1. Spirit Fanfics >
  2. Boss >
  3. A festa

História Boss - A festa


Escrita por: AllyMannEvans

Notas do Autor


Volteeeeei! Mais rápido que vocês esperaram, huh? ;D Acontece que houveram problemas durante a viagem e acabamos voltando mais cedo que o previsto, e como ontem faltou luz aqui em casa... Bam, capítulo novo porque não tinha nada pra fazer uahasushauhsua!.

Então, primeiramente quero agradecer os comentários do capítulo anterior! Como sempre, significa muito para mim, amo vocês s2

Em segundo, gostaria de saber se o Spirit que tá bugando os comentários ou é os celulares mesmo, porque no capítulo dois comentários (eu acho) ficaram duplicados, aí achei meio estranho, né? UShushuasuhau!

Em terceiro, esse é de longe o capítulo mais longo de toda fic até agora, então acho que mereço um novo recorde de comentários por capítulo (treze), né? Acho que mereço porque escrevi rápido e escrevi bastante e porque muita gente vai querer me xingar nesse capítulo.

Em quarto, é sobre isso que quero falar: vocês vão querer me bater, vão querer me matar pelo que fiz nesse capítulo, mas eu digo... Eu quis ser má, só isso ushauhsuah! Mas relaxem os cores, talvez vocês até gostem da personagem (eu estaria me iludindo tanto se acreditasse que vocês vão gostar desse capítulo...).

Em quinto: comenteeeeeeeeeem! O cap teve mais de 5000 palavras, foi feito com esforço, e apesar do fim ser muito chatinho, sei que o resto vale a pena ler.

Beijo, beijo, beijo!

Ps: me pergunto se a gente consegue chegar aos 100 favoritos até o fim da fic ^^

Capítulo 9 - A festa


Quando chegamos no apartamento de Luna, ouço imediatamente um pedido de desculpas. Ela parece realmente estar mal pela mentira na casa dos Weasley, mas não falo nada sobre isso. Não quero saber sobre seus motivos. Se ela, Luna Lovegood, achou que a única maneira de conseguir perdão por todos os escrúpulos e mentiras dos Malfoys era os cobrindo com mais mentira, então eu não sou a pessoa certa para julgá-la. Oras, que achem alguém mais puro que ela para ditar regras sobre suas mentiras.

    - Está bravo? - ela pergunta e percebo que está bastante preocupada.

    - Eu? - rio - Você era muito certinha, precisava fazer algo errado na vida. - respondo, passando a mão em seu cabelo - Relaxa, só fiquei um pouco desconfortável na hora.

    - Eu entendo completamente. - ela fala, sentando-se no sofá - Eu só queria mostrar que você não precisa ter vergonha disso. Que é normal fraquejar, mas que é bom que você não está se entregando. Principalmente para hoje de noite na festa, quero que lembre-se disso.

    Olho para ela com carinho. Sei que vai ser complicado, mas suas palavras soam como um mantra em meu ouvido. Sou forte, não vou fraquejar.

    - Sobre hoje a noite… A Granger comentou que talvez você fosse para a França para o natal. Não sei como que você vai fazer, se vai trazer visitas, se vai mesmo para lá… Aliás, acho que nem vou voltar muito tarde hoje de noite, não quero que fique sozinha…

    - Não se preocupe comigo, não precisa de hora para voltar. Eu não vou para a França. Na verdade… Bem, eu tenho um encontro hoje a noite. - ela completa com as bochechas coradas, colocando a mão na frente dos olhos, evitando fazer contato visual comigo.

    Encaro seu rosto sem piscar. Eu não sei muito bem como deveria reagir sobre isso. Arranho a gargante, coloco as mãos na cintura e olho para a porta, pensando repetidamente sobre o que Luna disse. Como assim? Até que por fim, tenho alguma reação que corresponda ao comentário.

    - Ahm… Uau. - respondo rindo - Nossa, nem tinha imaginado! Quem… Quem é o cara? - pergunto, um pequeno ciúmes e medo por Luna surgindo em meu peito.

    - Ah… Bem… - ela começa.

    - Eu conheço? Luna, você tem que tomar cuidado com esses caras de hoje em dia, nem sempre eles querem seu bem e…

    - Esse cara é legal. - ela confirma convicta - E sim, você o conhece. Na verdade… Até bem demais. - completa com certo receio, fechando os olhos esperando minha reação da minha pessoa que, admito, demora cerca de dez segundos para conectar todos os pontos.

    - Blaise?! - retruco em questionamento e ela assente - Meu melhor amigo Blaise?! - ela concorda de novo, olhando para mim com a sobrancelha arqueada - Blaise Zabini?!

    - Não. Blaise do posto de gasolina da esquina, Draco. - ela responde revirando os olhos e dando um leve sorriso - Você… Você aprova?

    - Bem… - começo seriamente - Ele terá que vir falar comigo e pedir minha aprovação pessoalmente e dos Weasleys, obviamente, e talvez eu me faça de durão perto dele só pra ver se ele aguenta e pressão e…

    - Draco! - ela me repreende e eu dou uma risada.

    - É claro que eu aprovo! - respondo, dando um abraço nela - Meu melhor amigo com minha melhor amiga! Imagina só! Ele é um cara legal, claro. Não tanto quanto eu, mas legal. - falo, olhando em seus olhos - Eu só quero sua felicidade, só isso. E vocês combinam e… Uau. Nunca imeginei, mas até que não é tão estranho! Imagina só os filhos!

    - Calma! - ela fala - Só estamos no começo, nem é namoro…

    - Mas como? - pergunto - Digo, ele estava na França até pouco tempo. Foi lá?

    - Não. Foi logo depois que você veio para cá, comecei a conversar com ele pelo telefone para falar sobre você. Achei que seria legal para seu problema de bebidas encontrar um velho amigo. Ele disse que estava em processo de divórcio, por isso não podia viajar por enquanto e fomos nos conhecendo… Faz só um mês, estamos realmente bem no início, é só o primeiro encontro. - ela termina, mas vejo o quão animada e ansiosa está.

    - Certo. Sim, sim, claro. Não vou botar tanta pressão, nem apressar as coisas entre vocês... - digo e ela assente.

    - Isso, faça isso. - ela concorda aliviada e eu rio.

    - ... mas vou deixar o apartamento para vocês hoje e vou para o meu, na França. - completo e ela me encara estática.

    - Ele não vai dormir aqui, Draco. Você pode vir para casa.

    - Nah… Ainda nem vendi o meu apartamento lá de qualquer maneira. Vou deixá-los bem… à vontade. - completo, dando as costas e indo para o meu quarto.

    - Pare de bobagem, não vai acontecer nada! - ela grita, e eu rio.

    - Óbvio que não vai. Mas por via das dúvidas, usem camisinha! - é só o que eu digo antes de me trancar no quarto e ouvir sua risada do lado de fora, na sala.

 

    ***

 

    A festa exigia traje à rigor. Por isso, durante a semana, passei na loja de Madame Malkin para fazer um com minhas medidas, já que havia recebido meu primeiro salário alguns dias antes. A senhora que costumava fazer minhas roupas da escola não me olhou com pena ou apatia. Perguntou-me sobre a vida e se era verdade que estava namorando com Luna. Não teve a coragem de perguntar se eu estava tendo um caso com Hermione, mas senti que tinha curiosidade em seus olhos.

    A roupa ficou perfeita, extremamente parecida com o que os trouxas comumente chamam de smoking. Hermione dissera que as capas longas que se estendiam pelo corpo inteiro já não estavam mais na moda porque lembravam muito ao Lorde das Trevas e tudo que eu pude fazer foi rir: oras, mentira não era.

    Quando me olho no espelho do quarto às 20:30, já estou pronto. Pela primeira vez em muitos anos, estou parecendo saudável. O olhar cansado em meu rosto já não existe, e posso até dizer que aparento estar feliz para quem quiser olhar. Apesar disso, bem no canto dos olhos, ainda vejo uma pequena chama de tormenta: ela nunca partirá.

    Meus cabelos estão mais longos e, devo admitir, tão teimosos quanto os de Potter. Ainda estou magro, mas agora com musculatura. Até pareço o Draco que as garotas de Hogwarts gostavam.

    Luna bate na porta e entra, esbanjando graça e beleza: aparentemente ela e Blaise sairiam para jantar em algum lugar chique, então está extremamente ajeitada. Os cabelos loiros estão presos em um coque clássico com duas mechas cacheadas caindo nas laterais do rosto, que está graciosamente pintado com uma maquiagem leve nos olhos e vermelha nos lábios. Ela usa um vestido azul escuro leve e esvoaçante, com mangas em regata e saia pouco acima do joelho, sapatos pretos de salto alto e um casaco vermelho de tecido grosso por cima, que creio que será fechado assim que sair de casa. O mais belo, porém, é seu sorriso: radiante, ela está ansiosa.

    - Eu achei que estava bonito, mas você se superou. - falo, olhando-a com um sorriso - Você está insuperável.

    - Conheço uma pessoa que vai conseguir me superar aos seus olhos. - ela fala vagamente, arrumando direto as mangas, desamassando.

    Olho em interrogativa para ela.

    - E de quem seria a proeza?

    - Você vai descobrir sozinho. - ela pisca para mim e me entrega o convite de entrada para a festa, que começa 20:45 oficialmente - Agora eu acho que você deveria ir, porque está uma chuva torrencial e você ainda precisa chegar até a cabine telefônica sem se molhar.

    - Eu posso aparatar dentro dela.

    Luna gargalha.

    - Boa sorte tentando. - fala debochada, me ajudando a colocar a capa e amarrando a corda em meu peito.

    - Você faz parecer uma ideia estúpida. - observo, e ela sorri.

    - Não seria se não fosse noite de festa e metade do ministério não lutasse pra entrar primeiro naquela mini cabine. - ela observa de volta e eu devo admitir que está correta.

    

    ***

Acabo deixando-a sozinha para quando Blaise chegar, às 21, e aparato do outro lado da rua da cabine, em baixo de um toldo, enquanto espero metade de meu colegas parados com um guarda-chuva, esperando sua vez chegar. Coloco o capuz da capa, e apesar de me sentir como a forma sem forças de Voldemort dentro da Floresta Proibida, em meu primeiro ano, me escoro na parede e observo, sem me mexer.     

Por volta das 21, o movimento para. Bruxos são, geralmente, pontuais. O que significa que eu serei o atrasado da história. Entro na cabine e disco os números que dão acesso ao grande hall, apesar do salão ser no último andar de cima, o mais alto do ministério e com a melhor vista. Algumas pessoas estão no mesmo elevador que o meu quando entro nele, e apesar de achar estranho, todos me cumprimentam de volta quando digo “boa noite”, já sem o meu capuz.

Uma moça de longos cabelos loiros e olhos ainda mais claros sorri para mim quando paro ao seu lado. Devo admitir que, apesar de não ser a que supera Luna, ela está estonteante. Usa um vestido longo de cor púrpura, com pedras brilhantes que poderiam ser consideradas preciosas bordadas por todo o tecido. Ela é alta e tem físico de modelo, com pernas torneadas aparentes através da fenda do vestido em uma das pernas e seios grandes. Seu sorriso é parelho e brilhante, mas não consigo evitar o pensamento de que é forçado. Seus cabelos loiros são bem cuidados e estão presos em um estilo lateral, com cachos que tenho certeza que não são naturais.

- Draco Malfoy. - ela fala, e eu a encaro sem saber muito bem o que responder, porque ela me conhece - Ah, você não lembra de mim? Daphne Greengrass. Estava em Hogwarts também. Mesma casa.

- Ah. - respondo, porque por fim lembro-me da garota que fazia parte da turminha de Hogwarts - Sim. Você. Quanto tempo! - dou um beijo em sua bochecha, enquanto o resto somente observa - Eu… Bem, desculpe não lembrar. A época de Hogwarts foi bem…

- Turbulenta nos últimos anos, eu sei. - ela concorda com o sempre presente sorriso no rosto, como se quisesse mostrar o quão belo era - Você está muito bem! - elogia, e apesar de gostar de receber um elogio, não gosto do rumo da conversa.

- Bem… Obrigado. Você também não está nada mal. Não sabia que estava trabalhando no ministério. - mudo o assunto e ela nega, enrolando um cacho no próprio dedo.

- Não estou. Fui convidada pelo chefe do Departamente de Mistérios, minha irmã, Astoria. Ela era da Ravenclaw, dois anos mais nova, você não teve a oportunidade de conhecê-la, mas ela com certeza quer. - ela explica e eu assinto, sem saber bem o que falar - E você deve ter sido convidado pela famosa Granger. Quem diria? Vocês são o maior assunto da Bruxa Fashionista.

- Bruxa o quê? - pergunto confuso e ela sorri novamente, colocando a mão nos meus ombros.

- A maior revista de fofoca dos bruxos, meu amor. Abrange todo mundo bruxo! Fala de Dominique e Louis Desperaux, o casal mais famoso da França; Logan Johnson e Angelina White, o mais novo casal dos States; Mariana e Fernando Cabral, no Brasil; e aqui, obviamente, Hermione Granger e Draco Malfoy, os mais novos queridinhos do público.

- Queridinhos…? - interrogo de novo, pois realmente não entendo o que ela diz.

- Sim, querido. O povo bruxo simplesmente ama histórias de inimizade que vira amor, mas tem traição no meio e blábláblá. Todos torcem por vocês. Eu, como sei o Slytherin que é, sei que você não está com a Granger. Não pelo fato de ser uma sangue-ruim, mas…

- Ela não é uma sangue-ruim. - retruco, e pela primeira vez sinto meu sangue ferver ao ouvir tal injúria. Ela arregala os olhos e depois sorri, quando parece entender o que digo.

- Óbvio que não é. Foi modo de falar. Você é igualzinho à Astoria com essa coisa de politicamente correto. Sei que não está com ela, porque você nunca ficaria com alguém da Gryffindor. Isso que quis dizer. Você sempre foi o que disse que Gryffindors não sabem o limite entre burrice e coragem.

Ouço a risada do resto do elevador, quando os senhores e senhoras que só nos ouviam conversar se viram para participar da conversa.

- Oras, minha jovem. Errado ele não está. - uma senhora de vestido cinza brilhante fala, rindo - Na minha época como Ravenclaw, tudo que minha casa sabia falar é que, de longe, a casa mais burra de Hogwarts é Gryffindor.

- Na minha época como Gryffindor, até eu achava isso. - um senhor concordou - Sempre via meus amigos quebrando regras e desafiando a Floresta Negra, tudo que podia pensar era o quão burros somos.

Dou risada.

- Se até um Gryffindor, que é da casa que é, admite que são burros, como vou retirar minha palavra? - comento - Mas não posso deixar de admitir que a casa mais covarde é a Slytherin.

Todos caem na risada de novo quando chegamos no andar da festa e saimos do elevador, menos Astoria, que parece ter decidido ficar calada sem mostrar o sorriso novamente. Entrego meu convite para o recepcionista, e acompanho os senhores até os ganchos para capas.

- Ah, meu jovem Malfoy. Sempre foram. Mas em contrapartida, alguns conseguem ser mais inteligentes que Ravenclaws. - a senhora que era da casa da águia admite, e eu dou risada.

- Realmente. Se bem que, a garota mais inteligente que conheço era da Gryffindor. - digo, com a imagem de Hermione na cabeça.

- Granger, huh? - ela pergunta, pegando em meu braço e me puxando para sua mesa, para conversar com eles - Ela surpreendeu muito na guerra. Tão corajosa quanto Godric.

- Apesar de pequena, é forte. - comento, e o homem que se senta ao meu outro lado sorri.

- Você é um bom garoto, Sr. Malfoy. Eu e Magda - que eu acredito ser a senhora ao meu lado - não acreditamos nas bobagens de Skeeter, mas sabemos que geralmente o faro dela é aguçado quando o assunto é romance. Vocês não estão tendo um caso, pois a menina Granger é tão leal ao noivo que só pisa na bola com ela. Mas vocês se completam. - ele fala, e eu não sei bem o que responder. Não quero dizer que não existe nada, mas não quero deixar brecha para que eles acreditem que existe.

- O que quer dizer com noivo que só pisa na bola? - pergunto, e uma senhora que acompanhava a conversa desde minha chegada bufa.

- Um brutamontes. Sem educação alguma. Ele está sempre saindo do próprio escritório para falar com a moça da floricultura no telefone. Trocam juras de amor, e depois me olha e tem a hipocrisia de dizer que estava falando com a Granger.

- A senhora é a assistente do Potter? - pergunto e ela ri.

- Quem dera, aquele amor de garoto. O Sr. Weasley o convenceu que seria bom uma assistente geral do departamento, eu no caso, a quem ele carinhosamente chama de “sua assistente”.

- E como a senhora sabe que ele e Pansy ainda se falam? Como tem tanta certeza? - pergunto, sentindo a raiva em minhas veias, porque aparentemente todo ministério sabia, menos ela.

- Ah, então o menino Malfoy também sabe. - outro senhor fala do lado oposto à assistente do departamento auror.

- E está com raiva. - Magda fala, acariciando meu ombro.

- A Srta. Granger não fala sobre coisas pessoais em horário de trabalho, por isso chegou ao cargo que chegou. E o Sr. Weasley tenta falar baixo, mas obviamente ouvimos ele falando coisas como “Pan, meu amor” ou “a flor mais cheirosa da floricultura”. - a assistente fala.

- Aquele hipócrita. Eu o avisei para parar com isso, ou eu daria um fim ao noivado dos dois. - digo, apertando meus próprios punhos enquanto todos viram o olhar para o elevador, e sinto um toque leve de Magda no meu ombro, me dizendo para virar a cabeça.

Entrando na festa, estão primeiramente o Potter, com um smoking preto e Gina ao seu lado, usando um vestido vermelho soltinho de decote até pouco abaixo dos seios, em V, e um sapato alto preto. Seu cabelo está solto, porém todo para um único lado, dando vista para o enorme brinco que usa na orelha. Sua boca também está vermelha. Ela está magnífica, e aparentemente Potter também está abobado, pois não consegue parar de olhá-la. Eles são um casal bonito, pois ela só sabe sorrir para ele.

Mas meus olhos são atraídos para o casal que entra logo atrás. Ronald Weasley, de smoking preto, cabelos ruivos bagunçados e barba mal feita, aparentando estar… Bêbado? Franzo as sobrancelhas, sussurrando para Magda que ele parecia estar alcoolizado. Ela concorda, olhando em desaprovação.

Ao lado dele, Hermione. Ao olhá-la, entendo o que Luna quis dizer com alguém a superando. A adrenalina percorre meu corpo de maneira rápida, e por um momento me pergunto se é possível o coração parar de bater simplesmente porque nos esquecemos que isso é o que ele deve fazer.

Há uma doença chamada apneia do sono, ocorrente à noite, quando dormimos e geralmente estamos muito agitados. O que acontece, e é muito comum, é que nosso corpo esquece que devemos respirar. O coração não tem oxigênio para bombear e acabamos por ter falta de oxigênio no cérebro, levando à morte em poucos minutos. É uma doença muito perigosa e comum na fase adulta, que por vezes exige acompanhamento na hora de dormir.

Alguns pesquisadores classificam um outro tipo de apneia como apneia voluntária, ocorrente quando estamos nos afogando, por exemplo. Forçamos ao próprio corpo a não respirar em baixo d’água, no que os pulmões comprimem em busca de ar e o coração continua batendo em busca de oxigênio até para si próprio, quando em um colapso e sem mais forças, nos permitimos ao último suspiro.

Suspiro este que dizem não haver dor. A respiração feita após ser tanto tempo contida na água, é dita como indolor, e aquele que se afoga pode momentaneamente viver um momento de plena paz antes de morrer.

Me pergunto se é isso que sinto ao olhá-la. Por um momento, esqueço de respirar. Meus pulmões sentem uma dor intensa, mas quando seus olhos se encontram com os meus como se me procurassem, respiro. Estou caindo.

De todas as metáforas de minha vida, talvez essa seja a mais bela: Na minha vida, esse caos que me assola é a apneia que me afoga. Entretanto, o olhar de Hermione é o suspiro que me traz paz.

E de alguma forma, pensar nisso me tranquiliza.

Ela sorri para mim e estou tão abobado que preciso que Magda me bata de leve para que volte para a realidade.

- Terra está lhe mandando sorrir de volta… - ela sussurra e sinto que meu sorriso é o mais espontâneo de todos os tempos.

Hermione tem seus cabelos alisados em um comprimento até a cintura, meio presos na parte de cima e somente alguns cachos nas pontas. Seu rosto sustenta uma maquiagem leve e até mesmo angelical, com os lábios em nude e as pálpebras em tons de azul e branco. Seu vestido é azul turquesa em um modelo parecido com o de Gina, com o decote em V até pouco abaixo dos seios, com as mangas em tule caídas. O tecido do vestido é brilhante por toda a extensão, com uma fenda na perna esquerda que dá vista à sandália prateada em seus pés, combinando com um colar com um diamante no pingente.

Ela caminha até mim como graciosidade, sendo acompanhado pelo Weasley logo atrás, mas sem andar exatamente ao seu lado. Franzo as sobrancelhas, pois não pensei que ela viria falar diretamente comigo na festa. Ao chegar em nossa mesa, encaro seus olhos sem entender muito bem o que ela quer, pois ela abre um sorriso tímido enquanto pega na cadeira de Magda e o Weasley para alguns passos atrás.

- Boa noite. - ela fala meio nervosa para todos - Pelo visto já se enturmou. - elal comenta - Ia dizer para sentar com a gente em nossa mesa.

- Eu…

- Pansy vai sentar lá também. - ela interrompe - E os Weasleys. Kingsley também. E mais algumas pessoas importantes.

Olho para o resto da mesa e depois para Ronald, com raiva.

    - Pansy veio? - pergunto.

    - Sim, ela ligou hoje a tarde para avisar que não viria, mas eu insisti. Pensei que gostaria da companhia dela, já que são tão ligados. - engulo em seco, pois Hermione deu um tiro no meu pé e no dela sem mesmo notar.

    - Acontece que eu… - começo, pois sei que vou perder o controle se acabar sentando com eles.

    - Ele vai sim. - Magda fala, me empurrando - Estávamos somente ajudando ele a não ficar sozinho, um amor de garoto. Vai lá, querido.

    - Mas eu… - tento intervir, mas Hermione já me pega pelo braço.

    - Ótimo! Foi um prazer. Vamos? - pergunta me olhando e eu não consigo achar alguma maneira de dizer que não.

    - Certo. Eu volto depois… - digo para eles que assentem com certa pena, enquanto ela me puxa para perto do Weasley - Boa noite.

    - Para quem? - ele pergunta com uma sobrancelha arqueada, indo em direção à mesa sem nos acompanhar.

    - Desculpe por isso. Dei um café forte para ele antes de sair, ele está melhor. Mas acho que a bebida o deixou levemente rabugento. - ela fala envergonhada e eu dou risada.

    - Ele bebe todos os dias? - pergunto e ela dá um leve tapa em meu braço, pouco antes de chegarmos à mesa - Boa noite a todos.

    Da direita para a esquerda na enorme mesa circular, estão Potter, Gina, Kingsley, Fleur, Gui, Jorge, Angelina, Sr. e Sra. Weasley, Percy e sua namorada, uma senhora de cabelos loiros, um senhor pouco mais velho que Kingsley, duas gêmeas e, por último, Pansy.

    Ela usa um vestido verde e prata, em um tecido leve tomara-que-caia, preso no tronco e solto nas pernas. No pescoço, reconheço o colar que usa: meu presente para o seu aniversário de dezesseis anos, que dera quando ainda estava em Hogwarts. Meu pai dissera que era tradição da família Malfoy dar à uma jovem Slytherin com a qual tínhamos relações próximas um colar de esmeraldas quando completavam dezesseis. Sendo melhor amigo de Pansy e tendo tirado sua virgindade, minha jovem escolhida fora ela. Ela usa o colar esta noite, e dá um leve sorriso para mim quando me vê.

    - Onde está Carlinhos? - pergunto.

    - Preferiu ficar cuidando das crianças, disse que odeia esse tipo de festa. - Hermione sussura, sentando-se ao lado do Weasley e deixando um lugar vago para mim ao lado de Pansy - A loira é a possível próxima candidata para Ministra da Magia quando Kings morrer ou renunciar, Lorraine McLaggen. O senhor ao lado dela é seu marido e presidente de Gringotes. As duas gêmeas são Parvati e Padma, lembra? - pergunta e olho de novo para elas, para notar o quão diferente estão.

    - Uau. - respondo - Qual é o cargo importante delas? - pergunto e ela ri.

    - Nenhum. Elas só são boas fofoqueiras, vão espalhar para Merlin e o mundo o quão diferente está, são melhores que Skeeter. - ela retruca e eu reviro os olhos, virando-me para Pansy enquanto Hermione entra em um assunto com Gina.

    - Eu juro que não tive chance contra ela. - ela fala nervosa mordendo o lábio.

    - Eu acredito. Hermione sabe ser chata. Desde que não meta seu nariz onde não é chamada, tudo está bem.

- Eu não tenho um pressentimento bom sobre tudo isso. Ronald está bebendo de novo e ele já perde o controle sem álcool, imagine…

- Draco ia comprar flores para Luna no natal. - Hermione fala alto para toda mesa e eu e Pansy damos um salto nos olhando - Deu tudo certo? - ela pergunta e eu gaguejo sem saber o que dizer.

- Não. - Parkinson fala com uma tranquilidade - As flores que Draco queria não florescem no inverno.

Ronald ri.

- Falha no plano, Malfoy. Se quiser machucar Luna, vai ter que pensar em uma planta diferente de um cacto. - ele fala debochado, e eu aperto os lábios para não falar nada de volta com a mesma estupidez que o noivo da minha chefe - Alguma ideia de planta venenosa, Pansy? Draco está querendo alguma. Se bem que ele em si já carrega veneno suficiente. - ele ri, bebendo mais whiskey enquanto a mesa inteira fica em silêncio sem saber o que falar.

Olho para Hermione, e ela está com a cabeça baixa e olhos úmidos. Olho para Gina, e ela também não sabe o que fazer. Quem aparece para salvar o dia é Harry. Como sempre.

- Poxa, Ronald. Você fala que Draco é uma planta venenosa enquanto eu e Hermione acreditamos nossa vida inteira que ele era uma doninha saltitante! - ele fala parecendo decepecionado, e ouço a risada melódica da mesa e a ainda mais alta de Hermione. Ela parece ter adorado a piada, pois coloca a mão na cabeça e se sacode para frente e para trás. Permito-me a rir também, enquanto Pansy abre um sorriso e Ronald revira os olhos pedindo mais whiskey para o garçom.

- Alguém pode explicar a piada interna? - Kingsley fala, apesarde rir também.

Quem abre a boca para contar é Gina. Sinto que esse é o momento mais vergonhoso da minha vida, enquanto todos riem de mim, mas ver que Hermione perde a vontade de chorar me deixa contente. Sinto com se pudesse passar vergonha pelo resto da vida se isso trouxesse em retribuição seu sorriso.

    - Desde então ele é conhecido como doninha saltitante entre os Gryffindors. - Harry fala e eu me permito a cair na gargalhada também.

    - E aquela vez que Draco quis dar uma de Gryffindor e foi desafiar o hipogrifo do Hagrid? - Pansy fala, e a risada de Hermione mais uma vez é mais alta que o resto da mesa - Ele ficou totalmente louco de inveja porque Harry tinha conseguido domar o hipogrifo e montá-lo, e resolveu dar uma de macho alfa para cima do Bicuço.

    - “Você vai pagar por isso! Você e sua maldita galinha!” - Hermione me imita com uma voz chorosa e gemendo, enquanto todos caem na gargalhada na mesa e Ronald toma mais um gole de whiskey.

    - Lembrando que depois disso o pai de Draco entrou na justiça e o hipogrifo morreu. - Ronald diz, e a risada de todos cessa - Pois é! - ele fala sarcástico - E vocês rindo do pobre hipogrifo.

    - Ele não morreu, Ronald. - Harry fala - Ele escapou de Hagrid e Draco se arrependeu disso faz tempo. - ela fala sério, enquanto Hermione me olha sem graça.

    - Tudo bem. Realmente, foi isso que aconteceu. Mas isso faz tempo e eu me arrependi, como Harry disse.

    - Ei, você lembra aquela vez do balaço que estava perseguindo Harry no jogo de quadribol? - Hermione exclama, rindo - Draco caiu da vassoura, foi um belo tombo.

    - Fiquei sem conseguir me sentar direito por um bom tempo. - admito, enquanto a mesa ri e eu percebo que aos poucos, parecem simpatizar comigo.

    - É, lembrando que quem enfeitiçou o balaço foi o elfo doméstico que a família Malfoy torturava até não poder mais e, adivinhem, depois matou com uma adaga. Muito amigo do Harry, aliás. - o Weasley ri e a mesa fica quieta novamente.

    Hermione fica com os lábios trêmulos e os olhos lacrimejando novamente, e vejo o Potter se levantar e ir até Ronald com raiva. Ela arregala os olhos se levantando também e se colocando entre os dois, enquanto a mesa inteira se levanta assustada.

    - Harry, não! - ela fala com algumas lágrimas caindo, segurando a mão de Potter.

    - Saia da frente, Herms. Eu só vou falar com ele. - diz mais calmo do que aparenta.

    - Potter, você não está portando a atitude de quem vai só falar com ele. - eu interfiro, olhando para Pansy.

    - Ronald, vamos lá para fora tomar um ar. - ela fala para ele, e nesse momento nem mesmo eu tenho vontade de contradizer - Você bebeu demais, vamos… Lá fora vai ser melhor, vai clarear a mente…

    - Eu não vou lá fora com você, sua vadia. - ele fala rindo, se levantando e jogando o próprio guardanapo na mesa, depois de tomar um último gole de whiskey de fogo e virando-se para olhar para Potter.

    Pansy parece sem chão. Seus olhos ficam úmidos e algumas lágrimas caem instantaneamente, enquanto Weasley ri da cara dela. Pela primeira vez depois de descobrir essa situação inteira, percebo que talvez ela seja a maior vítima da história depois de Hermione. Somente uma garota que caiu na lábia de um cara que apesar de parecer um panaca, de bobo não tem nada.

    Sinto a raiva que estava guardando para mim vir à tona. Ronald fora capaz de machucar duas das quatro mulheres mais importantes da minha vida.

    - Quer me bater, Harry? Só porque eu não sou à favor dessa ceninha que todos estão fazendo de que “Draco é o novo bom”? - ele ri na cara do Potter, e eu suspiro.

- O que está acontecendo aqui? - pergunta uma voz feminina, e quando me viro há uma garota de cabelos negros e olhos claros vindo apartar a confusão - Estamos aqui para celebrar o natal, não para arranjar briga. Sr. Weasley, se está aqui somente para arranjar confusão, sugiro que se retire da festa. Agora. - sua voz é serena e autoritária ao mesmo tempo, e parece ser o suficiente para Weasley baixar a bola.

- Tem razão, Greengrass. - ele responde rindo, sentando-se na cadeira novamente - Sinto muito, pessoal. Não vou mais incomodar vocês. - Weasley ainda parece debochado, mas suas palavras fazem todos se sentarem aos poucos e Harry voltar ao próprio lugar.

- Sr. Malfoy, talvez queira se sentar com a gente. Para evitar confusão. - a garota fala e, apesar de Hermione negar e pedir para que eu fique, me levanto e sigo a garota até a outra mesa, com Pansy ao meu lado.

As mesas são em cantos opostos do salão, mas consigo observar tudo daqui. Essa bobeira do Weasley de ficar rindo de tudo é uma das fases da bebida conhecidas muito bem por mim. Primeiro as piadas, depois a agressividade. E eu não dou até meia-noite para que ele fique agressivo.

- Que vergonha fazer tudo isso. - a garota fala, puxando meu braço e me levando até o balcão do bar da festa, já que aparentemente não queria falar perto dos convidados - Todos do ministério estavam apostando que você passaria vergonha por aqui, mas aparentemente o Weasley está indo pro fundo do poço. Dois conhaques, por favor. - diz.

- Ah, só uma água para mim. Obrigada. - falo para o barman, olhando para a garota - Devo assumir que  você é Astoria, não? Irmã de Daphne.

- Ah, sim. Desculpe, estou muito agitada. - responde - Nunca tinha feito isso, de enfrentar um cara forte como Ronald. Mas ele já estava estressando todo mundo da festa, e é natal, ninguém quer…

- Confusão, eu sei. - completo rindo e tomando um gole de água - Tem razão, Weasley está se afundando mais e mais.

- Você parecia bastante nervoso por lá, por isso pedi que viesse junto.

- Fez o certo. Estava prestes a quebrar a cara dele.- concordo e ela sorri, e percebo que na verdade, é uma mulher muito bonita.

Cabelos longos e negros, olhos azuis e um vestido longo e branco, com diamentes por todo tecido. Usa um colar de diamantes com as iniciais A.G, e pelo leve brilho incomum dos olhos, assumo que usa lentes.

- É… - ela fala sem graça, e eu paro de observar - Bem, acho que deveríamos voltar para a mesa, não?

É véspera de natal e a mulher que faz meu coração bater mais rápido vai se casar com um hipócrita idiota em menos de um mês. Não tenho chance contra ele, mas Daphne disse que Astoria queria me conhecer: ela não é Hermione, mas é decidida, forte e inteligente, já que foi da Ravenclaw. Não é arrogante e extremamente bonita. E já faz alguns meses que não tenho relações sexuais com ninguém. Ela tem uma carreira brilhante e é puro-sangue, a moça que Lucius Malfoy aprovaria ao sair de Azkaban.

Ela não é Hermione, mas Hermione vai se casar.

- Não, acho que poderíamos ficar aqui mais um tempinho. - falo com um sorriso.

A noite será longa.


 

    

 


Notas Finais


Só querendo avisar que estou abrindo o F.A.C.O.A: Fundação de apoio ao combate ao ódio à Astória. USAHSUAH|SUSHA! Não odeiem os Greengrass, gente, relaxem os cores! Beijos!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...