História Breaking Rules - O Primeiro

– Não sei como ele ficou sabendo. — Jimin falava enquanto caminhava de um lado para outro. Passava as mãos a cada segundo nos fios alaranjados.

– Calma, Jimin! — Yoongi tentou acalma-lo mas parecia ser inútil. Park sentia ódio e nervosismo ao mesmo tempo, estava determinado a descobrir quem falou sobre ele e Jungkook. 

– Calma por quê? Você ouviu o que eu disse? Algum filho da puta contou para o meu pai sobre o Jungkook. — ele ficou de frente para o loiro e arqueou as sobrancelhas quando não obteve resposta nem expressão vinda do outro. 

– Você tem ideia de quem fez isso?

– Yoongi, se eu soubesse nem estaria aqui conversando com você. Provavelmente eu já teria arrancado a cabeça do desgraçado. — pareceu rude mas Yoongi não se ofendeu.

– E você já parou pra analisar o quão desesperado está? Jimin, não precisa disso tudo por causa dele. 

– Eu tenho um bom motivo pra estar assim. — abaixou a cabeça mas rapidamente ergueu a mesma. – Não sei o que fazer. Não faço ideia de quem fez isso. 

– Provavelmente o Shownu. Ele te odeia então não seria uma má ideia falar sobre suas companhias. — tentou argumentar.

– Shownu não perderia o tempo dele pra ir até o meu pai. Tem que ter outra pessoa. — sua mente buscava lembranças de alguém que fosse suspeito. Alguém que talvez estivesse sempre ao seu lado no dia a dia e que sabia sobre Jungkook.

– Você está indo longe demais...

– Qual é o seu problema, Yoongi? — colocou as duas mãos na cintura e observou o outro suspirar e desviar o olhar de si para o chão. Jimin percebeu sua tentativa de evitar que ele constatasse alguma coisa e então se aproximou do loiro, tocando um dos seus ombros. – Preciso da sua ajuda. Quero que converse com o Jungkook até descobrirmos quem foi o desgraçado que abriu a boca. Me entende?

– E o que quer que eu diga? — voltou a encara-lo firme. 

– Fale que por enquanto vamos nos encontrar na academia de dança, já que somente ele tem a chave.— afastou do amigo e continuou o encarando. – Diga que hoje mesmo quero ver ele. Provavelmente você vai encontra-lo na biblioteca. Pedi pro Hoseok avisar à ele que estaria lá, mas não vou poder. Tem como fazer isso?

Yoongi semicerrou os olhos por alguns instantes até abaixar o olhar para o chão novamente. Ele tinha razão: Jimin estava ficando obcecado pelo garoto e parece que não havia conselho que o ajudasse a sair dessa. Mas não era só isso. Park estava se afastando de suas atividades no instituto, já que o mesmo é líder, não só do clube de futebol, mas do colégio também. Suas obrigações ali eram outras e ele devia seguir essas normas. 

Após alguns segundos mirando a madeira do chão, levantou o olhar até encontrar Jimin parado em sua frente com o cenho franzido. Ele podia negar e dizer que seria melhor se ficasse mesmo longe de Jungkook, porém quem estava lhe pedindo era o seu melhor amigo. Aquele que desde o princípio guardou suas reclamações e o manteve firme em qualquer situação. Aquele que ele amou independente das tragédias e decepções. Não tinha força parar lhe negar algo.

– Tudo bem. — Park alargou o sorriso com a afirmação. – Farei isso por você, Jimin. Mas ainda acho uma péssima ideia investir nisso sabendo que existe alguém de olho em vocês dois.

– Não se preocupe. Só vai durar até eu descobrir quem contou para ele. — aproximou de Yoongi e este prendeu a respiração. – Eu não sei o que seria de mim sem você. Sério, tudo que faz por mim terá uma grande recompensa no final. Eu prometo.

– Não me prometa nada, Jimin. — respondeu firme. – Já basta todas as promessas que fez no passado e até hoje não conseguiu cumprir.

Park abriu a boca minimamente mas não de surpresa e sim por se recordar de suas memórias. Por quê Yoongi estaria lembrando disso agora? 

O loiro passou ao seu lado sem lhe dirigir qualquer palavra. Preferia sair dali do que permanecer forçando um passado incrédulo e sem importância. O ruivo continuou estático em seu lugar tentando distinguir tudo o que Min havia falado. Não demorou muito e ele virou o olhar na direção de Yoongi, o vendo se aproximar da porta.

– Não vai. — assim que ouviu o pedido de Jimin, o loiro encerrou os passos de costas para o mesmo. – Por favor!

– Você pediu para que eu falasse com o Jungkook, estou indo fazer isso. — respondeu ainda virado de costas. 

– Yoongi, olhe para mim. — pediu e o outro não ousou se mexer. Então resolveu caminhar até ele. Assim que chegou perto o suficiente, segurou seu ombro fazendo o mesmo girar para que ficasse de frente à si. – O que houve?

– Jimin--

– Me fala! — pediu novamente.

– Você nem se importa mais. Sério, eu estou no seu lugar como capitão mas quem deveria orientar aquele time é você. — falava determinado e Park escutava tudo com atenção. – Eu não tenho potencial para ser líder. Você nasceu com isso, Jimin. Mas parece que o mais importante é esse Jungkook. Um garoto que nem sequer você conhece, apareceu assim do nada e você já está louco pra fode-lo. Não muda nunca, não é?

– Seu problema é o título de líder ou o Jungkook? 

– O que você acha? Eu me preocupo com você. — evitava o máximo de tentativas para não falhar quando falasse alguma coisa. – Eu não tenho nada contra o Jungkook, mas é ele que te faz fugir das coisas. Em duas semanas vai ter o campeonato e você nem sequer treinou ainda. Aposto que nem sabia sobre isso.

– Sim, eu sabia. — suspirou antes de prosseguir. – Eu estou preparado para o campeonato por isso não tenho tanto receio. Sei que pode permanecer no meu lugar como capitão por um tempo e pode orientar as coisas sem minha presença. Eu confio em você, Yoongi. Amanhã mesmo eu volto a treinar, tudo bem? Mas preciso que continue no meu lugar por agora.

– Não muda o fato que eu teria que continuar no seu lugar mesmo. — finalmente Park sorriu. – Bom, eu tenho que ir. Te vejo amanhã? 

– Claro. — acenou com a cabeça e o mesmo virou-se para a saída. Antes que pudesse sair Jimin o chamou mais uma vez e ele o encarou. – E não, eu não quero transar com o Jungkook só pra constar.

(...)

Jungkook raspava os dedos na superfície dos livros que ficavam no suporte de madeira e ia caminhando por toda extensão do corredor. Descontinuou assim que avistou um dos seus romances favorito. Pegou o livro nas mãos e abriu em uma página aleatória, lendo mentalmente o que estava escrito.

"Em vão tenho lutado comigo mesmo; nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e preciso que me me permita dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente."

Fechou rapidamente o livro e arregalou os olhos. Sentiu o coração falhar uma batida e depressa pousou a mão direita na região. A mente obrigando-lhe a pensar em um único motivo para ter tantas dúvidas, a única pessoa que foi capaz de fazê-lo ter incerteza se o errado está certo. Jimin quebrou todas as suas barreiras que ele tinha achado que construiu. 

Quando se interessou para entrar no instituto, jamais pensou em ter toda essa proximidade com alguém, especificamente com o filho do diretor. Principalmente agora que ele sabia para onde as coisas estavam andando. Ele sabia que Jimin iria beija-lo naquele momento que estavam sozinhos em seu quarto, por isso tentou se sair usando Shownu como interferência. Tinha ficado com medo e nervoso.

Era inevitável para de pensar no ruivo, em suas carícias, em tudo que se submeteu a fazer para lhe ajudar. Tudo havia se tornado mais amplo e forte. Talvez naquele instante ele também quisesse ser beijado por Park mas tinha medo de falhar ou fazer errado. Provavelmente Jimin já teria desistido dessa possibilidade, visto que Jungkook parecia uma garotinha com medo do escuro. Não queria dizer à ele sobre seus sentimentos por receio de acabar perdendo sua amizade, até porque ela é a única coisa importante para ambos. E se for para deixar as coisas andarem de maneira correta, Jungkook fará isso.

Entretanto tudo estava começando a se tornar difícil. A vontade de estar perto do veterano e toca-lo no rosto o consumia constantemente, o desejo de inalar o cheiro doce que Jimin emanava era uma vontade que Jungkook sentia desde o momento que o viu. Sabia que não podia fazer isso, pois não podia deixar claro suas vontades e precisava evitar agir de maneira estranha. Apesar de que Jimin já demonstrava atitudes diferentes. Uma diferença boa. Nunca pensou que talvez pudesse estar... apaixonado. Apaixonado por um garoto. 

Ouviu a porta bater e pensou que Jimin já devia ter chegado. As mãos começaram a suar involuntariamente, o coração acelerando sem comando, ficou nervoso com a expectativa de estarem sozinhos naquele ambiente silencioso. Colocou o livro de volta na prateleira e retornou para a sala. Assim que avistou a figura de Yoongi parado na biblioteca, franziu o cenho e caminhou até ele. O loiro, por sua vez, continuou centralizado no mesmo lugar.

– Pensei que fosse o Jimin. — se pronunciou enquanto aproximava-se. 

– Ele não vem. — respondeu devagar e constatou a expressão questionadora do outro. – Na verdade eu só estou aqui porque ele me pediu. 

– Aconteceu alguma coisa? 

– Não. — deu uma última analisada em Jungkook antes de andar até uma mesa próxima da dupla. – Ou sim. Aconteceu uma coisa mas nada sério. É por isso que estou aqui.

– Estou ficando curioso, Yoongi. É algo com o Jimin? — sentou em sua frente. 

– Com vocês dois. Alguém falou para o diretor sobre a amizade de vocês e provavelmente inventou muitas coisas ao seu respeito, por isso o Jimin não veio. Ele não quer ser visto com você até descobrir quem fez isso. — aconchegou-se na cadeira. 

– Quem poderia ter feito isso? — perguntou incrédulo. – Digo, não fizemos nada demais para ele proibir o Jimin de me ver. Não faz sentido.

– O diretor é muito fácil de se levar por boatos, vai se acostumando. — observou o outro abaixar o olhar para os próprios dedos que batiam em cima do colo. – Você tem a chave da academia de dança?

– Tenho sim. Por quê? — levantou a cabeça em súbito com a pergunta mas sem entender.

– Jimin quer continuar se encontrando com você lá. — Jungkook abriu um sorriso largo, portanto abaixou o olhar novamente para impedir que Yoongi estivesse visto. Mas este captou muito bem a reação do garoto. – Ele quer te ver hoje. 

Jungkook sentiu que seu coração fosse sair pela boca. Estar em um ambiente escuro e silencioso somente ele e Jimin o fazia questionar se isso o deixaria confortável ou nebuloso. Mas não se atreveria a negar isso vindo diretamente de Park. Queria vê-lo. Precisava vê-lo.

– Obrigado, Yoongi. — agradeceu baixo e o outro assentiu com a cabeça.

– Não sei o que está acontecendo entre vocês dois mas espero que não seja como os outros. — Jungkook mantinha os olhos presos nele sem perder qualquer linha de palavras. – O Jimin se demonstra forte mas ele é sensível. Sente medo, se assusta facilmente e gosta de coisas que o pai dele considera inaceitável para um garoto.

– Você parece conhecê-lo muito bem. — respondeu depois de longos minutos em silêncio. – Não se preocupe, não está havendo nada entre a gente. Somos apenas bons amigos.

– Que seja. — coçou a garganta e voltou a encarar o moreno. – Isso não vai acabar em amizade mesmo.

Antes que pudesse responder a porta do biblioteca foi aberta e Taehyung entrou apressadamente sem se dar conta de quem estava lá. No mesmo instante que viu os dois sentados em uma mesa ao lado, ele estagnou e tentou inutilmente se explicar.

– Desculpe. Eu... eu--

– Tá bom, Taehyung. — o loiro sorriu um pouco de lado com a situação.

– E-eu vou pegar um livro. Não se preocupem comigo, tudo bem? — passou o tato pelos fios avermelhados antes de se retirar. Jungkook firmou o olhar em Yoongi, que mantinha-se preso nos passos de Tae. Devolveu-lhe o olhar assim que percebeu o moreno o encarando receoso.

– Ele parece estranho. — finalmente proferiu depois de pouco tempo analisando o outro.

– Deve ser o estresse. — rebateu. – Mas mudando de assunto, preciso que não comente com ninguém o que conversamos aqui, certo?

– Eu não faria isso. — replicou. – Diga para ele que daqui a pouco eu estarei lá. Agora eu preciso falar com o Taehyung.

O loiro assentiu antes de levantar e caminhar até a saída do biblioteca.

Jungkook ansiava mais que tudo para ver Jimin, entretanto, ele não deixaria Taehyung sozinho naquele lugar sem ao menos saber da justificativa de estar tão diferente. Pelo menos era isso que o garoto demonstrava.

Sem hesitar, caminhou até os corredores mas não enxergou Taehyung em nenhuma parte dali, então continuou andando. Em um local distante de si, ele observou o garoto sentado no chão com as duas mãos na cabeça. Balançava-se para frente e para trás rapidamente. Jungkook pausou antes de prosseguir. Queria ter certeza se deveria ir até ele e conversar, visto que o mesmo parecia nervoso e completamente esquisito. Ao perceber que o garoto havia se acalmado, continuou o caminho. Sentou-se ao seu lado e ergueu os joelhos em direção ao rosto e abraçou os mesmos. Taehyung verificou a presença de Jungkook e ambos continuaram em silêncio.

– Não vai falar nada? – se pronunciou. A voz saía baixa e engasgada.

– Às vezes ficar em silêncio ajuda sua mente a pensar melhor. – pousou os olhos no rapaz que continuava a encarar o chão. – Quando eu te vi entrar daquele jeito imaginei que não seria pra pegar algum livro. Você só queria fugir dos problemas vindo pra um ambiente escuro e sigiloso, pois aqui você pode ficar sozinho.

– Como sabe disso tudo? — finalmente encarou Jungkook.

– Eu sou assim, Taehyung. — voltou a fixar o olhar no chão. – Quando quero fugir apenas me escondo em um lugar com este, assim posso gritar e conversar comigo mesmo mentalmente.

– Isso parece ser deprimente. — Jungkook voltou a verificar o rosto do garoto e constatou uma diferença no olhar do mesmo.

A expressão que antes Jungkook julgava ser a mais esperançosa e vivente, realçava cansaço e tristeza, os olhos vermelhos e com olheiras abaixo delas, o suor escorrendo da testa até a curvatura do pescoço e o mais importante: ele passava a mão a cada segundo no nariz. Jungkook queria perguntar o que houve com ele mas tinha medo de parecer intrometido. Realmente, ele não sabia o que fazer para entender a aparência horrenda de Taehyung.

– Como você está? Depois que saiu dá enfermaria eu nem pude te ver normalmente. — Taehyung finalmente quebrou aquele silêncio infernal. Porém, receava que esse não fosse um bom momento para a pergunta.

– Estou bem. Acho que não demonstro isso por fora mas por dentro eu estou melhor. — o outro sorriu.

– Não sei ao certo o que aconteceu com você. Sabe, o Jimin não quis me contar mas ele me disse que tinha se machucado forte. Pensei que estivesse sido no treino. — Jungkook acenou com a cabeça.

– É, eu não irei jogar mais. — o outro não respondeu mas acenou. – Está tudo bem?

– Sim, é só o colégio mesmo. Por quê? — tentou argumentar.

– Você parece--

– Não é nada, Jungkook. — desviou do olhos negros. – Isso aqui está ficando quente demais, não quer ir ao refeitório comer alguma coisa?

Jungkook tinha certeza que o rapaz estava mentindo. Ele não estava bem de maneira alguma, apenas fingia estar. Parecia estranho em todos os sentidos. Nunca havia tratado Jungkook com indiferença e muito menos demonstrava a aparência tão desgastada. Queria ajudá-lo mas não sabia por onde começar e nem como iniciar isso. Então, sua única opção seria deixar Taehyung cuidar disso sozinho, independente de quaisquer problema que estivesse tendo no momento.

– Vou resolver um negócio agora, mas nos vemos amanhã.

(...)

A pouca luminosidade da academia deixava tudo mais aceitável. A música baixa, pequenos objetos jogados no chão e um vento agradável que entrava pela janela de vidro. A mesma tinha uma vista para a cidade de Busan. Os grandes prédios iluminados, as pessoas andando pela ponte que atravessava o mar estreito, fazia o ruivo gravar todos os mínimos detalhes e admira-los com satisfação. Jimin amava ficar parado ali observando a cidade quando anoitecia. O único defeito era a grade que ficava do lado exterior, claramente ideia de seu pai.

Não percebeu quando a porta foi aberta e Jungkook entrou. Este analisou Jimin virado de costas diante de uma janela de vidro praticamente do seu tamanho. Andou lentamente mas um rugido na madeira fez Park virar a cabeça por cima do ombro e observar quem estava atrás de si. Virou-se para ficar de frente a Jungkook e sorriu. O mesmo havia paralisado no meio da sala com as mãos dentro do casaco claro.

Usava uma calça preta e uma blusa cinza acompanhada de um casaco bege que seguia até os joelhos. O frio se manteve presente naquela noite. Park desceu o olhar até o peito alheio e constatou o mesmo subir e descer em um ritmo acelerado. Aproximou-se alguns passos até ficar perto do garoto e estendeu uma das mãos. Jungkook desceu o olhar para o ato e ficou observando aquela mão esticada para si, logo em seguida ergueu o olhar para Jimin e o mesmo sorriu.

Então ele agarrou sua mão, entrelaçando no mesmo instante.

Jimin caminhou com ele até a janela sem pronunciar qualquer palavra. Posicionou Jungkook em sua frente e ficou logo atrás do moreno. Jeon se encantou com a perfeição que vira. A cidade completamente iluminada e o céu com poucas nuvens amostra por consequência do tempo nublado. Sentiu as mãos do ruivo em sua cintura e uma proximidade acolhedora. A parte abdominal tocando suas costas de um jeito profundo. Jimin tinha a mesma altura de Jungkook, apenas alguns centímetros mais baixo, porém isso não impedia de ficarem quase do mesmo tamanho.

Encostou o nariz na nuca do novato e este fechou os olhos com o contato. Sem demora, Park raspou os lábios na pele sensível do outro, fazendo o mesmo abrir minimamente a boca. Jungkook colocou suas mãos sobre as de Jimin e este não perdeu a oportunidade de abraça-lo por trás. Seus braços rodearam a cintura do garoto e Jungkook pôs seus braços por cima dos dele.

– Consegue ver? — Jimin sussurrou na nuca do outro e ele abriu os olhos para olhar novamente a cidade. – Olha o quão lindo a nossa cidade é. Aposto que nunca assistiu isso de cima.

Jungkook não conseguia falar nada. Não sabia se podia se concentrar na beleza da cidade ou nos braços de Jimin envolvidos em sua cintura. Park colocou o queixo em seu ombro e Jungkook sentiu vontade de virar o rosto, mas conteve esse desejo. Sentia a respiração de Jimin, o cheiro doce que emanava, o toque de suas mãos. Tudo o que sempre desejou sentir. Talvez estivesse sendo um erro gostar disto mas para ele as consequências eram só mais um problema que tentaria resolver.

Sem demora, Jimin girou o moreno lentamente e este ficou de frente para si. O contato de seus olhos tão próximos fazia Jungkook arrepiar da cabeça aos pés. Jimin tinha o poder de deixa-lo sem reação apenas com um toque ou palavra. Não sabia ao certo identificar o que sentia com tudo aquilo mas não queria parar. Estava sendo bom demais tê-lo ali tão perto de seu corpo.

– Entende o porquê de eu querer conversar com você aqui? — Jimin falava baixo como se alguém fosse ouvi-los.

– Yoongi me contou tudo. — respondeu no mesmo tom. – Não sei o que dizer a respeito disso.

– Pelo menos aqui não seremos vistos. — Jungkook assentiu. – Eu queria tanto de ver depois do que aconteceu.

– Eu estou bem e dormi bem, graças a você. — sorriu. – Acho que os pesadelos só aparecem quando tenho medo.

– E você está com medo?

– Não quando estou com você. — desviou dos olhos de Jimin e encarou o chão.

Park sorriu.

Achava adorável quando Jungkook evitava demonstrar algo para ele. Por Deus! Ele só queria ficar perto do garoto e cuidar. É tão errado pensar assim? Jimin queria ficar por perto até quando não fosse preciso. Queria estar lá quando Jungkook precisasse de sua companhia, quando estivesse assustado, nem que fosse para assisti-lo adormecer. Ele finalmente entendia que toda essa perturbação se resumia em paixão. Ele estava apaixonado.

Com o dedo indicador, levantou o rosto de Jungkook para que pudesse vê-lo. Sorriu ao perceber que o mesmo estava corado. Seu olhar desceu até os lábios alheios e prendeu a visão naquela boca rosada e um pouco úmida por consequência da saliva. Ele devia ter um sabor incomparável.

– Lembra que me perguntou o que eu ia fazer com você quando me aproximei daquela forma? — indagou e Jungkook se espantou com a pergunta.

– Eu... — tentou formular a frase antes de falar qualquer coisa que decepcionasse Jimin. – Eu acho que sei.

A mão que antes estava no queixo, encaminhou até a bochecha direita e acariciou a mesma sem pressa. Jimin passou a língua entre os lábios e Jeon olhou para o ato se perdendo aos poucos naquela ação. A outra mão que ainda estava na cintura apertou ainda mais a região e o trouxe para perto de seu corpo. Jungkook fechou os olhos involuntariamente, estava com medo e ansioso. Jimin, por sua vez, foi se aproximando aos poucos até sentir a respiração do outro mais forte. Ele percebeu o nervosismo de Jungkook e tentou conforta-lo.

– Você quer? — estava poucos centímetros de distância do garoto e este sentiu o ar quente se chocar em seus lábios. Jungkook não conseguiu responder por alguns segundos, estava tentando formular aquela pergunta.

– Nunca fiz isso antes, tenho medo de errar. — a voz saía embargada.

– Não existe uma maneira certa pra isso. — Jungkook abriu os olhos para observa-lo. – Só deixe acontecer.

As dúvidas invadiram a mente do garoto mas ele queria. Estava sendo uma luta entre o certo e o errado. Ele já tinha se aprofundado completamente no errado apenas por estar apaixonado por Jimin, então beija-lo ou não agora, não mudaria os seus sentimentos.

– Quero!

Sem hesitar, Jimin sorriu antes de colar seus lábios nos de Jungkook. O toque macio de suas bocas faziam ambos os corpos sentirem um turbilhão de sensações percorrendo suas veias. Park abriu lentamente a boca e Jungkook o acompanhou. Não sabia como reagir em um momento como esse mas agiria da mesma maneira que Jimin.

O ruivo deu passagem para que a língua percorresse na boca alheia e Jungkook sentiu um frio na barriga ao perceber aquele músculo quente entre seus lábios. Usou a própria língua para que fizesse o mesmo trabalho mas não sabia como usa-la, só deixaria que Park conduzisse. Jimin virou a cabeça para o lado direito e Jungkook entendeu que deveria virar para o lado oposto. Assim que fez, a facilidade do beijo se tornou mais acolhedora. Seus lábios se encaixavam perfeitamente.

O gosto doce que Jungkook tinha era tão delicioso que o veterano podia passar horas sentindo aquele sabor na sua boca. Não era diferente com Jimin, o mesmo tinha um gosto único, talvez o único que Jungkook provaria em toda sua vida.

Sentiu a mão do ruivo apertar sua cintura e a outra que antes estava na bochecha do moreno, descer para o outro lado de sua cintura. Jungkook enlaçou os dois braços no pescoço de Park, e este uniu ainda mais os seus corpos. As costas do rapaz se chocou de leve na janela de vidro, não muito forte, apenas para ficar apoiado.

O vento abraçava seus corpos e os cabelos voavam de vez em outra por decorrência do toque gélido da brisa lá fora. Jungkook apresentava um conforto inimaginável aos braços do outro. Não podia negar que seu primeiro beijo foi melhor do que imaginava que seria. Jimin transbordava tantas sensações entre o beijo, que Jungkook podia sentir algo apertar seu coração com tamanha força com o objetivo de esmaga-lo.

Com o passar do tempo ambos estavam se sentindo confortável com o contato de seus lábios. O ritmo do beijo era tão indescritível que os dois sentiam como se fossem desabar nos braços do outro. Jungkook colocou os dedos entre os fios alaranjados e acariciou aquela região tão característica de Jimin. O ruivo sorriu entre o beijo.

Em vez e outra, eles viravam a cabeça para um lado e o outro contornava para o lado contrário. Ficaram assim por alguns minutos, ambos sentindo o sabor de seus lábios. O ritmo foi diminuindo e Park puxou o lábio inferior do garoto entre os dentes, mas de leve para não machuca-lo. Depois que fez, depositou um selinho consideravelmente demorado na boca do moreno. Afastou-se um tanto de Jungkook e observou o mesmo com os olhos fechados, mas não demorou muito até abri-los.

Jimin sorriu ao ver a boca vermelha e molhava de Jeon devido ao beijo quente que trocaram. O moreno rapidamente escondeu seu rosto na curvatura do pescoço de Jimin. Este não perdeu a oportunidade de abraça-lo forte.

– Você beija muito bem pra quem nunca fez isso antes. — Park falou e sentiu os dentes de Jungkook rasparem seu pescoço. Ele estava sorrindo.

– Não quero sair daqui. — a voz saía abafada.

– Quer dormir aqui? — questionou e Jungkook ergueu a cabeça para observa-lo com incerteza.

– Mas não podemos...

– Só quero poder ficar com você a noite toda. — Jungkook sorriu e Jimin não hesitou em selar seus lábios.

Desta vez o beijo foi mais conhecido e bem vindo. Jungkook não teve receio de beija-lo de novo e retribuiu o contato. Suas bocas abrindo para que as línguas pudessem desenrolar perfeitamente. Antes de se separar, permaneceram com os lábios grudados.

– Jimin... — o chamou entre o beijo e este respondeu um "hum" afastando-se logo depois. – Acha que foi alguma pessoa conhecida que contou sobre a gente?

– Vou tentar descobrir quem fez isso. Por enquanto preciso me encontrar com você aqui. Não se importa, não é? — franziu o cenho esperando uma resposta.

– De maneira alguma. — sorriu e Jimin também fez o mesmo. Depois de longos minutos encarando o ruivo, Jungkook virou a cabeça por cima do ombro e verificou a cidade lá fora e em seguida voltou a encarar Jimin. – Você tem uma vista boa.

– Quer olhar de novo? — o moreno assentiu e rapidamente Jimin se posicionou ao seu lado.

Ambos ficaram virados para a janela de vidro observando a cidade ganhar o belo destaque do vento forte que passava por ela. O brilho da cidade era algo apaixonante. Jimin o abraçou pela cintura e o trouxe para mais próximo de si. E Jungkook não perdeu a chance de apoiar a cabeça no ombro do mesmo. E ali ficaram por indeterminadas horas.