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História Boss - Amortentia


Escrita por: AllyMannEvans

Notas do Autor


E eu voltei, mi amores! Como vai a vida? E o Trump? Meu, EUA ganhou a nova coroa de estupidez ou nem? USUhaushau! Queria agradecer por todos os comentários do capítulo anterior. Gente, eu amo tanto vocês. Cada comentário me deixou mais emocionada. Estou em época de provas finais, por isso demorei um pouco mais que o normal, mas eu arranjei um tempinho hoje para finalizar o capítulo. Espero ver todos vocês comentando esse cap, porque hoje é o dia que eu dei o PRIMEIRO indício de que a Hermione está apaixonada pelo Draco.

* Vi bastante gente dizendo que espera ver a Hermione descobrindo a traição do Ronald pegando ele no flagra. Pensei em algo diferente, não posso dar spoilers, mas vocês preferem que ela veja a traição com os próprios olhos? Porque se sim, vou ter que mudar um pouco o rumo da minha história.

* Spoilers do capítulo que vem: vai ser teeeeenso! Se alguém leu Como eu era antes de você ou pelo menos olhou o filme, sabe que tem uma cena em que o Will vai jantar na casa da Clark para comemorar o aniversário dela. E todos sabem que apesar de bonitinha a cena, o negócio é tenso por causa do Pat (interpretado maravilhosamente pelo nosso querido Neville Longbottom, o Matthew Lewis). Então, o capítulo que vem vai ser mais ou menos assim!

* Espero que gostem, amo todos vocês! E comenteeeeeem!

* O poema citado no capítulo é de Camões, caso alguém queira saber. Eu amo s2

Beijos!

Capítulo 6 - Amortentia


    Está frio em Londres, mas o calor de meu apartamento me acolhe quando aparato na sala. Ronald já está sentado no sofá de um jeito cordial demais, como sempre fez quando se trata da minha casa. Por mais tempo que passe aqui, parece que nunca está confortável.

    Olho em seus olhos azuis, mas não digo uma única palavra. Ele tem um copo de cerveja trouxa na mão e não parece estar com o melhor dos humores.

Respiro fundo, largando minha bolsa na cadeira e retirando meus sapatos, jogando-os em um lugar entre a poltrona e a televisão. Solto meus cabelos do coque firme e pela primeira vez no dia sinto meu couro cabeludo relaxado. Retiro meu blazer (que estava usando desde minha reunião com os ucranianos, que por sinal fora perda de tempo total) e jogo em cima da mesa de centro.

- Há quanto tempo está aqui? - pergunto, me jogando relaxada na poltrona.

- Mais ou menos o mesmo tempo que você e Malfoy devem ter ficado dando entrevista para o Profeta. - responde amargurado, e entendo o motivo do humor.

No dia anterior Rita Skeeter nos pegara de surpresa na recepção da minha sala. Eu e Malfoy ficamos sem reação alguma, mas sabíamos que simplesmente não havia mais como fugir dela. Decidimos responder às suas perguntas, que variaram desde minha vida de heroína de guerra à ter um caso com um ex-comensal da morte. Foi tenso, mas nos saímos bem. Fomos sinceros, e eu fiquei aliviada quando ela foi embora.

Oras, já havia dado uma lição nela anos antes, ela nunca publicaria algo que não condizia com nossas falas.

- Ao serem perguntados sobre os boatos de ambos terem um caso, a Srta. Granger e o Sr. Malfoy trocaram olhares misteriosos e deram uma resposta vaga: “bobagem, boatos de quem não tem o que fazer…”, seguido de risadas constrangidas e envergonhadas. - ele lê de forma assustadora, oscilando os tons entre grunhidos e gritos.

Arregalo os olhos diante do trecho lido, arrancando o jornal da mão do ruivo e vendo que éramos a infeliz capa do profeta do dia 17 de dezembro. Uma foto minha e de Malfoy saíndo juntos do ministério, e o pior de tudo é que ríamos de alguma piada que não consigo lembrar no momento. Realmente parece que estamos juntos. O jeito que meus ombros se movem com minha risada e o fato de eu estar com ambas as mãos no estômago deixam claro que estou me divertindo, e ele me olha do modo carinhoso que tem feito nos últimos dias.

- Ronald, isso é uma cena entre amigos! Não é possível que possa estar realmente acreditando em…

- Amigos?! - ele ri secamente, tomando o resto da cerveja - Então ele passou de assistente para amigo? Ou de assistente para comediante? - ele se levanta - Deve estar de brincadeira! Está rindo mais do que riu em todos esses anos comigo!

- Não diga mentiras! - elevo meu tom de voz para ver se alcanço o seu inconsciente.

Ele relaxa os músculos.

- Leia a matéria. Não tive coragem depois de ver essa capa. - me pede cansado, e eu abro na página sete do jornal enquanto ele se encaminha para o banheiro - Eu vou tomar um banho.

Sento-me no sofá novamente, olhando a coletânea de fotos das duas páginas comentadas sobre o nosso “caso”. Respiro fundo, e não consigo evitar pensar em como Draco deve estar. Há uma foto minha e de Draco na recepção no dia da entrevista, novamente nos olhando. Nunca havia reparado em como fazíamos isso.

Fecho os olhos e acaricio minhas têmporas, sentindo algumas lágrimas vindo até eles. Quando os abro, encaro o papel de novo. Há mais algumas fotos ao longo da matéria. Uma dele com os pais, uma minha com Rony, uma dele com Luna, uma minha com Harry e uma dele com… Rony?

Franzo minhas sobrancelhas, olhando para a porta do banheiro, que estava preenchido pelo barulho do chuveiro. Olho para o jornal de novo, analisando a foto. Posso ver nitidamente os cabelos de Pansy na foto, mas nada além disso. Draco está na defensiva e Ronald está atacando. Posso ver a floricultura que cuida do meu casamento nos fundos, e não consigo imaginar de quando seja isso. Ambos estão se confrontando, e sei que essa foto é recente por algum motivo.

Decido ler a matéria, mas tudo que fala são baboseiras sobre o meu passado, o passado dele e insinuações sobre um possível caso entre nós dois. Nada do que falamos na entrevista está sendo colocado de maneira verdadeira, e por isso sei que todos estarão falando amanhã no ministério. Além disso, Skeeter dá a entender que meu noivado com Ronald está com os dias contados e que Draco estaria traindo Luna (sua atual namorada, segundo ela) comigo. Pansy entra em uma pequena parte da entrevista como se fizesse parte de uma briga de ciúmes entre Draco e Ronald por mim. A cada linha que leio fico mais indignada e sem saber o que falar. Rita realmente colocou o mundo bruxo inteiro contra a garota que executa as leis mágicas. Todos irão me tirar do meu cargo, isso será…

Um caos.

Pego meu telefone e me levanto, olhando para a porta do banheiro para evitar que Ronald ouvisse. Subo as escadas e tranco a porta do quarto, usando um abaffiato. Ele não ouviria isso. Não vou comprar brigas com mais ninguém. Respiro fundo, discando o número de Malfoy, que por algum motivo já sei sem precisar olhar.

Ele toca por duas vezes até a voz rouca do meu assistente atender.

- Granger! - ele exclama tentando parecer relaxado, mas sinto o nervosismo por trás de sua voz. Franzo as sobrancelhas.

- Malfoy. - sorrio levemente - Liguei para perguntar se prefere me encontrar para uma noite sedenta por sexo amanhã ou na sexta que vem mesmo. - digo, e ouço sua risada do outro lado da linha. Por algum motivo, sei que ele entendeu.

- Pode ser entre essas duas datas? Já combinei com minha namorada um jantar à luz de velas amanhã e na sexta-feira seu namoradinho vai desconfiar.

- É a sua amante? - ouço Luna por trás de Malfoy - É você, Granger?! Ouça bem, eu sei do seu caso com meu namorado! Eu vou te matar amanhã! - sinto um sorriso se abrir no meu rosto e Malfoy aparentemente também acha engraçado, já que começa a rir.

- E então, Granger? Como está?

- Ah, o mundo mágico inteiro deve achar que eu estou traindo Ronald o herói de guerra com Draco, o vilão de guerra. - suspiro, me atirando na cama e enrolando uma mecha do meu cabelo no dedo.

- Bem, o mundo mágico deve admitir que eu sou muito mais gostoso que ele. Ninguém pode realmente te culpar, é o meu poder de sedução que faz isso.

Sorrio para o nada, deitada na cama e ouvindo a voz calma de Luna no fundo. Ao fechar os olhos, não consigo não pensar que eu queria que fosse assim comigo também. Piadas o tempo inteiro, um relacionamento saudável. Aposto que os dois estavam mais do que felizes morando juntos, mais do que eu e Ronald seríamos algum dia. E isso me faz triste.

- Granger…? - ouço ele do outro lado e suspiro, percebendo que esqueci de falar.

- Só… Malfoy… De onde é aquela foto do jornal? - pergunto e sinto que sua voz deu uma pausa de hesitação longa demais.

- Eu… Não lembro. - ele fala, e sinto seu nervosismo.

- Malfoy…

- É só de um dia que eu estava visitando Pansy e Ronald apareceu por lá para ver as flores para o casamento, Hermione. - sinto que o uso do meu primeiro nome veio para dar um falso tom de verdade na sentença, o que só me deixa mais desconfiada - Ele começou a falar algumas coisas sobre eu ser seu assistente e eu revidei. Nada demais. Já esqueci. - ele ri e eu sinto meu peito ficar apertado. Meus olhos ficam marejados, mas eu assinto.

- Certo. Só… Você pode me contar o que quiser… Sempre… - arranho a garganta - Boa noite, Malfoy.

Tiro o telefone do ouvido e desligo. Coloco no bidê ao lado da cama e olho para o teto por um longo tempo. Sei que Ronald já saiu do banho e retiro o abaffiato do quarto. Suspiro, vendo a neve cair do lado de fora da janela. Sinto que o que eles escondem não é bom. Sinto que não quero saber.

Não vou tomar medida alguma sobre a publicação de Rita Skeeter. Já estou velha para ficar me preocupando se ela difama minha imagem ou não. Quem me conhece sabe que eu nunca seria infiel com meu noivo, apesar das constantes brincadeiras de conotação sexual que faço com Malfoy. E sei que ele retribui da mesma forma para com Luna, a garota que ele insiste em dizer que não namora, mas que eu tenho quase certeza que sim.

Levanto-me da cama e desço as escadas, me deparando com Ronald comendo alguma fruta na cozinha. Passo por ele sem realmente olhá-lo. Pego uma taça e uma garrafa de vinho e me sirvo em silêncio.

- Quer um café? - me pergunta, e sinto seu tom de voz mais calmo.

- Não, obrigada. - pensar no café de Ronald me dá náuseas.

- Uma massagem? - ele pergunta novamente, e percebo que quer somente fazer as pazes.

- Estou bem. Mesmo. - sorrio, indo até a sala e me sentando na frente da lareira, no chão. Olho para o fogo, sentindo falta por um breve instante de Sirius, aquele com quem falávamos pelas brasas.

- Quer que eu peça uma pizza? - pergunta, e eu suspiro.

- Pedir para um entregador sair nessa nevasca é covardia. - retruco secamente, e ouço sua respiração sem paciência logo atrás de mim.

- Tá, Hermione. Pelo visto você não está muito à vontade para ter uma conversa comigo, muito menos para transar. Então eu vou embora.

- É, falou o cara que estava muito à vontade dez minutos atrás para ter uma conversa comigo, quem diria sexo. - estou sendo cínica, e sei disso. Mas uma raiva de Ronald está me consumindo nos últimos dias, e não entendo o que pode ser.

- Hermione, por favor. Já reparou que só estamos brigando desde que contratou aquele babaca? - ele pega meu braço e me olha nos olhos - Nos amamos, pelo amor dos Deuses. Mas desde que Malfoy entrou no seu escritório, tem colocado caraminholas em sua cabeça e está te virando contra mim.

- Pare de baboseiras, Malfoy nem mesmo está interessado em meu relacionamento contigo. É você que está implicando sem motivos!

- Sem motivos? Eu morro de ciúmes de você! Ele tem lábia, Hermione, pode muito bem te induzir a…

- Ir para a cama com ele? - arqueio uma sobrancelha - Me poupe! Todos sabemos muito bem como as coisas funcionam com Malfoy e ele nunca se interessaria por uma sangue-ruim.

- Parkinson disse que ele está mudado. - suas orelhas ficam vermelhas de uma hora para outra - Ela disse que Luna está mudando seu jeito de ser… Hermione… Parkinson disse que Malfoy parece estar mais interessado do que deveria estar em você.

- Pois saiba que Parkinson e Malfoy brigaram! - retruco - Ela tem ligado a semana inteira para Luna, pelo que ouvi do meu escritório nas vezes que Luna foi lá. Disse que Parkinson está sentindo falta dele. Ou seja, ela não sabe de nada do que está acontecendo na vida de Malfoy.

- Eu sou homem, Hermione! Eu vejo nos olhos dele como ele te olha! Ele está se apaixonando por você!

- Pelo amor de Merlin, Ronald! Que esteja! Mesmo que ele esteja apaixonado por mim, não há nada que possamos fazer! Não mandamos no coração! E mesmo assim, duvido muito disso. Ele está totalmente apaixonado pela Luna. - ao proferir essas palavras soei um pouco mais decepcionada do que deveria.

- Demita ele. - meu noivo pegou minhas mãos e pressionou meus lábios contra os seus - Por favor… Eu posso te arranjar um assistente melhor, eu juro. Mas por favor… Demita ele. Não me sinto confortável sabendo que ele está no mesmo escritório que você.

- Ronald… - murmuro entre os beijos, e sinto que ele está baixando a alça do meu vestido e puxando a saia para cima - Eu nem mesmo tomei banho…

- Podemos tomar juntos… Como nos velhos tempos… - ele sussurra nos meus ouvidos, me levando até o banheiro - Só me diga que vai demitir ele, Herms… Éramos felizes antes de ele chegar…

- Tudo bem. - me deixo levar pelo momento, quando ele me joga em baixo do chuveiro e liga a água, rindo. Abro um sorriso também quando ele pressiona minhas costas da parede fria e beija meu pescoço com avidez, mas meu interior sente como se estivesse traindo minha lealdade com Draco.

Ronald me fez gozar três vezes esta noite, além de me fazer dizer três vezes que demitiria Draco no dia seguinte, quando completaríamos um mês trabalhando juntos. Dormimos abraçados como fazíamos no início do namoro, e logo o quarto foi preenchido por seus roncos.

São 04 da manhã agora e Londres está, no geral, silenciosa. Sinto algumas lágrimas caírem do meu rosto, porque Malfoy se tornou uma companhia boa nos meus dias pacatos. Nada disso tudo parece correto, mas fico mandando a mim mesma acreditar que está tudo bem.

Tenho um resto de noite cheio de pesadelos que envolvem o sorriso ora seguro e ora inseguro que Draco tem em seu rosto. Tenho pesadelos com um Malfoy afogado em bebida, por algum motivo, e pesadelos com um casamento infeliz com Ronald. Tenho pesadelos sobre o rumo da minha vida depois de demitir o loiro que fica na sala ao lado.

Quando acordo e tento adormecer pela última vez, meus olhos já estão pesados pelo choro e não pelo sono. Tive uma noite prazerosa e torturante, se é que isso é possível. Como tudo pode ser tão certo e errado ao mesmo tempo? Fecho meus olhos pela última vez, e tento pensar nos meus tempos em Hogwarts, onde tudo era mais fácil antes da guerra que mudou o rumo das nossas vidas.

Meu inconsciente me levou até uma aula de poções com o professor Slughorn no meu sexto ano, sobre a Amortentia. Lembro-me das palavras proferidas pelo meu eu naquele ano. “Grama cortada, pergaminho novo e pasta de dente sabor hortelã”. Quando minha antiga Hermione se aproxima do caldeirão, não profere palavra alguma.

Ela fecha seus olhos para sentir o cheiro e eu me aproximo para ver se consigo também. Meu coração se acalenta com o último resquício de coisa boa da noite ao sentir o cheiro diferente da última vez.

Quando abro meus olhos às sete da manhã, minhas narinas ainda estão cheias do cheiro familiar do sonho: álcool, tinta e cafeína.

O cheiro que antes me acalentara me deixa confusa e agitada ao levantar. Sinto algo diferente do que sentia no dia anterior, e não consigo decifrar o que pode ser. Lembro-me da voz do meu pai na minha cabeça, quando lia para mim alguns de seus poemas prediletos antes de dormir.

Que dias há que na alma me tem posto

Um não sei quê, que nasce não sei onde;

Vem não sei como; e dói não sei porquê.

***

Quando piso no Ministério às 08:30, atrasada para o início do expediente, todos os trabalhadores do hall, elevador e corredores estão me encarando de forma descarada. Sinto-me constrangida com tamanha vontade que tinham de deixar claro que haviam lido o Profeta, mas mesmo assim cumprimento todos com a gentileza de sempre. Recebo somente murmúrios constrangidos de volta.

Ao colocar o pé no meu departamento, todos os cochichos ouvidos desde o corredor param e as pessoas  (em geral colegas), fingem que realmente tem algo muito útil para fazer em mesas vazias até então.

Suspiro.

- Malfoy já chegou? - pergunto para Andrew, o administrador do departamento e principal transmissor de casos para a minha tutela.  Ele é o único que parece imparcial em meio a todos, talvez até mesmo desinteressado.  

- Sim, faz meia hora. O departamento ficou do mesmo jeito quando ele entrou, mas ele pareceu mais irritado do que você. Não é pra menos. Não entendo essa necessidade de comentar a vida alheia. Se vocês estão se comendo, ótimo, sejam felizes, não é da minha conta. - dá de ombros e eu sorrio de leve.

- Obrigada, Andrew. Mas não estamos nos comendo. - pisco um olho para ele e este ri.

- Sempre desconfiei que ele fosse gay. - ele revira os olhos e eu rio de volta.

- Tenha um bom dia.  - me dirijo até minha recepção e respiro fundo antes de abrir a porta.

Draco está escrevendo novamente as coisas dele em seu caderninho. Uma pilha de relatórios perfeitamente organizados está ao seu lado demonstrando que havia concluído com eficiência seu trabalho do dia anterior, além do cheiro incrível de café exalando pela sala inteira. Ele pinta alguma coisa no caderno com uma cor avermelhada,  mas o fecha assim que me aproximo.

Gostaria de saber quais são as coisas que despertam sua curiosidade.

- Bom dia. - sorrio da forma mais cordial possível, mas por dentro estou queimando.

- Vou arrumar minhas coisas. - ele diz com uma voz rouca e percebo quando levanta o rosto que seus olhos estão cansados.  Franzo as sobrancelhas.

- Do que está falando? - pergunto cautelosamente, me aproximando do balcão. Ele sorri.

- Cheguei mais cedo para terminar o resto dos relatórios. Fiz o café como gosta e deixei tudo em ordem para o próximo assistente. Sei que vai me demitir.

Abro a boca e sinto meus olhos umedecidos. Gaguejo algumas palavras desconexas, mas no fim não produzo sentença alguma. Respiro fundo.

- Do que…?

- Bem, Severo Snape foi meu padrinho e…

- Espera, você leu a minha mente?! - grito impaciente.

- E ele me ensinou a saber quando uma luta já está perdida, Granger. Não preciso ler a sua mente para saber o que pensa. - debocha.

- Como…?

- Todos estão olhando. O mundo bruxo vai desconfiar de alguém que contratou um comensal.

- Ex-comensal. - deixo claro, sem entender muito bem o motivo de estar contestando. Eu realmente ia demití-lo.

- Ah, como se eles levassem essa definição muito em conta, Granger. - ele faz piada, revirando os olhos e se levantando - Olha, está tudo bem. Vou tentar arranjar outro emprego e…

- Você simplesmente adivinhou que eu ia lhe demitir?

- Não. Eu deduzi corretamente. Granger, seu namorado viu a matéria no Profeta, se enfureceu e implorou por minha demissão. Você viu que tudo viraria um caos de qualquer maneira e decidiu aceitar. Eu conheço o seu jeito de pensar.

- Pare de me fazer parecer tão previsível! - digo irritada para ele, jogando minha bolsa numa das poltronas da recepção e fechando os olhos virada de costas para Draco.

- Então pare de fazer coisas previsíveis e ouça de uma vez por todas o que você realmente quer. - ele fala irritado de volta - As vezes que você não é previsível são as vezes que você é mais incrível, Granger. Quando não se importa com o resto ou com o seu namoradinho. Tipo quando me contratou para o emprego ou simplesmente se negou a agir como Ronald queria que você agisse. Pare de…

- Ótimo, não vou te demitir! - digo, sem nem pensar direito nas juras que fizera a Ronald na noite passada pela sua demissão - Eu… Eu não consigo te demitir. - admito, virando-me e olhando em seus olhos que expressam puro choque.

- Tá, isso foi inesperado. - ele fala calmamente e eu me permito a um sorriso tímido, me sentando na poltrona ao lado do meu café.

- Então isso quer dizer que gostou. - indago e nem sei o motivo de realmente querer que ele goste das minhas atitudes.

Ele ri. Uma risada sincera. Não debochada ou cínica. Senta-se ao meu lado, ainda rindo, mas não olha em meus olhos. O encaro curiosa, porque não entendi muito bem o motivo da risada. Ele não fala nada, somente continua rindo.

    - Malfoy, o que você…? - começo irritadiça, mas ele me interrompe.

    - Você é incrível. - ele fala sem me olhar nos olhos, e eu sinto minhas bochechas ficando coradas e meus batimentos ficarem mais rápidos - Se eu tivesse um vira-tempo e voltasse para Hogwarts, meu antigo Draco nunca acreditaria que eu estaria dizendo isso para você. Mas aqui estou eu, falando para uma garota que vai se casar dentro de um mês o quão incrível ela é e o quanto aquele cara não merece ela.

    Solto a respiração que estava prendendo e olho para o lado contrário. Esfrego minhas mãos de uma forma nervosa nas pernas, tentando limpá-las do suor que existe em deixá-las grudentas.

Apesar de sentir um furacão dentro de mim mesma, Draco é de longe só calmaria.

    - Ronald não é tão ruim. Ele só não entende ainda que você mudou… Até Gina te aceitou bem, sabe? E ela é difícil de convencer.

    Vejo seu olhar entristecer ao mencionar meu namorado, e percebo que estou mentindo para mim mesma. Meu futuro marido nunca aceitaria Draco, e eu havia acabado de quebrar uma promessa com ele. Estávamos juntos há cinco anos, e eu nunca estivera tão mal como estava agora. Depois que Draco chegou, tudo ficou um caos entre nosso relacionamento.

    Ronald lutava para me fazer ver Draco como a pessoa ruim que ele sempre fora, eu lutava para acreditar em Ronald, mas ao mesmo tempo Draco nem precisava se esforçar muito para ter toda a minha fidelidade.

    Eu chegava no trabalho disposta a ignorá-lo, mas bastava que ele dissesse uma única palavra que eu sentia a total necessidade de responder à altura e assim seguíamos com o nosso joguinho. Esse intenso jogo entre ambos fazia com que eu me aproximasse demais dele.

    Eu estava começando a gostar mais do que deveria.

    - Ambos sabemos que não é assim que funciona… - ele diz entre sorrisos amarelos.

    Sinto um aperto no peito. Não é assim que deveria ser. Draco está lutando com tudo que pode para parecer alguém bom de novo, mas pessoas como Ronald fazem parecer que ele continua a pessoa que sempre foi. Ele está arrependido. Quando há arrependimento e a pessoa está tentando, não deveria haver algum tipo de clemência?

    - Não, você não pode pensar assim. - digo rápida me virando animada para ele - Eu nem acredito que vou admitir isso, mas eu gosto da pessoa que você se tornou, Draco. Realmente gosto.

    - Mas o resto do mundo…

    - Podemos fazer o resto do mundo gostar de você. Se as pessoas certas te aceitarem. - digo, meu cérebro trabalhando rápido.

    Ele me olha confuso.

    - Do que você... ?

    - Eu quero te ajudar. Quero te ajudar a limpar o seu nome. Para que Ronald consiga te aceitar e possamos voltar a ter um relacionamento bom e…

    - Espere. Quer limpar meu nome para Ronald voltar a ser um parceiro bom? - ele pergunta, e sinto uma leve irritação em sua voz.

    - Não! Isso é… Só uma das consequências… - admito - Tem sido difícil. Aturar todas as brigas. O que eu quero dizer é: temos que convencer as pessoas corretas que você é alguém bom.

    - E quem seriam as pessoas certas? - ele pergunta, mas não sinto muita confiança em sua voz.

    - Membros da elite do ministério. Kim, principalmente. Se o ministro aceitar, todos dizem “amém”. Mas ainda mais importante… Precisamos da aprovação das duas famílias mais importantes do mundo bruxo atualmente: Weasley e Potter.

    - Está me dizendo que preciso da aprovação da família do seu namoradinho?

    - Eles têm bom coração. - ela fala com um sorriso - Harry também. Eu acho que se você convencer a família que os Malfoy mais menosprezaram a vida inteira de que estão arrependidos…

    - Tudo bem. O que eu devo fazer?

    - Ah. Deixa isso comigo. - falo com um sorriso.

    Mas nem eu mesma sei.

    

 


Notas Finais


E então? Gostaram? Comentem o que acharam do capítulo! Beijos!

Ps: eu percebi uma coisa escrevendo esse capítulo... Eu odeio escrever cenas românticas entre Ronald e Hermione... Principalmente as que envolvem sexo.


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