham um demônio para exorcizar ali.

Boate
Tóquio, Japão

A música predominante era uma batida Techno bem popular nos Estados Unidos e manipulada em um remix pelo DJ. A pista estava abarrotada e Willa acompanhava os movimentos de Lee do seu lugar cativo no bar com discrição. Fingia bebericar um campari administrando um olhar curioso e despretensioso para o público e um olhar malicioso para o camarote. Seus sentidos estavam conectados até mesmo com a respiração de Lee. Se ele espirrasse, ela saberia e estaria lá em cima em segundos com um lencinho. Foi difícil entrar na boate. Ela não só era disputada, como também elitista e racista. Os donos preservavam a pureza do sangue japonês, logo, turistas (vulgo Willa) não era permitido entrar, sem pagar uma boa quantia monetária. Um japonês pagaria 500 ienes para entrar, um turista pagaria o triplo; uma mulher pagaria o quíntuplo, pois os donos das boates acreditavam que mulheres iam para lá para conseguir consumação gratuita de homens facilmente dissimuláveis.

Em menos de meia hora, ela conseguiu identificar a comitiva de Lee: três homens e cinco mulheres, todos japoneses e seguiram para um camarote vip, no segundo andar. O camarote era vigiado por dois homens fortemente armados, com autorização para revistar qualquer um que bisbilhotasse para o local. Lee tinha dois seguranças nos seus flancos, aos quais Willa chamava de Sombra 1 e Sombra 2. A Sombra 1 portava um kit de adagas, escondidas em seu terno; o cheiro do metal era predominante para o olfato de Fairchild. A Sombra 2 tinha uma katana bem amostra; idiota. Willa descartou todas as suas armas em um beco próximo. A situação não era favorável para ela, mas se os seguranças treinados pela Tentáculo captassem o cheiro de metal nela, poderiam desconfiar das suas intenções e reconhecerem o seu rosto, o que destruiria o seu plano que consistia em: conseguir um minuto a sós com Lee.

Ela só precisava fazer uma pergunta e ouvir o coração dele. Sua resposta seria a decisão da ninja.
Mas, para isso acontecer, ele precisava deixar o camarote. Ele estava isolado com os seus amigos. Ninguém tinha autorização para entrar no corredor do camarote. Ou seja, Willa não conseguiria chegar a três metros dali sem ser revistada ou iniciar um pequeno confronto. Ela pensou em apagar as luzes da boate. Os interruptores ficavam em um lugar fácil de acesso, com dois seguranças a tiracolo e os donos tinham conhecimento da presença de Lee naquele dia, eles deveriam ter uma saída emergencial planejada só para ele. Ela o perderia nessa retirada e perderia o seu elemento de surpresa. Lee ficaria atento a qualquer aproximação nos próximos dias, como seria cercado pelo quádruplo de seguranças.

Willa tinha pouquíssimas opções ali.

Ela precisava se aproximar dele em um lugar comum, livremente frequentado pelos clientes da boate e os clientes Vips.

Na sua proximidade um batimento cardíaco vacilou e Willa inclinou a cabeça desgostosa com a sensação de ser observada. Ela temia desprender sua atenção de Lee, mas o batimento cardíaco era atordoante... Constante, instável, estável e subitamente, ansioso. Ela afastou a contragosto os olhos do camarote e a meio caminho de alcançá-la encontrou um garçom com uma bebida vermelha em mãos. Ele arregalou os olhos, surpreendido pela percepção dela.

— A dama da ponta à direita pediu para entregar essa bebida a senhorita. — O garçom tentou se comunicar em inglês, mas não era muito hábil no idioma. Willa assentiu e agradeceu em japonês.

Pegou a bebida e lançou um olhar incerto para o liquido. Era um campari doce com uma pedra de gelo. Exatamente como ela pediu a sua primeira dose. Só que... Ele tinha um cheiro salgado, rançoso... Ela olhou para a tal dama, uma mulher belíssima adornada por uma cascata de cabelos ruivos e um olhar esverdeado capaz de hipnotizar um coração fraco. Ela cumprimentou Willa com o seu copo de uísque. Willa não a cumprimentou de volta. Ela reconhecia aquele cheiro na bebida: belladonna. Um veneno potente. Ela dedilhou o copo, para levantá-lo para cumprimentar a dama desconhecida, na intenção de não levantar suspeitas, mas deixou o copo escapulir e consequentemente quebrar no balcão. Willa fez a sua melhor interpretação de uma americana muito desastrada. Proferindo palavras desconexas em japonês e inglês pedia perdão para as pessoas no seu redor e ao pobre do garçom que era verdadeiramente, atrapalhado. Ela aproveitou a dispersão para olhar a mulher. Cabelos ruivos, naturais. O seu penteado era modelado com um cuidado digno de uma estrela dos Anos 30. Não foi um penteado feito em casa, como o de Willa. Aquela mulher esteve em um salão, onde fez os cabelos e a maquiagem delicada realçando as suas sardas com um delicado blush e os lábios com um batom vermelho escalarte. Pelo cheiro da maquiagem, tudo de primeira qualidade. Suas roupas eram finas certamente não era de uma loja de departamento... Ela não tinha um sinal, nem uma tatuagem, nem um tique. Nada que a destacasse em uma investigação. Ela era uma assassina perfeita. A bebida, o álcool, os perfumes, o shampoo e a excitação da natureza humana tornava incerta a percepção olfativa dela.

Ela não conhecia aquela mulher. E elas não se conheceriam naquela noite.

A voz de Lee ressoou a distância. Ele comunicava a alguém que iria ao banheiro. Ele prosseguiu com alguns passos retumbando atrás dele. Ele não estava sozinho. Willa não podia perder essa oportunidade. Se ela seguisse Lee ela teria que deixar a dama ruiva e o seu propósito desconhecido para outro momento.

Escolhas.

Willa prosseguiu por entre as pessoas, seguindo as vibrações dos passos de quem acompanhava Lee. Os seus batimentos cardíacos estavam estáveis, controlados, até equilibrados demais. A ninja não se prendeu a isso. Ela sabia que a dama ruiva abandonara o bar assim que a sua atenção foi roubava para o camarote. Partira por não ter concluído a sua missão de envenenar Willa? E porque ela queria envená-la? Quem a mandara ali? Ou ela mesma tinha tal missão? Calma, Willa. Uma coisa por vez. Ela subiu a escada reta para o camarote e notou a necessidade de uma comanda especial, para entrar naquela região, a qual ela rapidamente surrupiou dos dedos suados de um garoto japonês bêbado demais para perceber e novo demais para estar ali.

Willa roubou uma comanda. Willa furou uma fila. Willa entregou a comanda para um segurança pouco interessado em saber se ela se chamava Joon Chung e fascinado pelo seu decote generoso. Ela abandonou a comanda no chão e prosseguiu o corredor, conseguindo enxergar a nuca de um dos seguranças. O corredor estava abarrotado. Willa foi passando por eles, concentrando os seus sentidos nos batimentos cardíacos dos homens acompanhando Lee deixando para trás os batimentos cardíacos e emoções de qualquer outra pessoa.

Ela virou o corredor e viu Lee entrando no banheiro. Coordenados, os seguranças viraram para o horizonte, atentos a qualquer movimento auspicioso e Willa não estava mais no corredor. Os seguranças estavam atentos a qualquer intromissão de algum cliente, só não esperavam que o intruso estivesse sobre eles.

Willa saltou para uma viga no teto e pulou suavemente contra cada uma delas nas pontas dos seus pés, até alcançar a sustentação principal sobre a cabeça dos homens. Ela deu um mortal frontal parando a frente deles, acertando um tapa transversal na traqueia de um e um chute com o joelho nas partes baixas do outro. A Sombra 2 abriu a bainha da katana e Willa deu um tapa em sua mão e empurrou o seu ombro para atrás, esticando o seu braço e rodopiando ele com destreza, ocasionando três ossos quebrados e distendendo o músculo principal dele. Ele caiu de joelhos no chão e Willa teve um milésimo para escapar de um corte da adaga na altura do seu pescoço. Desvencilhou-se de dois ataques com as adagas, defendendo-se com movimentos de combate do Aikido. Ele era bom com adagas, mas ela era excelente com reflexo. Conseguiu fazê-lo perder as duas adagas, acertou um chute contra o seu diafragma e usou o seu torso como apoio para girar, prender a perna contra o Sombra 2 e utilizando a força das suas pernas; apertou a sua garganta, sufocando-o parcialmente e rodopiando ele, até desabá-lo contra o chão. Incapacitado, ele desmaiou e Willa acertou um chute contra a barriga de um dos homens que tentou pegá-la de mansinho, só que ele conseguiu segurá-la pela canela e arremessou-a contra a parede. Ele estava pronto para acertar-lhe um chute nas costelas, mas ela apoiou as palmas das mãos no chão e puxou o corpo para frente com isso, dobrou e prendeu as pernas nas da Sombra 1. Usando sua força, ela desequilibrou o homem. Ele bateu a testa na parede e desabou no chão, desmaiado.

O som de uma lamina pesada riscou o chão, cortando o ar... Willa arregalou os olhos, por não ter se dado conta dessa aproximação inesperada. Ela escapou, mas parte da alça do seu vestido foi rasgada pela lamina, levando consigo um pouco da sua pele.

Willa levantou os seus olhos encontrando o seu atacante: Lee. Ele levantou a Katana com manejo, repousando gentilmente sobre o ombro.

— Pela sua técnica eu diria que você é um filhote da Casta e está aqui a mando dos seus mestres para terminar o serviço sujo deles — Ele proferiu áspero mirando um olhar desconfiado sobre ela, temendo ser surpreendido.   

— Eu não diria isso — Ela inclinou a cabeça, disfarçando um olhar para o inicio do corredor. Uma comoção acontecia na área principal da boate. Era uma mistura de gritos, exaltações e correria.

— Diria o que então? — Ele incitou com uma postura ameaçadora. — Você vem aqui, ataca os meus seguranças e espera que eu acredite que você e o seu exército não estão aqui para me finalizar por conta da rixa entre esses malditos clãs?

— Exército? — Willa gargalhou. Nos seus sonhos mais loucos ela se compararia a um exército, mas não naquela quinta-feira. — Eu estou sozinha.

Uma rajada de tiros ecoou no salão principal, atingindo a percepção de Lee e Willa. Surpreendidos, eles buscaram através das suas sensibilidades qualquer sinalização do que estava acontecendo, apavorados com o desconhecimento das respostas, eles trocaram um olhar incerto.

O que estava acontecendo ali?

— Ou você está mentindo ou nós estamos igualmente encrencados — Ele não baixou a sua guarda, mas arqueou uma sobrancelha, como se lê-se a mente da sua inimiga.  

Passos rápidos aproximaram do corredor e Willa deferiu alguns passos para trás com temor crepitando em seu coração.

— Bringen Sie sie am Leben. — Uma voz feminina proferiu rispidamente ao vento e uma trinca de homens surgiu das duas extremidades do corredor, portando snipers de alta tecnologia.

Um dos homens mirou o feixe vermelho na canela de Willa e outros dois, no peito de Lee.

Willa não pensou duas vezes e empurrou Lee para longe das miras. Protegidos contra a parede do corredor, os tiros atingido a porta e a parede de fundo. Lee escapou de ser acertado e mostrou surpresa por ter sido protegido por ela sua então, inimiga. Aparentemente, eles teriam que resolver os seus problemas depois de resolver aquele problema. Pelo que tudo indicava a tal ninja da Casta estava ali para matá-lo, mas aqueles alemães queriam matar ambos. Sua noite se tornou duas vezes mais perturbadora.

Os homens continuaram a atirar ganhando a companhia de mais dois homens e conquistando mais espaços do corredor. Lee agarrou Willa pelo braço. Ela reteve a sua força, desconfiada, mas ele insistiu e ela aceitou, percebendo que morrer por tiros não era uma opção para ela. Lee a guiou por um corredor, até o fim, alcançando uma sala com uma porta eletrônica. Ela podia escutar os passos se aproximando rapidamente e havia mais... mais quatro pares de pernas subindo agilmente as escadas e tiros acontecendo deliberadamente na parte central da boate. Willa ficou subitamente tonta, ela não estava preparada para ter que lidar com toda aquela energia.
Aquilo seria uma chacina. Lee digitou rapidamente a senha e abriu a porta metálica. Ele estava entrando, quando percebeu que Willa estava fora de si e ele a puxou para dentro da sala a tempo de escapar de um tiro de escopeta bem contra o estômago.

A porta vedava qualquer som externo e ela xingou, desgostosa por essa desvantagem.Como ela saberia o que estava acontecendo no térreo, do outro lado da porta? Ela olhou ao redor, buscando algum tipo de vantagem para se agarrar, enquanto tentava retomar o seu equilibrio. Eles estavam no estoque de bebida e eles poderiam tentar fazer alguns coquetéis molotov ou iniciar um incêndio, o que acabaria consumindo a boate e colocaria a vida de muitos em jogo, apenas para salvar a deles. E mesmo assim, quantos mais deles poderiam existir lá fora a espera de comando? Eles precisavam escapar daquele prédio e levar aquela confusão para longe do alcance dos civis. Antes que Willa tivesse qualquer reação, Lee apontou a Katana contra o pescoço dela e Fairchild travou o seu ar em seu peito, não apercebendo desse movimento. Ele era de fato, um filho do tentáculo.

— Me dê um motivo para não decepar sua cabeça em resposta ao que o seu mestre Stick fez ao meu pai.

— Eu não posso tirar de você o direito de vingar a morte do seu pai. — Willa proferiu com firmeza, levantando as mãos mostrando a ele que não estava em seus planos defender-se. Ele tinha o controle do seu futuro ali. — Eu estava lá, eu lutei contra ele, mas eu não o matei e muito menos a minha morte afetaria o assassino dele. Muito pelo contrário, eu acho que você faria a ele um favor.

Stick poderia até ficar chateadinho pela sua morte. Seria uma assassina a menos para a causa da Casta, mas mal? Arrasado? Dificilmente. Talvez, até enviasse uma garrafa de champanhe para ele em congratulação.

— Então, porque eles te enviaram até mim? — Ele questionou desconfiado.

Willa estava preocupada com o seu pescoço, mas o silêncio em sua mente era de algum modo, muito mais perturbador do que uma das laminas mais afiadas e potentes da humanidade.

— Para matá-lo. — Ela revelou olhando nos olhos do futuro líder do Tentáculo.

— Você deve ser muito confiante para revelar isso para mim ou muito louca. — Ele meneou a cabeça em negativa sem afastar a lâmina por nenhum centímetro da pele dela. Pela sua posição, Fairchild encontrou duas formas de desarmá-lo, em ambas, ela sairia ferida. Suas propabilidades precisavam melhorar.

. De soslaio, ela viu uma lâmina brilhar em uma das prateleiras das bebidas. Se ela conseguisse alcançar com as pontas dos seus dedos... Melhoraram. Sempre havia uma luz no fim do túnel, ou como no caso, um brilho prateado e mortífero nas mãos certas.

Agora, ela só precisava de uma pequena distração...

— Um pouco dos dois — Ela ponderou deixando um sorriso convencido escapar dos seus lábios delineados de vermelho. — Uma coisa eu posso te garantir: eu não sou a Casta. Eu não sou o Tentáculo. E sim, eles me enviaram para matá-lo, mas isso não quer dizer que vou obedecê-lo. Não se você não me der um bom motivo para isso.

— Eu posso decepar a sua garganta, garota — Ele pressionou a lâmina contra a pele dela. Ele não estava comprando as suas motivações.  

A porta deu uma tremida inesperada pelos ninjas. Lee olhou por sobre o ombro e Willa esticou o braço, agarrando a faca e apontando ela abaixo do bicep esquerdo do homem. Ela agarrou a alça da Katana, empurrando contra a força dele para o lado oposto. Ela se aproveitou de sua fraqueza, ganhando igualdade.

— Eu tenho uma faca apontada na sua Aorta — Ela explicou arqueando as sobrancelhas. — Corta meu pescoço e só um pequeno corte dela e você vai vazar 1/3 do sangue do seu corpo em cinco minutos. 

— Você é boa — Lee riu, pensando o que ele poderia fazer agora. — E rápida.

— Eu tenho dedos ágeis e eu sou implacável — Ela não perdeu a chance de delinear o seu ego. Respirou fundo, com os seus olhos conectados pela primeira vez. — Você não é o seu pai. Se você fosse, eu estaria morta antes daqueles assassinos chegarem no corredor. Eu conheci o seu pai. Eu vi o fogo da liderança queimar nos olhos dele e você não tem esse fogo. 

Esse discurso poderia funcionar para os dois lados: para ele amolecer o coração e confiar nela ou para ele mostrar a sua verdadeira natureza, o que apenas ferraria com Willa, mas... o que era um espirro para quem estava gripado, não é mesmo?

— Você...- — Ele meneou a cabeça em negativa, não confiando em suas palavras e por alguns instantes, ouvindo a voz da sua consciência, o que o levou a apertar a sua mão no apoio de sua Katana. A lâmina partiu levemente a pele sensível do pescoço de Fairchild.

— Eu não quero matar você — Ela revelou com sinceridade, sem quebrar a ligação entre os seus olhares. A porta tremera mais uma vez, um pouquinho mais pesado do que a instante atrás. — Mas a Casta quer e eu preciso garantir que se isso acontecer, você morra pelos motivos certos, e não por um conflito de interesses, especulações.

— E você veio me avisar? — Ele proferiou debochado. — Que bonitinho da sua parte. — Willa revirou os olhos. Essa coisa de mártir estava se transformando em um pé no saco. — Mas não brinca comigo.

— Nós não temos tempo para continuar essa birrinha ou você me mata agora ou eles vão fazer isso para chegar até você — Ela proferiu entre os dentes, apontando com a cabeça para a porta e afastando minimamente de Lee e abandonando a faca, que caiu pesadamente no chão.  

— Eles não estão me seguindo — Ele meneou a cabeça em negativa, descrente.  

— Não, eles estão — Ela afirmou franzindo o cenho, intrigada com tal jogada do filhote da Tentáculo.

— Já vi que você não fala alemão... — Ele abaixou a katana, momentaneamente, pensativo.

— O que? — Ela não escondeu a sua confusão. Olhando dele, para a porta e então para a katana fincada no chão. — O que você quer dizer com isso?

— Você é da Casta, não se faça de sonsa — Ele bufou, gesticulando para ela com desgosto. Ela realmente estava tentando passar a perna dele e fingir desconhecer o significado por trás das palavras proferidas pela assassina alemã? — Eu sei que eles treinam vocês para ter os sentidos tão aguçados quanto nós — Ela assentiu dando de ombro, não compreendendo o porquê dele ter trazido o assunto a tona quando suas cabeças estavam a preço a poucos centímetros dali. — Passamos pelo mesmo treinamento com o traidor do Stick.

— Eu sei disso — Ela proferiu entre os dentes, gesticulando para ele ir direto ao assunto.

— Então, você ouviu a mulher falando alemão... – Ela assente, subitamente recordando da dama ruiva e a sua bebida envenenada por belladonna. – A tal mulher no grupo, provavelmente a líder da missão, ordenou para poupar você e levá-la com vida. Você trouxe isso até mim.

— Não, deve ter algum engano nisso. — Mesmo com os fatos, Willa se agarrou àquilo que ela tinha como certeza, o que os seus olhos viram durante toda a sua vigília no dia a dia de Lee. — Eu estou na sua cola desde as oito da manhã e eles não saíram do seu rastro.

— Tem certeza que eles estavam atrás de mim? — Lee sugeriu sem um pingo de cinismo.

— Eu não sou ninguém. — Ela abafou uma risada descrente, o desespero em sua voz e o seu olhar incerto deu a Lee as respostas que ele buscava.

Ele olhou para a porta, assistindo-a estufar alguns centímetros. Eles não tinham a noite toda.

— Aparentemente, é. — Ele retornou a sua atenção para Willa. — Para alguém. — Ela focou a sua atenção nele e algo em suas palavras despertou nela um sentimento distante, adormecido. — Vai querer ficar para descobrir ou o plano de trabalharmos juntos para escapar ainda está em voga?

Ele sugeriu levantando a sobrancelha charmosamente, rodopiando a katana e segurando ela ameaçadoramente, agora para quem estava a tentar invadir a sala, em busca da ninja da Casta.

Ela fechou os olhos e movimentou os ombros, afastando a tensão. Caminhou e parou ao lado do ninja e dominada por uma determinação capaz de mover a muralha da China, ela proferiu para o seu novo arqui-inimigo:

— Vamos fazer a nossa saída.


Notas Finais


Cada dia que passa Exile parece mais com um episódio de Twin Peaks: todas as mentiras são verdades e todas as verdades são cenas de terror assustadoramente aterrorizantes.

O que vocês acharam desse capítulo, mates? ♥


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