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História Breads and Butter - Primeiro Capítulo


Escrita por: pamchristina

Notas do Autor


Quando somos crianças, histórias nos são contadas. E, por mais que nelas tenham acontecimentos tenebrosos que poderiam nos manter acordados a noite toda ou até mesmo com que molhemos a cama por ter tido um pesadelo, o final sempre é reconfortante e feliz por toda a eternidade. Mas, já parou pra pensar que esses finais nem foram sempre felizes e, para que um sorriso se formasse em nosso rosto quando a história chegasse ao "Fim.", alguma coisa deve ter sido omitida ou modificada? Eu, por exemplo, conheço uma história diferente sobre a boa e inocente Chapeuzinho Vermelho. Não estou dizendo que é a história verdadeira, é apenas o que me contaram. E eu posso te contar também. A menos que você tenha medo de tudo aquilo que você sempre acreditou ser completamente destruído por uma nova versão da menina boa e inocente. Está preparado? Pois muito bem, se acomode, pegue um copo d'água mas olha, nada de molhar a cama na hora de dormir.

Capítulo 1 - Primeiro Capítulo


 Era uma vez, uma garota que vivia em uma cidade pequena e característica da França. Se chamava Louise mas todos que moravam ali a chamavam de Chapeuzinho Vermelho por conta de uma capa com gorro que a mocinha costumava usar pelas ruas de Jupilles. Morava com a mãe, Juliet. Seu pai, Maurice, havia morrido quando a garota tinha penas seis anos. Morrido... era o que todos na cidade diziam mas o corpo de Maurice jamais havia sido encontrado. A última notícia que todos tem do homem foi que ele havia ido a floresta de Bercê, ao lado da casa onde Louise e Juliet moram juntas desde antes de o pai morre. Ninguém sabe o que realmente aconteceu com ele mas a avó de Louise, Eleanor, sempre disse a neta que o pai morreu atacado por um lobo que vivia na floresta. Ele morreu lutando com o grande lobo da floresta, disso eu tenho certeza, dizia Eleanor a neta, que repetia isso para todo mundo que fazia a estúpida pergunta do "E o seu pai, onde está?". 

O outono estava em sua segunda por ali, o vento já estava mais forte e o sol já começara a ficar raro por ali. Louise voltava da escola com a capa vermelha envolta no corpo e o gorro sobre a cabeça, a mochila nas costas deixava a garota ainda mais curvada. Ela abraçava o próprio corpo para se proteger do vento forte que estava tomando conta da rua. Ao chegar em casa, mal abriu a porta e ja foi tirando a mochila e a jogando no chão.

- Mãe! - exclamou a menina enquanto tirava a capa e pendurava sobre um gancho preso na parede. - Mãe!!! - pegou a mochila do chão e foi caminhando em direção a cozinha.  A medida que caminhava escutava a voz da mãe vindo do escritório, ela falava ao telefone. 

 Louise colocou a bolsa sobre o balcão da cozinha, onde havia uma cesta, a mesma que ela sempre levava a casa da avó quando mais nova. A menina ignorou o objeto e foi até a geladeira e pegou um pote de geleia, o pão ja estava sobre o balcão e Louise começou a preparar seu sanduíche. 
 

- Se eu fosse você desistia desse lanche. - a voz da doce e forte da mãe surgiu atrás de si. 

  - Mas eu to com fome, oras. - Louise jogou a faca dentro da pia e se virou para mãe enquanto comia o pão com geleia de framboesa vazando pelos lados. 
 

- Mas você vai tomar café na casa da sua avó hoje, não está vendo a cesta? - a mãe largou uns papeis que tinha em mãos sobre o balcão e serviu mais café em sua xícara já usada. 

  - Ah, é pra isso que essa cesta tá ai. - Louise se aproximou para ver o que tinha dentro da cesta. 

  - Sim, é apenas pra isso que essa cesta serve. - a mãe tirou o pão da mão da garota. - Sua avó está doente e eu preparei uns paeszinhos pra você levar a ela. Tem também manteiga e suco de laranja. 
 

- Hm e tá com um cheiro ótimo. - a menina ia pegando um pão quando levou um tapinha na mão vindo da mãe. 

  - Sim mas são pra sua avó. Nada de comer antes que ela te ofereça um, tenha modos Louise. 

- Eu sei, mamãe. Me desculpe. - ela deu um sorrisinho para a mãe. 
 

- Mas vá logo e volte antes que o sol se ponha, ouviu bem? - a mãe pegou os papéis que havia deixado no balcão. - Talvez eu não esteja aqui quando você voltar, tenho que resolver algumas coisas na cidade. 

- Vai me deixar sozinha de novo? - ela pegou a cesta sobre o balcão. 

- Você já é grande o suficiente para ficar um pouco sozinha em casa, não é mesmo?

- Mas não sou grande o suficiente para andar na floresta sozinha depois que o sol se põe. - resmungou ela.

- Louise... você vai querer falar sobre isso agora? - a mãe franziu o rosto e falou em tom de sermão.

- Não, mamãe. Acho melhor eu ir andando, o caminho pra floresta é longo. - a garota foi em direção a porta por sua capa novamente e a mãe a seguiu com a cesta na mão que foi entregue a Louise assim que ela se vestiu.

- Mande um beijo a sua avó e não se esqueça: sem desviar do caminho e nada de falar com estranhos. 

- Está bem, mamãe. Eu já sei. - a garota abriu a porta e foi caminhando em direção a floresta.
 

O caminho até a casa da avó de Louise era longo mas era muito calmo. A avó morava bem no meio da floresta então, o único barulho por ali era o dos passarinhos cantando ou então os de alguns veados passeando. A maioria das pessoas tinha medo da floresta por conta da lenda do lobo mau que vivia ali. Louise nunca teve medo, nem mesmo depois que o pai aparentemente foi assassinado pelo tal lobo. Chapeuzinho anda por ali desde que era criança e sabia todos os caminhos que davam para a casa da avó mas sua mãe odiava que ela desviasse de caminho, dizia que era "perigoso demais". Haviam outras casas ali na floresta, não muitas mas haviam. No caminho menos perigoso para a casa de Eleanor haviam quatro casas, contando com a da velhinha. Só uma estava ocupada, era a que ficava mais próxima da casa da avó de Louise, a casa do seu Thierre, ele tinha mais ou menos a idade da vovózinha e vivia sozinho mas passava pouquissimo tempo ali, ele ficava mais na casa do filho que morava em Paris. A outra casa ficava mais no começo da floresta, era uma casa abandonada há mais de vinte anos. Rumores diziam que um casal havia morrido nessa casa, o marido havia matado a mulher e, logo em seguida, havia se matado. A última vez que entraram lá foi para retirar os corpos e depois, nunca mais. A maioria diz que é mal assombrada e que o casal ainda vive ali. A ultima casa ficava no meio da floresta, era a mais linda de todas. A sala era de paredes de vidro, uma coisa maravilhosa e muito bem feita. Haviam flores em volta e uma árvore de maçãs em volta. Louise, sempre que era época, pegava umas e levava para a avó fazer sua maravilhosa torta de maçã. A casa do meio também estava desocupada há bastante tempo. Realmente, estava...
 

Quando Louise foi se aproximando da casa, viu que havia uma movimentação ali. Havia um caminhão pequeno no caminho e uns quatro homens estavam descarregando coisas. Louise desacelerou e ficou olhando por um tempo. A casa era tão linda e agora, a sala com paredes de vidro, estava decorada e com alguns móveis. Os homens iam do caminho até o interior da casa, Louise não havia encontrado quem seria o dono da moradia. 
 

- Que foi, garota? Quer ajudar a gente? - disse um dos rapazes que fazia o trabalho com tom de ironia a Louise que observava.
 

- Não, eu só estava olhando, posso? - disse ela sendo tão educada quanto o rapaz.

  - Não, não pode. Dá o fora vai. - ele sacudiu a mão nos ares sinalizando para que ela saísse. Louise mostrou a língua para o homem e saiu andando.

- Mal educado. - resmungou. 

 Enquanto caminhava, ela escutou um barulho entre os arbustos. Ela diminuiu o passo e ficou olhando para ver se descobria o que era. "É só um veadinho passeando", passou pela cabeça dela, tudo pra amenizar o pouco do medo que ela estava sentindo pois o barulho ficava cada vez mais forte. Ela começou a andar de pressa até que algo saiu do meio dos arbustos. Era um cachorrinho muito fofo e pequeno. Ele parecia estar perdido e com medo. Louise colocou a cesta no chão e se abaixou para fazer carinho no cãozinho. Ele se acalmou e se aproximou de Louise, permitindo que ela brincasse com ele. "Leroy" era o nome gravado na coleira dele. 
 

- Ah, você achou meu cãozinho. - uma voz forte ressoou atrás de Louise. Ela se levantou e se virou lentamente. Era um homem alto, forte, de cabelos grisalhos e óculos circulares. E bastante charmoso.
 

- Na verdade, ele me achou. - o cachorrinho correu até o dono que o colocou no colo enquanto Chapeuzinho falava. - Ele estava bem assustado. - ela pegou a cesta no chão.
 

- Mas não mais do que você, não é? - ele riu. Louise estava dura e um pouco sem graça com a presença do homem. - Tá tudo bem, eu não vou te atacar, tá? Sou um homem bom.
 

- Ah não, eu sei. Eu fiquei mais com medo do barulho que seu cachorro fez nos arbustos do que de você. Na verdade, não fiquei com medo de você. - ela sorriu.

  - Você não tem medo de homens estranhos na floresta? - ele indagou.
 

- Não, por que teria? - ela arqueou a sobrancelha.
 

- Não sei... eu poderia ser um maníaco que queria te sequestrar e cozinhar, não é? - ele riu. 

  - Ah, muito engraçado você. - ela deu de ombros. - Bom, eu tenho que ir. Tchau, cachorrinho. Tchau, senhor. - ela se virou e seguiu seu caminho. 

  - Tchau, Chapeuzinho Vermelho.  - ela parou ao ouvir isso e virou-se para o homem. 

  - Do que me chamou? - ela voltou até ele.

  - Chapeuzinho Vermelho... por causa do capuz vermelho, oras. Você não gostou? - ele franziu a testa. 
 

- Não, é que... eu gostei sim. - ela riu. - Meu nome é Louise. - ela estendeu a mão em cumprimento. 
 

- Eu me chamo Gerard, muito prazer. - ele respondeu ao cumprimento. - Eu acabei de me mudar para aquela casa ali. 
 

- Ah então você é o novo morador? Meus parabéns. Aquela casa é lindissima. - disse a garota com entusiasmo. 

  - É mesmo, você tem que ver por dentro... por que não me visita um dia desses, quando você não tiver ocupada? - ele sorriu. A garota sorriu de volta e levantou a sobrancelha.

 - Claro, será um prazer. - ela concordou com a cabeça. 

  - Ótimo. - ele deu um sorriso charmoso. - Leroy e eu estaremos te esperando para uma xícara de chá qualquer dia desses. Foi um prazer conhecê-la, Chapeuzinho.

  - O prazer foi meu, senhor Gerard. - a garota acenou e saiu andando. A garota sabia que não deveria falar com estranhos mas o que um homem educado e gentil como Gerard poderia fazer, não é mesmo?

  Mais uma boa caminhada e Louise chegou na casa da avó. O lugar era cercado por flores e alguns pinheiros, algo muito bonito e meigo. Chapeuzinho bateu na porta e gritou:

- Vovó, sou eu.

- Entre querida, a porta está aberta. - Louise entrou e colocou a cesta no chão para pendurar a capa em um gancho ao lado da porta. 
 

- Vovó? - ela chamou.

- Aqui na cozinha, meu anjo. - a velha disse com uma voz meiga e tremula. 
 

- Oi, vovó. - Louise colocou a cesta sobre a mesa e deu um abraço na avó. - Como a senhora está se sentindo?
 

- Ah querida, eu estou um pouco melhor. Tomei uns chás hoje pela manhã e melhorei. - ela sorriu para neta. - Mas sente-se e me deixe ver o que sua mãe mandou nessa cesta. - A mulher abriu a cesta e retirou os pãeszinhos, manteiga e suco e os colocou sobre a mesa. - Ah, os pãeszinhos da sua mãe são tão deliciosos. - ela sorriu para a neta. - Hm, adivinha o que eu acabei de tirar do forno? 
 

- Uma torta de maçã. - Louise disse sorrindo.

  - Ah, como adivinhou? - Eleanor pegou a torta em cima da pia e colocou sobre a mesa. 

  - Como eu não ia adivinhar com esse cheiro maravilhoso? - a garota sorriu entusiasmada. 

  - Ah, você é um amor mesmo, querida. - disse a avó sentando-se com a neta. - Mas por favor, sirva-se e me conte como estão as coisas. - ela colocou um pouco de chá em uma xícara. 
 

- Está tudo ótimo, sem muitas novidades. Mamãe está trabalhando horrores e eu já não aguento mais escola. O mesmo de sempre. - ela comeu um pedaço da torta. - Hm, a senhora sabia que tem um novo morador na floresta?

- Ah é? E em qual das casas? Não me diga que é a mal assombrada! - a velha arregalou os olhos.
 

- Não, vovó. É a segunda casa no caminho pra cá. Aquela bem linda e chique, sabe? 
 

- Ah sim. - comeu um pedaço de pão.  - E quem é? Uma familia, uma pessoa?

  - Um homem meio velho e um cachorrinho. Bom, pelo menos só vi eles. - tomou um gole de suco. 

- Ah. Você falou com ele? - ela olhou desconfiada para a neta. 

- Não, vovó. Eu não falo com estranhos. - comeu mais um pedaço da torta. 

- Ah sim, muito bem. Nunca dá pra saber com o que estamos nos metendo, viu? 

- Eu sei, vovó. Eu sei. - Louise sorriu meio nervosa. As duas conversaram mais um pouco e terminaram de tomar café. Quando o relógio bateu cinco horas, Louise se levantou para ir embora. 
 

- Querida, obrigada por vir, eu amei a sua visita. - disse entregando a cesta para a neta. - Coloquei um pedaço de torta pra você dar a sua mãe. Mas para a sua mãe, entendeu? - Eleanor riu.

  - Sim, vovó. - a garota riu também. - Entendi. Agora vou indo, antes que escureça. - as duas se abraçaram e se despediram. 
 

- Até logo, minha querida e não se esqueça: não fale com estranhos. 
 

- Tchau, vovó. - Louise colocou o capuz na cabeça e saiu floresta a fora, de volta para a casa. 
 

No caminho de volta para a casa, Louise passou em frente a casa de Gerard. As luzes da sala estavam acesas, dava pra ver Leroy sentado no sofá, olhando pelo vidro. De repente, Gerard apareceu e viu Louise olhando, ele acenou para ela e fez um sinal pedindo a ela que esperasse ali. Chapeuzinho aproximou-se da porta e esperou o homem aparecer. 
 

- Oi Louise. - ele surgiu na frente da casa, sorridente. - Está voltando pra casa?
 

- Estou sim, estava na casa da minha avó. - ela sorriu. - Ai foi ótimo te ver de novo mas eu preciso ir antes que escureça. 
 

- Aonde você mora? - ele perguntou.
 

- Duas casas depois da entrada da floresta. Tenho um caminho longo pela frente. - ela sorriu.
 

- Quer que eu te leve de moto? - ele fechou a porta da casa. 

  - De moto? Não é... não quero incomodar. - ela disse, sem jeito.

  - Não é incomodo. Espere aqui, tá bem? - ela assentiu com a cabeça e esperou. Em menos de dois minutos Gerard estava de volta, montado numa moto como aquelas que os motoqueiros tem. - Vamos, suba. Eu prometo não ir correndo. 

  - Tá bem. - ela sorriu e foi subindo na traseira da moto.  Ela prendeu a cesta no braço e segurou em Gerard. 
 

- Segura firme, viu? - ele acelerou. A barriga de Louise estava gelada e coração acelerou. Ela estava com medo mas se sentia segura sendo levada por Gerard. Em alguns minutos eles chegaram ao final da floresta e Gerard parou. - Aonde fica sua casa? - ele se virou pra menina que estava com as unhas presas em seu casaco.
 

- Numa casa aqui do lado mas pode me deixar aqui, só vou ter que dar quatro passos. - ela desceu da moto, ajeitando a capa.

- Tem certeza? - ele disse olhando fixo nos olhos da menina. 

  - Tenho. Muito obrigada por me trazer até aqui, Gerard. Foi muita bondade sua. - ela sorriu.

- Não há de que. - ele sorriu também e os dois ficaram se encarando por alguns segundos.  - Ei, o que você vai fazer amanhã? - perguntou ele, entusiasmado. 

- Provavelmente vou a aula e depois vou ficar fazendo meu dever de casa, por que? - ela não entendeu o por quê da pergunta. 

- Ia falar pra você ir até minha casa e eu te mostrar como ela é por dentro, se você quiser, claro. - ele sorriu.
 

- Ah, eu ia adorar. Eu posso ir lá por volta das quatro horas? - ela disse mas uma voz na sua cabeça dizia que o que ela fazia era errado mas ela não se importava, a vontade de estar perto de Gerard estava ficando maior que isso. 

  - Claro, é perfeito. Então, nos vemos amanhã? - ele estendeu a mão pra ela. 

  - Amanhã. - ela ignorou a mão dele e deu um beijo em sua bochecha. - Boa noite, Gerard.

  - Boa noite, Louise. - ele disse meio congelado mas com um sorriso em seu rosto. A garota saiu andando em direção a sua casa e ouviu a moto de Gerard arracando de volta pra floresta.

  A cabeça de Louise estava a mil e ela não consegui parar de pensar. Uma voz dizia que ela não devia fazer aquilo mas pra ela era como se não existisse a voz do "não faça" e somente a do "faça o que tiver vontade". E era exatamente isso que ela estava fazendo.

Eu sei que o que eu estou fazendo é errado, eu mal conheço esse homem e já vou visitar a casa dele mas é inevitável, sabe? Parece que eu conheço ele há muito tempo e eu sinto uma necessidade enorme de estar perto dele. E qual o problema? É se falando com estranhos que eles deixam de ser estranhos, não é? E o que ele poderia fazer, me devorar inteira?  


Notas Finais


Espero que tenha gostado e esteja ansioso por mais.


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