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História Boys - Lâminas, letras e Helena


Escrita por: sehunkatsudon

Notas do Autor


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Capítulo 3 - Lâminas, letras e Helena


Fanfic / Fanfiction Boys - Lâminas, letras e Helena

Não estava com ressaca, mas senti algumas leves pontadas na minha cabeça. Também não faço ideia de como cheguei até minha cama durante a madrugada. Ainda vestia a roupa de Amelia, além de uma jaqueta jeans rasgada com perfume amadeirado que não sabia de onde havia aparecido.

Senti meu celular vibrar sob o travesseiro e o puxei, soltando um grunhido. Além de três mensagens da minha melhor amiga, havia outra de um número desconhecido. Abri a foto do contato e vi o garoto de cabelos verdes. Sentei-me na cama, o sono indo embora e ficando apenas a curiosidade em saber como ele tinha meu número e o porquê de querer falar comigo.

     Michael: Oi Quinney, sei que nos conhecemos ontem mas não consegui esperar. O que acha de sair comigo hoje a noite? Podemos ir a uma festa na casa de um amigo meu ou a qualquer lugar que você queira ;)

    Michael: Será que isso ficou estranho demais?

     Um sorriso brincou em meus lábios assim que vi que ele não me chamou de Quinn, ou Q e sim de Quinney. Ninguém nunca me chamou assim antes. Respondi:

     You: Oi Mike, adoraria sair com você. A festa é uma boa opção. E isso não ficou estranho. Ficou fofo ^.^

     Mike: Então passo te pegar às 20:30, OK?

     You: OK. Até.

Não tive nem o tempo de levantar o olhar para a porta que alguém havia batido instantes antes e minha mãe entrou igual a um furacão em meu quarto. Sem "bom dia" ou nada do gênero, apenas invadiu meu closet, pegou um vestido pink horroroso (que eu não me recordava de ter) na minha opinião e deixou-o aos pés da minha cama juntamente com uma sapatilha clara.

"Vista-se agora. Em vinte minutos Luke passa aqui para levar você para almoçar." Estava a ponto de sair do quarto quando a impedi.

"Será que pode me explicar o que está acontecendo aqui? Por que pelo que eu saiba, eu não assinei nada, sendo assim, não tenho que fingir namorar com Luke e muito menor sair para almoçar com ele."

"Na verdade, não precisamos de você ontem. Eu mesma assinei, e agora, vocês estão namorando." Arregalei os olhos e puxei os cabelos, soltando um grunhido de frustração.

"Não pode fazer isso comigo!"

"Poder, eu posso. Sou sua mãe e ainda mando em você. Então trate de se arrumar rápido." Ela sorria e, por Deus, eu não me importaria se fosse deserdada.

"Eu odeio você!" Gritei enquanto a via desaparecer pelas escadas.

Dez minutos depois desci para a sala, usando além de um short e cropped, a jaqueta misteriosa de ontem. Meu cabelo estava em um rabo de cavalo mal feito, que não me importei em arrumar. Me surpreendi ao ver que um ser de cabelos loiros estava sentado em meu sofá.

"Oh, olá Quinn. Você está muito bonita." Luke tinha um sorriso metido no rosto e eu queria desfazê-lo com um soco. Por que os mais bonitos são todos idiotas?

"Vamos logo acabar com isso." Suspirei me sentindo derrotada e coloquei os óculos escuros. Assim que entramos no carro Luke fez o mesmo. Iríamos precisar deles assim que saíssemos do carro, mas não pensei que seria em grande escala.

Em frente ao restaurante italiano haviam muitos fotógrafos. Me senti tonta e um pouco perdida. O garoto segurou minha mão, puxando-me para dentro do estabelecimento, onde pude respirar com mais facilidade.

"Deveria me agradecer por ter te tirado daquele pandemônio."

"Não vai acontecer, Hemmings. Onde é a nossa mesa?"

Almoçamos rodeados apenas pelo som de talheres batendo nas mesas vizinhas. Diversa vezes Luke abriu a boca, como se fosse para dizer-me algo mas não o fez. Apenas baixou o olhar para seu prato novamente e suspirou. Lá pela quarta, quinta vez comecei a ficar um pouco irritada. Se ele queria dizer algo era só falar, oras. Não era como se eu fosse lhe dar um completo fora ou qualquer coisa parecida. Talvez nós até pudéssemos sair para beber, ou ao cinema.

"Se você quer me dizer algo, desembucha." Falei.

"Uh, eu só queria saber se você vai fazer algo hoje à noite." Pensei por um tempo. Sem piadinhas, sem apelidos ou olhares maliciosos. Ele parecia temer minha resposta. Vasculhei minha mente em busca de algum compromisso real ou até mesmo fajuto. "E então?"

"Tudo bem. Podemos sair ou qualquer coisa parecida."

"Legal. Te pego às oito."

-x-

Droga. Droga dupla.

Eu tinha um compromisso para hoje à noite, iria sair com Michael. Mas ao mesmo tempo não queria dar um completo fora em Luke, já que ele parecia esperançoso e talvez ficasse um pouquinho menos babaca, mas, por outro lado, o Michael aparenta ser incrível e eu quero muito poder sair com ele hoje.

Mas, mas, mas.

Eu precisava de ajuda com isso, então liguei para minha fiel escudeira.

"Amelia, preciso da sua ajuda agora." Eu estava com os pés para dentro da piscina, balançando-os compulsivamente com o celular pendurado junto ao ouvido.

O que você quer? Eu estou no salão.

"Marquei de sair com Michael hoje. E com Luke também." Ouvi um grito tão agudo vindo de Amelia que jurei ter morrido e voltado.

'Ta, mas... Primeiro quem é Michael?

"Michael, o cara que tá na banda mesma banda que o Luke."

Garota! Além de você pegar dois caras gostosos você pega da mesma banda? Vamos combinar que você foi um pouco idiota fazendo isso.

"Não me critique! Eu preciso de ajuda."

Me diga com o que precisa de ajuda, então!

"Preciso escolher entre um deles. Não posso sair com os dois."

Você odeia o Luke então escolhe o Michael.

"Mas o Luke não foi tão ruim hoje quando saímos pra almoçar."

Então escolhe o Luke.

"Mas o Mike foi tão fofo comigo." Choraminguei.

Olha, essa manicure 'ta quase arrancando meu dedo fora e você 'ta me confundindo. Quinn, se vira sozinha nessa. Vou desligar.

E ela desligou. Pior melhor amiga. Se bem que ela tem um pouco de razão.

Já sei o que fazer.

-x-

Fingi uma tosse forçada enquanto mandava a mensagem para Luke, dizendo que passei mal depois do almoço e minha mãe não me deixou sair de casa desse jeito. Sei que ele não ouviria minha tosse mas assim fazia com que parecesse mais realista ao meu ver.

Alguns segundos depois recebi uma resposta.

     Luke: tudo bem então :( Mas podemos marcar outro dia? Queria mesmo sair com você sem que você me lançasse facas só com o olhar.

Wow, ele me mandou uma carinha triste. Me senti muito mal. E essa parte das facas? Eu sou assim mesmo? Me senti ainda pior, enviando logo depois uma curta mensagem dizendo que poderíamos sair qualquer dia.

Terminado meu negócio sujo, subi correndo para meu quarto tomar um relaxante - ou nem tanto assim - banho de banheira, onde contemplei a pequena escrita em relevo localizada em meu quadril: Hope.

Aconteceu quando eu tinha treze. Eu tinha uma melhor amiga, Helena. Nos dávamos muito bem. Nessa época, eu não era tão bonita e não tinha tantas curvas quanto as outras garotas, ou como minha irmã. Não achava meu encaixe e Helena me mostrou. Fez com que eu visse minhas qualidades e encontrasse o meu lugar.

Mas enquanto eu melhorava ela piorava. Nunca demonstrou coisa alguma, então todos, inclusive eu, julgavam estar tudo bem. Diferente de mim, ela era fechada, mas sabia que gostava de mim tanto quanto eu gostava dela. Foi com ela que descobri as primeiras coisas, como beijar.

Nesse dia estávamos sozinhas no quintal da minha casa. Estava escurecendo e nós continuávamos deitadas na grama, assim como duas horas atrás. Passamos muito tempo conversando sobre passado e futuro, e dentre essas conversas, em algum momento, chegamos ao assunto de ter filhos.

Lembro que seus dedos estavam entrelaçado com os meus quando disse que teria uma menininha chamada Hope. Completou dizendo que Hope era tudo o que precisava, depois me abraçou, selamos nossos lábios pela última vez naquela noite e então ela partiu.

Helena era enigmática e isso fez-me gostar dela antes sequer de termos nos falado pela primeira vez, trocando cumprimentos silenciosos na sala de aula ou bilhetinhos quando os professores desviavam seus olhares. Com ela eu tinha memórias boas. Coisas boas. Além de meu escape, ela era meu encaixe.

Só entendi o que ela disse no gramado na manhã seguinte. Quando seus pais depararam-se com seu corpo sem vida jazido em sua cama, ao lado de pequenos frascos de antidepressivos. O nome que ela disse não referia-se a um primogênito, e sim ao que ela precisava. O que ela sempre precisou e nunca consegui entender.

Quando finalmente a notícia chegou até mim, corri para a cozinha e peguei a faca mais afiada que minha mãe tinha em uma das gavetas. Fui para meu quarto em meio a lágrimas embaçando meus olhos e risquei as quatro letras em minha pele com uma caligrafia impecável. Hope. Marcado para sempre em meu quadril, seria um pedaço dela comigo. Um laço nunca realmente construído que jamais seria desfeito. Mostraria para sempre meu amor para ela, onde quer que esteja.

Coloquei as mãos sobre o rosto e me peguei chorando. Saí da banheira e enrolei a toalha em meu corpo, escondendo a palavra por um tempo. Meus olhos estavam vermelhos e levemente inchados. Teria um certo trabalho com a maquiagem mais tarde.

-x-

Foi um pouco trabalhoso fechar o zíper do vestido mas acabei conseguindo sozinha, depois de alguns pulinhos acompanhados de xingamentos.

Acabei colocando minha jaqueta por cima do vestido, já que havia esfriado um pouco e enquanto arrumava meus cabelos o espelho, tive um vislumbre de quem era a jaqueta misteriosa.

O frio percorria meu corpo e parecia adentrar meus ossos. Acho que Michael acabou percebendo meus dentes tremendo e minhas mãos enlaçando meu próprio corpo.

"Você parece com frio." Seus olhos verdes fixaram-se aos meus e um sorriso brincou em seus lábios enquanto tirava sua jaqueta e a depositava sobre meus ombros.

"Michael não..."

"Não diga nada. Você está tremendo de frio e de qualquer forma, a bebida me deixou com calor."

"Obrigada." Seu cheiro estava impregnado na peça. E era bom.

Meus coturnos batiam nas escadas, produzindo ruídos incômodos e exatamente às 20:30 eu estava parada em frente à porta vendo uma Mercedes preta estacionar. A jaqueta de Michael estava em meus braços e eu a apertava como se minhas pernas dependessem disso para não ficarem bambas.

Então ele saiu do carro. Seus olhos brilhantes e seu sorriso encantador.

"Vamos?"

"Claro."

No caminho não falamos muito. Trocamos algumas poucas palavras, além de murmúrios arrastados seguindo a voz de Alex Turner em Knee Socks. Não sei se pela falta de assunto ou por vergonha, minhas mãos suavam e aparentemente as de Michael também. O vi esfregar as mãos nos skinny jeans várias vezes antes do carro estacionar em frente a um grande sobrado azul.

A música estava alta. Olhares. Sorrisos. Bebidas. Corpos dançando ao som de um remix qualquer, sem se importar com quem olharia ou o que falariam. Estavam certos.

"Você quer uma bebida?" A voz de Michael sobressaiu outros sons e as luzes deixavam seu cabelo ainda mais colorido.

"Estou bem por enquanto." Ofereci-lhe um sorriso e fui puxada pelo garoto, alegando que me apresentaria a seus amigos.

Rapidamente conheci Ashton e Calum. Simpáticos, divertidos e bonitos. Pude jurar que os vi entrelaçando seus dedos por trás de uma garota loira. Não disse nada, mas seria algo a perguntar, ou prestar atenção futuramente. Eles fariam um belo casal.

Não bebi. Nem sequer uma gota de álcool passa por meu organismo e pude jurar ver Helena algumas vezes. Ver aquela marca me despertava lembranças furiosas para escapar e fazer com que minha mente dançasse ao som de sua própria música triste e doentia em um loop infinito. Eu precisava de uma bebida.

Clifford notara minha preocupação. Perguntou-me se estava tudo bem. Estava arruinando sua noite e me senti mal por isso. Hoje não estava sendo um bom dia para mim. Pedi um copo de qualquer bebida forte e ele se foi em direção à cozinha. Talvez, mas só talvez acabasse ajudando.

Enquanto esperava, cataloguei os rostos ao redor. Nenhum que eu já tenha visto antes. Exceto por um garoto alto, loiro que acabara de cruzar a porta. Luke veio até mim sorrindo. Pensei que estaria perdida, no início, mas assim que vi seu sorriso, pensei que tudo ficaria bem. Errada.

Ele chegou até mim juntamente com Michael, que não me deu o copo vermelho de plástico.

"Pensei que estivesse doente, marrentinha. Fiquei preocupado com você." O sorriso permanecia em seu rosto. As luzes fizeram com que parecesse doentio.

"Eu..."

"Não acredito que fez isso. Era só dizer que sairia com Michael. Eu não colocaria tanta esperança em você pensando que realmente fosse alguém legal. Estava errado."

"Então vocês se conhecem?" Michael parecia perdido. Não o culparia por isso.

"Luke..."

"Não quero ouvir nada que venha de você, mentirosa." Ele saiu. Empurrando algumas pessoas. Eu fiz isso. Eu o chateei. E menti.

Mentirosa dançava sobre meu calcanhar. A área pronta para que uma lâmina bem afiada desenhasse as letras por ali. O sangue escorreria, e meu erro estaria ali para sempre.

"Preciso sair daqui." Sussurrei me sentindo tonta. Era como se as pessoas estivessem me sufocando.

Deixei a casa ainda com a sensação de algo pesando sobre mim. Era muito. Meus olhos vasculharam o ambiente ferozmente. Eu precisava encontrar algo.

Pulseira no braço de uma garota. Não.

Copo de vidro quebrado. Não.

Canivete na mão de um garoto. Perfeito.

Andei a passos cambaleantes até lá e toquei levemente as costas do garoto. Ele assim como todos ao redor estavam chapados. Os olhos vermelhos comprovavam isso.

"Pode me emprestar isso?"

"Claro."

"Obrigada."

Sentei na calçada e desamarrei o coturno direito. Tirei-o do pé e posicionei o canivete. Mentirosa queimava minha pele e abri todas as letras. Uma por uma em meio a baixos gemidos de dor. Alguém me chamava. Não consegui identificar quem era. Eu precisava terminar e o fiz, puxando um pouco mais a perna do a quando Michael chegou, ajoelhando-se a minha frente e olhando meu novo feito com as sobrancelhas franzidas.

"Por que?"

"Eu precisava."

"Não entendo."

"E nem teria como."

"Vou te levar para casa."

"Tudo bem."


Notas Finais


Oi oi, como estão xuxus?
Como você puderam ver, a personalidade da Quin é bem diferente da fanfic original, e eu gostei mais dela assim. Parte da personalidade dela é baseada na Camille Preaker, de Objetos Cortantes. Eu achei que esse aspecto ficaria bom, levando em conta a história dela com a Helena e etc.
A Quin é bissexual, ok?

Espero que tenham gostado.

Sayõnara


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