História Brilho Lunar (Lutteo, Simbar e Gastina) - E em um dia talvez encontrarei seus braços abertos para mim

/Leia as notas iniciais (do autor)/

´´Escritas nessas paredes estão as histórias que eu não consigo explicar

Eu deixo o meu coração aberto, mas ele fica aqui vazio por dias.

O dia em que eu te conheci 

Você me disse que nunca iria se apaixonar 

Agora eu entendo, eu sei que era medo na verdade

Agora estamos aqui, tão perto

contudo tão longe, não passei no teste*.

Diga-me se isso é real, você conseguiu mudar

com um beijo a minha verdade

Não sei como expressar com palavras que

quando eu olho em seus olhos sei...

Não me diga o que você pensa

eu acho que já sei

Basta olhar pra mim por um momento

e eu advinharei

Quão difícil foi querermos 

e voltarmos a querer

E no final dessa estrada

nos encontrarmos outra vez.

Eu prometo que um dia 

eu estarei por perto

eu te manterei salva

Ei, eu sei que há algumas coisas

que precisamos falar

E eu não posso ficar

então me deixe abraça-la mais um pouco agora.

E um dia talvez encontrarei seus braços abertos pra mim outra vez´´

Por Luna...

Matteo cantava a primeira parte e eu a segunda, a cada ponto final escrito na letra, alternávamos para cantar, até chegar da última frase a qual não precisávamos mais ler em um papel para canta-la, nos olhamos e a cantamos juntos ´´E um dia talvez encontrarei seus braços abertos pra mim outra vez´´. Essa era a única frase que não tínhamos copiado de uma música já existente, não precisávamos lê-la, pois já a tínhamos a tatuado em nossas mentes

Foi impressionante, ainda no meu apartamento, tentando juntar ainda várias músicas pela ideia completamente maluca de Matteo de coloca-las juntas com o nosso idioma e no ritmo da canção que ele está compondo. Mas não podia ser só isso, ele aquele dia havia me dito que o final tinha que ser o mais original. Escutamos nossos corações e acabamos criando essa frase

Terminamos de cantar e nossos olhos ainda se miravam sem sinal de que iriam parar, era um fato concreto, queríamos ficar juntos, mas isso era quase impossível, se não pela viagem, sim pelas famílias, sei que quando ele se for, vou sofrer muito, mas não quero que ele saiba disso, não gostaria que ele fosse sabendo que irei chorar litros depois disso

Eu me hipnotizava cada vez mais olhando para seus olhos castanhos, via eles se avermelharem, os meus* Já estavam recobertos de lágrimas, porque por um segundo eu me esqueci que estamos aqui na frente de toda a classe e nos imaginei a sós em um daqueles dias em que ele ainda me olhava com seus sorriso de ´´Mauricinho´´ e me abraçava sem querer me soltar

Sou tirada do transe ao escutar a classe toda aplaudindo, olhei para todos e alguns davam sinais de que iriam chorar e o professor sorria enquanto aplaudia, olhei novamente o Mauricinho e ele se recompunha com sua postura, quase ninguém havia o visto chorar, além de mim, Gastón e Nina e com certeza, mesmo que estivesse indo embora, não iria mostrar seus lado um pouco fraco e indefeso para todos

Ri de sua ação e o abracei, ele ainda não se foi, respeito sua decisão de nos separarmos para não me iludir, mas sei que era esse trabalho que nos unia além de nossos amigos e que depois de hoje, cada um voltaria a seguir uma estrada diferente, então não desperdiçaria essa chance de abraça-lo pela vez que pode ser a última

Voltamos para os nossos devidos lugares e o professor tomou a frente novamente, havíamos sido a última dupla a se apresentar. A primeira foi a dupla de Jim e Yam, elas cantaram uma música sobre amizade para sempre e eu achei muito linda, lembrei de Nina nesse momento

O professor começou a falar e eu comecei a prestar atenção, é uma meta que eu estabeleci esses dias atrás, ser menos distraída, então estou tentando cumpri-la!

-Bom, eu devo dizer que vocês todos são muito talentosos, tanto da parte para escolher a música certa, como da parte de cantar. E bem, falando das músicas, acho que uma dupla se superou hoje aqui, uma dupla que na verdade não escolheu só uma música, mas sim várias e fizeram uma versão própria dela! Alguém sabe de qual dupla eu estou falando*- ele perguntou e logo a sala inteira estavam nos olhando- hoje não sou eu quem vou dar as notas, são vocês mesmos quem vão julgar, quanto dão para Matteo e Luna*- ele pergunta sorrindo e todos começam a falarem juntos, são muitas vozes, tudo vira um alvoroço só

-Viu Menina Delivery* Eu disse que a minha ideia era a melhor!- diz ele convencido, é, ele não muda.. Sorrio revirando os olhos com sua afirmação

-Você não muda Mauricinho..- digo rindo enquanto a sala ainda fazia o maior barulho, achei que ele riria junto a mim, mas de uma hora pra outra, ficou sério

-Sabe que vamos ter que voltar a nos distanciar, né*- ele disse e eu abaixo a cabeça

-Sim, sei. Mas tem certeza de que não podemos nem ser amigos*- digo levantando a cabeça e dando um sorriso forçado

-Me desculpa, mas eu sei que isso só nos iludiria mais e você sabe o que mais nos impede..

-Vou sentir sua falta, vai ser difícil te ter por perto e longe ao mesmo tempo

-É sobre isso que a música falava, não é*- ele diz e eu rio fraco- hoje foi mais uma de nossas despedidas, tchau..

-Tchau..- eu digo enquanto ele me da um abraço de lado, nos separamos e nos olhamos mais uma vez, com os olhos marejados como o significado da tristeza de um adeus, ele pega sua mochila que estava dependurada na cadeira e sai em passos rápidos da sala, me deixando ali sentada e olhando mais uma vez para aquela última frase da letra do nosso trabalho: ´´E um dia talvez, encontrarei seus braços abertos para  mim outra vez..´´