1. Spirit Fanfics >
  2. Boss >
  3. Distância

História Boss - Distância


Escrita por: AllyMannEvans

Notas do Autor


Oooie <3
Nem demorei muito, né? Cheguei até bem rápido se comparado aos outros capítulos!

* Gostaria de pedir desculpa oficialmente para vocês por causa das repetições do capítulo passado. Eu arrumei assim que percebi, então a maioria de vocês não viu, mas muita gente viu e eu não posso ignorar, né? Deu um problema no meu note e o capítulo acabou se repetindo várias vezes, então peço perdão, mas não fui culpa minha!

* Obrigada por todos os comentários do capítulo, mesmo que meio tristes e tals, né? Vai demorar um pouco para comédia voltar porque agora é um período bem tenso, mas quando voltar, vai ser com tudo, juro!

* Não julguem a Hermione e suas atitudes, tentem entender seu lado!

* Vocês provavelmente vão sentir uma pequena raiva desse capítulo por causa do rumo que as coisas estão tomando, mas eu coloquei algo bem legal que vocês vão gostar! Pelo menos, acho que vão! Haha!

* Espero que gostem do capítulo! COMENTEEEEEM, favoritem, divulguem! Beijo, beijo, beijo! Amo vocês <3

Capítulo 17 - Distância


    Entro em desespero quando Hermione aparata e percebo que não faço ideia do lugar que ela pode ter ido. Ando de um lado pro outro sem saber bem o que pensar, minha visão até mesmo embaça.

    - Droga! - praguejo quando jogo o telefone do quarto no chão e me amaldiçoando por não saber daquele detalhe tão fútil, mas que decidiu a porra toda.

    Deixo de lado aquele último fio de esperança de que talvez Hermione volte e mude de ideia sobre tudo. Respiro fundo, tentando me acalmar e focar no meu destino. Sei que provavelmente não vou encontrar ela, não hoje, então vou tentar evitar que Luna se meta. Aparato focalizando a sua sala.

    Ela se encontra na cozinha quando apareço lá com um pequeno arranhão no rosto pela falta de concentração, mas corre para a sala assim que ouve o estalo. Tirando a feição assustada, ela parece a Luna que conheço. Usa os brincos de rabanete que há tempos não a via usar, assim como um moletom laranja e calça verde. Seus cabelos loiros estão bagunçados e ela parece cansada. Provavelmente trabalhou no turno da noite e ia dormir daqui a pouco.

    - O que está fazendo aqui? Cadê Hermione? Draco, você contou?! - ela já me metralha com mil questionamentos. Nego todos com a cabeça, andando de um lado para outro novamente.

    - Ela ouviu! Ela ouviu a conversa! - grito com as mãos tremendo e mexendo de forma nervosa no meu cabelo.

    - Como assim?!

    - O telefone! Porra, tinha um telefone no andar de cima! Ela… Ela ouviu a conversa inteira! Eu… Eu não tenho ideia de onde ela está! Ela simplesmente gritou comigo, com razão, e aparatou!

    - Será que ela foi atrás do Rony? Ah, isso não é bom… Isso não é bom… - minha amiga murmura com a mão na testa - Os pais dele não sabem sobre isso! Tentei contatar Pansy, aparentemente ela ainda vai almoçar lá! Se Hermione entrar no meio…

    - Por Merlin, isso vai dar uma confusão maior que o planejado! Eu preciso ir até A Toca tentar evitar que Pansy apareça por lá. Já vai ser ruim o suficiente uma discussão entre Rony e Hermione na frente da Sra. Weasley.

    - Calma, calma… - Luna responde, pegando em meus ombros e me fazendo sentar - Temos tempo ainda, Pansy irá perto do meio-dia provavelmente. Precisamos cuidar do seu machucado.

    Ela me senta no sofá, me deixando sozinho enquanto vai pegar algo pro machucado. Limpo o sangue com a mão, frustrado. Hermione nunca vai me perdoar. Não depois de tudo que ouviu no telefone, não depois de tudo que me disse. Ela me chamou de covarde, ela relembrou meu eu da escola.

Luna volta com um algodão e o que provavelmente é ditamno. Passa o líquido no meu rosto e limpa com cuidado o corte. Fala comigo sobre alguma coisa, com a voz calma que sempre teve, mas não a escuto. Os gritos de Hermione ainda estão ecoando na minha cabeça, seu rosto duro. Eu pisei na bola.

- Draco. - ouço a voz de minha amiga, então me forço a encarar seus olhos azuis que no momento estão cheios de uma determinação que eu nunca vira - Ela está desnorteada. Óbvio que depois de um tempo vai notar que ningueḿ escondeu isso por querer que ficasse mal. Tudo vai se consertar, eu tenho certeza.

Respiro fundo passando a mão pelos meus cabelos e as colocando na frente do rosto depois. Olho para algum ponto fora da janela da sala, que dava uma visão da Londres nublada, prestes a chover novamente.

- Não sei, Luna… Ela disse tanta coisa… Acho que vai ser complicado voltar ao que era.

Ela não me responde. Vejo pelo canto do olho sua expressão mudar de determinada para triste. Olha para baixo e aberta suas mãos contra a bainha de seu moletom. Do nada, percebo que a tristeza não é nada mais do que raiva.

- Isso é culpa minha. Minha, do Harry, da Pansy. Nós que dissemos que você não deveria contar, ela tem que nos ouvir. Ela precisa entender que você estava quase morrendo de vontade de contar, ela tem que entender…

- Luna, me desculpe interrompeu o seu mantra, mas agora está um pouco tarde para isso. - rio de forma seca, me levantando e indo para o meu quarto - Hermione já deixou claro que está extremamente decepcionada. Vai ser muito difícil ela me perdoar.

- Ela vai!

- Cale a boca, por favor! - me viro chorando, pois não aguento mais pensar no quanto as coisas poderiam ter sido diferente - Pare de falar sobre isso! Ela nunca vai me perdoar. Ela… Hermione me disse antes de aparatar que havia acreditado em mim. Ela perdeu a confiança dela. Acabou. Acabou qualquer relacionamento que eu tinha com ela. Acabou, e acabou por causa dessa maldita mentira que todo mundo estava escondendo! Eu mereço o desprezo dela, assim como você, Harry, Gina e todo mundo que sabia. Estamos errados, quer aceitar?! A culpa é minha também! Nós todos traimos Hermione, não foi só Ronald. Então cale a sua boca e pare de ter esperanças falsas, porque eu não duvido que o próximo passo de Hermione depois de acabar o noivado seja me demitir.

Luna me olha assustada, pois nunca fui estúpido com ela dessa forma. Minha cabeça gira, minha visão está embaçada pelas lágrimas. É horrível saber que podia ter sido diferente, é horrível sequer pensar nessa possibilidade. Olho para baixo vendo minhas lágrimas grossas caírem e molharem o chão, enquanto cerro minhas mãos.

Não noto quando foi que aconteceu, mas Luna está me abraçando e chora também. Percebo que ela não está brava pelo que falei. Ela entende o quão desesperado estou, e eu entendo o quanto ela está se culpando por isso. Não quero quebrar mais um relacionamento, ainda mais o que tenho com Luna. Não vou suportar passar por isso sem a companhia dela para me ajudar. Não posso ficar zangado para sempre com ela. Sei que ela fez pelo meu bem e pelo bem de Hermione, assim como todo o resto.

Então coloco meus braços até então imóveis ao lado do meu corpo em volta da cintura de minha melhor amiga. Uma das minhas mãos afaga seus cabelos e eu me permito fechar os olhos e tentar me acalmar junto com o batimento cardíaco dela, que está tão acelerado quanto o meu. Ela deve estar se sentindo pior que eu. Luna sempre foi a mais gentil. Nunca foi culpada por nada.

- Desculpe por gritar… - murmuro.

- Desculpe por dar o conselho errado. - ela fala entre os soluços, e mesmo triste, me permito a dar um sorriso de canto pela pureza da minha melhor amiga.

- Tudo bem. - respondo com sinceridade, pois quero que Luna saiba que não estou zangado.

Hermione nunca vai entender, mas nós sabemos que não fizemos por mal.

***

Aparato na frente d’A Toca perto do meio-dia, mas fico observando de longe. Tento evitar que percebam que estou aqui, mas obviamente Gina Weasley, a pessoa mais atenta que eu conheço, resolveu almoçar nos Weasley e não em casa, com o marido.

Ela me nota pelos vidros da cozinha, mesmo eu estando escondido entre os matagais em volta da casa. Percebo que ela semicerra os olhos levemente confusa ao me ver, e logo dá uma desculpa para sair de casa. Suspiro. Pelo menos é uma pessoa aliada.

- O que está acontecendo aqui? - ela pergunta aos sussurros enquanto dou espaço para que ela também se esconda ao meu lado - Minha mãe me contou que Hermione estava aqui aos prantos, o que houve?

- Hermione esteve aqui? - pergunto desesperado - Ela ainda está?

- Você não sabia que ela estava aqui? Não, ela foi embora, não ficou muito tempo. Mas Ronald chegou há pouco com as roupas rasgadas e o rosto vermelho, se trancou no quarto e não quis falar com ninguém.

- Então eles já se encontraram… - murmuro - Merda…

- Draco, está acontecendo o que eu imagino?

Assinto com o olhar transtornado, contando tudo para Gina aos sussurros. Sobre os gritos de Rony na casa de Pansy, a notícia que provavelmente vai ser capa do Profeta, o telefone do quarto, a briga e a parte final, que provavelmente era o motivo do irmão dela estar feito um trapo.

    - Isso não é bom. - ela responde com uma feição analítica no rosto, olhando de volta para a casa que aparentemente ainda não dera falta dela - Pansy não pode ser notada pela minha mãe. Ela já não está bem por causa desse clima todo em pleno ano novo, se a amante do Rony aparecer e fazer um escândalo… Receio que isso seja demais para ela.

    Concordo em silêncio, pois não quero falar em voz alta que há riscos para ela. A ruiva ao meu lado começa a observar a entrada da casa comigo, presa em seus próprios pensamentos. Apesar de não me falar o que se passa em sua cabeça, eu sei muito bem que é o fato da melhor amiga estar com raiva e decepcionada com ela.

    - Ela não vai te culpar por muito tempo. Você é irmã dele, ela vai entender. - tento acalmá-la, mas ela nega com os olhos ainda na entrada d’A Toca.

    - Não foi por isso que mantive minha boca fechada. - diz séria - Eu fui a primeira a descobrir. Rony conseguiu me convencer que não sabia o que estava dando na cabeça dele, e eu no fundo tinha esperanças de que ele acharia o próprio rumo. Fechei meus olhos para a situação e fingi que nada acontecia. Eu estava sendo egoísta, porque sabia muito bem o que aconteceria se eles se separassem: Hermione se afastaria da gente inevitavelmente. Não almoçaria mais aqui aos domingos e feriados. Ela é como família, não queria que ela sumisse. Quando contei para Jorge, ele brigou feio com Rony, até hoje eles não se olham direito na cara. A Mione foi de extrema ajuda para tirar Jorge do luto, até mesmo ele concorda com isso. Meu irmão se abria só com ela sobre a morte de Fred, porque eles tinham algo em comum: a falta de pessoas especiais. Por isso quando Jorge ficou sabendo da traição não conseguiu perdoar Ronald por isso. Hermione é nossa família. Se contássemos para ela, a família ficaria desequilibrada de novo. Minha mãe adoeceria, Jorge nunca mais conversaria direito com Rony, Harry ficaria entre eles. A gente se convenceu de que era por ela, mas estávamos pensando na gente. Honestamente, Draco… - ela me olha com seus orbes aguados - Você foi literalmente o único que estava pensando no bem dela.

    Não respondo. Não tenho coragem de contestar. Suas palavras me atingem como flechas de um arqueiro muito analítico em seus miras. Gina sabe que, como a primeira a saber disso, poderia ter evitado essa bola de neve desde o início. Não posso evitar que minha parte egoísta também a culpe. Minha parte egoísta não consegue entender como ela pode ter pensado em si mesma em vez de pensar na melhor amiga. Mas tenho que lembrar a mim mesmo que eu também escondi isso dela, mesmo que com boas intenções.

    Não falamos mais nada. Aparentemente a casa dos Weasley é tão grande com todos os andares que ninguém sentiu a falta de Gina por pensar que ela está no quarto ou algo assim. Noto, com meu olhar de medi-bruxo, que a ruiva ao meu lado não para de mexer na barriga de forma carinhosa, como se prevenisse algo do que estava por vir. Sem falar de seu aparente nervosismo e desconforto de estar no frio e na água.

    Me sinto um intruso perguntando isso, porque sei que se ela não contou para mim é porque não quer que eu saiba. Mas não posso deixar que fique no frio se o que estou pensando está acontecendo.

    - Você está grávida?

    Ela se assusta com o meu questionamento repentino. Olha para mim com as sobrancelhas arqueadas e os olhos arregalados, mas não tira a mão da barriga. Depois de assimilar o que perguntei, ela sorri de leve.

    - Eu planejava contar hoje durante o jantar de ano novo. Nem Harry sabe ainda. Está tão óbvio assim?

    - Não. - respondo - Eu que sou um bom observador de mães cuidadosas. - ela dá uma leve risada e eu me permito a sorrir também - Meus parabéns. Vocês merecem. O Potter vai surtar de felicidade.

    - Nem me fale. Ele não para de falar em ter um filho há meses. Eu…

    - Gina. - chamo sua atenção, pois um estalo de aparatação é ouvido pouco atrás da gente.

    A ruiva me olha de acordo, como se soubesse que deveríamos sair agora de onde estávamos e barrar a passagem de Pansy. Quando nos levantamos e ficamos na frente de seu caminho, a garota que no passado costumava ser minha melhor amiga se assusta e fica confusa. Dá alguns passos para trás com a nossa aparição repentina, e não consigo deixar de sentir um pouco de pena.

    Rony realmente conseguiu conquistá-la pela lábia. Seus olhos estavam brilhantes e felizes antes de aparecermos, mas agora que ela nos vê, percebe que nada disso vai ser realidade. Está com os cabelos longos bem penteados e veste um sobretudo de veludo vinho.

    Seus olhos verdes têm algumas lágrimas.

    - Vá embora, Parkinson. - diz a garota ao meu lado, que por fim me lembra a Weasley de Hogwarts, confiante e direta - Ronald não vai te ver hoje.

    Minha amiga fecha as mãos a frente do peito, como se estivesse assustada pela frieza de Gina. Olha para os lados e tenta avistar alguém atrás da gente, como se esperasse por Rony para esclarecer as coisas.

    - Mas Rony disse…

    - Ele mentiu. - interrompo, me assustando ao ver que minha voz soa tão fria quanto a de Gina - Ele estava bêbado e você caiu mesmo depois de tudo que ele disse sobre você. Vá embora, essa família não precisa de mais desgraças para hoje.

    - Se você está aqui para defender os Weasley é porque devo assumir que o noivado da Granger e do Rony acabou. Ele fez isso por mim, não entendem? Ele disse que acabaria o noivado com ela.

    - Hermione descobriu tudo, sua tolinha! - a ruiva ao meu lado está brava - Rony não está nem aí para você, de fato ele nem lembrou que você viria aqui. Vá embora!  

    - Granger descobriu…? - ela murmura - Então… Então eu e Rony…

    - Pansy, você está nos ouvindo? - pergunto irritado - Você está com vontade de matar a mãe de Rony? Porque é isso que vai acontecer se você, como amante dele, aparecer na porta de entrada e se apresentar como noiva!

    - Mas eu…

    - Você vai sair daqui ou não? - Gina pragueja tirando a varinha das vestes e a empunhando - Porque se a resposta for não, eu te mando embora só com um estupore.

    - Draco!

    - Gina, coloque a varinha para baixo… - tento soar calmo - Pansy, vá logo embora. Espere a poeira baixar, fique um tempo sozinha. Você não é boba, sei que não. Ronald não te ama, Pan. Ele estava te usando, não é possível que você não veja isso!

    Minha melhor amiga fica quieta, com seus olhos baixos. A vejo deixar algumas lágrimas escaparem, mas percebo que finalmente ela entendeu o que estava acontecendo e a dimensão que tudo tomou. Ela assente murmurando um “perdão” para Gina e para mim, logo depois aparatando.

    - Não consigo acreditar que ela realmente pensou que ele estava apaixonado por ela. - Gina sussurra para mim - Eu me odeio por dizer isso, mas tenho pena de uma pessoa como ela.

    - E eu me odeio por dizer isso, mas eu concordo. - murmuro.

    - Você quer entrar? Minha mãe vai ficar feliz de te ver. Rony provavelmente nem vai te ouvir lá do quarto. - ela oferece com um sorriso amigável, totalmente diferente da expressão que ela direcionava para Pansy.

    Um sentimento estranho dentro de mim me avisa que estou começando a gostar dos amigos de Hermione. Estou começando a virar amigo deles também. Por isso dou um sorriso simpático de volta, colocando uma mão no ombro de Gina.

    - Você foi uma verdadeira felina defendendo seus filhotes antes. - faço piada - Obrigada pela proposta, mas acho que não vou arriscar. Vou seguir meu próprio conselho e deixar a poeira baixar. Mais uma vez, parabéns pelo bebê!

    Ela assente em forma de entedimento, acenando para mim quando aparato no apartamento de Luna, que já cheira bem pela pizza encomendada. O rosto da minha amiga ainda está vermelho, mas não é o dela que me chama a atenção. Minha mãe também está lá para passar o ano novo com a gente.

    Provavelmente o pior ano novo de todos, devo admitir. Mas quando bateu meia-noite muitas horas mais tarde, eu ainda tinha o abraço dela para me confortar sobre o início de ano terrível que eu teria.

    ***

    Dia primeiro foi feriado e eu passei deitado olhando para o teto. Não tive mais notícias de Hermione ou Pansy, mas Gina me ligou para me pedir para não comentar com ninguém sobre o bebê. O ano novo deles pelo visto foi tão tenso que ela não sentiu o clima de contar para a família sobre isso. Compreensível, obviamente.

    O Profeta do dia primeiro realmente teve como capa os boatos da traição, e eu não pude deixar de imaginar o quão mal Hermione deveria estar lidando com tudo. A carreira profissional dela vai titubear, todos vão sussurrar quando ela passar.

    O mundo bruxo vai saber que o noivado de Hermione com Ronald acabou.   

    Agora, dia 02, estou arrumando minhas coisas para ir embora antes que minha chefe chegue. Coloco uma pilha de papéis já resolvidos na mesa dela, e quando estou organizando a última pilha na minha própria mesa, para enfim ir embora, ela entra.

    Seu rosto não está deplorável como eu achei que estaria. Pelo contrário: está muito bem pintado como sempre, com os cabelos de cachos definidos caindo pelos ombros. O único aspecto diferente e notório em sua aparência, obviamente, era o jeito diferente de se vestir.

    Antes, a marca de Hermione era vestidos com alças finas e decotes generosos. Agora, porém, o vestido que ela usa é de cor uva que vai até pouco acima do joelho, colado na parte de baixo e na parte de cima como se fosse um manto soltinho que cobre a pele até o começo do pescoço e metade dos braços. É, como sempre, um vestindo elegante e bonito, mas não posso evitar pensar que é algo que minha mãe, como uma senhora, usaria.

    Ela entra tilintando os saltos fechados pelo chão e me olha de forma superior, porém indagadora. Arqueia uma sobrancelha indiferente e eu ouço a mim mesmo gaguejando quando exclamo seu nome nervoso e me levanto afobado, morrendo para terminar minha conversa com ela e tentar explicar minha versão. Ela segura uma bolsa pequena em uma das mãos, quase como uma carteira, e pergunta com a mesma seriedade de quando entrou:

    - Quer me explicar o que está acontecendo?

    - Ah! - falo nervoso - Eu queria uma oportunidade para explicar porque…

    - Não sobre o outro assunto. - ela sibila visivelmente irritada e brava, segurando com força a bolsinha em sua mão - Na sua mesa. O que está acontecendo na sua mesa, Sr. Malfoy?

    - Sr. Malfoy…? - murmuro decepcionado - Eu...  Eu só assumi que fosse me demitir depois do que aconteceu. - digo sem forças para qualquer outra frase.

    - Assumiu errado. É impressão minha ou virou mania sua assumir minhas ações sem me consultar? - ela pergunta de forma fria - Eu não vou te demitir, mas de agora em diante devo deixar claro que temos uma relação profissional, somente. É muita arrogância sua pensar que eu te demitiria por algo pessoal que aconteceu entre a gente. Você precisa do trabalho, e eu não sou a vaca que vai te demitir porque algo não ocorreu como o planejado no meu casamento.

    - Então eu… Ainda trabalho para você…? - pergunto só para confirmar porque o fato de ela ainda me querer aqui talvez signifique que ela ainda vá me perdoar.

    - Sim. Mas agora eu sou Srta. Granger e você Sr. Malfoy. Não temos intimidade, só profissionalismo.

    - Hermione, não…

    - Srta. Granger. - ela sibila - Não faça eu me arrepender da decisão, Malfoy. Fiz isso por consideração ao trabalho que fez enquanto eu estava debilitada e por tudo que sua mãe me disse sobre você. Sei que precisa do trabalho e do dinheiro, e é só por isso que ainda está aqui. Não quero mais contato, então agradeço se quando eu fechar aquela porta, a única conversa que tenhamos desde então seja sobre os processos na sua mesa. Estamos entendidos?

    Ela está fria em todas as palavras e não parece ter nenhum tipo de dificuldade as proferindo. Me pergunto quantas vezes ela precisou dizer isso para si mesma antes de entrar no ministério, quantas vezes ela se convenceu que era mais forte que os sussurros e minhas tentativas de explicação. Me pergunto se ela vai acabar bem se continuar agindo assim. Reprimir sentimentos e guardar rancor pode causar depressão.

    Por que ela sempre tem que agir como se estivesse forte mesmo depois de tudo?

    - Sim. - concordo mesmo me odiando por não tentar mais uma vez - Estamos entendidos, Srta. Granger. - murmuro.

    Ela parece uma dama de ferro, quando a olho dessa forma. Fingindo não sentir, andando por aí como se nada estivesse acontecendo. Ela encara meus olhos, e apesar de ver o brilho de sempre, ela não parece a mesma de sempre.

    Há frustração e raiva em seus olhos. Há tempestades, mas tempestades diferentes das que eu vi na noite em que velei seu sono. A tempestade dela, apesar de ser interna, também está me afetando e fazendo dos meus próprios olhos tempestuosos.

    No fundo, até consigo sentir que ela pede socorro, mas a ventania da tempestade é tanta que camufla qualquer sentimento que possa ajudá-la de verdade. Hermione está repleta de raiva, ódio, decepção, desconfiança, tristeza e frieza.

    Hermione está aqui, menos de dois metros a minha frente. Mas não consigo alcançá-la. É como tentar salvar alguém do outro lado do mundo com um estender de braço. É tão inútil. Hermione está aqui, mas tão longe.

    Ela passa por mim e bate a porta de seu escritório atrás de si como se esta fosse o dragão que evita qualquer príncipe de salvar a princesa da torre norte. A porta é madeira pura, mas olhar para ela é como fogo. A porta é o dragão que evita que eu entre. O dragão cospe fogo e eu estou sem armadura.

    É inútil e é frustrante.

    Não consigo salvá-la.

    

 


Notas Finais


O que acharam? Espero que tenham gostado do capítulo! Vou tentar voltar bem rápido! Amo vocês, comenteeeeem! Beijos!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...