História Bought - ABO - Dezoito

Dezoito

Todo ato tem sempre uma consequência.

Era tarde de sábado. Namjoon se encontrava na cozinha bebendo café. Como era fim de semana, Berta não estaria ali. Então, ele teria que se virar. Mas como dormira muito, perdera o café da manhã e o almoço. E estava sem fome.

O alfa não parava de pensar em Jin.

Eles estavam ligados.

Porque ele não soube se controlar.

Continuava sem se arrepender de ter feito isso. O que lhe era estranho. Fora o fato de seu lobo estar irritantemente, insuportavelmente e exageradamente feliz. Ao menos alguém estava aproveitando aquilo por completo.

O de cabelos azuis continuava preocupado. Seok continuava trancado no quarto. Não saíra de lá para nada. Desde a noite anterior. E como os dois estavam ligados, o maior podia sentir algumas coisas. Sabia que o ruivo não estava dormindo. E parecia um pouco angustiado.

Sentiu vontade de ir até lá, bater na porta, diversas vezes desde que acordara. Mas era melhor dar espaço ao outro. Quando ele quisesse sair os dois conversariam. Ou nem isso. Apenas tocaria no assunto se o ômega quisesse falar sobre aquilo.

Ele suspirou.

Bebeu mais um pouco de seu café.

A melhor coisa que Kim poderia fazer naquele momento era nada.

Então, o jeito seria esperar a poeira baixar. Deixar que as coisas se acalmassem e depois eles se decidiriam o que fazer. Como iriam seguir depois daquilo.

...

Kim estava no sofá da sala. De braços cruzados. Com uma carranca emburrada enorme. Definitivamente ele não era o tipo de pessoa que gostava de esperar. Já estava ficando cada vez mais agoniado. E começando a achar que o motivo de sentir o ômega também agoniado, era por sua culpa.

Logo que, com a ligação, os sentimentos eram passados entre eles.

Não somente um recebia do outro.

A televisão estava desligada. Então, o de cabelos azuis ficava se encarando no reflexo distorcido da tela. Ser paciente era a coisa mais chata de todo o mundo. No entanto, ele estava se controlando. Precisava. Seok tinha todo o direito de querer ficar sozinho.

A final, o ruivo fora marcado sem nenhum aviso.

Sem ser perguntado se queria ou não.

Namjoon se deitou no sofá. Encarou o teto. Passou a se concentrar um pouco. Estava se focando para sentir Seokjin. Aquela ligação tinha que servir para alguma coisa. Fechou os olhos. Pensou no rapaz. Respirou fundo. Acalmou-se.

Então, de repente, viu Jin.

Deitado em sua cama.

Estava acordado, mas parado olhando o teto.

Aquilo foi à coisa mais esquisita e mais maluca que já sentira. Ele podia ver o menor claramente. Como se estivesse no quarto também. Até podia ouvir a respiração lenta do ômega. Felizmente, Seok não parecia mais triste e nem assustado. Aquilo aliviou um pouco do peso que sentia na consciência.

- Desculpe Jin. –disse. – Realmente não sei o que se passou na minha cabeça quando eu perdi o controle e...

- Quem disse isso? –soltou o ruivo.

Kim o viu se sentar em sua cama e olhar para todos os lados. Olhos arregalados. Expressão assustada, porém, muito curiosa.

- Espera, você pode me ouvir? –perguntou o maior.

- Nam, é você? –olhou para o teto. – Como você entrou na minha cabeça?

- Eu não sei. Fechei os olhos e pensei em você. Depois te vi deitado na cama. –respondeu. O menor fechou os olhos também.

- Aí meu Deus! –disse surpreso. – Estou te vendo deitado no sofá.

- Deve ser a mordida. –deduziu. – Acho que agora podemos nos falar por telepatia.

Ele viu o rapaz engolir em seco.

- Nam, me faz um favor?

- Claro.

- Sai da minha cabeça, por favor. –se deitou na cama novamente.

O de cabelos azuis se sentou no sofá. A conexão telepática entre eles se desfez. Ambos sentiram um zumbido. Seguido de um fio de dor que sumiu tão rápido quanto apareceu.

- Isso foi... –piscou rapidamente. – Bizarro.

Antes que ele fizesse algo mais, a campainha tocou.

Kim saltou do sofá e foi abrir a porta.

Kai passou por ela feito um foguete.

O moreno parecia triste. Andava um pouco lento. Ficava resmungando baixinho. E o outro alfa notou que seu amigo usava um par de óculos escuros. Até que seria normal, se não fosse pelo fato de que Jongin nunca usava óculos escuros.

- Está tudo bem?

- Está tudo péssimo. –bufou.

- Ei, calma. –o de cabelos azuis levantou as mãos. – Somos todos amigos aqui. Ok?

- Tenho sérias dúvidas sobre isso.

- Por quê?

- Porque você é um conselheiro horroroso. –berrou.

- Você falou com o D.O? –segurou o riso.

- Sim. Fui te dar ouvidos e contei tudo para ele. Dos beijos. De como me sentia. –soltou a respiração.

- E o que Kyung disse? –apertou os lábios para não rir.

- Não muito. –deu de ombros. – Mas ele fez isso. –o moreno retirou seus óculos.

Seu olho esquerdo estava arroxeado. Meio escuro. Não parecia estar inchado. Talvez tivesse melhorado com o tempo, ou D.O não usara muita força para esmurrar o amigo.

- Satisfeito Namjoon? –resmungou. – Isso é culpa sua.

- Ei, ei, ei. –gargalhou. – Não fui eu quem pranchou sua cara no soco.

- Mas foi você quem me disse que eu deveria contar tudo a ele.

- Mas não te obriguei a contar nada. –riu mais um pouco. – Caraca. D.O é mesmo esquentadinho.

- Diz isso para o meu olho dolorido.

- Mas você tem noção do por que dele ter feito isso, não é? –perguntou.

O outro franziu o cenho.

Para ele o motivo era óbvio.

- Sim, para me ver sofrer e acabar com nossa amizade. –cruzou os braços.

- Errado. –Kim arqueou as sobrancelhas. – Ele fez isso porque gosta de você também.

- Como é que é? –praticamente gritou. A rua toda deve ter ouvido. – Você chama isso de gostar? –apontou para o olho roxo. – Então vem cá Namjoon. Me deixa te mostrar o quanto eu gosto de você. –rosnou.

O de cabelos azuis se afastou.

Ele se segurava para não rir.

- Kai, o Kyung é igual a um bicho selvagem. Quando ele se sente acuado, o baixinho simplesmente parte para a agressão. Você deveria estar feliz que foi só um soco. Ele poderia ter feito muito mais. O que comprova a minha teoria de que e ele também gosta de você. –informou.

Jongin relaxou no lugar.

Franziu o cenho.

Estava se lembrando de algumas coisas.

- Se lembra que no primeiro ano do ensino médio, o Kyung estava afim de um garoto? E depois esse garoto se declarou para ele.

- O nome dele era Yoongi, não é? –Kai assentiu. – Foi aquele ômega que saiu da escola porque o Kyungsoo quebrou um dedo dele. –os dois gargalharam.

- Essa sua teoria até que faz sentido.

- Eu sei. –sorriu. – O baixinho também gosta de você. E como foi pego de surpresa e não soube como reagir, ele te deu um porradão.

- Ah, mas aquele duende gótico me paga. –bufou entre rosnados.

- O que você vai fazer?

- Vou pega-lo pelo colarinho e assim que eu enchê-lo de beijos, eu vou mata-lo.

Simplesmente deu meia volta e saiu da casa do amigo pisando duro.

E resmungando o que faria com D.O.

- E eu achando que tinha problemas. –deu de ombros e se dirigiu para a cozinha.

...

Alguns poucos minutos haviam se passado. Namjoon bebia um pouco mais de café. Até que fora interrompido pela porta da sala. Alguém a abrira bruscamente e entrou quase quebrando o chão com suas pisadas. O de cabelos azuis até pensaria que era Kai voltando ou algum invasor, mas sabia muito bem quem estava em sua sala.

- Kyung, se você quebrar a minha porta de novo, eu vou te proibir de entrar aqui em casa. –disse indo até a sala.

- E se me proibir eu deixo de quebrar a porta e quebro você. –retrucou.

- Já vi que está um amor de pessoa hoje.

- Nem me fale dessa droga de palavra. –rosnou.

- Credo. O que foi? –se fez de desentendido.

- O Kai está aqui? –passou o olhar a sua volta.

- Saiu faz uns cinco minutos. Disse que foi te procurar. Por quê?

- Por quê? –soltou. – Por quê? –berrou. – Porque aquela foca sem cauda inventou que me está apaixonado por mim.

- Foi por isso que você deu um soco nele?

- Sim. –franziu o cenho. – Não. É... –suspirou. – Eu não sei.

- Parece que não é só ele que está apaixonado aqui. –arqueou as sobrancelhas.

- Eu não estou apaixonado pelo Kai. –deu de ombros.

- D.O, eu te conheço muito bem. –cantarolou Kim.

- Você nem sabe quanto é um mais um, vai saber dos meus sentimentos? –ironizou.

- Então, por que deu um soco nele? Do mesmo jeito que fez com o Suga? Que também se declarou para você.

O alfa menor engoliu em seco.

Suspirou.

- Se repetir essa história de novo, eu vou te dar um chute tão forte que você vai parar na aldeia dos Smurfs. –rosnou.

- Sabia. –gargalhou. – Você gosta dele.

- Cala a boca Nam. –berrou, mas não estava com raiva.

Ele deu as costas e saiu andando.

- Aonde vai?

- Encontrar aquela Zebra e socar o lado direito da cara dele. –saiu batendo a porta.

 - Eu podia ter arranjado amigos normais. –gargalhou.

- CONTINUA -