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História Boss - Mentira por mentira


Escrita por: AllyMannEvans

Notas do Autor


Oooie! Demorei um pouquinho mais dessa vez, né? Tenho andado meio ocupada, desculpa. Quero agradecer por todos os comentários do capítulo passado, eu amo todos vocês. No capítulo que vem temos a revelação do que realmente aconteceu nesse capítulo. Mas se quiserem deixar o que acham que realmente está acontecendo, eu adoraria ver o que acham. Como vocês verão, todos os personagens vão mentir um pouquinho nesse capítulo (menos a Luna). Comentem, favoritem! Beijo no coração de todos vocês, até capítulo que vem!

Capítulo 4 - Mentira por mentira


    Minhas lágrimas molham meu rosto há mais de meia hora. Estou sentada em cima da minha mesa encarando a mesma parede enquanto sinto-me chorando mais e mais. Expulsei Ronald de minha sala assim que Draco saiu daqui, e depois disso não consegui mais olhá-lo nos olhos.

    Meu rosto está vermelho e meus olhos estão inchados, e agradeço ao Malfoy por ter a decência de me deixar sozinha pelo menos agora. Por que Ronald veio? Por que eu cedi? Nunca fizemos isso. Nunca.

    Por que Draco entrou?

    Respiro fundo, me levantando e ajeitando meu vestido mais que antes. Ele não vira nada demais, mas mesmo assim é desconcertante. Olho minha cafeteira e lembro-me que havia esquecido de comprar mais café. Sei que tem uma do lado de fora, mas aquela é do loiro que não quero ver o rosto.

    Sento-me na minha mesa e olho para minhas coisas. É mais do que meu dever explicar o ocorrido e pedir desculpas, mesmo sendo a pessoa que ele é. Ainda mais porque ele foi extremamente discreto e isso é algo que devo apreciar. Mas é simplesmente tão complicado ter que encarar seus olhos cinzentos quando tenho a plena impressão de que ele me conhece mais que a mim mesma, e por isso mesmo sei que o que viu foi bem mais do que deixei aparecer.

    De alguma maneira, Draco sabe quem sou. E de alguma maneira, eu sei que ele sabe.

    Coloco as mãos no rosto, frustrada. Quero morrer chorando, mas não posso me deixar ceder mais do que já cedi. Vou conversar com Rony em minha casa. Essa constante necessidade que ele tem de provar a todos que tem a mim me faz ficar enjoada.

    Sei que tudo foi somente uma demonstração de poder para Draco, mesmo não entendendo bem o motivo quando ninguém teria inveja de me ter como noiva. Não tenho seios ou bunda avantajada, somente uma barriga lisa e pernas torneadas. Meus cabelos são muito cacheados, meus olhos muito amendoados e minha pele muito pálida. Suspiro, ouvindo uma batida na porta.

    Olho apreensiva, mas me obrigo a falar um “entre”. Ele abre a porta e adentra a sala calmamente, mas sinto que está tenso. Carrega uma xícara fumegante na mão e os cabelos emaranhados. Encaro sua face tentando permanecer impassível, mas sei que estou vermelha e inchada, além das lágrimas subirem aos meus olhos novamente. Ele sorri timidamente, sentando na frente da minha mesa e colocando a xícara em cima.

    - Pensei que gostaria de uma bebida quente para acalmar o coração. - ele fala calmo, sem o deboche típico. Parece cansado.

    - O que sabe sobre acalmar o coração? Se eu quisesse acalmar meu coração tomaria whiskey de fogo, não café. - respondo ríspida, apesar de saber que não tenho o menor direito contra ele. Eu estou errada. Quando vou baixar a maldita guarda?

    Ele sorri tristemente.

    - Acredite na palavra de quem está ouvindo seu choro há mais de meia hora: whiskey de fogo pode até acalmar seu coração por um tempo, mas não vai aquietar sua mente. - fala, e franzo as sobrancelhas confusa, pois ele parece conhecer o tópico mais do que deveria - Café, por outro lado, renovará suas energias. - ele completa animado, mudando o assunto rapidamente e empurrando a xícara para mim.

    Olho para o líquido e depois para seus olhos novamente. Suas pupilas estão extremamente dilatadas e ele parece transtornado, mas se está incomodado comigo e com a cor da minha calcinha, não demonstra. Começo a chorar novamente, e coloco as mãos na frente do rosto, limpando as lágrimas que não param de vir. Quero pedir desculpas, mas não consigo deixar nada escapar.

    - Eu sei. - ele diz olhando em meus olhos. Aí está. O que eu disse? Draco me conhece mesmo quando não deveria.

    - Eu… Não disse nada. - falo com a voz embargada, chorando mais.

    - Granger… Pare. - ele fala e abre um sorriso malicioso - Se quer saber a verdade, até que tem uma mulher gostosa por trás da menina de Hogwarts. - mas sei que só está tentando me fazer parar de chorar.

    - Eu só… - respiro fundo e deixo mais lágrimas caírem.

    Sinto suas mãos frias em meu rosto, limpando aquele líquido salgado que insistia em escorrer. Sou pega de surpresa, por isso arregalo os olhos, encarando seu rosto. Ele não retribui. Está concentrado em enxugar minhas lágrimas, nem mesmo percebe o quanto isso não é usual.

    Apesar de tudo, gosto de como sua pele roça na minha. A sensação é boa, e me sinto em paz. As lágrimas param quase imediatamente de cair. Fecho os olhos, me deixando levar pela sensação de seu toque. É calmo. É frio. É Slytherin.

    Abro os olhos e sua imensidão cinza agora me olha. Ele sorri de canto, tirando a mão do meu rosto e se levantando.

    - Ele não merece isso de você. - diz, e parece machucado por algum motivo - Seu rosto é bonito demais para sofrer por ele.

    - Acha que não passo somente de um rostinho bonito para Ronald? - me ofendo.

    Ele ri, negando e mexendo com nervosismo no próprio cabelo.

    - Você é a garota mais inteligente que eu conheço, Granger. Seria hipocrisia lhe chamar só de rostinho bonito. O que quero dizer é que ele não merece o sofrimento que está estampado em seu rosto. - fala calmo - E o que mais me intriga é que não é só hoje que vi esse olhar. Já o vi mil vezes antes. Não entendo como está com ele se não o ama. - fala confuso, e suas palavras me atingem com um baque ensurdecedor - Tome seu café. Vai esfriar.

    Ele sai da minha sala e me deixa atônita, sentada. Percebo que estou com o coração acelerado, e um súbito frio que não sentia antes toma posse de mim. Respiro fundo, pegando a xícara. Olho para o líquido preto, bufando levemente.

    Ninguém nunca conseguiu fazer um café que me agradasse plenamente. Maldita hora que fui esquecer de comprar minha própria caixa. Quando levo o líquido até a boca, pois realmente estou precisando de algo quente, já estou preparada para o gosto muito forte ou muito fraco que ele vai ter. Já estou preparada para odiá-lo.

    Olho confusa para a xícara e depois para a porta, tentando ignorar meu coração que passou a bater ainda mais rápido depois de tomar o café de Malfoy.

    O gosto é inigualável. Agradável aos lábios, quente ao coração.

    ***

    À noite, me encontro com Harry. Sem Rony, sem Gina. Somente eu e o meu melhor amigo. Ele parece mais feliz do que nunca e deixo-me contagiar pela alegria dele. Havia se casado com Gina há menos de três meses e agora me conta sobre o planejamento do primeiro filho. Estou tão orgulhosa dele.

    Estamos sentados no tapete de minha sala, ouvindo à algumas bandas trouxas de nosso agrado. Tomamos vinho, pois foi o que ele resolveu  trazer para a noite. Gosto de estar na companhia de Harry, pois posso ser eu mesma com ele. Não preciso de saias justas e cropped’s de mangas caídas. Só uma calça moletom e uma regata branca são autossuficientes.

    - Mas e então… - diz ele com um resquício de sorriso na boca bebericando a taça e me olhando através dela, com os orbes curiosos - Vamos falar sobre Ronald e Draco?

    O encaro confusa, com a sobrancelha arqueada, mas sei que não posso mentir para ele. É como meu irmão mais novo.

    - Ronald está realmente transtornado com todas as fofocas que rolam no ministério de que você estaria tendo um caso com o Malfoy. - ele fala - Espero que compreenda.

    - Eu entendo. - digo, mas me limito a isso. Ainda não acho a justificativa plausível para todas as ceninhas que ele anda fazendo.

    - Herms. - ele me olha - O que te deu na cabeça ao contratar ele? - está confuso.

    Suspiro, colocando a taça na mesinha de centro e arrumando o coque no cabelo.

    - Ele foi o melhor dos candidatos. Parecia precisar do emprego. E está sendo bem gentil comigo se levarmos toda a personalidade do Malfoy. Ronald está vendo fumaça onde não existe fogo. Eu odeio Draco, ele me odeia. Foi só uma troca de ajudas mútua que eu fiz por ele e ele faz por mim. - as palavras saem de minha boca facilmente, mas não sinto a verdade que me esforço para sentir nelas. Harry não percebe.

    - Sei que Draco é talentoso, mas você sabia o que iam falar…

    - E estou encarando as consequências, assim como ele. Estamos nos dando bem, Harry, de verdade. - dessa vez sinto a honestidade de minha voz e me alivio ao perceber que pelo menos alguma coisa não está de todo errada em minha conversa com meu melhor amigo - Ele trabalha arduamente. Reclama, mas pegou tudo fácil. E Rony está fazendo cena.

    Ele arqueia a sobrancelha com um sorriso.

    - Nunca te vi pendendo para o lado do Malfoy e não pelo de Rony. - comenta e eu bufo contrariada, enquanto reviro os olhos.

    - Eu amo o Rony. Só devo reconhecer que a situação toda é uma farsa. Ele sabe o quanto eu o amo e que nunca sentiria nada por Malfoy, não sei porque ele está fazendo tanto drama.

    De novo tenho a sensação de que tudo que digo é mentira, mesmo quando o que falo é tecnicamente verdade ou pelo menos deveria ser. Harry suspira, largando a taça de vinho na mesinha junto com a minha e cruza os braços.

    - Esqueça que eu também sou melhor amigo do seu namorado nesse momento, okay? - ele pede, me olhando severo - E muito menos que eu sou o marido da sua melhor amiga e cunhada. Agora eu quero que olhe nos meus olhos e me veja somente como o Harry, somente seu melhor amigo. - respira fundo olhando em meus olhos - Não minta para mim, Hrms. Você está feliz com Ronald?

    Sou pega de surpresa com tamanha calma de Harry e sinto meus olhos arderem. Olho no fundo de seus orbes verdes, tentando pensar na resposta correta que eu deveria ter dado em menos de um segundo. Se há hesitação, é porque não estou. Mas eu deveria estar, não?

    - Eu estou brava com ele, óbvio que não estou feliz. - reviro os olhos - Eu…

    - Você o ama? - Harry reformula a pergunta e eu arfo.

    - Não, Harry. Eu não o amo. E ele também não me ama. - admito, tomando nervosa um gole de vinho - Mas podemos aprender. Eu estou disposta a aprender com ele. - assinto, sentindo uma determinação que me esforço para ter.

Harry me olha incrédulo. Termina sua bebida e fica quieto por um tempo, pensando se deveria ou não me falar algo que está perturbando sua mente. Não vou pressioná-lo. Até que por fim sorri de canto.

- Como vai ser feliz com alguém que não sabe nem fazer uma bebida decente para você? - me provoca, e sei que não era isso que estava o perturbando. Porém, decido deixar de lado.

- Ele pode aprender. - me convenço de que Rony um dia será capaz de fazer um chocolate quente que não seja muito doce, um chá que não seja muito ruim e um café que não seja muito fraco.

- Fala sério, Hermione. Ninguém na história da humanidade conseguiu fazer algo que agradasse seu paladar quando falamos de bebida caseira. - Harry retruca rindo, sabendo que a discussão já estava ganha - Só sua alma gêmea vai conseguir.

- Draco conseguiu. - retruco me sentindo vencedora, mas quase imediatamente percebo o que induzi. Harry está me olhando assustado, e sei bem o que está pensando. Nego, tentando de todas as maneiras reformular o que eu disse - Digo, ele fez um café muito bom hoje, mas ele não é minha alma gêmea. Só queria mostrar que é sim possível fazer uma bebida boa.

Mas Harry não se convence. Seu sorriso se abre singelamente, mas ele não fala mais nada. Sei bem o que pensa, mas não faço nada para mudar seu pensamento. Me convenço de que é por cansaço, mas sei que a ideia em si até que não é tão monstruosa se não considerássemos que sou noiva.

Quando meu melhor amigo se levanta para ir embora, já superamos o assunto. Porém, não havia o tirado da cabeça, e sei que ele também não. Ele respira fundo me abraçando com afeto e acariciando meus cabelos, para depois me olhar uma última vez antes de ir embora.

- Se não está feliz com Rony, você deveria reconsiderar seu casamento. - ele fala sério dessa vez, e suas palavras penetram minha mente como agulhas - Ele não vai e nem está disposto a aprender algo por você. Além disso, ele não é Draco, Herms. - dá um beijo em minha testa e aparata.

As agulhas que penetram minha cabeça aparentemente têm algum tipo de toxina, pois fico tonta quando ele vai embora. Sua última frase ecoa em minha mente e me fazem ter náusea. Ando até o espelho, olhando meu rosto cansado.

- Eu posso aprender a amar Ronald. - sussurro - Eu posso aprender a amar Ronald. Ele pode aprender a me amar também. - fecho os olhos, as palavras são mantras que devem ser escutados - Ele pode aprender a me amar também.

“Ele não é Draco, Herms”.

Foda-se. Ele pode aprender a ser como Draco.

E eu posso aprender a me convencer de que todas essas mentiras são sim verdades.

***

Draco está conversando com Luna quando entro em minha sala. Os dois riem de alguma piada, mas ele para assim que me vê. A menina, por sua vez, continua rindo com as mãos na barriga em uma roupa muito mais luxuosa do que estava acostumada a vê-la. Ela me olha e eu sorrio, olhando logo depois um pouco confusa para Malfoy.

- Conte a ela sua piada, Draco. - ela diz entre as risadas, e Malfoy abre um sorriso de canto.

- Não foi uma piada, Luna. - ele mesmo ri enquanto fala, e eu deixo um leve sorriso se abrir em meus lábios.

Draco me olha enquanto a risada de Luna ecoa e ele revira os olhos, se deixando levar pela risada com ela. Meu coração acelera, mas sou interrompida pela voz de Ronald atrás de mim.

- Sua cumplicidade é tanta que até troca de olhares existe. - ele fala rancoroso, e a Lovegood para de rir na hora - Podemos conversar, Hermione, ou está muito ocupada?

Vejo Draco se levantando e pegando na mão de Luna, puxando-a para trás de si como se quisesse proteger a loira de alguma coisa. Olho tristemente para os dois. Eles combinam. Ela murmura algo para ele, mas a mão de Malfoy continua nas da Lovegood.

- Não agora, Rony. - digo e minha voz sai cansada.

- Vou até a floricultura. - ele fala, e vejo o corpo de Draco tensionar - Se ainda quiser se casar.

- Tem ido muito à floricultura, não? - ouço a voz de Malfoy, e ele está o desafiando, percebo.

- Algum problema? - Rony pergunta, e eles se encaram. Draco fecha o punho com raiva, e percebo que está prestes a agredir meu namorado. Está contendo uma ira infindável.

- Pansy não está lá hoje. - ele sibila - Não pode fazer nada para o casamento sem ela, não é?

- Não te interessa… - o ruivo replica, e vejo que também está se segurando.

- Você sabe que é mais do meu interesse do que parece. - o loiro retruca, e percebo que há mais por trás do que estou a par. Franzo as sobrancelhas para os dois, olhando de um para o outro, esperando uma explicação.

- Querem me explicar? - falo, mas ambos baixam a cabeça e ficam quietos, com suas respectivas vidas. Meu namorado então sai de lá sem falar palavra alguma. Vou até Draco, e agora quem se irrita sou eu - Sobre o que falavam?

- Pergunte ao seu namoradinho. - ele fala, e vejo Luna apertar seu ombro. Também está tensa.

- Estou perguntando a você. - insisto, baixando um pouco a guarda.

- Não é comigo que você está transando. Vá perguntar para ele. - sou pega de surpresa. Abro a boca em um perfeito “o”, sem entender bem o motivo da raiva repentina para comigo.

- Não é contigo que estou transando, mas é contigo que estou contando para a maioria das coisas, Malfoy. Estou perguntando para você, espero uma resposta de você. - estou tentando me controlar.

- Você não manda em mim. - ele se levanta, ficando mais alto que eu, e ouço o fiapo de voz de Luna tentando pará-lo. Apesar disso tudo, não sinto medo dele. Vejo em seus olhos que quer me contar, mas não pode. Há tanta tristeza nessa imensidão.

- Eu sou sua chefe. Obviamente mando em você. - sibilo, tentando deixar algo claro.

- Ótimo. Então eu me demito. - ele termina, se levantando e saindo em disparada da sala, me deixando atônita. Luna grita, mas nada acontece.

Seja lá o que aconteceu entre Draco e Rony, é o suficiente para deixá-lo arrasado até o último fio de cabelo. Olho para sua mesa, há um caderno com escritas em uma caligrafia bonita para um garoto. É a letra dele.

É uma espécie de lista em tópicos, mas a única coisa que difere a folha de uma lista em tópicos é que todos os itens são a mesma coisa

    * Isso não é problema seu. Não se meta na vida dela.

    * Isso não é problema seu. Não se meta na vida dela.

    * Isso não é problema seu. Não se meta na vida dela.

    * Isso não é problema seu. Não se meta na vida dela.

    * Isso não é problema seu. Não se meta na vida dela.

    * Isso não é problema seu. Não se meta na vida dela.

    O último tópico, porém, chama minha atenção. Ainda está molhado. Foi feito há pouquíssimo tempo.

    * Merda. O problema é mais meu do que eu gostaria que fosse.

 


Notas Finais


E aí? Comentem! Beijos!


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