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História Boys don't cry - Garotos à prova de balas


Escrita por: Park-kouhai

Notas do Autor


Primeiramente: eu confesso que estava sem criatividade para o título lol.

Eu volteeeei. Gente, setembro é o mês da confusão, só aconteceram coisinhas desagradáveis, por isso... desculpa a demora! (aliás, a Bighit vem e joga os teaser de WINGS na minha cara pra piorar tudo ahsuahsu)

E VAI TER FIC BASEADA EM WINGS SIM! Me deem uma chance e aguardem ansiosamente, sim? ❤

Aliás, não me deixem chorando sozinha pelos teasers... agora estou usando o twitter, sabe... podem até pedir spoiler, se quiserem rs.

Enfim, vamos ao capítulo. (vou postar mais um antes do epílogo!)

Capítulo 18 - Garotos à prova de balas


Fanfic / Fanfiction Boys don't cry - Garotos à prova de balas

Às vezes meus pensamentos retornavam para a redação que certa vez a professora exigiu dos alunos.

“O que serei no futuro?”. Às vezes estas palavras ecoavam em minha mente, mas eu ainda não conseguia encontrar nenhuma resposta. E, às vezes, a velha insegurança voltava a me atingir. Eu realmente conseguiria tirar notas boas no último ano do colégio? Seria capaz de superar minhas dificuldades?

Durante a semana de provas o tempo passou rapidamente.

Meu avô não disse nada quando voltei para casa no dia em que discutimos. Ele fingiu esquecer tudo o que eu havia dito e varreu minhas palavras para debaixo do tapete, como costumava fazer com tudo à sua volta. E os dias continuaram como se nada tivesse acontecido. Mas em mim algo mudou. Eu não sentia mais a culpa que havia sido colocada em meus ombros desde o meu nascimento.

Silenciosamente, a cada dia, eu ia percebendo que ainda era doloroso assimilar sobre quem eu era diante do meu avô. Ainda era difícil entender completamente as matérias dos livros escolares. Ainda era difícil lidar com o mundo. Mas eu não me importava mais, porque em algum momento deixei de me preocupar com o que seria no futuro e quem era no passado. Decidi deixar minha própria música tocar e conduzir minha vida como passos de dança de uma coreografia improvisada.  

 

-

 

Passei pelos grandes portões de ferro segurando as alças da mochila inquietamente. Caminhei entre os alunos e entrei no colégio.

Observei Jeongguk aproximando-se do grande mural fixado perto da entrada, abrindo espaço entre o amontoado de pessoas ansiosas.

Meus olhos desviaram-se à primeira linha na lista de nomes enfileirados verticalmente. O nome, em letras maiores, que antes destacava-se em primeiro lugar na lista de notas do segundo ano do ensino médio, já não era mais Jeon Jeongguk.

Ele olhou em volta por alguns segundos até notar minha presença e meu olhar sobre si.

Os botões já não permaneciam abotoados até o topo de sua camisa, seu cabelo havia crescido até que o corte não aparentasse nenhuma simetria e seu sorriso era maior do que qualquer outro que eu pudesse ter presenciado.

- Eu fiquei em terceiro lugar. – Disse de longe, alto, sorridente.

- Está feliz? Pensei que ficaria chateado... quer dizer... você sonha em entrar em uma grande faculdade. – Comentei, enquanto ele se aproximava.

- Eu nunca imaginei que pudesse ficar tão feliz por não ter ficado em primeiro lugar. Quer dizer... Eu continuo sendo um bom aluno mesmo sem o título de “menino de ouro”, minhas notas não ficaram tão abaixo, então ainda conseguirei ir em busca do meu sonho. Acho que me saí bem, apesar de ter ficado distraído durante todas as provas...

- E no que estava pensando?

- Em você. – Murmurou.

Desta vez uma distância mínima nos separava. Desviei o olhar para meus pés e ouvi seu riso baixo.

Estávamos no colégio e não havia a possibilidade de nos aproximarmos mais na intenção de demonstrar algum carinho. Desta forma, abusávamos de comentários e brincadeiras que pudessem demonstrar um ao outro o quanto estávamos apaixonados.

- Mesmo que tenha ficado em terceiro lugar, para mim você continua em primeiro. Meu menino de ouro... – Senti meu rosto esquentar com meu próprio comentário e sorri em seguida, ao ver o mesmo resultado no rosto de Jeongguk.

- Não diga essas coisas publicamente, Jimin!

- Ninguém está ouvindo! E foi você quem começou...

De repente avistei Hoseok, acenando e correndo em nossa direção.

Abriu um sorriso enorme e, sem se importar com as expressões curiosas dos estudantes à nossa volta, nos puxou ao mesmo tempo para um abraço desajeitado.

Após alguns segundos fomos soltos do aperto sufocante.

- Terei que aguentar mais alguns dias de provas, pois estou de recuperação em algumas matérias... Mas preciso de poucos pontos, então isso significa que eu não repeti de ano! – Exclamou, erguendo os braços em um sinal claro de liberdade e chamando ainda mais atenção.

- Isso é ótimo! Eu sabia que você conseguiria.

- Você também, Jimin. Eu já vi a sua nota...

- O-o que? Eu fui bem?

- Veja com os próprios olhos, oras!

Lancei um olhar preocupado e ele fez um sinal de positivo com os polegares.

- Não se preocupe, nós vamos com você. – Jeongguk afirmou, me dando incentivo.

Um, dois, três passos. Caminhei lentamente, sentindo a rigidez em cada músculo do meu corpo, até me deparar com o mural constando a aprovação ou desaprovação dos alunos, fixado na parede. Jeongguk estava ao meu lado, à direita, e Hoseok à esquerda. A lista do terceiro ano estava à minha frente. 

Suspirei audivelmente.

Procurei meu nome várias linhas abaixo e não o encontrei no mesmo lugar de sempre. Meu nome não estava ali, no final.  

Uma sensação estranha... nova... me atingiu. Meu nome estava um pouco acima da média estabelecida. Eu havia passado de ano.  

Park Jimin não estava mais em último.

 

-

 

Assim como em filmes americanos em que os jovens vestem suas roupas intocáveis durante um ano inteiro e andam pela cidade em carros caros, minha avó estava disposta a fazer da minha formatura um dia inesquecível.

Apareceu no meu quarto com um terno novo em mãos e fez questão de ajudar Taehyung com o meu penteado. Os dois palpitavam sobre os fios alaranjados, decidindo se ficariam mais bonitos para cima ou penteados para os lados formalmente, como se eu não estivesse ali.

Pela primeira vez em muitos anos vi minha avó sorridente ao se olhar no espelho. Rodopiou algumas vezes, exibindo o vestido  levemente acinturado, recebendo meus elogios e alguns aplausos de Taehyung.

- E Jeongguk, ele não vem? – Perguntou, com seu jeito cauteloso, parecendo conter outras perguntas por trás desta. Talvez minha avó soubesse de nosso relacionamento mesmo que eu não tivesse dito nada.

- Ele vai para o colégio. Nós vamos encontrar com ele lá.

De repente ouvi a buzina que julguei ser da caminhonete de Jin e corri para a sala. Abri a porta e acenei para Jin e Namjoon, na caminhonete, nos esperando.

Olhei para meu avô, sentado em sua poltrona, de relance. Não sabia se ele iria na formatura, por isso pedi uma carona para Jin até o local onde a cerimônia seria realizada.

Minha avó apareceu na sala, de braços dados com Taehyung, e encarou meu avô. Após longos minutos este se levantou e caminhou até a porta. Não me surpreendi ao perceber que ele iria   na formatura, afinal a maioria dos clientes de sua loja estariam lá, então talvez ele tenha pensado que para os olhares alheios seria estranho não estar presente na formatura do próprio neto.

 

-

 

{Terceira pessoa}

 

Jimin atravessou os grandes portões do colégio acompanhado de seus amigos. O céu escurecido anunciava o começo da noite. O caminho extenso até o auditório quase nunca utilizado, agora preparado especialmente para a cerimônia de formatura, era parcialmente iluminado e decorado impecavelmente.

Aproximaram-se da entrada do local repleto de cadeiras ocupadas e um extenso palco. Andaram entre o amontoado de pessoas procurando lugares vazios até finalmente encontrar.

Os professores que esbarravam com os meninos logo dirigiam-se a Namjoon para cumprimentá-lo. Este sorria animadamente. Revelou, no trajeto da casa de Jimin até a escola, que preparara uma surpresa para a noite.

Taehyung ocupou-se em movimentar a cabeça para todos os lados possíveis daquele auditório, visivelmente à procura de uma única pessoa, o ambiente lotado e escuro dificultando sua tarefa.

Jimin também procurava alguém. Seus olhos varreram o local abarrotado de estudantes e convidados até encontrarem Jeon Jeongguk.  Pôde ver que o mais novo estava vestido formalmente e seu cabelo parecia diferente. Aproximou-se, aos pouquinhos, até finalmente poder ver o seu garoto de perto... Estava com a mania de intitular mentalmente Jeongguk como seu namorado.

Os cabelos de Jeongguk formavam um topete para cima. Ele também manteve os brincos nas orelhas e usava acessórios que balanceavam com a roupa formal, composta por uma camisa branca, uma calça justa e sapatos escuros. O primeiro botão da camisa estava aberto, exibindo provocativamente um pouco da pele clara.

Arqueou uma das sobrancelhas ao notar o olhar intenso de Jimin sobre si.

- Estou bonito?

- Está lindo. – Jimin sussurrou, aproximando-se perigosamente.

Jeongguk sorriu e segurou em seu braço, o guiando até um dos acentos reservados aos formandos.

Nenhum dos sete garotos conseguiria relatar detalhadamente como foi o momento da entrega de diplomas. Cada um deles estava  absorto, perdido em seus próprios pensamentos. Namjoon relembrava os velhos tempos, quando ainda era um estudante do colegial. Jungkook imaginava-se naquele palco, quando estivesse em sua própria formatura. Hoseok sentia o alívio por finalmente se ver livre dos estudos e todo o peso que representavam para si. E Jimin...

Jimin havia sido fisgado por um sentimento atípico. Não sentiria falta do colégio, e mesmo assim... aqueles corredores estreitos, os quadros-negros encardidos de giz branco, os muros cinzentos e imponentes... tudo isto esteve presente em sua adolescência, e Jimin sabia que nunca mais esqueceria os momentos turbulentos pelos quais passou. Ao mesmo passo que foi este mesmo colégio o responsável por uni-lo àqueles que agora mais fazem parte de sua vida.

Quando a cerimônia acabou os avós de Jimin decidiram ir para casa, uma vez que em seguida era o momento da festa em comemoração à formatura. A tia e a mãe de Hoseok os ofereceram uma carona que foi aceita de bom grado.

Os estudantes seguiram animadamente seu caminho até o salão de festas próximo ao colégio. O local estava decorado com fitas e flores, ao mesmo tempo preenchido por luzes coloridas refletidas em uma pista no centro.

Os seis amigos escolheram uma mesa para sentarem-se juntos, enquanto Hoseok ocupava-se de buscar algo para beber.

Jimin sentou-se ao lado de Jeongguk e apontou discretamente para Yoongi, que permanecera cabisbaixo a maior parte da noite. Jeongguk revelou baixinho que o irmão estava assim desde que havia encontrado Ashlee dias atrás e não conseguira se reaproximar efetivamente da garota.

Jin estava sentado à direita de Jimin e o chamou pelo nome.

– Fiquei sabendo que suas notas no colégio foram ótimas. O Taehyung nos contou. À propósito, isto é para você. Parabéns pela formatura. – Pronunciou, o entregando um buquê de flores.

- Obrigado... – Jimin agradeceu, um pouco envergonhado, realmente feliz pelo apoio de Jin e Namjoon. Os dois, além de Taehyung, Jeongguk e Hoseok, estiveram ao seu  lado em momentos importantes e determinantes de sua vida escolar. Sem seus conselhos e acolhimento não teria conseguido lidar com tudo da mesma forma.

- O sentimento de finalmente estar de férias é incomparável, não é? – Namjoon comentou.

- Eu também acho. Inclusive pretendo passar um bom tempo assim, livre de qualquer estudo. – Hoseok comentou ao aproximar-se da mesa.

Taehyung ficava para lá e para cá fazendo o sinal da paz com os dedos, também parecido com a letra v, claramente contente com o apelido que havia recebido. Até o momento parecia animado, mas o sorriso amplo foi substituído por uma expressão indecifrável no rosto no instante em que colocou os olhos sobre Hoseok.

Ninguém saberia dizer se sua feição apresentava surpresa, melancolia, ou os dois, mas continuou fitando Hoseok por longos minutos, deixando o outro até mesmo desconfortável e sem graça. E então Taehyung encarou as próprias mãos enquanto Hoseok fazia o mesmo com os pés.

Jimin e os outros cinco na mesa entreolharam-se, sentindo a tensão pairando sobre si. Mas, antes mesmo de Hoseok sentar-se, Taehyung levantou-se subtamente e abriu um sorriso forçado ao olhar para o outro lado do salão, como se a visão do irmão se aproximando fosse a mesma que a de um anjo aparecendo para lhe salvar. E, de fato, estava sendo salvo, pois teria uma desculpa para se afastar no momento.  

- Ah, meu irmão chegou, e-eu vou lá falar com ele. – Pronunciou alto, gesticulando exageradamente.

Hoseok continuou estático, sem dizer uma única palavra.

Taehyung levantou-se e caminhou para longe dali. Jimin o seguiu. Assim que já estavam afastados segurou seu braço, fazendo-o parar de andar.

- Ei, você está bem?

Ele soltou um suspiro e ergueu o canto dos lábios em um sorriso pequeno e não muito convincente.

- Eu preciso me acostumar... me acostumar a viver sem ele...

Os cantinhos dos olhos já apresentavam algumas lágrimas acumuladas.

Antes que Jimin pudesse dizer alguma coisa Baekhyun os alcançou. O garoto ao lado dele, acenando também, era Chanyeol, o amigo que causava certo ciúme em Taehyung.

- Tae tae, Jimin!

A festa da formatura era aberta ao público. Todos poderiam desfrutar daquela noite, onde ocorreriam até mesmo apresentações de alunos e ex-alunos.

Taehyung havia dito que Baekhyun estaria de volta à cidade assim que chegassem as férias da faculdade. E, segundo suas palavras, também iria à formatura para aproveitar a festa e as comidas. E Chanyeol... bem, ele seguia Baekhyun para todos os lugares.

O irmão mais velho de Taehyung estava mais bonito e sorridente do que Jimin se lembrava, aparentando maturidade com a combinação de uma calça justa e camisa social.

A diferença de altura entre ele e o amigo era algo engraçado, e o modo como Chanyeol pendia o corpo para o lado do outro, fazendo os braços esbarrarem e as mãos tocarem ligeiramente uma na outra também.

- Está vendo só, até parece que não há mais do que amizade entre eles... – Taehyung sussurrou.

“De fato, realmente parecem namorados”, Jimin pensou.

- Parabéns, Jimin, agora você está definitivamente livre do colégio, não é? – O irmão mais velho de Taehyung comentou, abrindo um sorriso enorme e retangular como o do mais novo.

- Obrigado, Baekhyun.

- E você, Taehyung... – Estreitou os olhos ao encará-lo... – Você é muito desatento! – Bagunçou os cabelos do irmão, que logo devolveu o gesto com um leve tapa em sua mão.

- Não estrague o meu penteado, Baek. – Murmurou, formando um bico nos lábios. – E por que está dizendo isso?

- Porque você esqueceu isso em casa.

Colocou nas mãos de Taehyung um pequeno buquê de flores brancas, parecido com o de Seokjin.

- Ah, é verdade! Isso é para você, Jiminie. Bem, eu não sabia o que te dar, então...

- Obrigado, Tae... – Jimin agradeceu, retribuindo também com um breve abraço.

Mesmo se não recebesse presentes de Taehyung sabia que o melhor amigo estaria sempre ao seu lado. E, naquele momento, sentiu que deveria retribuí-lo de alguma forma por tudo o que já havia sido feito por ele e ajudá-lo. Sabia que Taehyung estava sofrendo pelo relacionamento com Hoseok.

Retirou apenas uma das flores do conjunto e observou o amigo. Baekhyun e Chanyeol desta vez conversavam animadamente e sequer perceberam o olhar de Taehyung alternado entre Hoseok e os próprios pés.

- Entregue a ele.

Não questionou quando Jimin colocou novamente as flores em suas mãos. Abriu um pequeno sorriso com um misto de esperança e determinação e assentiu, demonstrando ter entendido o recado.

De repente a atenção de todos foi tomada pelo som de uma voz pronunciada formalmente através de um microfone.

- As apresentações da noite, em homenagem aos formandos aqui presentes, serão iniciadas agora.

Jeongguk surgiu da penumbra, caminhando lentamente, e instalou-se no centro. A iluminação do ambiente transformou-se em um feixe de luz, focado apenas em sua presença.

Para Jimin foi como se realmente só existisse Jeongguk ali.

Um arrepio iniciou-se nas extremidades de seu corpo. As batidas do coração aceleraram mais uma vez. Sentia como se fosse a primeira vez ouvindo a voz de Jeongguk mesclada à melodia. Por que o mais novo não havia lhe contado nada sobre a apresentação? Por que estava tão surpreso, como se estivesse assistindo pela primeira vez sua expressão serena ao cantar?

A sensação deliciosa de ouvir aquela voz... a voz que chegava melodiosa aos seus ouvidos... a postura leve e solta que o corpo de Jeongguk transparecia... o sorriso pequeno, e em seguida largo... A letra da música que cantava:

 

“Nós estamos correndo tão rápido

E nós nunca olhamos para trás

E qualquer coisa que me falte, você completa

 

Você não precisa dizer eu te amo para dizer eu te amo

Tudo que preciso é você

Tudo que preciso é você”

 

Os olhos de Jeongguk vaguearam por todo o salão, à procura por Jimin...

Há muito tempo sentia a necessidade de expor todo o sentimento que nutria por ele e que mal cabia dentro de si. E ao transbordar-se de amor decidiu cantar.

Jimin percorreu todo o salão e esperou que a música de Jeongguk acabasse logo para que pudesse abraçá-lo e mostrar o quanto sentia o mesmo pode ele. Namjoon passou por ele e subiu pela lateral do palco. Cochichou algo para o professor responsável pelas apresentações e preparou-se para substituir Jeongguk. Assim que o microfone foi entregue em suas mãos arrumou a postura e pigarreou.

- Boa noite. Bem, eu fui um estudante deste colégio, há alguns anos, e apenas esta noite decidi mostrar a todos qual é a minha verdadeira essência. E para os que não me conhecem... me chamem de Rap monster.

Naquele momento o diretor do colégio, que em alguns momentos demarcava sua presença no salão para garantir que estaria tudo bem entre os alunos, estava presente. Os professores entreolharam-se, confusos com aquelas palavras... aquele apelido... a mudança de atitude repentina do garoto sobre o palco.

Agora Namjoon movia os braços livremente, um sorriso estampado no rosto, olhando nos olhos de cada indivíduo presente na platéia. Respirou fundo e deixou seu rap fluir:

 

“Quando eu me encontrei
Sobre o papel em branco entre meus livros
Eu me coloquei
E eu apaguei, esvaziei
Eu estava livre em cima da batida

 

O Hip hop me encontrou
 

Entrou na minha vida naturalmente
Eu era só um estudante naquela época
E foi quando decidi o meu objetivo de vida
Eu queria ser uma estrela do rap”

 

Namjoon ainda não sabia o que a força de suas palavras lhe trariam no futuro.

Quando Namjoon terminou sua apresentação, Taehyung ignorou os rostos surpresos dos que ainda absorviam seu rap e postou-se no centro do mesmo palco. Em uma das mãos ainda mantinha o buquê de flores. Recebeu um piscar de olhos do outro, que lhe cedeu o lugar, e respirou fundo ao focar aqueles abaixo de si. 

- Olá. Eu... eu também sou um ex-aluno, então... eu não planejei nada e não pretendia cantar hoje, mas...

Seu olhar focou o de Hoseok. Suas palavras morreram, aos poucos... a melodia lenta e melancólica surgia ao fundo... seus lábios entreabriram-se e seus sentimentos foram proferidos:

 

“Eu odeio aparecer do nada sem ser convidado

Mas eu não pude ficar longe, não consegui evitar

Eu tinha esperança de que você visse meu rosto e que você se lembrasse
De que pra mim, não acabou

 

Não desejo nada além do melhor para você, também
Não me esqueça, eu imploro, eu lembro do que você disse:
Às vezes, acaba em amor
Mas, às vezes em vez disso ele machuca”

 

O Hoseok engoliu em seco mais de uma vez. Abaixou os olhos para que pudesse esconder sua emoção ao ouvir a voz rouca do outro dirigida a si e deu meia volta. Seu corpo parecia não querer lhe obedecer... queria sair dali o mais rápido possível, mas seus pés traçaram um caminho lento até o lado de fora do salão.  

Os cinco amigos prestavam atenção em Taehyung e Hoseok. Presenciaram o exato momento em que Taehyung depositou o microfone no chão do palco e desceu rapidamente a escadinha estreita da lateral. Correu em direção ao lado de fora do salão, à procura do outro.

 

-

 

- Hoseok!

Não estava preparado para ouvir aquela voz... não estava preparado para ouvir aquela música... e não estava preparado para ser tocado por aquela mão insistentemente segurando seu braço.

Seu braço foi solto assim que parou de andar. Quando girou o corpo na direção de Taehyung evitou olhá-lo nos olhos. Notou o buquê de flores brancas sendo estendido em sua direção e o segurou.

Estavam na área externa e não havia ninguém ali. Apenas a respiração entrecortada de Taehyung era audível e alta o suficiente para Hoseok recuar um passo.

Taehyung estava sem fôlego e seu coração parecia martelar contra suas costelas. Aproximou-se sorrateiramente de Hoseok e tentou, com dificuldade, formular as palavras. Abriu a boca para dizer algo e desistiu quando percebeu que Hoseok iria se pronunciar. Vê-lo desta forma, ainda tão frágil...

Hoseok percebia o que Taehyung sentia ao vê-lo.

- Me desculpe... eu sou fraco.

- Não. Você não é fraco, Hoseok... Eu sempre o admirei por conseguir levar nas costas uma dor tão grande sozinho. Mas, em algum momento, você desmoronou.... E sabe de uma coisa? Você está aqui, diante de mim, dizendo que é fraco. Você conhece suas limitações, sabe que precisa de ajuda... me admira a sua coragem de admitir ser quem você é.

- Mas você sempre acreditou que pudesse me curar...

- Sim, eu acreditei nisso porque fui egoísta durante todo esse tempo e acreditei que poderia ser a sua cura. Porque eu me sentia impotente e incapaz de arrancar essa dor que há em você. Porque eu apenas desejava que você voltasse a sorrir. Mas eu não consegui...

A voz de Taehyung afinou-se no final da frase, tornando-se baixinha e trêmula, tentando esconder as lágrimas que uma hora ou outra escorreriam por sua face.

- Não é sua culpa, Taehyung.

Ainda tinha a mesma sensação... Por mais que Hoseok não mantivesse mais o brilho no olhar, imaginava que seu mundo fazia rotação em volta de Jung Hoseok, como se ele fosse seu sol particular.

 - E também não é sua, Hoseok.

Olhavam-se nos olhos e pareciam enxergar por completo um ao outro. Não conseguiam esconder o que sentiam.

Taehyung respirou fundo mais uma vez e decidiu desviar o olhar.

- Você... precisa colocá-las em um vaso. - Apontou para o buquê. - Você precisa cuidar dessas flores como a sua própria vida. Você precisa regá-las todos os dias e deixá-las um pouco no sol. 

Elas vão sobreviver. Elas são fortes. Às vezes as folhas vão murchar e algumas pétalas cair. Mas não tem problema, elas continuarão vivas.

- Sim, elas continuarão vivendo, Tae. - Hoseok afirmou, percebendo as lágrimas já acumuladas nos cantos dos olhos. - Elas se tornarão fortes, eu prometo.

- Eu vou esperar. Eu vou esperar... mesmo que as estações passem, eu quero encontrá-las florescidas novamente.

- Eu vou melhorar, Taehyung. - Afirmou,  em meio a um suspiro, fazendo com que os olhos do outro fossem erguidos em sua novamente direção.

Taehyung continuou o encarando, surpreso. Hoseok havia entendido suas palavras. O tempo todo soube que o menor estaria o esperando.

- Eu estou fazendo terapia. Foi o Jin quem me sugeriu... - Mesmo que ainda sentisse certo desconforto ao falar de si mesmo a um desconhecido, sabia que um psicólogo poderia definitivamente lhe ajudar a lidar com as próprias dores.

- Também está tomando remédios? - Taehyung perguntou, secando com as pontas dos dedos a primeira lágrima que teimou em escorrer por sua bochecha.

- Sim. E dessa vez não são para dormir.

Continuaram fitando um ao outro. Taehyung queria mais do que tudo apertar Hoseok em seus braços, dizer que o amava e que nunca desistiria dele, mesmo tendo a consciência de que Hoseok sabia disso tudo.

Deu alguns passos à frente e colocou as mãos nos ombros alheios, lentamente escorregando para as costas.

Hoseok permitiu-se ser enlaçado pelos braços estreitos de Taehyung. Permitiu-se receber o carinho e tudo aquilo que ele representava. Não devolveu o aperto na mesma intensidade, com medo de não conseguir manter-se forte em sua decisão. Apenas repousou as mãos na cintura alheia, sentindo mais uma vez seu coração se contrair por Taehyung.

Assim que se desvencilharam ambos olharam para os próprios pés, temendo não conseguirem se despedir naquele momento.

- Eu... preciso ir.

- Até logo, Hoseok. - Taehyung sussurrou, com a voz embargada.

- Meninos... nós estávamos esperando vocês.

Era Jin. Aparentemente a festa já estava sendo encerrada.

- Eu vou fazer um jantar em comemoração ao dia de hoje, e os meninos já estão esperando no carro.

- Desculpe Jin. Eu... eu preciso ir embora. 

- Espere, eu te dou uma carona então.

Observou os passos incertos de Hoseok em direção à sua caminhonete e suspirou. Acreditava que aquele momento difícil da vida dos amigos passaria. Hoseok e Taehyung voltariam a ficar juntos. Era mais velho e mais experiente, com sua maturidade conseguia enxergar um futuro melhor.

Os amigos estavam unidos, estariam ali um pelo outro, iriam conseguir superar suas dificuldades. Afinal de contas, apesar de tudo eles eram fortes como Namjoon havia dito, como garotos à prova de balas.


Notas Finais


Não me matem pelo final desse capítulo ;-;.

Twitter: @Parkkouhai

Ficaram sabendo da tag #YouAreWorthIt? Ela foi usada em prevenção ao suicídio. (http://bit.ly/2cgaZBU) Lembrem-se sempre do Hoseok dessa fanfic: forte por fora e extremamente frágil por dentro! Por isso nós precisamos ter paciência e empatia com as pessoas, certo? <3

Agora sobre o capítulo:

Quando o Jimin falou sobre o Namjoon e o Jin e o apoio deles eu logo imaginei uma mãe e um pai ahsuahsu não me julguem.
Acho que a parte mais difícil de escrever foi a do Jeon cantando, porque olha... é tão... indescritível!
Sobre o rap e o futuro do Namjoon... explicação no próximo capítulo!

Músicas usadas:
For him – Troye Sivan (feat. Allday)
HipHop Lover – BTS
Someone like you – V cover

Vocês conhecem a playlist da fanfic, né? http://bit.ly/2cNXRaF


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