História Breathe Me - Jealous

Louise Rutherford: 13 anos 

Odeio brigar com qualquer pessoa. Até mesmo minha mãe, mesmo ela sendo um pé no saco. Mas o pior mesmo é quando brigo com alguém que me importo de verdade. 

É uma tortura! 

Fazem três dias que briguei com meu pai e não estou mais falando com ele nada além do necessário. Me sinto mal por ele fazer piadinhas numa tentativa de que eu  volte mas não posso deixar para lá.  

- Você vai continuar assim por quanto tempo? - Perguntou ele enquanto virava uma panqueca. 

Estava sentada em um do banquinhos com o braço apoiado na bancada. Dei de ombros. 

-Você ao menos se lembra o porquê de estar brava comigo? - Me pergunta rindo. 

- Claro, foi porque... - Deixo a frase pairando no ar porque eu realmente não lembrava o motivo. 

- Sabia - Ainda rindo balança a cabeça.  - As vezes acho que você é muito orgulhosa. 

- Eu tive meus motivos. 

- Nós brigamos por uma série. - Ele diz com o cenho erguido. 

Olho para ele de forma séria. Realmente tínhamos brigado por uma série! Meu deus, que bobagem. 

- É... eu sou um pouco orgulhosa.  

- Um pouco?  

- Não força pai! - Ambos damos risada. 

Após levantar a bandeira branca de paz eu me sinto melhor. Porém tenho certeza que eu estava certa na discussão sobre o seriado.  

Louise Rutherford: Dias atuais 

Minha vontade é de estrangular Cameron por ser tão idiota. Passei o resto das férias ignorando o fato que dormia a metros de distância dele. Evitei deixar a janela aberta quando estava no quarto e só saía para o quintal dos fundos.  

Mas não foi o suficiente. 

As vezes o via na rua, não sabia se estava bravo porque não reparava em seu semblante logo virava a cara. Melissa me olhava torto sempre que aprecia. 

Como eu tenho vontade de dar umas belas surras naquela garota! 

Meus pensamentos furiosos são acalmados ao ver uma mensagem de Chris no meu celular.  

"Hey, estava pensando em te levar para conhecer minha namorada amanhã. Topa?" 

"Desde quando você tem namorada?" 

"A garota da perfumaria. Só que ela não sabe. " 

"Hahaha. Lamento mas terei aula amanhã." 

"Esqueci que você é criança ainda." 

"E você é o senhor adulto?" 

"Talvez, mas eu te pego na escola depois da aula." 

"Se você diz." 

"Te vejo amanhã, gatinha!" 

"Gatinha não cola mas te vejo amanhã, docinho. " 

Dou risada ao reler as mensagens. Dave vai pirar quando souber disso! 

Pego minhas coisas e arrumo para amanhã.  Agradeço mentalmente por ter alguém naquele colégio que me faça companhia. E que ocupe o cargo que antes era de Cameron. 

Desligo as luzes e espero o sono me invadir deixando tudo escuro. 

(...) 

Acordo já em cima do horário então faço as coisas o mais rápido possível.  Passo na casa de Dave para levá-lo junto comigo.  

Enquanto espero ele, vejo a minha antiga casa sentindo uma agonia das lembranças que vinham. Emma e minha mãe se mudaram segundo meu pai. Para onde? Bom, eu nem quis saber. 

Chego na escola ao lado dele, não me desgrudo do ser nenhum segundo... Até Tyler chegar. Deixo ele falando com sua paixão adolescente enquanto vou na secretaria pegar os horários e ver alguns papéis.  

Matemática na primeira aula da semana?    Isso só pode ser alguma força sobrenatural me assom... Epa! 

Esbarro em alguém e quase caio. Se a pessoa não tivesse me segurado ia ser cara no chão, na certa! Arrumo a postura vendo que era Cameron. Por que ele tinha que ser novato também e vir pegar os horários logo agora? 

- Desculpa - Diz com a voz rouca.  

Tecnicamente eu deveria pedir desculpas porque fui eu quem esbarrou nele, então se ele não deve se desculpar eu não devo aceitar suas desculpas. 

Murmuro um "tanto faz" e saio de lá pensando que iria me sentir "badass" ou coisa do tipo, mas na verdade fiquei me sentindo um pouco estúpida.  

Respiro fundo e tento me recompor indo falar com Dave, Tyler e Mahogany que havia acabado de chegar. Eles dão uma volta comigo mostrando a escola e as salas para que eu não me perdesse. 

O sinal toca e nos dirigimos até a sala. Nenhum dos três teriam matemática, apenas eu. Entrei lá e vi Nash sentado no fundo. Ao me ver acenou me chamando e eu fui me sentar ao seu lado.  

Ele começou a falar freneticamente sobre o aniversário de Sky, sua irmã. Dava para ver sua animação, o que só deixou mais claro sua afeição pela garotinha. 

- Cameron te entregou o convite, certo? -Pergunta com medo de não ter feito. 

- Sim. 

Ele me olha erguendo o cenho, parecendo estar duvidando. 

- Sério! Ele entregou. - Garanto. 

- Não é isso... Quando disse Cameron sua cara mudou, ficou séria do nada. 

- Não, fiquei não - Reviro os olhos ao ter que ouvir aquilo. 

- Ficou sim, sei que vocês estão em um clima estranho.  

Paro por alguns segundos para refletir aquela frase. Cameron com certeza deve ter contado algo para ele. 

- Então você sabe?... - Pergunto gesticulando de maneira exagerada. 

- Sinto lhe dizer, mas sei de tudo - Confessa com um sorriso triste. 

Eu não sabia se sentia mais raiva do Cameron ou sentia somente um pouco. Bufo escondendo a cara entre as mãos.  

- Ei - Sinto sua mão em meu ombro. - Relaxa. Cameron não tinha mais ninguém pra contar naquele momento, e estava uma pilha, precisou tirar o peso das costas um pouco 

Respiro fundo tentando compreender o lado  do garoto. 

- Eu sinceramente não gosto da Melissa, nunca gostei - Comenta ele. - Se pudesse, faria ele ficar com você mas o Cam é um garoto difícil de lidar. 

- Eu não gosto dele - Dou ombros. 

- E você é outra pessoa difícil de lidar - Diz rindo. - Nem adianta negar que não gosta dele.  

Respiro fundo para não bater nele. 

- Mas então, por que brigaram dessa vez? - Pergunta me deixando com um pequeno pânico.  

Achei que ele sabia o porquê. Não sei se devo dizer sobre a ligação de Melissa. 

O professor chega e eu o agradeço mentalmente por isso. 

- Quem sabe outra o hora o Cameron te conta - Pisco para ele que faz cara feia. 

Junto com o professor vejo ele entrar pela porta vindo sentar perto de Nash. Forças sobrenaturais me ajudem a não pirar! 

Antes de sentar ele me lança um olhar rápido. Começa a conversar com Nash enquanto eu finjo estar muito ocupada enchendo meu caderno com desenhos. 

- Antes de tudo eu preciso apresentá-los aos alunos novos - Diz o professor. 

Droga! Não estava afim de fazer nenhuma apresentação.   

- Cameron e Louise? - Ele chama. 

Levantamos nossos braços ao mesmo tempo, com isso o professor lança um sorrisinho. 

- Sejam bem vindos! Agora já fiz o meu dever como bom sujeito - Diz rindo da própria fala. 

A aula continua o mais normal dentro do possível, quando o sinal toca eu agradeço.  

- Os caras estavam te olhando - Nash diz antes que eu e Cameron saiamos.  

- Ahn?  

- "Carne nova", eles devem ter ficado com os hormônios pulsando - Nash diz piscando. 

- Me poupe Nash - Digo rindo sem graça.  

- Eu já vou indo - Cameron fala empurrando sua carteira um pouco forte demais. 

Eu hein! 

- Viu? - Pergunta Nash. 

- Viu o que? 

- Ele ficou com ciúmes. 

- Nash, relaxa ai - Digo rindo.  

Mas por dentro estava morrendo de curiosidade para saber o que se passava no consciente de Cameron. 

(...) 

Quando o primeiro dia se acaba eu fico grata. A escola nova com certeza tinha bem menos babacas, o que me deixou contente. E ter um grupo de pessoas que são seus amigos ajuda bastante à não tornar as coisas normais demais. 

Enquanto eu esperava Christian em frente da escola, Dave e Tyler me faziam companhia. Não por eu ter pedido, e sim porque queriam vê-lo pessoalmente.  

Vi seu carro parar do outro lado da rua e ele saiu olhando para os lados me procurando. Me despedi dos dois que bisbilhotavam o garoto na maior cara de pau. 

- Buh! - Assusto o garoto chegando de fininho. 

- Aqui está você! - Diz se virando para mim com um sorriso. - Vamos? 

- Não vai me sequestrar, certo? 

- Infelizmente não, vou só te levar para dar uma volta. 

- Uma pena... - Digo e ele ri. 

Entro no carro e ele começa a dirigir pelas ruas que cada vez menos se é possível ver estudantes saindo da escola. 

- Como foi o primeiro dia? - Perguntou. 

- Foi normal - Digo dando ombros. 

- Só normal? Uma resposta melhor. 

- Na verdade, foi legal até. É escola, acho que nunca vai ser MARAVILHOSO mas deu para ficar de boa. 

- Isso é bom - Pisca. - E Cameron?  

- Bom... ele tá bem, eu acho - Suspiro. 

Parece que ele estaria sempre me perseguindo.  

O vi entre as aulas porém não troquei mais nenhuma palavra com o garoto. Durante o intervalo para não ter que sentar com ele e sua namorada na mesa em que os garotos sentavam inventei ter que até a secretaria assinar um papel. Davi e Tyler que sabiam o real motivo e me acompanharam de boa vontade mas sabiam que não poderia continuar o evitando dessa forma. 

- Meu dia foi bem produtivo, - Diz ao perceber meu silêncio repentino - acordei quase agora e tomei o melhor suco de melancia que já fiz. 

- Uau, isso é realmente super produtivo - Digo rindo. 

- Um dia te faço o suco de melancia e você vai ver que delicia. 

Passamos a tarde fazendo basicamente nada além de entrar nas lojas e experimentar as coisas, mas confesso que foi muito divertido. Enquanto eu olhava os perfumes com toque amadeirado, Christian olhava para os lados de maneira muito suspeita. 

- O que foi? - Questiono. 

Chacoalha a cabeça para o lado me fazendo olhar na direção.  

- Aquela é a garota. 

- A que te fez comprar vários perfumes para depois nem sequer te dar o telefone?  

- Não precisava ser tão precisa - Diz rindo mas seu nervosismo era visível.  

- Desculpa - Coloco o perfume que estava em minha mão na prateleira novamente. - Por que não vai falar com ela? 

- Eu beijei ela - Fala me deixando surpresa.  

- Como assim? 

- Semana passada, vim aqui e implorei para ela tomar algo comigo... 

- Implorou? - Pergunto segurando o riso. 

- Ok, eu exagerei - Levanta as mãos.  -  Continuando... ela acabou cedendo e eu beijei ela antes dela ir embora. 

- E aí? - Digo envolvida na história.  

- Eu não sei, ela estava atrasada e saiu sem dizer nada - Suspirou. - E nem peguei o seu número.  

- Então vai lá falar com ela, e pede o celular dela essa vez. 

- Você não liga se eu te deixar um tempinho sozinha?  

- Claro que não, esses perfumes vão me fazer uma ótima companhia - Brinco passando a mão por um deles. 

- Você é demais! - Diz me dando um beijo estralado na bochecha. 

Fico esperando ele voltar, e quando chega me mostra o papel com o número da garota. 

- Parabéns por passar de fase - Digo batendo na sua mão. - Tenho certeza que ela está interessada. 

- Quem não se interessaria? - Se convence. 

Reviro os olhos rindo e saímos do lugar. Antes de ir embora pedi para que ele me esperasse ir ao banheiro já estava com a bexiga cheia por ter bebido tanto suco que Christian pediu. Ele queria me fazer experimentar o seus favoritos, então comprou cinco (isso porque queria pegar mais porém eu não deixei). 

Ele com certeza era maníaco por sucos. 

Ao sair não vi nenhum sinal dele me esperando lá fora. Deduzi que ele teria ido em algum lugar e estaria aqui brevemente.  

Quando senti uma mão na minha cintura levei um susto. Virei com tudo dando de cara com o garoto. 

- Meu Deus! - Digo soltando um ar que não fazia ideia de estar prendendo. 

- Você se assustou! - Diz rindo. 

Bufo e sua risada vai cessando. Sinto ainda sua mão na minha cintura e um formigamento preenche aquela área da pele separada apenas por um tecido fino da minha regata branca. 

Ele me olha de modo malicioso me deixando com os batimentos mais descompassados do que já estavam depois do susto. Eu sabia o que estava prestes a acontecer. 

Se aproximou lentamente e me beijou. Era bom poder sentir seus lábios finos e macios novamente, sem contar seu piercing de maneira diferente deixou mais interessante aquilo.  

Nos separamos e ficamos olhando um para o outro sorrindo. Não era um sorriso apaixonado de nenhuma das partes, ambos sorriamos como dois bêbados que acabaram de dar risada de algo. 

- Precisava ter certeza que não estava me apaixonando por você - Se pronuncia.  

- Você gosta mesmo dela, não é? - Digo ainda sorrindo. 

- Da mesma forma que eu sei que você ainda gosta dele. 

(...) 

Ao chegar em casa, Chris estaciona os carro de frente para minha casa e sai para abrir a porta me acompanhando em seguida até metade do jardim. 

- O que achou do nossa volta? - Pergunta parando e ficando de frente para mim. 

- Ah, normal - Dou ombros. 

Ele me olha sério e eu começo a rir. 

- Estou brincando, foi demais!  

- Sabia que iria gostar.  

Ouço um barulho de porta e de algo parecido com sacolas vindas da casa ao lado. Me viro observando Cameron carregando o lixo. Volto a olhar para Christian que o encarava. 

- Não sabia que ele era seu vizinho - Comenta com um sorriso malicioso no canto da boca. 

- Nem eu sabia até semana passada - Dou ombros. 

- Ele está olhando para cá - Diz esticando o pescoço.  

- Para de olhar.  

Ele ri e me dá um abraço apertado de despedida. Antes de me soltar sussurra com a boca encostada na minha orelha: 

- Ele está se segurando para não vir aqui e me dar um soco.  

- Como assim?  

Ele me olha com as sobrancelhas erguidas e eu o encaro de volta ainda não entendendo. 

- Acho que a senhorita nunca ouviu falar de uma palavrinha denominada ciúmes - Diz me dando mais um beijo, dessa vez na testa. 

Acompanho com os olhos ele ir até o carro e dar partida indo embora dali. Me viro para entrar em casa e Cameron ainda estava no mesmo lugar, parado com o olhar sobre mim.  

Nunca havia o visto com aquele semblante tão sério e bravo. Ele jogou os sacos que segurava violentamente dentro do lixo e entrou em sua casa batendo a porta. 

Não contive o sorriso no canto dos lábios.  Não sei se era maldade mas eu fiquei com uma pontinha de felicidade misturada com meu orgulho. 

Ele estava com ciúmes.