História Bring Back To Life - I killed them

Era muito estranho estar na casa onde o Justin cresceu. Admito que fiquei um pouco chateada, principalmente por saber que talvez eu não ficaria aqui por muito tempo. E era triste ver os olhinhos da Pattie perdidos vendo toda aquele tumulto sem entender absolutamente nada. Os meninos não paravam quietos, ficavam a todo momento em um escritório planejando o que fazer, planejando como agir quando Nathan aparecer e que ele morra no meu lugar. Eu tentei milhões de vezes dizer para eles não se preocuparem com isso, que não adiantava planejar nada porque o Nathan ia aparecer em uma hora inesperada onde ninguém conseguiria ter alguma reação imediata ao não ser me olhar, e que se dermos apenas um passo, era "Adeus, Hayley!". 

- Fui buscar a Jazzy e o Jaxon para ver se os meninos relaxam um pouco, mas parece que eles nem ao menos ligaram! - Pattie disse, claramente aborrecida e sentou ao meu lado. 

- É que tem muita coisa acontecendo. - respondi. - O problema é que eles estão preocupados, tentando resolver algo que não tem como. 

- Por que ninguém me conta o que está acontecendo? - ela perguntou ficando meio cabisbaixa e eu me senti mal por ela. Justin tem uma mãe maravilhosa, que eu daria a vida pra ter nesse momento da minha vida, mas ele não dá importância do jeito que deveria. 

- É que eles não querem te envolver também, Pattie. - respondi. - Se estão te escondendo algo, é para o seu bem. 

- Algum deles está em perigo, Hayley? Ah, eu sempre dizia pro Justin, dizia o que ele deveria fazer e o que não deveria, mas... - e seus olhos aguaram. E eu só me senti mais culpada. 

A vontade de chorar chegou a tona também e eu não consegui me segurar, mas tentei parar para tranquilizá-la. 

- Nenhum deles está em perigo. - respondi. - Eu vivo dizendo pra eles largarem essa vida. Que a gente se mude de Atlanta, vá pra bem longe e esqueça essa vida... 

- Mas eles nunca te escutam. - ela adivinhou. 

- Nunca. Justin até fica bravo quando falo disso, como se fosse um absurdo, mas é uma tortura sair de casa com eles sem saber que todos vão voltar. - balancei a cabeça e limpei os olhos. 

- Hayley, vem brincar comigo! - Jazzy disse aparecendo na sala. - Por que vocês estão chorando? O Justin brigou com vocês? Aí, eu não acredito! 

- O Justin não brigou não, amor. - falei levantando. - Vem, vamos brincar. - sorri pra Pattie e segurei a mão da Jazzy. 

Nós fomos para o jardim, onde Kelsey e Lizzie estavam deitadas em um pano na grama, certamente para relaxarem no meio de toda essa confusão. A Jazzy pegou as suas barbies, as colocou em cima do pano e eu, Lizzie e Kelsey brincamos por um tempinho com ela, até que os meninos saíssem da sala ou que resolvessem socializar antes que a Pattie precise chorar na frente deles! Se é que assim eles vão se sensibilizar, né? Do jeito que estão tentando resolver algo sem solução, nem ver a mãe do Justin chorando pode resolver. 

- Está tentando ouvir a conversa de novo, Hayley? - e eu levei o maior susto ao ouvir a voz do Cameron. Fazia horas que eles estavam lá dentro!

- Como assim de novo? - me fiz de inocente e ele me olhou com uma das sobrancelhas arqueadas. - Qual é, tudo isso é sobre mim! Não tenho o direito de saber o que vocês planejam saber? Não só por ser sobre mim e sim porque eu faço parte, lembra? 

- Não resolvemos nada. E acho que nem vamos. - disse. - Não tem como decidir nada sem saber quais são os planos do Nathan. - suspirei e ele me olhou com um pouco de pena. - Não vai acontecer nada com você. Sabe que todos se jogariam na sua frente. 

- Você pirou?! - quase gritei. - Se algum de vocês fizerem isso, eu mato de verdade! 

- Não adianta. - ele balançou a cabeça. - Chris, Chaz, Ryan, Jason, Kelsey, Lizzie, eu e principalmente Justin, faríamos isso. E era exatamente sobre isso que estavam falando. 

- Cameron, para de maluquice! Isso não tem cabimento! Eu vou dar um tapa em cada um deles para ver se eles caem na real! E em você também. - falei. - Já falei. Quando acontecer, não terá como fugir! Você sabe muito bem disso. 

- Dúvido que você tenha aceitado simplesmente morrer, Hayley. - disse. - O que você não vai. 

- Será? - suspirei. 

Cameron também suspirou e me abraçou. 

De repente, me senti naquele tempo em que ele era meu motorista/guarda-costas/segurança particular. Lembrei de como o odiei no começo por Jason ter tirado a minha privacidade, lembrei de como minha opinião sobre ele mudou rapidamente, lembrei também de quando Lizzie me enchia o saco que ele era apaixonado por mim, lembrei quando ele me beijou e provou que todas as teorias da Lizzie estavam certas... mas também lembrei da rivalidade dele com Justin enquanto eu estava no colégio, e sem compromisso com o Justin. Ah, como eu teria feito muita coisa diferente antes de ter me apaixonado complemente por ele... 

- Sobre o que exatamente estão discutindo agora? - perguntei. 

- Sobre Justin voltar a usar seu nome falso. Ele tinha várias propriedades, que agora são do Nathan naquele nome. - respondeu. - Jason achou alguns documentos ali no escritório sobre essas propriedades. 

E de repente, tudo que Nathan me disse veio na minha cabeça. 

- Qual é o nome? - perguntei morrendo de medo. 

- Noah Hill. - respondeu. E meu coração acelerou, fiquei branca. - Hayley? Hayley, você está bem? 

Fui correndo pro banheiro e me vi vomitando tudo o que tinha almoçado. Passei mal por saber que talvez tudo o que Nathan era verdade?! Ou estou doente?! Oh, Deus... minha cabeça ficou a maior confusão. 

- Pode voltar pra lá, Cameron. - falei depois de terminar de gorfar e escovar os dentes. - Estou bem. Foi só um mal estar. - dei de ombros. 

Ouvi barulho da porta se abrindo e os meninos saíram do escritório. Mal consegui olhar para o Justin pensando na possibilidade dele ter matado os meus pais. Poxa, ele sabe quem são os meus pais, ele sabe o nome deles, ele sabe tudo! Ele teria me contado, teria me dito tudo! Eu acho... 

- Nós vamos dar uma saída. Já voltamos. - Justin disse. 

- A Hayley acabou de passar mal. - Cameron disse e eles me olharam.

- Ué, que foi gente? Eu sou humana, tá? - respondi dando de ombros. 

Era a oportunidade perfeita. Eles iam sair, e eu poderia vasculhar o escritório, achar algo que ligue Justin ao meu pai. 

- Lizzie, preciso da sua ajuda. - aproveitei que Jazzy, Jaxon e Kelsey brincavam, e chamei Lizzie pra dentro de casa. Os meninos tinham acabado de sair. - Lembra que eu te contei sobre o que Nathan me disse? Que eu só contei pra você? 

- Aquela mentira absurda? - ela perguntou. 

- Ele realmente usava esse nome. Noah Hill. - falei. - Lizzie, estou com medo de que seja verdade. Cameron me disse que "Noah Hill" tinha muitas propriedades e que agora são do Nathan, suposto amigo do meu pai. Você não acha que isso é muita coincidência?! Estou encucada. 

- Eles saíram, vamos ver o escritório. - disse e eu disse que era exatamente isso que eu queria fazer. 

Nós entramos, trancamos a porta e enquanto eu olhei nos papéis em cima da mesa, Lizzie olhou nas gavetas. 

- Noah Hill e Kurt Bash. Não... - Lizzie falava sozinha. - Noah Hill e David Harris. 

- Harris? - estendi a mão pra ela me entregar o documento. - Martin Harris. David Harris tem alguma ligação com ele? 

- Acho que não. Só alguma coincidência. - ela respondeu. - E mesmo se tiver, Martin está morto. 

Continuamos procurando, até que me deparei com aquilo. 

Justin tinha uma cópia do atestado de óbito do meu pai, e ao lado tinha realmente um documento que mostrava a transferência de uma propriedade de Noah Hill para William Nolan Mitchell. 

Parecia que meu coração tinha parado, que o mundo tinha parado de girar e, de repente, realmente senti meu chão sumindo. Só lembro da Lizzie gritando meu nome enquanto eu caía de joelhos no chão e só começava a chorar desesperadamente. 

- Alli... Alli, por favor, não chora! - Lizzie tentava me consolar, mas acho que eu estava chorando de raiva. 

- Eu estou chorando de raiva! - levantei rapidamente. - Eu vou matar o Justin! Ele sabe que meu pai se chama William Nolan Mitchell, por que você acha que esse documento estava na gaveta trancada?! Pra Jason não ver! - eu gritava. - Eu estou tão... Ah, Lizzie, eu vou matar o Justin! 

- Você vai ter coragem de deixá-lo? Por um erro do passado? Antes te conhecer? 

- Erro do passado?! Ele matou os meus pais! - berrei. - Você tem noção disso? Eu não tenho pais desde os meus quinze por causa de uma vingancinha rídicula dele!

Ouvimos a campainha tocando freneticamente e eu fui até, pensando que era Justin, preparada para acabar com tudo, mas não tinha ninguém. 

- Ei, não fecha! - Ryan gritou e vi que eles chegaram. 

Peguei os documentos e os levei para o quarto onde eu e Justin estávamos dormindo, enquanto eu arrumava minhas malas, decidida a ir embora desse lugar! Se eu não conseguia olhar pra ele antes, imagina agora que eu sei de tudo?! É possível que até tenha ânsia de olhar pro seu rosto! 

- Hayley? Eu estava te... - e ele parou de falar quando viu que eu estava arrumando as malas. - Que isso? Ficou maluca? Pra onde você vai? 

Passei reto por ele, pegando minha toalha no banheiro. 

- Hayley! 

Joguei os papéis na cara dele, sem dizer nada e terminei de guardar as minhas coisas. 

- O que você... 

- Você matou os meus pais! - o interrompi, gritando. - Você matou os meus pais! - repeti dando um empurrão no peito dele. - E sabia disso! Mas nunca me contou! - dei outro empurrão. - Você mentiu pra mim o tempo todo! - empurrei novamente. - Como você conseguia olhar nos meus olhos sem se sentir culpado?! - eu só estava berrando. Indignada! - Você é sangue frio a ponto de nem ligar! - dei vários empurrões seguidos, mas ele segurou meus pulsos e me vi chorando com a cabeça baixa. 

- Onde você encontrou isso? 

- Isso não importa! - gritei me soltando dele. - Eu tenho nojo de você! Não aguento mais olhar pra você! 

E ouvi batidas e batidas na porta. Os meninos perguntando por que diabos eu estava gritando e Lizzie dizendo para eles saírem. 

- Não toca em mim, sai de perto de mim! - falei. - Você teve coragem de me ver chorando e não dizer nada! Você é um covar...

- Eu não fiz isso! - ele também gritou pra sua voz sair mais alta que a minha e eu prestar atenção. 

- O que? 

- Eu não fiz isso. - ele diminuiu o tom. - Da onde você tirou isso, Hayley? Acha que eu teria mesmo matado os seus pais? Se eu tivesse feito isso, nunca teria conseguido me envolver com você. 

- Você não... você não fez isso? - perguntei. - Mas... 

- Primeiro me diz quem te disso isso. 

- Nathan. - falei. - Não acreditei nele, mas ele me disse que você usava o nome Noah Hill, aí o Cameron também disse isso hoje e fui procurar no seu escritório coisas que relacionem você ao meu pai, e eu achei. Pensei que... 

- Por que Nathan diria que eu fiz isso? 

- Ele disse que meu pai e ele eram grandes amigos. - falei e sentei na cama. - Você não fez isso mesmo? Ou está mentindo pra mim? 

- Hayley, eu posso ser frio, mas não a ponto de me envolver com alguém que eu matei os pais. - disse sentando ao meu lado. 

- Ah, graças a Deus! - soltei um suspiro aliviado. - Ele deve ter inventado isso pra eu me afastar de você, e entregar a chave pra ele. 

- Não acredito que pensou que eu tinha feito isso. 

- Me desculpa, eu surtei. - falei. - É que tudo fez sentido na hora, tudo mesmo, e eu me convenci. Desculpa. - balancei a cabeça. - O que é isso na sua mão? - perguntei. 

- Deixaram isso na porta. - ele me entregou. - Para Allison Hayley Mitchell. - franzi o cenho. - De quem é? 

- Da Megan. - falei surpresa. Abri a carta. 

"Se você está lendo, obviamente já estou te vendo lá de cima! Ah, minha irmã, eu sinto muito por ter abandonado a minha vida toda. Quando eu era pequena, sempre sonhava em ser uma ótima irmã pra você, sempre quis cuidar de você como o papai e a mamãe nunca fizeram direito, mas você não era minha, não tinha como eu simplesmente dizer pra você ir embora daquele inferno comigo, certo? Você sabe tudo que eu penso em relação aos nossos pais, sabe o que eu penso em relação ao Jason, você sabe o que eu penso sobre você, então sabe que você é a única pessoa por qual eu daria a vida se fosse necessário. Admito, odiava a mamãe sempre mandando em mim e o papai sempre brigando comigo, e pensei que quando eles fossem embora, eu poderia cuidar de você como sempre assistíamos naqueles filmes incríveis! Eu nunca consegui olhar pra você, principalmente depois do que tive coragem de fazer enquanto estava com efeitos da droga, e eu sinto muito, minha irmãzinha. Eu sinto muito mesmo, do fundo do meu coração, mas como o papai sempre disse que eu precisava ser internada, devo admitir que ele estava certo. Eu os matei, Hayley. Eu os matei e me sinto péssima por dizer que não me arrependo nem um pouco. Justin sabe do que estou falando, ele sabe do meu envolvimento com a morte deles, mas espero que isso não mude nada entre vocês. Queria ter aparecido no funeral por você, mas eu nunca conseguiria olhar pra você do mesmo jeito, sabendo que tirei a maior preciosidade da sua vida. 

Eu não deveria admitir isso através de uma carta que eu nem ao menos sei quando você irá recebê-la, mas é que não tem outra forma, certo? Minha amiga, Amber, sempre esteve comigo em todos os meus momentos de loucura e ela irá te entregar essa carta quando eu não puder entregar, e eu peço para que você não chore porque não estou mais aqui, hein! Estou te vigiando daqui de cima, estou te amando daqui de cima e, acima de tudo, estarei te protegendo daqui de cima, assim como deveria ter feito enquanto estava com você fisicamente. Espero que você nunca se esqueça de mim, das coisas boas que passamos juntas, e espero que você me perdoe por ter sido egoísta com você a minha vida toda. Eu te amo pra sempre, minha irmãzinha! 
                                                                                                                                                                                                      Com amor e perdão, Megan."