História Bring Back To Life - Take me away

Hayley Mitchell P.O.V

Não fazia ideia de que horas eram e muito menos dos detalhes da noite anterior. Precisei tomar um remédio pra dormir, senão ficaria acordada a noite inteira, ou talvez o dia inteiro e eu estava me sentindo tão esgotada, que precisei de um remédio pra dormir. Mas talvez tenha exagerado um pouco. Tomei um e não fez efeito, tomei dois e nada, então tomei o terceiro de uma vez, afim de realmente dormir tudo que eu estava sentindo que era necessário e acordei um dia depois daquele incidente na boate, onde Justin me encontrou e eu beijei o garoto, que agora eu lembrava o nome, na frente dele. Minha cabeça latejava, meu corpo doía e tudo que eu queria era uma cama real e não um dos quartos eróticos dessa boate, que o Aaron (o nome do menino com o rosto angelical) conseguiu arranjar pra mim. 

- Acha que já consegue voltar pra casa? - Aaron me perguntou depois de entrar no quarto com um copo de água e um remédio para ressaca. 

- Provavelmente. - levantei rapidamente, mas me senti tonta e sentei novamente. - Vem cá, você pode me arrumar mais daqueles remédios pra dormir? É a única coisa que vai me manter com sono. 

- Toma isso aqui que vou ver se o Max tem mais. - Max era um amigo dele, sócio do dono do lugar. 

Tomei o remédio, seguido por um gole de água que acabou com todo o conteúdo do copo e me sentei novamente na cama, com as mãos na cabeça. A alça do meu cropped preto estava branca por algum motivo e foi só passar a mão que saiu. Minha calça também preta também estava meio suja, mas era só dar uma batidinha que sumia. 

- Respira fundo e levanta. - falei sozinha e levantei, tentando encontrar os meus saltos. 

Prendi meu cabelo em um coque sem xuxinha mesmo, só com o próprio cabelo e carreguei os saltos pendurados em meus dedos. 

- Aqui está. - Aaron me entregou os remédio e eu guardei no meu bolso, já que perdi a minha bolsa. 

- Obrigada! - falei. - Obrigada por ter me feito companhia, você é um cara incrível! - dei um abraço nele. - Você anotou meu número, né? - perguntei levantando o celular e ele assentiu. 

- Não suma. Quero ter notícias suas, saber se está bem. 

- Eu vou ficar bem. - respondi e suspirei. - Tchau, Aaron. E obrigada mesmo. - ele sorriu pra mim e beijou meu rosto. 

Pedi um táxi mesmo sem ter dinheiro, e por sorte, o Aaron me emprestou dinheiro senão quando ele parasse, eu ia só sair correndo. Soltei meu cabelo novamente e dei uma bagunçada nele, e me olhei no espelho: credo. Minha maquiagem estava borrada, estava evidente que eu chorei a noite toda, que eu dormi o dia inteiro e que eu não estava bem com alguma coisa. 

- Obrigada, moço. - paguei o taxista e sai do carro, parando na frente da casa da mãe do Justin. 

Ainda com o salto pendurado nos dedos e a mesma aparência, abri a porta sem nem bater e pude sentir a presença de todos na sala de estar, assistindo algo na televisão, conversando alto e tudo mais, mas assim que entrei, eles pararam de falar. Não olhei pra nenhum deles. Só permaneci subindo as escadas, desgovernada, destruída, com vontade de deitar naquela cama e nunca mais levantar. 

- Allison! - ouvi a Lizzie me chamando, mas eu a ignorei. Minha cabeça estava explodindo, e agora até ouvir a voz dela, minha cabeça latejava ainda mais. - Allison! - ela gritou e segurou meu braço com um pouco de violência. - Você pirou?! Eu entendo que você esteja triste, magoada, brava, mas descontar nas pessoas que se importam com você não vai adiantar nada!

- Sim, eu pirei. - foi a única coisa que eu disse e permaneci andando em direção ao quarto, mas ela segurou meu braço de novo e eu fechei os olhos, rezando para a dor de cabeça ir embora. 

- O que você está fazendo com você? - ela perguntou em um tom de indignação. - Não seja igual a Megan, não destrua você mesma. - senti raiva por ela me comparar com a Megan. 

- Nunca me compare a ela! - rosnei segurando seu pulso, mas ela o soltou, me encarando como se eu fosse louca. 

- Deixa a gente te ajudar, Alli... 

- Por que tudo mundo acha que eu preciso de ajuda? Eu não preciso! Estou bem. Estou tentando superar e entender do meu jeito. 

- Quer saber? Vai se ferrar! Nós estamos tentando ajudar você, mas você só vem com patadas! Cuidado pra não perder as únicas coisas importantes da sua vida, Hayley!

- Vai você se ferrar! - retruquei. - Não foi você que ficou rebelde e ainda pior quando seus pais se separaram? Não vem bancar a esperta, que sabe o que é certo ou o que é errado! Você fez pior e eu nunca te julguei! - ela ficou sem fala e aproveitei para ir pro quarto e tranquei a porta. 

Eu acho que ainda estava fora de mim. Nunca brigaria com a Lizzie se estivesse bem e me perguntei o motivo disso, mas não encontrei a resposta. Não era mais efeito da bebida, mas eu não estava pensando e agindo com lucidez, o que eu não percebi até ter deitado na cama e pensado bem sobre tudo. 

Claro, até ouvir alguém batendo na porta. 

- Pode entrar. - respondi mexendo na ponta do meu cabelo.

- Está trancada. - ouvi a voz de Justin e senti meu coração disparar de uma forma absurda. 

Levantei, destranquei a porta e deitei na mesma posição de antes. Justin entrou, trancando a porta logo em seguida e ficou parado perto da cama com os braços cruzados, me encarando como se estivesse exigindo uma explicação. 

- Olha, eu sei que não deveria ter beijado o Aaron na sua frente, mas eu só queria provar algo: não estamos mais juntos. Entenda isso, tá? - fui sincera, fui bem clara e fui bem doce. 

- Eu entendi. Entendi perfeitamente. - disse dando de ombros. - Mas não é porque não estamos mais juntos que eu vou sumir da sua vida. - ele se aproximou, e eu não me movi. Não consegui me mover. - Não vou sumir, não vou te deixar assim. 

- Assim como? - perguntei o olhando com a cabeça inclinada para o lado. 

- Desemparada. - disse. - Eu sei exatamente o que você está tentando fazer. Sei porque já fiz isso uma vez e eu me perdi, Hayley. Me perdi totalmente, não vou deixar você perder a si mesma. 

- Você não entende? Eu quero me perder! - falei. - Eu não quero lembrar dos erros que cometi, das pessoas que perdi e nem das decepções. 

- Parece fácil, né? Fingir não se importar nada, afastar todas as pessoas que se importam com você... - ele disse. - É fácil mesmo. O díficil é conseguir tudo de volta depois. 

E ele saiu do quarto. Simplesmente saiu do quarto. 

Justin Bieber P.O.V

Algumas horas depois de sair do quarto que a Hayley estava, esperei que ela fosse chamar Jason ou Lizzie para conversar, mas ela não fez isso. Lizzie não estava brava ou chateada com ela, sabia que tinha alguma coisa muito errada ali e pelo que ela me disse, realmente parecia ser uma pessoa diferente da que me olhou naquela hora no quarto. Lizzie disse que ao olhar em seus olhos, nem parecia ser a "Allison". Parecia ser uma pessoa desconhecida, uma pessoa fria e sombria, que tinha medo de matar todos os seus demônios internos. E era isso que a Hayley estava passando agora, eu entendia perfeitamente. Ela está passando por uma fase de negação, onde se pergunta qual o sentido de tudo isso, da vida, quando sua irmã matou os seus próprios pais e sabe que (mesmo que seja mentira) seu namorado está envolvido. Não tive nem tempo de dizer que a Megan mentiu para dar um jeito de afetar o nosso relacionamento, mas isso nem importa agora. O que importava era que a Hayley se perdeu, e que eu faria de tudo para ajudá-la a se encontrar. 

- Justin, eu quero falar com ela, mas eu nunca a vi assim. Admito que estou um pouco assustado. - Jason comentou comigo.

Falei que iria com ele, então nós subimos novamente e entramos no quarto. Hayley estava dormindo e se eu não visse, seu peito subindo e descendo, podia pensar que ela estava morta. 

- O que é aquilo? - Jason perguntou se aproximando da cômoda e pegou um comprido que estava ali em cima. 

- Ah, não. 

- Ela está tomando remédio pra dormir. 

- Ela está se drogando. - corrigi e Jason me encarou com os olhos perdidos. 

Ele analisou as roupas da Hayley e percebeu que tinha mais coisa no bolso de trás dela, já que ela estava deitada de bruços. 

E seu bolso estava cheio daqueles compridos. 

- É por isso que ela está fora de si! Você tem noção do quanto esses remédios são fortes? - Jason disse inconformado. - Ela deve estar tomando mais de um de uma vez só. 

- Vou jogar isso fora. - falei estendendo a mão e ele me entregou, então joguei tudo no lixo. 

Ela não ia acordar tão cedo pelo simples fato de que ela estava viciada no remédio, era uma droga. Ela está tomando isso há quanto tempo? Será que começou ontem? Jason ficou tão mexido, e resolvi perguntar se aquele caso já tinha acontecido alguma vez.

- Quando os nossos pais morreram. - ele suspirou. - Ela não conseguia dormir, tinha quinze anos, precisava dormir e arrumou remédios pra dormir na escola. - disse e balançou a cabeça. - Ela ficou fora de si, Justin. Você não faz ideia. Ela se transformava em outra Hayley, passou a depender daquele remédio e nas férias de Julho, fiquei com ela em uma Reabilitação. 

- Porra, e agora? Temos que levá-la para a reabilitação de novo? 

- Não sei, temos que esperar um pouco. - ele disse. - Enquanto isso, só vamos ficar observando. Sem deixá-la tomar esses remédios, e sem deixá-la sair. 

(...)

Hayley Mitchell P.O.V

Me senti com quinze anos novamente quando tive que pular a janela para sair já que estavam de plantão na minha porta. Mal sabem eles (exceto a Lizzie) que era mais do que expert em pular a janela sem fazer barulho, sem deixar rastros e voltar sem que ninguém perceba. Até eu dar de cara com o Cameron chegando em casa e percebi que ele ia gritar, mas eu tampei sua boca. 

- Cala a boca, quebra essa pra mim! - sussurrei. 

- Pra você se destruir? 

- Por favor... - ele ainda era apaixonado por mim, nunca negaria. - Por favor, Cameron... eu prometo que vou voltar logo. 

- Hayley... - tive certeza de que ele ainda era apaixonado. 

- Por favor... 

- Posso te deixar aonde você quer ir? - ele me perguntou com os olhinhos brilhando e eu assenti, enquanto entrava em seu carro.