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História Boys don't cry - Dor, amor, laços (des) feitos


Escrita por: Park-kouhai

Notas do Autor


Sobre a última frase do capítulo anterior: O Jimin, lá no comecinho da fanfic, não sabia dizer quem ele era. Ele foi influenciado pela infância dolorosa e era confuso e inseguro em vários aspectos, mas por causa dos amigos, da relação com o Jeon, do avanço nos estudos e da música, ele conseguiu finalmente se encontrar. É um processo, e eu tentei mostrar como isso está acontecendo de forma gradual durante os capítulos, e eu realmente espero que tenha conseguido passar tudo isso na fanfic <3

Pronto, já falei demais. Vamos ao capítulo!

Capítulo 13 - Dor, amor, laços (des) feitos


Fanfic / Fanfiction Boys don't cry - Dor, amor, laços (des) feitos

Repousei as mãos abertas ao lado do corpo e estiquei minhas pernas. O clima estava bom e o sol permitia que minha pele se livrasse do pouco frio que ainda restava.

Minha vida parecia estar entrando nos eixos. Eu não tinha mais muito com o que me preocupar, uma vez que minha facilidade nos estudos estava aumentando consideravelmente. Meu avô não poderia mais reclamar de nada e o diretor também não.

Abri os olhos assim que ouvi o lugar ao meu lado no banco ser ocupado. Apertei as pálpebras assim que a luz do sol atingiu minha visão e em seguida focalizei a figura ao meu lado.

Jeongguk estava segurando dois sucos de caixinha e entregou um deles para mim. Havíamos começado a passar o intervalo juntos nas últimas semanas, e este era definitivamente meu momento preferido no colégio.

As aulas sempre me deixavam entediado, mas olhar para o lado de fora através da janela, observando a área ao ar livre do colégio, fazia com que eu me lembrasse do intervalo. Desta forma eu poderia suportar as horas de estudo que se arrastavam por toda a manhã.

Da mesma forma eu esperava ansiosamente para o final das aulas, pois sabia que Jeongguk estaria me esperando na mesma sala de sempre, sentado ao lado da janela com seus fones de ouvido, e abriria um sorriso ao me ver. Em seguida puxaria a carteira ao lado para perto e esperaria eu me sentar para começarmos mais uma hora de estudos.

Eu me esforçava como nunca para entender todas as matérias durante as aulas, pois queria mostrar para Jeongguk, e para mim mesmo, que meu esforço valia a pena quando fazia os exercícios ao lado dele e acertava a maioria. Quando ele sorria eu sorria também. 

- No que está pensando? – Ele perguntou de repente.

- Em nada específico. – Respondi. Em seguida tomei um gole do suco pelo canudinho.

Ele estava com o corpo a poucos centímetros do meu, sua mão encostando a lateral na minha.

- O Hoseok não veio de novo, não é? Será que aconteceu alguma coisa?

- Está preocupado com ele?

- Estou. Sabe, eu não me dava muito bem com ele no começo, mas... de alguma forma sinto que ele precisa de nós.

- Eu concordo. Mesmo que às vezes ele me irrite, sei que é uma boa pessoa... um bom amigo.

- Ainda está magoado por perder o jogo de basquete daquele dia? – Jeongguk sorriu.

- É claro que não! Isso é passado, e... eu ainda vou ter minha revanche! – Me defendi.

Jeongguk riu e terminou de beber o suco, fazendo um barulho ao sugar as últimas gotas.

Aproveitei sua distração para aproximar ainda mais nossas mãos, colocando a minha por cima da dele.

Jeongguk afastou a mão.

Me olhou e em seguida olhou em volta. Não havia ninguém por perto, éramos apenas nós dois, em um banco afastado do pátio, ao lado de alguns canteiros de flores. E então colocou a mão novamente sob a minha, desta vez com a palma voltada para cima, permitindo que nossos dedos pudessem fechar-se em volta da mão alheia.

Ficamos assim até que o sinal indicando o fim do intervalo soasse.

Não havia nada nomeado entre nós. Mas de alguma forma já estávamos ligados. Não era preciso uma aliança, palavras de confirmação ou o que quer que fosse. Gostávamos apenas de estar sempre um ao lado do outro.

 

-

 

Eu já não conseguia me lembrar quando é que havíamos nos tornado um embaralhado de respirações ofegantes, mãos trêmulas e desejo no olhar.

Quando a borracha de Jeongguk caiu no chão, me voluntariei para pegá-la e ele fez o mesmo. Consequentemente, não consegui evitar de olhar para sua boca pela milésima vez naquele dia e aproximar meus lábios dos seus.

- Eu gosto de você como nunca gostei de nada na vida. Nem de mim mesmo. – Confessei.

- Não diga isso. Você merece ser amado – ele sussurrou contra os meus lábios, fazendo minha pele formigar com uma vontade absurda de colar novamente minha boca na dele.

- E você me ama? – Indaguei.

- Eu...

 De repente ele se afastou minimamente e senti um aperto no peito, com medo do que ele iria responder.

- Acho que sim. Eu não posso ter certeza porque... nunca senti isso antes.

- Eu também não – confessei, segurando o rosto dele entre as mãos, fazendo com que ele olhasse para mim. – Não precisamos ter certeza. Você gosta mais das perguntas do que das respostas, certo?

Ele sorriu e colocou uma das mãos sobre a minha.

- Então vamos continuar perguntando.

- Eu quero procurar a resposta até perder o fôlego – sussurrei.

Eu não aguantava mais a distância mínima que nos separava. Aproximei meu rosto do dele e uma das minhas mãos desceu para a nuca, fazendo com que o rosto dele também se aproximasse. Então os lábios macios dele se encaixaram nos meus.

A timidez anterior ia embora, dando lugar ao desejo e uma saudade irracional.

Os lábios entreabertos de Jeongguk permitiram a passagem da minha língua para encostar na sua, sentindo a textura áspera, incomum e deliciosa de todos os cantos de sua boca.

Senti-lo desta forma era a melhor sensação do mundo. E eu queria me afogar nele, me perder em seus toques e sentir a pele quente embaixo da camisa do uniforme sob o toque dos meus dedos. Eu não havia reparado no momento em que deslizei a mão esquerda para as costas e em seguida sua cintura, apertando o local levemente.

Jeongguk arfou entre o beijo, e em seguida nos separamos minimamente – e infelizmente - para retomar o folêgo.

Os dedos de Jeongguk apertavam a minha camisa com força na região do peito, e menos de um minuto depois fui puxado mais uma vez para seus lábios avermelhados.

Deslizei, também, minha mão direita para a cintura e puxei seu corpo magro de encontro ao meu. Com nossos corpos colados e alguns passos até a parede, uni ainda mais o contato ao pressionar as costas de Jeongguk na janela coberta pela cortina escura.

Sentia a minha pele quente, trêmula, e seus dedos que passaram a segurar meus fios de cabelo estavam me enlouquecendo.  Eu estava começando a sentir um calor atípico e a respiração sôfrega de Jeongguk juntamente com seu rosto avermelhado me informavam que ele se encontrava na mesma situação.

Minha sanidade já estava abaixo de trinta por cento. Puxei a camisa dele com uma das mãos, na região das costas, e estava prestes a sentir a pele dele sob meus dedos quando... o celular tocou.

Me afastei, a contragosto, e retirei o celular do bolso de trás da calça.

Minha avó poderia estar me ligando ou, pior ainda, meu avô, então contrariadamente atendi logo no segundo toque. 

- A-alô? – minha respiração ainda estava entrecortada e rápida.

- Jimin? O que aconteceu?

- Ah, é você? –  Eu mal conseguia formular as palavras.

- Jiminie... o que você estava fazendo? – Ele perguntou, com uma voz maliciosa ao ouvir minha respiração e voz soando com dificuldade.

Por que é que Taehyung sempre sabia de tudo?

- N-nada. O que você quer?

Jeongguk passou por mim, com o rosto menos corado e a roupa completamente amassada. Fechou os livros abertos sobre a mesa e enfiou as canetas no estojo.

- Ei, está bravo? Interrompi alguma coisa?

- Diga logo, Tae!

Pude ouvir a risada dele do outro lado da linha e quase desliguei na cara dele.

- Tudo bem, tudo bem. Só queria saber se você tem notícias do Hoseok.

- Ainda não conseguiu falar com ele?

- Não. – Ouvi a respiração dele do outro lado da linha, como um suspiro. – Se tiver notícias me avise, por favor. Quero saber se ele vai ao próximo encontro de hip hop...

- Tudo bem, eu aviso.

- Obrigado, Jiminie. Desculpe interromper o que você estava fazendo antes, com o Jeongguk. – Ele riu. Me senti um pouco mais aliviado por Taehyung manter o seu humor de sempre, apesar de tudo o que estava acontecendo.

Finalizei a ligação e bloqueei a tela do celular. Jeongguk já estava com a mochila nos ombros e me esperava encostado na carteira. Guardei meu celular na mochila – e ele já havia guardado o material para mim – e a coloquei nos ombros também.

Quando me virei para a janela, meu reflexo completamente desorganizado me fitava de volta através do vidro.  Eu havia me transformado em uma mistura de fios desgrenhados, rosto avermelhado e respiração descompassada.

Eu estava louco. Louco por Jeon Jeongguk.

Ele se aproximou de mim e riu, mostrando seus dentes da frente grandes demais. Seu sorriso era lindo.

E então ele levou as mãos até meus cabelos e penteou os fios com os dedos. Seu gesto era tão singelo, tão carinhoso, que tive vontade de fechar os olhos para aproveitar o toque.

Fitei seu rosto e a minha maior vontade era beijá-lo novamente. Mas eu sabia que estava ficando tarde e precisava ir para casa.

Levei as minhas mãos até as suas e as segurei firmemente. Puxei ele até a porta da sala e em seguida entrelacei nossos dedos. Seguimos, então, pelo corredor vazio, acompanhados apenas de nossos corações martelando no peito.

 

-

 

A semana havia passado depressa. 

No colégio os professores estavam cada vez mais exigentes, pois as provas finais estavam chegando em duas semanas.

Eu e Jeongguk tentávamos nos concentrar nos estudos quando estávamos juntos, e Taehyung continuava preocupado com Hoseok. No entanto, as coisas ficaram mais amenas assim que chegamos no local escondido onde a música e as cores tomavam posse de tudo.

- O Taehyung parece muito mais feliz hoje, não é? – Jin comentou.

- Com certeza.

Estávamos sentados no chão de concreto, encostados na parede colorida pelos desenhos e frases, ao lado de Jeongguk e Namjoon.

Hoseok dançava de forma agitada e Taehyung não saía do lado dele, fazendo questão de manter o corpo colado, de forma que qualquer um ali poderia perceber que havia algo entre os dois.

- Parece que eles estão se dando bem, afinal. – Desta vez Namjoon comentou.

- Mas... eles parecem próximos demais. – Jeongguk disse. – Olhem só a forma como o Taehyung apoia as mãos ao redor do Hoseok!

Eu, Jin e Namjoon encaramos Jeongguk ao mesmo tempo, segurando o riso. Jeongguk nos encarou de volta e pendeu a cabeça para o lado.

- Você... ainda não percebeu? – Jin perguntou.

Jeongguk pareceu pensar por alguns segundos e depois de um tempo arregalou os olhos.

- Eu... Quer dizer que... Espera, aqueles dois estão em um relacionamento?! É sério? – Ele exclamou. Não conseguimos conter a risada e rimos de sua reação surpresa. – Por que eu fui o único a não perceber isso? – Questionou indignado. Sua expressão apenas fez com que nosso riso fosse intensificado.

Decidimos, depois de um tempo, nos juntarmos ao Taehyung e ao Hoseok.

- Aquele ali é o Ji-yong, mais conhecido como GD. – Namjoon disse, apontando para um garoto de cabelos coloridos e roupas extravagantes.  – Aquele cara é como o rei desse lugar. E aquele outro é o Zico, um dos fundadores desses encontros.

- Eu nunca vi eles por aqui.

- Eles não costumam vir muito... Estão ocupados investindo em suas vidas pessoais, trabalhando com música.

Namjoon continuou apresentando mais algumas pessoas e de vez em quando parando para cumprimentá-las. Aquelas pessoas, o lugar, as cores, era tudo tão diferente. Eu não conseguia definir apenas com um olhar quem possuía muito ou pouco dinheiro, quem estivera com notas baixas no colégio ou qual a profissão de cada um. 

Não era a minha primeira vez neste lugar, mas a sensação continuava a mesma. Era como se tivessemos atravessado uma linha invisível e encontrado um novo mundo.

De repente Jeongguk puxou meu braço e me desvencilhei dos pensamentos anteriores. Começamos a nos movimentar ao som da música que reverberava pelos muros altos, como sempre, e Namjoon e Jin combinavam em seu modo desajeitado de dançar.

- Eu não sei dançar – Jin comentou, risonho. – Mas danço mesmo assim. É melhor rir de mim mesmo do que cruzar os braços e ficar zangado com a minha falta de habilidade, não é?

- Ei, até parece que você dança pior do que eu. – Namjoon questionou. E então os dois começaram a fazer movimentos engraçados com os braços, como se estivessem competindo para ver quem era o pior na dança.

Quando fiquei um pouco cansado, decidi descansar um pouco em algum canto longe da música alta. Taehyung se juntou a mim.

- Está se divertindo? – Perguntei. Ele acenou positivamente.

- Consegui falar com o Hoseok alguns dias atrás e ele disse que viria hoje. Mas... continua um pouco estranho.

- Como assim, estranho?

- Bem, ele... tem muitos problemas familiares, sabe. E...

- O que foi? Tem algo te preocupando? O Hoseok não gosta de você da mesma forma?

Taehyung riu, de forma sarcástica, e deixou o sorriso morrer aos poucos.

- Não é sobre isso. Não é sobre mim. É que a vida do Hoseok está um caos. Ou melhor, sempre esteve.

Observei o assunto de nossa conversa dançando, a alguns metros, e ele não parecia tão mal assim. Apesar de aparentar um certo desânimo, possuía o sorriso de sempre no rosto.

- Eu sei o que está pensando. – Taehyung me fitou. – Mas ele não demonstra. Eu também não sabia... Não sei se deveria estar contando sobre isso, mas... você é meu melhor amigo, confio em você.

- O que é?

- O pai do Hoseok é alcoólatra, a mãe aparentemente é uma pobre coitada e o Hoseok não consegue sair dessa vida, se livrar de tudo o que o deixa mal.

Permaneci em silêncio por alguns minutos, tentando absorver todas aquelas informações. Eu nunca saberia sobre aquilo se Taehyung não tivesse me contado.

- É por isso que o Hoseok sumiu por um tempo e faltou no colégio?

- Bem, ele me disse que não aconteceu nada de diferente em casa, entre ele e o pai, mas... Eu sei que ele não está bem, eu tenho certeza, mas não sei o que fazer.

Taehyung era impulsivo e ansioso, e uma situação como aquela o deixava aflito. Comecei a ficar ainda mais preocupado com a proporção que os sentimentos dele tomavam.

- Eu já tentei de tudo, Jiminie. Mas... é como se ele tivesse algo a mais que uma simples tristeza.

Meu melhor amigo costumava se apegar a objetos e pessoas amadas. Sempre foi muito afetuoso, demonstrando seu amor de todas as formas possíveis. Os sentimentos dele por Hoseok me preocupavam, porque amar demais também dói. E ele parecia gostar de Hoseok mais do que o esperado.

Abracei meu amigo de forma desajeitada e ele retribuiu. Eu não sabia o que responder, e tudo o que poderia fazer no momento era tentar confortá-lo de alguma forma.

Nos afastamos e voltei a observar Hoseok e sua habilidade na dança. Outras pessoas ficavam em volta, observando ou dançando também.

- Ele é bom nisso, não é? – Comentei.

- Sim, muito. Ele costumava dançar antigamente, a dança era algo importante para ele. Mas... Hoseok me disse que acabou perdendo o interesse e a vontade de dançar.

- Mas talvez ele volte a se animar com isso, agora que está em contato com a dança de novo, não é?

- Espero que sim. – Taehyung murmurou.

De repente Namjoon se aproximou de Hoseok e o agarrou pelo braço, o puxando para longe.

Eu e Taehyung nos entreolhamos. Decidimos matar a curiosidade e seguimos os dois. Namjoon subiu em uma mureta baixa e puxou Hoseok para subir também.

O som foi desligado por um momento.

- Este aqui é o J-Hoseok, nosso novo rapper da área.

- O-o que? – Hoseok murmurou confuso.

- Eu ouvi o rap dele uma vez e isto já foi o suficiente para me convencer de que ele realmente tem habilidade nisso.

Todos observavam a cena e elevaram a voz, dizendo alto o nome de Hoseok como um incentivo. Namjoon murmurou algumas coisas para Hoseok, no intuito de convencê-lo.

Taehyung passou por mim e olhou fixamente para Hoseok. Percebi o momento em que seus olhares se cruzaram.

- Suga, venha ajudar! – Namjoon exclamou. 

Yoongi correu até lá e subiu no muro baixo também.

Hoseok pareceu hesitar, mas logo começou a movimentar o corpo e fechou os olhos. A platéia gritou em aprovação.

Ali, ao som do beatbox de Yoongi, foi a pimeira vez que vi Hoseok mostrar o que estava preso em seu interior, querendo sair a tanto tempo. A relação com os pais, o peso que a vida havia lhe deixado nas costas, a dor, proferidos através de palavras rimadas.

Hoseok era o garoto que estava sempre sorrindo, que contava piadas bobas e gostava de provocar as outras pessoas apenas para irritar. Mas, naquele momento, pude perceber que por trás de seu sorriso havia também o sofrimento.

Taehyung o observava com os lábios entreabertos e olhos cerrados. As mãos fechadas em punho, e as lágrimas escorrendo pelo rosto.   

De repente senti meu braço sendo puxado e fui guiado para longe dali.

Jeongguk me arrastou por um corredor estreito entre aquelas grandes construções. Fomos engolidos pela escuridão e chegamos até o final do corredor, onde não havia mais saída. O poste que ficava por perto permitia que a pouca luz chegasse ao local. O som anterior quase não podia mais ser ouvido.

Não havia ninguém ali além de nós dois.

Ele me olhava como se esperasse algo, e eu o olhava como se esperasse algo também.

Seus olhos escurecidos pareciam me chamar. Até mesmo o piscar de seus olhos parecia me hipnotizar, esperando que eu acabasse com qualquer barreira invisível que pudesse estar nos separando.

Alguns passos à frente e não havia nada. Somente minhas mãos sentindo a pele lisa de seu rosto e seus lábios ansiosos, próximos demais dos meus.

Senti a boca dele na minha. Lábios macios, mornos, receptivos, deslizando timidamente pelos meus, de forma lenta. O sangue em minhas veias corria mais rápido, meu coração batia acelerado, mas eu queria senti-lo por inteiro. Queria sentir cada milímetro de sua língua permitindo-se receber a minha, e guardar seu gosto para sempre em minha memória.

Segurei firmemente sua nuca, aprofundando o contato e aproveitando o máximo possível do calor que emanava de nossos corpos colados.

Senti quando ele apertou entre os dedos as mangas da camiseta em meus ombros, não permitindo que eu me desvencilhasse. E eu não faria isso.

Nossa respiração quente misturando-se era apenas uma prova de que estávamos ficando completamente sem ar. A contragosto nos separamos. Encarei o rosto corado ainda próximo, com os lábios levemente inchados. Ele soltou minha roupa e recolheu as mãos contra o corpo.

Nossas roupas estavam amassadas e as respirações ofegantes.  

Perdi a conta de quantos minutos permanecemos ali. 

Apenas a música baixa que chegava ali preenchia o silêncio, misturando-se ao turbilhão de pensamentos que voltavam a rondar minha mente.

Jeongguk sorriu. Um sorriso pequeno, tímido, e o mais lindo do universo.

Ele caminhou lentamente para o lado oposto.

- Eles vão notar o nosso desaparecimento. - Olhou para trás uma única vez, ainda sorrindo, e me deixou para trás.

Permiti que meu sorriso expandisse o máximo possível, doendo os cantos de meu rosto ainda quente e espremendo meus olhos.

Segui o caminho que Jeongguk havia feito para voltar para o local onde estavam todos os outros. Avistei Jeongguk ao lado de Ashlee, Jin e Namjoon.

- Onde estão o Taehyung e o Hoseok? – Perguntei. Se eles estivessem ali com certeza diriam algo como “olhem, os namoradinhos chegaram” apenas para me provocar.

- Eles foram embora juntos, há alguns minutos. – Jin respondeu.

- E Yoongi? – Jeongguk perguntou.

- Eu estava perguntando isso para os meninos agorinha mesmo. Ele estava do meu lado e de repente desapareceu. Já liguei no celular dele, mas ele não atende. – Ashlee disse.

- Ele passou por mim e eu perguntei se ele estava indo embora – Jin comentou. – Ele disse que precisava resolver algo urgente com alguns amigos e saiu sem dizer mais nada. Ele parecia um pouco estranho...

- Será que aconteceu algo grave? – A garota indagou, preocupada. – Ele nem me falou nada...

- Bem, então acho melhor a gente ir embora. – Jeongguk disse.

- É verdade. Vou para a minha casa, tenho um compromisso amanhã de manhã.

- Eu também vou.

- Eu dou uma carona para todos vocês. – Jin ofereceu.

Já estava tarde e o caminho de ônibus era longo, então aceitamos e depois de nos despedirmos das outras pessoas fomos embora.

 

 

“Grite a sua força para mundo, fixe esta música em seu coração

 

Mude o mundo com o poder que só você tem

Agora deixe sua voz se espalhar até longe

Caindo, caindo, vá em direção à verdade”

 

 

-

 

[Terceira pessoa]

Taehyung e Hoseok moravam em um bairro próximo um do outro. Desceram no mesmo ponto de ônibus e Taehyung acompanhou o outro até sua casa.

A mãe de Hoseok costumava dormir cedo – quando conseguia. No entanto, quando os dois meninos chegaram à uma quadra da casa se Hoseok, notaram que a porta da frente estava aberta e as luzes acesas.

- É ele... ele de novo... – Hoseok murmurou entredentes, com os punhos cerrados. A respiração tornou-se descompassada e o desespero lhe atingiu novamente.

- Vamos para a minha casa – Taehyung propôs.

Hoseok negou, afinal precisava proteger a mãe das coisas ruins que o pai dizia e fazia.

- Só hoje, por favor, vamos para a minha casa! – Taehyung insistiu, puxando o outro pela manga do casaco.

Hoseok já não tinha forças para mais nada, então permitiu ser levado até a casa de Taehyung não muito longe dali.

Quando entraram tudo estava silencioso, as luzes apagadas e os pais dormindo, como lares tranquilos costumam ser.

Taehyung guiou Hoseok até seu quarto e ofereceu uma toalha para que ele tomasse um banho primeiro. Quando Hoseok saiu do banheiro tomou um banho rápido, com medo de que fora de suas vistas o outro mudasse de ideia e voltasse para casa.

Mas Hoseok não foi embora. Estava sentado na cama de Taehyung, encostado na cabeceira, olhando para as próprias mãos.

Taehyung sentou ao lado do outro e encostou a cabeça no ombro alheio.

- Por que você não respondeu as mensagens que mandei durante a semana?

- Não quero te deixar preocupado com os meus problemas. – Hoseok murmurou.

Taehyung se afastou e sentou-se de frente para o outro.

- Não faça isso comigo, Hoseok. Não desapareça, por favor. – Taehyung sussurrou, em um pedido desesperado.

Hoseok desviou os olhos e se levantou.

- Eu não quero te machucar, Taehyung. Não faça isso consigo mesmo.

Taehyung também ficou de pé. Caminhou até Hoseok e o olhou nos olhos.

- Eu não vou me afastar de você. – Murmurou, enquanto se aproximava cada vez mais.

- Eu estou te avisando, não... – As palavras morreram quando Taehyung passou os lábios por seu pescoço, inebriando-se com o cheiro alheio, com a respiração tornando-se descompassada, com o arfar inconstante. - Não faça isso Tae – Hoseok implorou mais uma vez.

No entanto, suas mãos seguravam a camiseta do outro com força, impedindo que o mesmo se desvencilhasse, desejando inconscientemente que Taehyung não o abandonasse, não deixasse de lhe tocar, de sugar sua pele com uma força que deixaria marcas.

Seus pensamentos tornaram-se nublados quando Taehyung colou os lábios. O toque era afoito. As mãos agarravam-se nos cabelos alheios, os corpos colavam-se necessitando de mais contato. Mais, mais, mais. Isso era tudo o que queriam um do outro.

O desejo tomou conta dos dois e Hoseok não conseguiu pensar em nada enquanto agia instintivamente retirando a camiseta do outro com os dedos trêmulos. O corpo de Taehyung era tão lindo, parecia tão certo poder tocar-lhe a pele. Queria poder observá-lo para sempre.

Hoseok andou de costas e sentou-se na beirada da cama. Começou a distribuir beijos por todo o tronco nu de Taehyung. Com as mãos nas costas do outro o trouxe ainda mais para perto, e Taehyung não segurou o gemido que escapou por seus lábios quando Hoseok passou a aprofundar ainda mais o contato utilizando a língua em todas as regiões possíveis do corpo descoberto.

De forma afoita Taehyung arrancou também a camiseta de Hoseok, voltando a selar os lábios e segurar o rosto do outro entre os dedos.

Hoseok não conseguia mais raciocinar conscientemente. Não havia mais como fugir de seu desejo.

Foi empurrado batendo as costas no colchão e Taehyung deslizou os dedos pela barriga, chegando na barra da calça e desabotoando o jeans. Abriu o zíper lentamente, vendo a expectativa brilhar nos olhos de Hoseok.

- Diga, diga que você não quer isso tanto quanto eu, Hoseok.

Hoseok segurou firmemente  Taehyung pela cintura e o puxou em resposta, fazendo com que o outro apoiasse as mãos dos dois lados de seu corpo na cama.

- Você não consegue negar, não é? – Taehyung continuou provocando, em seguida desabotoando a própria calça.

Hoseok não queria dizer o quanto o outro estava enlouquecendo-o, não queria dizer o quanto já havia se tornado um dependente, viciado em todas as curvas do corpo de Taehyung, na forma hipnotizante como mais tarde seus cabelos bagunçados, revoltos, saltados, tornariam-se uma desordem ainda maior quando Taehyung estivesse em seu colo, com as pernas postas lado a lado de seu corpo, deslizando sobre seu pênis.

Em pouco tempo Hoseok viu-se preso sob os olhos escuros de Taehyung. Sumia dentro do outro, voltando a aparecer um movimentos contínuos, viciantes, audíveis quando os corpos se chocavam.

Havia amor, mas também havia a dor. No entanto, a falta de experiência de ambos não era um impedimento.

Taehyung não voltou atrás, prosseguiu sem medo, arranhou, implorou, apertou.

No início havia dor, no entanto Taehyung queria mais, apenas mais, e em momento nenhum deixou de mover-se sobre o outro. Seus olhos úmidos focavam os de Hoseok, não fechando-se em nenhum momento. Sua voz sôfrega tremia, sua boca sorria, seus gemidos misturavam-se com os altos daquele sob si.

No fim restou apenas o corpo suado de Taehyung sobre o peito descompassado de Hoseok.

- É desta forma que eu me sinto inteiro. Me deixe apenas te amar, Hoseok. – Taehyung sussurrou.

Hoseok abraçou o corpo do outro.

O que havia entre eles não era algo palpável, e muito menos possível de ser nomeado. Havia amor, mas também havia dor.

 

“Afaste-se, afaste-se, afaste-se

Não diga o meu nome

 

E tome cuidado, eu sou como fogo”

 

 

-

 

Jeongguk foi o último a ser deixado em casa. Despediu-se de Seokjin e agradeceu educadamente pela carona. Observou a caminhonete ir embora e em seguida seguiu até o elevador.

Chegou ao andar desejado e pegou a chave no bolso. Destrancou a porta e ao girar a maçaneta deparou-se com a escuridão no interior do apartamento.

Acendeu a luz da sala e assustou-se ao ver alguns móveis e objetos fora do lugar.

Fechou a porta atrás de si, ainda preocupado. Será que havia sido assaltado? 

De repente notou algo se movimentar. Sentiu os músculos se contraírem com o susto.

Em apenas alguns segundos os móveis da sala rodaram diante de seus olhos, como um vulto. Sentiu o corpo indo ao chão e foi tão rápido, tão sem sentido, que apenas soube que havia um corte em seus lábios assim que pousou uma das mãos sobre o local.

O olhar do irmão sobre si doeu mais, muito mais do que qualquer agressão física.

Levantou-se rapidamente, confuso com tudo aquilo e encarou o olhar raivoso de Yoongi.

O irmão cheirava à bebida.

- O que aconteceu, Yoongi?!

- E você ainda pergunta? – O outro gritou. Em seguida empurrou os porta retratos e enfeites de cima da mesinha de canto.

Jeongguk se assustou quando tudo foi partido em pedaços ao cair no chão.

Correu e abraçou o irmão, imaginando que poderia amenizar a agressividade do outro. Não sabia o que estava acontecendo.

Ouviu a risada sarcástica do outro e foi empurrado com força contra a parede.

- Eu não quero um irmão viado!

Jeongguk arregalou os olhos.

- Eu vi o que vocês estavam fazendo escondido. Eu senti nojo, Jungkook, nojo! – Gritou. 

Yoongi ergueu uma das cadeiras da mesa de jantar e a jogou longe, estilhaçando o vidro do espelho à frente.

Jeongguk também não conseguiu se conter. Avançou contra o irmão e desferiu um soco em seu rosto, vendo o lábio inferior se partir e o sangue começar a escorrer.

A raiva de Yoongi era quase palpável. Jeongguk estava ferido com as palavras do irmão, nunca imaginou que o outro pudesse sentir por ele tanto ódio. 

Yoongi esfregou as costas das mãos contra o machucado e deu as costas a Jeongguk. Em seguida saiu pela porta da frente sem olhar para trás.

Jeongguk permitiu que as lágrimas rolassem por seu rosto e o soluço se desprendesse de sua garganta.

Em questão de segundos tudo havia se tornado uma bagunça. O espelho da sala não poderia ser concertado, mesmo que os cacos de vidro fossem colados a imagem refletida para sempre seria distorcida.

E, da mesma forma, a relação com o irmão nunca mais seria a mesma.

 

 

“Eu quero respirar, eu não gosto dessa noite
Eu quero acordar, eu não gosto de estar em meus sonhos

 

Por favor, estenda essa mão, me salve
Eu preciso do seu amor antes que eu caia”

 

 

 

 

 


Notas Finais


Gente, me segura! Já repararam que em todo capítulo tem alguma cena de beijo? HAUSHAUSUH Jikook tá me deixando louca.

Tem a pegação, mas também tem o fluffy. É exatamente como eu imagino Jikook.

Ah, e o lemon... bem, é a minha primeira vez escrevendo, relevem a falta de detalhes e tals, rs

Não me matem pela briga Suga x Kook!

Esse capítulo teve 3 músicas, nessa ordem:
1- What the hell – B.A.P
2- Save me – B.A.P (É como o Hoseok dizendo ao Tae)
3- Save me – BTS (Sobre o Taehyung e também a briga)

https://ask.fm/Parkkouhai


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