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História Boys don't cry - Música, dança e novamente Jeongguk


Escrita por: Park-kouhai

Notas do Autor


Oi, olá, tudo bem?!

Eu definitivamente preciso treinar muito a escrita para cenas de dança ;-; de qualquer forma espero que gostem desse capítulo.

Aviso: A fanfic vai ter muito mais capítulos do que eu imaginava! Uns 16, no mínimo.

Músicas inspiradoras: Badman, Álbum inteiro de One shot, ou seja, tudo B.A.P e as primeiras do BTS, voltadas para o Hip hop.

É isso, obrigada pelos comentários e favoritos. Até as notas finais. <3

Capítulo 8 - Música, dança e novamente Jeongguk


Fanfic / Fanfiction Boys don't cry - Música, dança e novamente Jeongguk

Eu, Jeongguk e Hoseok estávamos completamente suados após o jogo de basquete.

Decidimos, então, tomar um banho no colégio e vestir a única coisa disponível. No caso, o uniforme de educação física que estava guardado em nossos armários do vestiário.

Não estava mais chovendo, mas ainda fazia frio.

Nos dirigimos até a saída do colégio, depois de entregar para a secretaria do colégio a chave que usamos para abrir o quartinho.

Quando chegamos no portão um maluco estava ali, encolhido no casaco e encostado nas grades de ferro com os braços cruzados.

Era Taehyung. Não me surpreendi, ele era sempre imprevisível.

- Oi – ele disse simplista, fazendo o sinal de paz com os dedos.

Abrimos o portão e passamos para o lado de fora. Ele me recebeu com um abraço, como sempre, e depois o mesmo com Hoseok, permanecendo com um braço em volta do ombro dele. Depois encarou Jeongguk e fez uma expressão de surpresa.

- Você é o Jeon Jeongguk? Eu não me lembrava de você com essa cara, parecia mais novo!

Jeongguk fez uma expressão tão surpresa quanto o outro, parecendo também um pouco tímido.

- Tae, você vai assustar o garoto – Hoseok disse.

- Jeongguk, esse é o Taehyung, meu amigo. Ele também estudou neste colégio.

- Ah, é por isso que já me conhecia...

- Sim, mas apenas de vista. – Taehyung sorriu.

De repente, a moto bonita que eu havia visto a dias atrás desacelerou e parou encostada na calçada. O motoqueiro desligou o motor e retirou o capacete. Balançou os cabelos azul-esverdeados como naquele dia e desceu da moto.

Vendo-o de perto pude perceber o quão bonito ele era. Seus olhos pequenos pareciam desenhados e sua pele pálida parecia ser lisa como porcelana. Sua roupa composta por uma calça jeans apertada e uma jaqueta preta parecia com roupas que um cantor famoso usaria.

- O que está fazendo com essa roupa? – O garoto perguntou a Jeongguk.

- É porque sujei o uniforme do colégio enquanto fazia a limpeza do quartinho, e não queria sair com a roupa naquele estado.  

O menino do cabelo diferente riu, e pude constatar que seu sorriso também era bonito.

- E então decidiu ir à um encontro de Hip Hop vestindo o uniforme de educação física?

- Sim. Ah, espera, eu não te apresentei à eles. Esse é o Suga. – Disse, apontando para o garoto.

- Prazer, Suga. Kim Taehyung, Jung Hoseok e Park Jimin. – Taehyung disse, apontando para todos nós, e nos curvamos em um cumprimento.

- O Jimin disse que também quer ir, mas não sabe o caminho, então vou com ele de ônibus para mostrar.

- Tudo bem. Então vou buscar a Ashlee antes de ir. E não está com frio usando apenas esse casaco? – Suga perguntou.

- Não, estou bem. Ei!

Suga começou a puxar o casaco de Jeongguk e em seguida tirou a própria jaqueta.

- Vamos trocar. – Ele disse, então vestiu a jaqueta em Jeongguk como se este fosse uma criança. – Pronto, agora está quente.

- Obrigado. – Jeongguk disse e sorriu.

Por que eles pareciam tão próximos?

- Já vou indo, então. Até mais.

Suga subiu na moto e deu partida.

- Ele é um cara protetor... – Taehyung comentou.

- Sim, muito. – Jeongguk respondeu.

Protetor? Só porque havia trocado de casaco com Jeongguk?

Havia algo me incomodando, mas eu não sabia dizer o que era.

- Então... vamos? – Jeongguk perguntou, se dirigindo a mim.

- Ei, Park Jiminie, para onde está indo sem me convidar?

- Eu ia te convidar, Tae, mas você apareceu aqui antes mesmo de eu te mandar uma mensagem. Aliás, o que está fazendo aqui?

- O Hoseok se lembrou de mim e me mandou uma mensagem dizendo que estava no colégio até agora. E você estava prestes a ir em um encontro de Hip Hop sem me chamar... que amigo traíra. – Respondeu, em seguida me mostrando a língua.

- Mas, eu já disse que ia te chamar e...

- Tudo bem. Eu aceito o convite. Onde fica o ponto de ônibus mais próximo? – Perguntou animado. Jeongguk riu com a atitude contraditória de Taehyung e em seguida nos guiou até o ponto.

Hoseok não protestou por estar sendo levado junto segurado pelo braço por Taehyung, pois provavelmente sabia que não adiantaria nada.

 

O ônibus chegou e nos acomodamos nos asentos. Eu e Jeongguk nos sentamos lado a lado, e Taehyung e Hoseok na frente.

Os dois conversavam animadamente conforme íamos atravessando a cidade, e Jeongguk estava encostado ao lado da janela olhando para o lado de fora.

- Sabe, acho que algo mudou entre a gente. – Jeongguk comentou, puxando assunto. – Sei-lá, acho que não nos odiamos mais. – Desta vez ele riu.

- É verdade. – Ri também.

- E com o Hoseok também... Em pouco tempo de convivência eu... mudei a forma como vejo ele. Depois do que conversamos ontem, no banheiro, parece que eu comecei a ver ele de outra maneira.

- Eu também. Até acho que ele é um cara legal. – Confessei.

- É, acho que sim. Principalmente depois que vi ele te derrotando no basquete. Foi tão divertido...

- Está dizendo que gostou de me ver perdendo, Jeon Jeongguk? – Fingi estar bravo, e ele começou a rir.

- Ei, ei – Taehyung nos chamou a atenção, ficando apoiado no banco e virando para trás para nos ver – Do que os namoradinhos estão rindo?

- O-o que disse? – Perguntei sem graça, e Jeongguk parou de rir, parecendo sem graça também.

- Não fiquem com vergonha, só estou brincando! – Taehyung respondeu, rindo de nós dois.

- Idiota... – murmurei.

Hoseok imitou Taehyung e se virou no banco também para participar da conversa.

- Ei, Jeongguk, o Jimin está te dando muito trabalho nos estudos? – Hoseok perguntou.

- Um pouco, mas ele também está avançando conforme revisamos as matérias.

- Uh, como o esperado, Jeon Jeongguk é um bom professor. Quando eu ainda era um estudante, sempre ouvia falar sobre o Menino de ouro e toda a sua inteligência. – Taehyung comentou, como sempre sendo sincero em suas palavras. Jeongguk sorriu minimamente e corou.

- Obrigado, Taehyung.

- Jeongguk é bom para explicar a matéria mas... Antigamente ele apenas ficava observando eu errar todos os exercícios.

- Agora ele está te ajudando, Park Jimin, como pode falar dessa forma sobre um garoto tão legal? – Provocou.

 Jeongguk corou novamente, e sua cor de pele tão clara deixava o avermelhado em suas bochechas bastante visível.

- Eu não estou sendo ingrato ou algo do tipo! Apenas comentei...

- Além do mais, Jeongguk é tão fofo! – Taehyung elogiou.

De repente Hoseok voltou para seu lugar, virado novamente para a frente.

- E-e o que isso tem a ver?! Hm? – Questionei.

Taehyung riu e continuou fazendo comentários que de alguma forma me irritavam. Cruzei os braços e deixei de participar da conversa, enquanto ele e Jeongguk continuavam se dando bem em sua conversa animada.

Olhei as ruas pela janela e reparei que já havíamos passado pelo centro e agora estávamos passando pelos bairros residenciais. Logo chegaríamos ao nosso destino.

 

-

 

Descemos do ônibus quando Jeongguk avisou que já havíamos chegado. Atravessamos a rua, passamos perto de uma floricultura, e fomos guiados por Jeongguk pelo resto do caminho.

A noite começava a invadir o céu.

Algumas lojas do comércio ainda estavam abertas, e os postes passaram a iluminar as ruas.

Durante toda a metade do caminho no ônibus Hoseok havia ficado calado. E agora Taehyung fazia gracinhas para tentar arrancar um sorriso do rosto dele. E conseguiu.

Fomos um pouco adiante e após atravessar algumas quadras chegamos nos galpões abandonados. Entramos pelo corredor estreito entre as estruturas grandes de pinturas descascadas. Desta vez eu não sentia medo da escuridão que nos envolvia entre aquelas paredes.

Logo chegamos no final do corredor, onde a música já se fazia presente.

O espaço amplo à frente estava ocupado por corpos agitados, movendo-se conforme a música.

Nos aproximamos um pouco mais e Jeongguk fez questão de nos levar até o centro. Cumprimentava as pessoas pelo caminho, tocando com uma mão fechada a mão dos outros ou apenas acenando com um sorrindo no rosto. Ele parecia ser popular por ali.

Encontramos Suga e ele estava ao lado de Namjoon e uma garota aparentemente estrangeira. Eles se moviam animados e Jeongguk foi puxado pelo outro, que o envolveu pelo ombro e começou a balançar o corpo dos dois.

- Você veio. – Namjoon disse para mim, sorrindo. – Seja bem vindo. E vocês também. – Acenou para Hoseok e Taehyung. Estes dois já estavam animados e moviam o corpo para lá e para cá.

Olhei em volta, começando a me sentir invavido pela música, pelos grafites e por tudo de novidade que havia no ambiente.

Havia algo de diferente em cada indivíduo ali. Todos pareciam ser vibrações transparentes de vontade, verdade e emoções. Estavam ali por algum motivo. Algo os movia a se unir em um único lugar envolto por batidas poderosas.

E eu também começava a me sentir envolvido, conectado às outras pessoas ali, mesmo que não as conhecesse.

Em algum momento o garoto alto e assustador que eu havia conhecido no outro dia surgiu do meu lado, e dançava acompanhado pelo menino de cabelos loiros e encaracolados.

- Olá! – Ele cumprimentou.

- Olá, Yongguk.

- Pode me chamar de Bang. É o meu apelido por aqui. E esse aqui é o Zelo.

Cumprimentei o outro também e ele acenou de volta. Eu me lembrava vagamente dele. Era o garoto que estava fazendo rap naquele dia.

- O que está fazendo aí parado? – Ele perguntou.

- Eu...

- Não se acanhe – Namjoon disse – é só mover o corpo conforme a batida.

Olhei para Taehyung e ele movimentava o corpo com agilidade. Tentei seguir os passos dele, mas provavelmente estava todo desengonçado. Hoseok também se aproximou um pouco mais, me incentivando a continuar os movimentos.

Aos poucos eu experimentava mover cada parte do meu corpo. Os pés pulando, as pernas dando vida ao resto do corpo. Os braços em direções opostas aos pés, dando equilíbrio ao corpo, ritmo aos movimentos e influenciando também o modo como o quadril se movia.

Comecei a prestar mais atenção no movimento dos outros ao meu redor. Parecia haver uma contagem exata em que os braços e pernas trocavam de posição. Tentei fazer esta contagem e quando consegui imitar os movimentos abri um sorriso largo, satisfeito comigo mesmo. Afinal, era o primeiro passo de dança que eu havia aprendido.

Finalmente a matemática básica que eu conhecia exercía um pouco da sua função na minha vida. Os passos de dança poderiam se tratar de números ditados em compasso para se repetir um movimento ou ângulos em que os braços deveriam girar. No entanto, não havia a necessidade de gravar na mente nenhuma fórmula. Aliás, a única fórmula utilizada ali era o prazer.

O prazer de sentir o corpo se movendo livremente, os braços esticados, mãos abertas quase podendo sentir na ponta dos dedos as ondas sonoras que faziam meu corpo vibrar.

Fechei os olhos para apreciar melhor as sensações que passavam pelo meu corpo. Era uma sensação diferente, algo que eu nunca havia presenciado e a minha vontade era de continuar dançando eternamente.

Era como se... meu corpo se movesse, e a dança estivesse dentro de mim.

Olhei para os lados e avistei Taehyung e Hoseok dançando loucamente.

Ri da forma como Taehyung balançava a cabeça para os lados, mostrando seu sorriso retangular,  e com as mãos fechadas e braços próximos ao corpo fazia um movimento  parecido com o que faziam nos anos 70. 

Hoseok ia além e mostrava no corpo tudo o que não mostrava em palavras. Movia o quadril para lá e para cá, os braços em movimentos rápidos e um sorriso no rosto. E como se até o momento estivesse apenas fazendo um aquecimento, se afastou um pouco de Taehyung, entrelaçou os dedos e olhou para baixo, o rosto ficando escondido atrás do boné.

E então um, dois, três passos. Separou as pernas e começou a movimentar os ombros enquanto arrastava os pés para os lados com uma leveza inacreditável. Ele também passou a mover o corpo como uma onda, deixando a música percorrer dos pés à cabeça, passando pelo quadril e o fazendo ondular levemente.

E eu quis rir quando Taehyung cessou os próprios movimentos para encarar a dança de Hoseok atentamente. Ele estava boquiaberto. Após alguns minutos deu uns passos à frente, aproximando-se do outro cada vez mais.

Hoseok ajeitou o boné na cabeça e fitou Taehyung de volta, e como se o convidasse para ser seu par na dança, passou a fazer movimentos que sincronizavam com os dele. Eles dançavam juntos como se houvesse um fio interligando os dois corpos.

Durante os minutos que haviam passado até mesmo esquecido que estava em um lugar desconhecido, que haviam pessoas à minha volta e que era a minha primeira vez dançando.

Diminuí meus movimentos para tomar fôlego e procurei Jeongguk com os olhos.

Jeongguk estava sentado em um sofá velho, e fui até ele.

- Estava se divertindo, Jimin? – Perguntou sorridente.

- Sim. Eu não sabia que dançar poderia ser tão divertido.

- Eu te disse! E não pareceu que você nunca tinha dançado antes.

- O que quer dizer?

- Que você estava dançando perfeitamente bem. Sabe, eu estive te observando daqui, e acho que você leva jeito nisso.

Senti no mesmo segundo meu corpo queimar, principalmente na região do rosto. Ele esteve me observando? Mas... o mais provável é que eu estivesse apenas balançando meu corpo como um louco, e não dançando exatamente.

E de repente constatei o estado em que eu me encontrava. Com o casaco desajeitado nos ombros, o cabelo bagunçado e completamente suado.

Tentei ajeitar o cabelo rapidamente com os dedos, me sentindo um pouco constrangido por estar desse jeito ao lado de um garoto tão bonito.

- Eu... você realmente acha que eu dancei bem? Mas, eu não conhecia nenhum passo de dança e...

- Ah, aqui não existem regras. Nós podemos liberar nossos impulsos, mover nosso corpo como quisermos, e encontrar na gente algo que nem sabíamos existir. Não saber dançar é que é a graça, Jimin.

- Bem, você diz isso mas... aquele garoto parece até mesmo fazer aulas de dança. – Apontei para o menino dos cabelos coloridos, que havia dançado com Hoseok quando fomos no encontro de Hip hop pela primeira vez.

- Oh Sehun pode até mesmo ter feito aulas de dança, mas ele consegue dançar daquela forma porque sente a música dentro dele. Como eu disse, não existem regras, é só... relaxar e se divertir que o corpo passa a se mover sozinho.

- Ei, Jiminie, Kookie, acho que nunca me diverti tanto! – Taehyung exclamou ao se aproximar de nós dois.

- Kookie? – Hoseok questionou.

- Já estão cansados? – Namjoon se aproximou também – a noite está só começando!

- Eu não estou nenhum pouco cansado. – Suga apareceu atrás de Namjoon e disse. – Vem Jeongguk, preciso que você me acompanhe.

- Estou indo!

Jeongguk sorriu e os dois se afastaram até encontrar novamente o mar de corpos dançantes.

- Namjoon,o-

- Rapmonster. Pode me chamar de Rapmonster.

- Tudo bem. Então, Rapmonster, o que exatamente é esse lugar?

- É tudo isso que você provavelmente está sentindo dentro de si.  Aqui nós somos todos cores. Quando descobrimos que não podemos fazer parte de uma caixa branca, decidimos nos reunir. A sociedade tenta o tempo todo nos transformar em uma massa cinzenta e igualada. Mas através da música conseguiremos superar qualquer coisa, entende?

Taehyung e Hoseok se sentaram ao meu lado no sofá encardido, escutando atentamente o que Namjoon dizia.

- Aqui nós podemos ser livres. Nós podemos esquecer nossas tristezas, fraquezas, o que for, e apenas dançar, cantar, fazer rap.

- E como exatamente essa ideia de se reunirem surgiu?

- O primeiro encontro entre os interessados em Hip hop foi organizado por Zico, com a ajuda de GD. Eles fazem os raps mais incríveis que eu já vi. E por causa deles eu descobri que queria fazer o mesmo. Hoje em dia eles não aparecem por aqui todas as sextas-feiras, apenas de vez em quando.

- E agora há muitas pessoas aqui... – Hoseok murmurou.

- Sim, pois cada um trazia um amigo, e assim o interesse foi atingindo e trazendo novas pessoas. Como vocês. 

Então... ele realmente tinha razão quando disse que havia encontrado a própria liberdade através do rap e Jeongguk através do canto. E talvez eu pudesse, de fato, encontrar a minha na dança.

Ao pensar em Jeongguk, fixei nele novamente o meu olhar. Ele dançava animado ao lado de Suga, com os braços para cima e os cabelos ficando bagunçados com os movimentos. E Jeongguk mostrou ao outro o seu sorriso mais bonito, enquanto dançavam próximos demais, rindo demais e... o que foi aquele abraço que deram de repente?

Subitamente me coloquei de pé, sentindo o sangue correr rápido nas veias. Jeongguk e ele... Havia alguma coisa entre eles?

E inesperadamente a garota estrangeira, que eu havia visto quando cheguei, puxou Suga pelas mãos e depositou um beijo em sua bochecha. E em seguida, na sua boca.

O que estava acontecendo? Eu estava confuso e sentia minha respiração se tornar mais curta.

- O que foi, Jiminie? – Taehyung perguntou.

De repente a música parou de tocar. O silêncio se instaurou por alguns segundos, até uma nova batida começar a vibrar no ambiente.

Decidi me aproximar de onde estavam os outros, e fui seguido por Taehyung, Hoseok e Namjoon.

Quando estava próximo o suficiente, pude ver o momento em que Jeongguk passou a língua pelos lábios, em seguida mantendo-os abertos.

Eu realmente achava Jeongguk bonito. Estava perdido.

 Ele iniciou uma melodia, mantendo os olhos fechados e um balançar constante do corpo.

Como a brisa trazida nos dias de outono, uma sensação desconhecida enrolou-se em meus braços me fazendo arrepiar.

Ele abriu os olhos e me fitou, enquanto cantava.

Seus olhos insistentes impediam que eu conseguisse desviar os meus e eu... só esperava que a música não parasse, que a voz dele continuasse a invadir os meus ouvidos, continuamente, até que encontrasse meu inconsciente e se tornasse um sonho. Um sonho que eu pudesse sonhar todas as noites.

E então Namjoon - ou melhor, Rapmonster – abraçou o ombro de Jeongguk, sendo seguido por Suga. Quando Jeongguk parou de cantar, os outros dois começaram a despejar suas palavras, intercalando suas vozes, em forma de rap:

 

“Minhas mãos são capazes de construir

Eu não vou petrificar na massa que tenta me moldar

Os muros da nação pretendem me encurralar  

Suas sirenes não me assustam,

As batidas do meu coração são o único som que chega aos meus ouvidos

 Através do sangue que corre por minhas veias

 Não, não deixe meu corpo se transformar em branco,

 não deixe que eu me torne mudo,

Eu preciso ouvir o som.”

 

A melodia de Jeongguk encontrou novamente espaço entre a batida da música, e ele ainda mantinha os olhos nos meus.

A musicalidade de sua voz, a dança de seu movimento... Tudo nele parecia me chamar.

E eu sabia que da próxima vez que ele sorrisse eu iria me apaixonar.

O que estava acontecendo comigo? Eu só podia estar ficando louco.

Dei as costas à música e ao olhar de Jeongguk e me dirigi novamente para o local onde estava o sofá com partes rasgadas. Observei, então, que a construção à frente não tinha uma porta, apenas janelas quebradas. Me aproximei, tomando cuidado para não pisar nos cacos de vidro espalhados pelo chão, e entrei no prédio abandonado. 

De repente ouvi passos atrás de mim e me assustei.

- Por que fugiu?

Era Jeongguk. E meu coração acelerou novamente mais do que o susto que havia levado segundos atrás.

- E-eu... não estou passando muito bem, preciso tomar um ar.

- O que está sentindo? – Ele perguntou, preocupado.

- Eu não sei exatamente... eu não consigo respirar direito e as minhas mãos tremem. E também estou sentindo minha pele queimar. – Revelei, omitindo o sintoma principal: a contração no peito, como se o coração fosse explodir de tão acelerado que pulsava.

- Nossa, será que você está com febre?

Ele se aproximou e tocou levemente a minha testa. Imediatamente foi como se todos os sintomas ficassem ainda mais fortes e evidentes.

- Se quiser tomar um ar, é melhor a gente subir essas escadas. O terceiro ou quarto andar não tem janelas, e provavelmente passa uma corrente forte de ar.

E então subimos os degraus, enquanto eu tentava regularizar minha respiração. Sem sucesso.

Chegamos ao lugar mais alto alto, e todo o ambiente era iluminado apenas pela luz do lado de fora. Não haviam paredes inteiras separando a sala ampla, e além da poeira não havia mais nada ali.

Nos aproximamos de uma parte aberta na parede, onde provavelmente haveria uma janela, e apoiamos as mãos no parapeito.

O céu completamente escurecido era preenchido por algumas estrelas, indicando que provavelmente não haveria chuva no dia seguinte.

Céu escuro... noite...

- Droga! – Exclamei. Já era tarde, muito tarde. Meu avô iria me matar!

- O-o que foi? Está sentindo alguma dor?

- Não, não é isso. É que... eu não avisei que viria aqui hoje. Estou perdido.

- E seus pais são muito bravos? Talvez você possa inventar alguma desculpa...

- Meu avô é muito, muito bravo. Você não faz ideia... Droga, como não pensei nisso? Ele vai me matar...

Segurei os fios de cabelo entre os dedos e fechei os olhos, tentando não surtar e procurando alguma solução.

- Mas você não pode conversar com ele? Ou com os seus pais. Talvez eles entendam que você quis sair com os amigos e esqueceu de avisar...

- Não, isso não é possível... é que... é uma longa história. – Ele me olhou um pouco confuso. - Eu fui criado pelos meus avós maternos. E meu avô não gosta muito de ter que bancar o “pai”.

- Seus pais...       

- Eles morreram em um acidente.

- Eu... sinto muito.

- Tudo bem. Eu era pequeno o suficiente para não me lembrar nem mesmo do rosto deles.

Enquanto eu ainda estava aflito com a minha situação, preso entre meus pensamentos preocupados, o silêncio se fez presente.

Jeongguk olhava para o lado de fora da janela, fitando o céu.

- E você... já se sentiu sozinho por causa disso?

- Por causa dos meus pais?

Abri um sorriso mínimo e um pouco melancólico. Realmente sentia falta de ter um pai para me aconselhar e uma mãe para me prender nos braços. No entanto, eu tinha a minha avó, que tentava me proporcionar tudo isso.

- Sim. Às vezes me sinto sozinho.

Durante a infância tudo havia sido mais difícil. As outras crianças sempre me questionavam sobre o fato de eu não ter pais, e eu sentia que era incompleto quando o dia das mães chegava e eu não tinha uma para presentear. Mas eu sequer sabia o que era uma mãe ou um pai, e a minha falta não era exatamente deles. Eu sabia, apenas, que deveria tê-los, já que todos os outros também tinham.

- Mas você não está mais sozinho, Jimin.

Me virei para ele e fitei seu rosto iluminado parcialmente.

- Você não arrumou a biblioteca sozinho e não limpou os banheiros e o quartinho da quadra sozinho. Eu, você e Hoseok estávamos juntos. Apesar de não estar muito empenhado no começo, acho que no fim ele acabou fazendo as tarefas mais difíceis. E eu... admito que sou um pouco chato – ele confessou rindo.

- Realmente muito chato! – Ri também.

- Mas... nós tentamos nos ajudar. Acho que isso é o mais importante. E, apesar de tudo, acho que acabamos nos aproximando. E tudo por causa de uma punição...

- Sim, é verdade.

Jeongguk ainda olhava para o céu. Na escuridão do ambiente suas íris escuras destacavam-se da pele clara e... dos lábios avermelhados.

Quando fechou os olhos, começou a cantar.

Inicialmente baixinho, e à medida que seus olhos se fechavam o refrão tornava-se dolorosamente audível.

Naquele momento tive a certeza de que aquela cena estaria gravada eternamente em meu peito descompassado.

Meu coração batia forte desrregulando o curso da minha corrente sanguínea, enquanto algo revirava em meu interior.

 Ver Jeongguk cantar assim, tão de perto, era quase insuportável, porque minha vontade era de poder guardá-lo em algum lugar onde só eu pudesse ouvir sua voz, como uma caixinha de música.

Ele movia os lábios delicadamente, e fixei meu olhar na região. Eu queria tocá-lo. Passar a ponta dos dedos pelo seu maxilar, a pintinha abaixo do lábio inferior, a pinta no pescoço, sua boca, e sentir na minha pele a textura da pele dele.

E foi o que fiz.

Em um ímpeto de coragem, lancei meu corpo à frente aproximando nossos rostos de forma que não pudesse mais voltar atrás. Selei os lábios de Jeongguk, enquanto ele ainda estava de olhos fechados.

Seus lábios eram macios, moldavam-se aos meus, e eu queria guardar em mim a sensação de ter a pele fina de sua boca envolvida pelo meu toque suave.

Jeongguk arfou, abrindo a boca minimamente. E foi assim que profundei o contato, deslizando minha língua para encontrar a dele timidamente.

Eu não era nenhum pouco experiente nisso. Mas queria tanto, tanto beija-lo desta forma, que meus desejos passaram por cima de qualquer receio. No entanto, Jeongguk protestou, colocando as mãos em meu peito e me forçando a se afastar.

Ele deu alguns passos para trás e analisei seu rosto ruborizado e os olhos arregalados.

Eu definitivamente estava ficando louco.

Em poucos segundos ele desviou o olhar do meu.

- Jeongguk! Cadê você?

Suga surgiu na porta, acompanhado pela garota de pele morena que havia lhe dado um beijo.

- O que estavam fazendo aqui? Faz tempo que estou te procurando.

- Seu irmão vai te levar em casa e em seguida voltar para me buscar. Vamos aproveitar mais um pouquinho por aqui antes de ir embora. Suga disse que você tem um compromisso amanhã, então precisa ir descançar, certo? – A menina se pronunciou pela primeira vez, revelando o sotaque e a dificuldade nas palavras mais complicadas.

Irmão?

- Tudo bem.

- Ué, não vai questionar? O que aconteceu? Geralmente você reclama quando tem que ir embora cedo. – Suga questionou.

E entãos eles começaram a descer as escadas, e eu fiquei para trás.

- Não esqueça de pegar um casaco mais quente quando voltar para me buscar, Yoongi. – Ouvi a voz da menina, no andar de baixo.

Yoongi? Quer dizer que... Suga era o apelido de Yoongi? Como eu fui idiota! Sentindo ciúmes do irmão de Jeongguk...

Desci as escadas daquela velha construção após alguns minutos, ainda incomodado com a constatação de que eu havia me tornado um ciumento idiota.

Quando me aproximei novamente do local onde as pessoas ainda dançavam incansavelmente, procurei por Taehyung. Eu já não estava com vontade de dançar. O acontecimento recente ainda fazia os pensamentos fevilharem em minha mente.

Taehyung estava sentado naquele velho sofá, acompanhado por Hoseok e os dois trocavam risadas escandalosas.

- Taehyung, eu estou perdido! – Eu realmente não sabia como voltaria para casa.

- Calma, Jiminie, se está falando sobre o seu avô e tudo o mais, já está tudo resolvido! Sua avó me ligou e-

- Minha avó ligou para o seu celular, e não para o meu?

- Ué, se você desaparece é porque provavelmente a culpa é minha. Ou melhor, a responsabilidade... seu menino irresponsável – ele brincou, bagunçando os meus cabelos. – A sorte é que você tem um amigo como eu, que inventa desculpas para salvar a sua vida.

- O que você disse para ela?

- Que você foi dormir na minha casa e esqueceu de avisar. Simples assim.

Senti o alívio atingir o meu corpo imediatamente. Agora eu poderia relaxar, sabendo que meu avô não estaria me esperando na soleira da porta com um semblante aterrorizante.

- Obrigado, Tae tae, você me salvou!

Ele sorriu largamente em resposta.

- Você vai com a gente, não é? – Taehyung perguntou para Hoseok.

- Meu pai não vai dar a minha falta. Mas eu preciso estar lá com a minha mãe, quando amanhecer...

Taehyung assentiu, sem protestar, como se já soubesse sobre o que Hoseok estava falando.

Então procuramos por Namjoon e nos despedimos antes de ir embora. Depois, é claro, de sermos obrigados a prometer que voltaríamos nos próximos encontros de Hip Hop.

 

 

“Aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.” – Nietzshe

 

 

 


Notas Finais


Finais: Suga maravilha: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/c7/b7/17/c7b717e694797a217624a70535796336.jpg

Faz tempo que eu queria usar essa frase do Nietzshe, aí né...

E não surtem ainda, esse foi só o primeiro beijo *aquela carinha*

https://ask.fm/Parkkouhai


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