A estrada é longa, nós seguimos adiante
Tente se divertir nesse meio tempo - Born to Die
Allison Argent — Point of View
Levanto o rosto e retorno a ter a minha respiração normalizada. Meus dedos formigam ao bater na porta pela segunda vez. Meu maxilar está travado e consigo sentir o gosto de sangue sob minha língua. O nervosismo e a ansiedade me fazem perder a noção ao morder os lábios de maneira tão forte, que eles parecem se desfazer. Porém, sinto a adrenalina no meu sangue. Respiro fundo novamente, até que ao levantar meu punho novamente, a porta é aberta. Consigo enxergar seus olhos azuis, sua barba branca mal feita, sua camiseta branca e as calças pretas. Olho-o de cabeça erguida, sentindo o ódio correr solto pelas minhas veias, assim como o nojo que sentia pelo homem.
— Posso ajudar? — Roger sorri, falando de uma forma doce. — Estava ocupado, desculpe a...
— Demora. Sei. — Dou um sorriso debochado. — Na verdade, pode sim. Lydia não comparece à escola tem, exatamente, quatro dias. Achei compreensível, já que podem ter acontecido algumas coisas com ela. — Me refiro a briga com Stiles. — Mas ela também não está retornando meus telefonemas, então...
— Ah, é isso! Achei que algo sério havia acontecido. — Ele comenta brincalhão, arquio a sobrancelha de forma cínica, doida para arrancar aquela falsa simpatia que corria pelo seu rosto desnaturado. — Lydia, ela... — Noto seu nervosismo pela sua fala. — Viajou.
— Viajou? — Pergunto confusa.
— Foi fazer uma visita aos amigos em Atlanta. Temos familiares lá também, então ela ficou com a vó por lá. — Explica. — E seu telefone? Sabe como é, não? Ela pode ter enjoado ou...
— É, claro. — Confirmo, estranhando a história. — Tudo bem, eu...
E, nessa hora, ouço um grunhido e um barulho estrondoso de dentro da casa, mas não identifico de onde vêm.
— O que foi...
— Allison, acho que é melhor você ir agora. Chris e sua mãe devem estar à sua procura. Nos vemos depois.
Sem que eu possa contestar, Roger fecha a porta.
Eu nunca gostei do meu tio, para falar a verdade. Houve uma época em que ele privou Lydia de tudo o que ela tinha direito. Ela tinha que fazer por si mesma e nunca ganhava autorização para nada, e como tentava ser atenciosa e obediente, aceitava calada. Isso foi entre a data da morte de sua mãe, e seus 15 anos. Até que nos distanciamos pois ela me evitava, mas sempre me dizia que corria tudo bem. Assim que eu vim para Beacon, nosso contato ficou maior e eu sinto que era porque eu não podia forçá-la a me contar o que estava acontecendo.
Eu sempre tentei ajudá-la, mas ela nunca aceitava. E eu sentia que algo acontecia por debaixo daquele teto.
Os Argent sempre foram destemidos. Nós sempre tínhamos a adrenalina correndo em nossas veias, com a determinação na certa. A família sempre possuiu uma certa riqueza, e por isso, eu adorava tudo o que era mais requintado, mas isso também trazia para mim o desejo de honrar minha família, pois essas dificuldades financeiras nunca aconteciam pelo fato de que todos nós buscávamos nos esforçar. E, como diz a lenda, os antigos Argent's acreditavam que o instinto, o poder da determinação e do esforço, era algo que se empoderava no poder sobrenatural. Atualmente, eu não acredito nisso, mas acho impressionante a forma como minha família e eu somos iguais nesse caso. Nós sempre tivemos instintos certos e apurados, e a incrível teimosia de ir atrás até o final de algo que tivessemos dúvida.
E nesse momento, eu sinto e sei que algo está acontecendo com a Lydia, e eu não irei desistir até encontrá-la.
[...]
9:20AM
Ouço batidas frequentes na porta. Desço as escadas e assim que a abro, vejo os três meninos claramente assustados, após lerem minhas quinze mensagens desesperadas.
— O que aconteceu, Allison? Eu fiquei assustado. — Scott se pronuncia. Sentiria vontade de rir e adulá-lo, brincando assim como eu, ele e Isaac fazíamos, mas a situação em que eu me pregava parecia séria e era.
— Entrem.
Ando até o centro da sala, cruzando os braços. Stiles, Isaac e Scott estavam com mochilas, o que me fazia pensar que eles mataram aula.
— Eu não pediria vocês pra vir aqui se não fosse sério, mas como é, tanto faz. — Dou o monótono sorriso sarcástico. — A situação é séria.
— Fala logo, Argent.
— A Lydia desapareceu. — Começo, antes de ver o olhar confuso dos três. Encaro o rosto de Stiles, aquele que sempre está sem expressão, o que mais me parece uma dádiva. — Fui na sua casa, após ela faltar segunda, terça, quarta e obviamente, quinta. Mas na verdade, a última vez que nos falamos foi na quinta passada de tarde. Desde então, nada. E não digam que eu não tentei de tudo, pois tentei. E Roger... — Respiro fundo, pois sempre vou sentir nojo ao dizer esse nome. — Ele disse que Lydia foi para Atlanta para ver amigos e familiares. Além de que ele é estranho, ouvi um barulho hoje...
— Roger? — Sou interrompida.
— O pai dela.
— Lydia não iria embora de Beacon sem nos avisar. — Isaac conclui o que eu já havia pensado.
— Uau, revelação do ano. — Scott se pronuncia. — Ela não nos deixaria, mas principalmente o...
— Stiles. — Completo a frase. Ele, que estava calado, levanta a cabeça e se torna alvo dos olhares. — Lydia gosta muito de todos nós, realmente. Mas ela não sairia daqui sem dizer nada para o Stiles.
— Nós... Brigamos.
— Você a conhece. Se ela saísse do estado, o que acha que faria?
— Primeiramente, ela teria um real motivo para isso, e como ela é o tipo de pessoa que dá satisfação para todos sobre tudo, ela teria ido na minha casa e teria me avisado. — Ele diz, sorrio. Ele a conhece, e isso é mais um ponto para o casal que eu sempre torcia.
— Lydia sabe seu endereço?
— Do jeito que ela é, rapidamente descobriria.
Balanço a cabeça.
— Então, o que faremos?
— Como sou observadora, notei que ele se sentiu nervoso ao dizer que Lydia está na casa da avó. Então, ligaremos para lá, e vamos ver se está lá. — Tiro o telefone do bolso da calça, procurando o contato da casa da vovó.
— Isso parece loucura, Alli. Você tem certeza que tem algo acontecendo? — Isaac para em minha frente, estranhando.
— Eu sinto isso, Lahey. E não vou parar até achá-la. Não tem nada que eu não faria para protegê-la.
Procuro os olhos de Stiles. Admito que estava curiosa para saber se ele sentia o mesmo que eu. Não era loucura, eu sei que não. Eu conheço Lydia desde que me conheço por gente, e não é possível que seja da minha cabeça. Além de que, conheço ele desde meus quinze anos, quando vim para cá e eu falava com ele algumas vezes. Stiles nunca se preocupou com nada. Ele apenas era agressivo, seco e indiferente. Saber que ele doou seu tempo à Lydia me faz pensar que há sentimento entre eles.
— Isaac, se você não acredita, saia. Se Allison tem tanta certeza, não vamos duvidar de uma Argent, certo? Ligue logo, e se ela não estiver lá, vamos achá-la. Nem que para isso nós tenhamos que invadir o depósito de armas que o pai dela possui.
Sua frase me fez sorrir pela primeira vez desde que tive a dúvida de onde ela estava. E agora, eu sabia que iria encontrá-la.
Disco os números, ouvindo a voz doce de Marlee.
— Alô?
— Vovó!
— Addison, minha neta.
— É Allison, vó.
— Com L?
— Sim, senhora.
— Que saudades, Allison. Não a vejo desde... Espere, desde quando não a vejo?
— Fui visitá-la nessas férias, Dona Marlee. Agora que estudo, é dificil vê-la.
— Ah, não tem importância. E meu filhinho, como está?
— Bem, muito bem.
— E qual o motivo da ligação? Você está com dúvida de como fazer o bolo de novo, Addison?
— Não, vovó. É que eu...
— Chame Ariel, ela aprendeu a fazer muitas coisas quando ainda morava pela cidade. Aliás, como ela está?
Então, eu confirmo o que precisava.
— Bem. Logo logo nós duas vamos ir vê-la. Até mais, vovó. Ligo para a senhora futuramente.
Desligo a chamada, guardando o telefone.
— Agora é uma boa hora para duvidar de mim, ou ir ao depósito de armas?
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