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História Boys don't cry - Dançar, correr, viver


Escrita por: Park-kouhai

Notas do Autor


BDC está de volta! Me desculpem pela demora! O maldito bloqueio apareceu e não se desgrudou mais de mim. :(

Eu não estou nada satisfeita com esse capítulo. Mas por enquanto não há nada que eu possa fazer (eu reescrevi várias vezes, mas né...). De qualquer forma, espero que gostem pelo menos um pouquinho.

O próximo capítulo é o último e ainda teremos o epílogo!

Sobre os favoritos: nem sei o que dizer. Estou muito feliz com isso!!!!! <3

Capítulo 17 - Dançar, correr, viver


Fanfic / Fanfiction Boys don't cry - Dançar, correr, viver

- Está preparado?

- Você está me assustando!

- Calma, Jiminie, o Baek já fez e disse que não arde tanto assim...

- Tem certeza? – Perguntei receoso.

- Quem fez no dele foi aquele desastrado do Chanyeol, o melhor amigo dele, e mesmo assim deu tudo certo. - Taehyung respondeu, enquanto me mantinha preso em uma cadeira no centro do quarto dele. O tapete havia sido empurrado para o canto, para que não ficasse sujo com o que estávamos prestes a fazer.

Taehyung segurou uma mecha do meu cabelo e senti o produto gelado ser espalhado na raíz dos fios. Em seguida, com um pente fino Taehyung passou mais um pouco do descolorante, desta vez para atingir também as pontas do cabelo. E assim repitiu o processo em todos os fios, até que aquela coisa com cheiro ruim transformasse meu cabelo em um tom de loiro meio amarelado.

- Se duvidar, quem responde as mensagens que eu mando para o Baekhyun é o Chanyeol – Taehyung exclamou, ainda falando sobre o irmão mais velho.

- Você sente saudade dele, não é?

- Daquele orelhudo das pernas tortas? Nem pensar...

- Você sabe de quem eu estou falando, e não é do Park Chanyeol.

- Eu sei, – ele riu – e sim, eu tenho saudade do Baek, apesar de tudo. Mas ele está vindo para cá, para passar as férias aqui em casa, então logo vou poder brigar com ele por não me deixar jogar o video game ou roubar meus doces escondidos no armário da cozinha.

Desta vez eu ri também, me lembrando da primeira vez em que fui à casa do Taehyung e presenciei uma discussão entre os dois irmãos por causa de uma barra de chocolate. Apesar de mais velho, Baekhyun era realmente parecido com Taehyung, fazendo gracinhas o tempo todo e provocando o irmão mais novo.

Apesar das brigas, os dois irmãos se davam bem e Taehyung parecia realmente ter ciúmes do mais velho com o melhor amigo.

Continuamos conversando e quando percebi meus fios já tomavam a coloração desejada. No entanto, ainda faltava mais uma etapa. Taehyung buscou a tinta que havíamos comprado há semanas atrás, com o Hoseok, e despejou o conteúdo em um pote redondo.

Os olhos de Taehyung, ainda tristes, vez ou outra focavam um canto qualquer do quarto. Mas um sorriso pequeno logo adornava os lábios, para que se mantivesse firme. Nenhum de nós dois citou o nome de Hoseok e apesar disso eu podia imaginar que Taehyung sentia a falta do outro, mas tentava contornar este sentimento com piadas e assuntos aleatórios.

- Seu avô vai querer te matar quando te ver assim, você sabe...

- Eu sei. Mas pelo menos vou morrer bonito.

Nós dois rimos e ele finalmente começou o processo de passar a tinta nos fios.

 

-

 

Apesar de rir no dia anterior, durante a manhã eu não havia tirado o capuz do casaco em momento algum. Da minha casa até o colégio andei com o cabelo escondido, inseguro com os comentário que poderiam fazer sobre mim e a nova coloração dos fios.

As palavras preocupadas da minha avó também não saíam da minha mente.

“Seu avô vai ficar muito bravo Jimin, o que você vai fazer?” e “é melhor você pintar de novo com a cor original dos seus fios ou raspar tudo”. Raspar? Foi nesse momento que tampei os ouvidos e corri como uma criança birrenta até o meu quarto. Fechei a porta e decidi que não apareceria na hora do jantar. Só sairia quando pudesse ter a certeza de que não encontraria com o meu avô.

Eu sabia que estava perdido de qualquer forma, pois logo algum aluno ou professor descobriria sobre o meu ato de rebeldia e eu seria mandado, mais uma vez, à sala do diretor. Pintar os cabelos ou qualquer outra coisa que tornasse o aluno diferente dos demais era estritamente proibido.

Sentia vontade de xingar Taehyung por mensagens, por ter me convencido a pintar o cabelo com uma cor tão extravagante. E senti vontade de socar o Hoseok quando ele puxou o capuz do meu casaco, no meio da primeira aula, revelando o alaranjado chamativo a todos os alunos e à professora.

Ele abriu a boca em um sinal de surpresa e fez um sinal de positivo com o polegar.

- Ficou muito legal! – Ele exclamou alto. – Está parecendo um ídolo!

Revirei os olhos e me levantei da carteira, prevendo as palavras da professora.

- Sala do diretor, Park Jimin, agora!

 

-

 

Durante todo o resto da manhã esperei as aulas terminarem para ver Jeongguk e estudar com ele uma última vez. Eu havia sido expulso da sala de aula. A minha sorte é que não haveriam aulas na semana seguinte, já que haveria a semana de provas, portanto eu estava livre de receber uma punição ou suspensão. Apesar de tudo, ouvir a bronca do diretor durante meia hora não foi nada agradável.

No momento, haviam dois sentimentos me rondando: a ansiedade em relação às provas finais e o alívio por, finalmente, estar próximo da formatura. Eu me veria livre daquele colégio, daquele diretor e daqueles alunos para sempre.

Encolhi as pernas ao sentar no chão, com as costas encostadas na parede, e me peguei imaginando a reação de Jeongguk ao ver meus cabelos coloridos. Eu já o conhecia o suficiente para não me surpreender quando o mesmo adentrou a sala e abriu um sorriso ao focar os olhos em mim, rindo de minha mudança repentina nos fios. Fechou a porta atrás de si e se aproximou, sentando-se ao meu lado. 

Esticou os braços e tocou os fios audaciosos de meu cabelo alaranjado.

- Combina com você.

- Obrigado. O diretor me deu uma bronca enorme.

- Obviamente. – Ele riu.

Qualquer aluno que visse nós dois juntos poderia notar que não parecíamos estudantes de classes diferentes, eu mais velho e ele mais novo. Já não parecia também haver uma diferença de notas entre nós. Não havia necessidade de formalidades e eu me sentia confortável ao lado de Jeongguk. Era uma sensação completamente diferente da que eu sentia quando nos conhecemos. 

Jeongguk retirou o celular do bolso e conectou os fones de ouvido, entregando um deles para mim.

- Está preocupado com as provas? – Perguntou.

- Para ser sincero, sim. Você sabe, ainda tenho dificuldade em exatas, principalmente com matemática.

- Se quiser eu posso estudar com você amanhã. Nós podemos fazer uma revisão de todo o conteúdo. Que tal?

- Seria ótimo.

Sorri e ele correspondeu sorrindo da mesma forma. Se aproximou ainda mais e encostou a cabeça no meu ombro, fechando os olhos em seguida para aproveitar a batida da música que tocava no celular.

 

-

 

A semana de aulas finalmente havia acabado. O diretor, por algum motivo, sequer me chamou em sua sala para saber se eu havia cumprido com o meu dever de permanecer no colégio todos os dias após as aulas para estudar.

Aos poucos eu havia recuperado minha concentração nos estudos e sabia que poderia tirar notas boas nas provas. Surpreendentemente até mesmo me diverti ao fazer o trabalho de botânica com a ajuda de Jin e estava confiante com minha nota de Biologia.

Eu estava me empenhando nos estudos como nunca e não sabia ao certo o motivo. Caminhei até o banheiro, ainda pensando sobre  a minha vida.

Hoseok e Jeongguk estavam me ajudando nos estudos, eu me sentia mais aliviado com o apoio. Poderia nunca me tornar um aluno exemplar como Jeongguk ou minha mãe em seu tempo escolar, mas tiraria notas boas o suficiente para que meu avô se arrependesse de suas palavras quando disse que eu nunca seria um bom aluno.

Jeongguk parecia orgulhoso o suficiente de meus exercícios feitos e respostas corretas, portanto eu não estava me empenhando para agradá-lo, como antigamente. Tê-lo ao meu lado já era o suficiente. Talvez a única aprovação que eu ainda esperasse fosse a do meu avô.

Fitei meu reflexo no espelho do banheiro e passei as mãos pelos fios alaranjados. Quando meu avô visse a cor tão chamativa poderia prestar atenção em mim pela primeira vez? Deixaria de me ver apenas como um neto indesejado e descobriria que eu possuo características próprias além das herdadas de meu pai?

Suspirei, retirando as peças de roupa para tomar um banho antes de encontrar Jeongguk.

Liguei o chuveiro e deixei a água morna escorrer por todo o meu corpo.

De repente ouvi batidas depositadas na porta do banheiro.

- Querido, não demore muito no banho. Seu compromisso é daqui a pouco, não é? – Minha avó disse do outro lado, com a voz abafada pelo som do chuveiro.

Assim que abri a porta me deparei com Jeongguk vestindo um moletom, tênis e calça jeans, totalmente diferente do uniforme escolar. Uma combinação que descobri ser a minha favorita.

Dei passagem para que ele entrasse e os olhos curiosos passearam pelo local, observando cada canto da sala.

Minha avó apareceu para cumprimentá-lo, com um sorriso enorme no rosto.

- Olá, meu nome é Jeon  Jeongguk. – Ele disse, com as mãos juntas na frente do corpo, fazendo movimentos repetitivos com os polegares em um puro sinal de timidez.

- Olá, muito prazer. Meu neto avisou que viria. Quer um copo d’água ou um suco?

- Não, obrigado. Você... quer dizer, a senhora... tem uma aparência jovem. Não se parece com uma avó.

Minha avó sorriu abertamente e ajeitou algumas mechas do cabelo atrás da orelha, parecendo realmente lisonjeada.

- Sério? Muito obrigada, Jeongguk.

Minha avó e Jeongguk ainda estavam sorrindo quando meu avô apareceu na sala. Meu sorriso morreu ao vê-lo pela primeira vez no dia. Ele me encarou com um olhar furioso. Estreitou os olhos ao ver meu cabelo alaranjado, seu rosto avermelhou-se por inteiro e havia ódio em seu olhar.

Olhei para os meus pés, sentindo a ansiedade me atingir como um soco no estômago, meu ar faltando instantâneamente.

- O que significa isso?

Jeongguk me encarou, sem saber o que fazer, e eu apenas respirei fundo tentando eliminar a tensão em meus músculos

- Eu apenas pintei o cabelo. O que tem de mal nisso?

- O que tem de mal nisso? – Riu, sarcástico, e colocou as mãos na cintura. – Você não tem jeito mesmo.

- Eu não sei qual é o problema em mudar a cor do meu cabelo. Aliás, nada do que eu faço o deixa satisfeito, não é? – Despejei o que estava entalado em minha garganta, com uma coragem crescente em meu peito.

Minha avó se aproximou, colocando-se ao meu lado, temerosa com o rumo que nossa discussão poderia tomar.

- Não levante a voz para mim, Park Jimin, eu sou o seu avô.

- Mas não queria ser! – Rebati. – Não queria que eu tivesse nascido, que minha mãe tivesse se casado e sofrido um acidente de carro. E sabe de uma coisa? Eu não sou o culpado de tudo isso!

- E quem está falando de culpa aqui, hm? – Questionou com a voz grossa elevada, dando alguns passoas a frente.

- Não é porque eu mudei minha aparência que o senhor está bravo. A minha própria existência o irrita. Porque eu não sou perfeito e estou aqui o tempo todo para relembrá-lo de que minha mãe também não era quando engravidou.

- Seu moleque... – Vociferou entredentes, caminhando em minha direção com a clara intenção de descontar toda a sua raiva em mim. – Não fale de sua mãe... 

Assim que levantou uma das mãos Jeongguk percebeu o que estava prestes a acontecer. Rapidamente entrelaçou os dedos nos meus e antes que eu pudesse perceber já estava sendo puxado até a porta.

- Ei, aonde pensam que estão indo? – Ouvi meu avô gritar.

Jeongguk intensificou o aperto em minha mão e ao atravessarmos a porta corremos como se dependêssemos da velocidade de nossas pernas para sobreviver.

Atravessamos a rua, aos tropeços, e continuamos correndo pelo asfalto. Meu coração batia acelerado e minha respiração saía entrecortada.

Por um bom tempo corremos, corremos, corremos, como se desta forma meus sofrimentos do passado pudessem ser deixados para trás. Minhas pernas passaram a se movimentar com leveza, pois o peso que eu carregava antes já não estava em minhas costas.

- Eu... Eu nunca me senti tão leve. – Murmurei, ainda com a respiração falha.

Jeongguk parou de correr e me puxou para um abraço apertado, rindo baixo em meu ouvido.

Um sorriso surgiu em meu rosto e depois transformou-se em gargalhada, misturando-se ao riso alto de Jeongguk e sua expressão confiante, como se dissesse “você conseguiu, Jimin”.

 

-

 

Assim que recuperamos nosso fôlego decidimos começar os estudos na biblioteca do colégio. Por mais que a discussão recente com meu avô ainda estivesse presente em meus pensamentos Jeongguk me incentivou para que eu tentasse pensar somente nos estudos naquele momento.

Jeongguk rabiscava algumas coisas no caderno e de vez em quando olhava para mim. Estava estudando para as próprias provas ao mesmo tempo em que me ajudava.

Às vezes eu me perguntava como é que um garoto tão novo, com uma certa inocência preservada, conseguia carregar um título tão pesado como o de “O menino de ouro, perfeito em tudo e responsável pela melhor nota do colégio”. E, mesmo depois de me revelar o quanto se sentia mal pelo apelido e a pressão exercida sobre si, mostrava-se um garoto forte.

Jeongguk não era apenas “o garoto dos estudos”, mas o garoto da voz bonita e afinada, o garoto capaz de perdoar o irmão e capaz de me mostrar o mundo de uma forma diferente.

Quanto mais próximo de Jeongguk, mais o conhecia. E mesmo assim queria conhecê-lo cada vez mais.

Jeongguk conseguia transformar-se de menino, com seus olhos pequenos e sorriso tímido, em  homem, com seu topete para cima e movimentos sensuais em suas danças nos encontros de hip hop. E quando imaginava Jeongguk como um homem feito, em seus trinta e poucos anos, pensava se ainda estaríamos juntos. Sabia que sofreria se não pudesse mais tocar em cada pintinha de seu rosto, seus cabelos negros e macios, abraçar seu corpo mais alto que o meu e observar seu sorriso de tão perto. Mas logo parava de pensar no assunto, pois não gostava tanto das perguntas, como Jeongguk, e sim das respostas. O que importava, no momento, é que estávamos juntos.  E eu me apaixonava cada vez mais por todas as facetas de Jeon Jeongguk.  

Apenas o lado direito de seu rosto era iluminado pela pouca luz que entrava pelas janelas através de cortinas compridas que tremulavam com o vento. Por mais que estivesse frio, o lado de dentro daquela sala parecia quente e aconchegante.

- Por que está me olhando tanto? – Perguntou curioso, os olhos pequenos dirigindo-se ao meu rosto. Fechou o exemplar de Romeu e Julieta que antes estava lendo e o deixou de lado.

- Estava apenas pensando em nós... Em você...

- Por que está dizendo esse tipo de coisa? Não me diga que vai para alguma universidade distante e vai me abandonar!

- É claro que não. – Respondi alto, rindo de sua ideia repentina. – Eu nem sei o que quero para o meu futuro. Você sabe, eu não tinha nenhum interesse até pouco tempo atrás. Mas então você apareceu, eu conheci os encontros de hip hop...

- E você se apaixonou pela música e pela dança. – Jeongguk disse, completando minha frase.

- Sim. E por você. Frequentar estes encontros, com você e os garotos, é a única certeza que tenho sobre o que quero fazer no futuro.

Jeongguk sorriu, algo que acontecia com frequência, mas meu coração ainda não estava acostumado e continuava palpitando rapidamente.

Recomecei o estudo e, quando percebi os olhos curiosos sobre mim, após alguns segundos, devolvi o olhar.

- Ultimamente você está mais concentrado do que o normal. Eu estava aqui pensando sobre o primeiro dia em que estudamos juntos. Quer dizer... você estudou e eu fiquei observando. – Comentou, rindo baixo.

- Pois é, você finalmente admitiu isso...

- É engraçado pensar em como nós mudamos em tão pouco tempo... Antigamente eu imaginava que você fugia dos estudos, que não queria estudar. E acho que você melhorou muito nos estudos... talvez se torne o próximo “menino de ouro”.

- Não, eu estou longe disso. – Respondi, rindo também.

A prova de matemática era logo na segunda-feira, no primeiro dia da semana de provas. Voltei para os estudos, tentando focar minha atenção nos números e fórmulas, refazendo alguns exercícios e de vez em quando fazendo perguntas relacionadas à matemática para Jeongguk. No entanto, ele ainda não havia aprendido uma boa parte das matérias que cairiam na minha prova, e por isso meu esforço para absorver aquilo tudo até segunda-feira estava sendo maior que o de costume.

O colégio estava completamente vazio, exceto pela presença do zelador no portão de entrada. A entrada de alunos era permitida durante os finais de semana.

Desde nossa organização a biblioteca parecia um local novo. Exceto pela poeira insistentemente impregnada em todos os livros, o ambiente parecia propiciar uma boa hora de estudos.

Enquanto folheava a apostila me deparei com o primeiro exercício que havia feito na presença de Jeongguk. Ou melhor, havia tentado fazer... Mas naquele dia fiquei tão nervoso com seu olhar em expectativa para ver se eu conseguiria acertar a resposta que acabei não resolvendo o exercício.

Apaguei os rabiscos ininteligíveis e milhares de numerinhos confusos e tentei refazer o exercício, desta vez com todas as fórmulas em mente. Jeongguk observava meus movimentos, e ainda que o olhar fosse o mesmo eu já o via de outra forma. Não sentia pressão alguma ou aquele típico sentimento de nervosismo vinculado à inferioridade.

No entanto, após algum tempo soltei o lápis de qualquer jeito, frustrado depois de ler o enunciado do exercício e – ao contrário das minhas expectativas - não entender nada. Inclinei meu corpo para a frente, deitando sobre os braços e desistindo por um momento. Não iria conseguir resolver o exercício tão cedo.

Jeongguk percebeu que eu estava com um pouco de dificuldade e decidiu sentar-se na cadeira ao meu lado.

- É aquele exercício que você tentou resolver uma vez, não é? Eu confesso que o achei um pouco difícil... mas vou tentar te ajudar. Vamos lá, não desanime! – Disse, me entregando o lápis novamente e colocando uma das mãos no interior da minha coxa.

Senti meu corpo estremecer com o contato. Apesar de estar frio do lado de fora, a sala da biblioteca estava quente.

- Não desista. – Sussurrou, inclinando-se levemente em minha direção.

- Mas... você mesmo deixou seus cadernos de lado...

- É porque eu não estou conseguindo me concentrar... – Murmurou, afastando-se minimamente.

Apertei o lápis entre os dedos, tentando com todas as forças não dispersar minha atenção e voltar aos estudos.

Observei Jeongguk folhear o livro sobre a mesa e voltar sua leitura em Romeu e Julieta.

- “O amor procura o amor assim como os meninos fogem dos livros escolares...” – Leu em voz alta, voltando a me fitar intensamente, fazendo uma certa ansiedade crescer dentro de mim. Meu coração passou a palpitar aceleradamente.

Eu queria dizer algo, mas não sabia exatamente o quê.

- Jeongguk... eu gosto tanto de você, eu...

Jeongguk sorriu e continuou me fitando, com o corpo a poucos centímetros do meu, e decidiu que ao invés de falar deveria agir.

Deslizou uma das mãos até o meu rosto, trazendo-o para perto.

Meu peito queimava, ansiava por aquele à minha frente. Nossos lábios se encontraram, ainda calmos, contentando-se em apenas sentir a textura um do outro. Entreabri os lábios e Jeongguk aproveitou a oportunidade para aprofundar o beijo. Passou a acariciar os cabelos próximos à minha nuca, fazendo com que um leve arrepio percorresse minha espinha.

A urgência do contato crescia cada vez mais e entre o beijo, desta vez afoito, eu sentia o calor do corpo dele juntar-se ao meu.

Eu sentia o gosto do desejo de Jeongguk entrelaçado ao meu, sua língua quente envolvendo a minha e sua respiração descompassada em meu rosto. Nossas pernas se esbarravam e ainda mantinhamos uma distância mínima.

Assim que nos separamos me coloquei de pé. O pensamento de que realmente precisava estudar ainda era mantido pela racionalidade que restava em mim.

- O que foi? – Jeongguk perguntou, colocando-se de pé também e voltando a se aproximar.

- Não tem  ninguém por aqui. Estamos sozinhos... – Soltei a frase, antes mesmo de pensar sobre o que estava dizendo. – Quer dizer...

Recebi um leve selar nos lábios e respirei pesadamente.

- Quando você me beijou pela primeira vez eu estava tão nervoso – confessou baixinho. – Você continuava se aproximando de mim cada vez mais, exatamente dessa forma, e eu não sabia o que fazer.  - Continuou distribuindo beijos pelo meu rosto, maxilar, pescoço. Minhas mãos apertaram seus ombros e me inclinei levemente para trás, permanecendo apoiado na mesa atrás de mim.

- Quer dizer que está querendo se vingar? – Sussurrei.

Meus olhos já estavam fechados mas pude ouvir o som de seu riso baixo e sentir sua respiração em minha pele.

 Quanto mais próximo de mim, mais Jeongguk me conhecia. E mesmo assim queria conhecer cada vez mais.

Jeongguk conhecia minhas inseguranças, minhas vontades, e eu conhecia cada habilidade sua com perfeição. Aos poucos aprendi a distinguir seus toques suaves de seus toques com desejo, ao mesmo tempo apreciando seu avanço com a minha aprovação.

Jeongguk me empurrou lentamente até que eu me deitasse sobre a mesa , apertou o corpo contra o meu e deixou um gemido baixo escapar. Céus, era a primeira vez que eu ouvia aquele som específico saindo de sua boca...

Seus dedos encontraram minha pele por baixo da camiseta, explorando cada pedacinho do meu corpo sensível ao seu toque.

Por alguns segundos vislumbrei os cadernos espalhados sobre a mesa, ao meu lado. Sabia que me daria muito mal nas provas, pois esqueceria todas aquelas fórmulas. Jeongguk era o culpado, seu corpo quente e suas mãos percorrendo cada detalhe da minha pele. Mas não me importei, de jeito nenhum, estava focado apenas em nosso contato, naquilo que poderia tornar-se a minha coreografia favorita se estivéssemos executando passos de dança.

Sentia a respiração de Jeongguk em meu ouvido, meu nome arrastado e alguns murmúrios incoerentes. Senti suas mãos percorrendo meus braços, devagarinho, e a pontinha do nariz percorrendo meu rosto. A língua passeando novamente por meus lábios entreabertos à espera de seu toque úmido.

E então eu fui guiado por Jeongguk mais uma vez. E desta vez não foi porque eu me sentia perdido, e sim porque queria me perder, em cada curva de seu corpo e sua voz bonita chamando o meu nome.

Jeongguk via em mim coisas que eu mesmo não conseguia enxergar. Quando nos aproximamos, pude reencontrar minha capacidade para estudar, dançar, sentir o prazer de ser eu mesmo. Ele me devolveu minha coragem, com poucos atos e palavras, e me fez acreditar em mim mesmo. Jeon Jeongguk seria eternamente meu menino de ouro.

 

 

Vamos correr, correr, correr, mais uma vez!
A única coisa que consigo fazer é correr
A única coisa que consigo fazer é amar você

 


Notas Finais


Vocês sabem, meus capítulos nunca estão betados, então relevem qualquer errinho por favor rs.

Eu sinto que essa fanfic é como uma novela porque tudo foi se desenrolando e de repente eu nem lembrava mais do capítulo 1 e das questões sobre exercícios ahsuahsuahs. Mas juro que tentei retomar o foco nos estudos!

Música: Run - BTS (Sim, de novo. Mas dessa vez em um contexto diferente.)

https://ask.fm/Parkkouhai


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