História Bring Back To Life - Tears of an angel

Hayley Mitchell P.O.V

- Essa é a última vez que vou cuidar de você, tá? O Nathan está desconfiando de que eu tenho vindo demais aqui. - Ethan disse. Isso mesmo que vocês leram. Ethan. Se ele não estivesse aqui, eu já estaria morta faz meses dentro desse inferno!

- Obrigada. 

- Não lute mais, Hayley. Você só vai se destruir mais. - disse. 

Eu tentei fugir várias vezes, e eu perdi a conta de quantas vezes me bateram. Eu estava completamente acabada, cada parte do meu corpo latejava de tanta dor e eu não estava conseguindo me manter em pé. Meus braços estavam em um estado deplorável, estava me dando aflição de olhar uma parte do meu corpo toda cheia de machucados e hematomas como estavam os meus braços. A única coisa que estava me dando forças pra continuar viva era pensar na minha família e era pensar que se eu continuasse quieta, apenas resistindo, eu conseguiria salvar a minha melhor amiga de algo que eu causei. Eu me odeio tanto por colocar a Lizzie em perigo, eu me culpo todas as vezes que eu acordo e todas as vezes que eu durmo nesse inferno. Seus capangas já me deram tantos corretivos por eu tentar fugir, me bateram tanto que há alguns dias atrás eu não estava conseguindo falar.

Na última vez que isso aconteceu, eles me ameaçaram, dizendo que se eu tentasse mais uma vez era para eu dar adeus para a Lizzie, então estou quieta na minha. O Ethan veio aqui diversas vezes escondido para se certificar de que eu estava bem e até tem trazido alguns remédios para eu melhorar um pouco. 

- Você não trouxe aquilo te pedi ontem... - sussurrei. 

- Caso fosse verdade, você já teria perdido, Hayley. Eles te espacaram várias vezes. - disse. Fiquei com vontade de chorar, mas chorar era tudo que eu fazia aqui e isso estava me cansando. 

- Ethan, por favor, tenta avisar os meninos. Dizem pra eles não aparecerem. - falei já chorando. - Por favor... - respirei fundo. - Nathan não quer apenas me matar, ele quer matar o Justin também e ele não vai parar... Na verdade, ele só quer atrair o Justin pra cá! Nem sei se ele ainda quer me matar. 

- Se eles souberem que eu sei onde você está, não vão parar de me pressionar. - disse. - Eu preciso ir. Nathan vai chegar daqui a pouco. - ele levantou e me olhou sentada na cama com pena. 

Eu também teria pena de mim se visse como eu estava nesse momento. Na verdade, já estou com pena de mim. 

- E você tem certeza que eles não fizeram nada com a Lizzie, né? - perguntei. 

- Sim. Acabei de vê-la. - disse. - Ela está bem. Só que está sempre chorando, perguntando de você...

Balancei a cabeça e bastou isso pra eu voltar a chorar. 

- Pode ir antes que Nathan chegue. - eu morria de medo que ele descobrisse que Ethan estava me ajudando. - Obrigada, Ethan. Sério. 

Ele tentou sorrir, mas não conseguiu e balançou a cabeça enquanto passava a mão no meu cabelo. Sorri pra ele, então ele saiu do quarto. 

Tentei levantar da cama pra pegar o caderno e o lápis que estavam me acompanhando nesses meses aqui, mas não consegui. Eu estava escrevendo todos os meus sentimentos, tudo que eu descobri, tudo que eu pensava ou sofri naquele caderno, mas não era apenas pra mim mesma e sim para o Justin. Me arrependo de duas coisas aqui dentro: de ter ido dar aquela volta com a Lizzie e de não ter feito as pazes com o Justin antes de ir. De ter olhado em seus olhos mais uma vez e dizer o quanto eu o amo, e de tudo que eu sacrificaria para ficar com ele... 

Em uma tentativa de pegar o caderno, cai de cara no chão sentindo cada parte do meu corpo doer de uma forma que me fez soltar um grito que eu abafei mordendo o dedo. Sentei no chão com dificuldade e consegui pegar o caderno ali em cima da cômoda.

"Quatro meses. Quatro longos meses... eu não sei quanto mais vou aguentar aqui, mas eu juro que eu estou tentando o máximo. Sinceramente, eu acho que eu sei porque estou merecendo isso agora. É por todas as coisas ruins que eu já fiz, já disse ou até já pensei. Coisas ruins como ter matado pessoas, coisas ruins como ter roubado, coisas ruins como, sei lá, ter duvidado uma vez sequer na existência de um poder superior? Eu sempre tentei ser boa, sempre tentei andar na linha, sempre tentei fazer o que meus pais queriam que eu fizesse, mas não é normal sentir como se não tivesse mais nada a perder? Ah, eu me sinto assim aqui a todo momento... A diferença é que eu ainda tenho muito a perder. Tenho a Lizzie a perder aqui dentro e tenho vocês a perder aí fora. Mas se isso for tirar o alvo da suas costas, está tudo bem pra mim. Eu não me importo mesmo de ir se for pra vocês ficarem, e é nisso que estou tentando focar aqui dentro. Que se eu for, vocês ficam...

Ouvi uma movimentação nos corredores e guardei o caderno rapidamente embaixo do colchão. Demorei pra subir na cama, mas consegui antes de entrarem no quarto. 

- Está na hora. - ouvi a voz grave e assustadora de Nathan. Eu tinha tanto medo desse homem, o satanás era um santo perto dele. 

- Hora de que? - perguntei tentando ficar de pé, mas quase cai. Os dois homens que estavam com ele me ajudaram. 

- De rever o seu amado. - ele disse e eu senti meu coração palpitar mais forte. Admito que até fiquei com esperança de que ele fosse me soltar! 

Agora sim pode ter certeza de que era um lugar subterrâneo. Subimos um elevador um pouco antigo, e apenas a um andar acima, paramos e pude ver que era um casarão que eles deram uma ajeitada. 

- Cadê a Lizzie? - perguntei e quando olhei pro lado a vi sentada em uma cadeira de madeira. Ela estava aparentemente bem, sem machucados, seus olhos estavam vermelhos, mas deve ser de chorar.

- Aí, meu Deus. - Lizzie levou as mãos à boca quando me viu e seus olhos marejaram de imediato. Eu estava andando com ajuda dos capangas do Nathan, nunca conseguiria andar sozinha. 

- Eu te amo, me desculpa. - falei pra ela e ela soltou um grunhido alto do choro. 

- Não é sua culpa. - ela disse. Ela tentou se aproximar de mim, mas um homem apontou a arma pra ela. - O que vai acontecer? Pra onde você está levando ela? - Lizzie disse desesperada, mas não levantou da cadeira.

- Por favor, me deixa dar um último abraço nela. Eu só te peço isso. - falei começando a chorar.

- Deixa, chefe. - ouvi o capanga que estava me ajudando dizer pro Nathan que manteve sua pose de machão.

- Por favor. - implorei. 

Nathan fez um sinal com a mão para que o cara deixasse a Lizzie levantar e ela veio correndo na minha direção. O capanga me soltou e eu quase cai no chão sem forças, mas ela me segurou. A abracei tão forte que eu senti cada parte do meu corpo doer com esse esforço, mas não liguei. 

- O Ethan te levou o que você pediu? - ela sussurrou enquanto me abraçava. 

- Não. - sussurrei de volta. - Lizzie, se caso, você sabe... eu estava escrevendo tudo em um caderno, tenta pegar. 

- Ele não vai te matar, Allison! - ela disse balançando a cabeça. 

- Será que ele desistiu de mim? - perguntei entre soluços, me referindo a Justin. 

- Nunca, Alli... nunca. - ela me abraçou mais forte e ela voltou a chorar, o que fez só aumentar o meu choro. 

- Chega! - ouvi a voz de Nathan e eu gelei. - Amarrem as duas aqui expostas na sala. - disse. 

Milhares de vezes, desconfiei de que não era apenas eu e a Lizzie que estávamos aqui. Eu podia ouvir choros, vozes vindo do outro lado do meu quarto, que não era o da Lizzie, mas eu nunca tive a chance de ver quem era. Ou só de deduzir. 

O cara tentou me amarrar de pé, mas eu não conseguia mesmo me manter em pé, então ele me amarrou a uma cadeira. Ele prendeu apenas os meus braços e isso era o suficiente para eu me sentir ainda mais fraca. Eles amarraram a Lizzie de pé mesmo porque ela podia ficar de pé. E eu não fazia ideia do que estava acontecendo, eles nunca tinham feito isso. 

(...)

Se passaram algumas horas e os capangas do Nathan não deixavam eu e a Lizzie dizermos nada. Eu só conseguia ouvir o som dos nossos soluços e, nos últimos minutos, Nathan gritando com alguém no telefone. Não dava para entender direito o que ele estava dizendo, já que estava no andar de baixo, mas ele estava muito furioso. 

- Isso é tudo culpa sua, vadia! - Nathan veio na minha direção me acertando uma bofetada na cara. - Eu vou esfolar você inteirinha, você está me entendendo? - ele puxou meu cabelo pra trás. - Eu vou acabar com você, não vai sobrar nem os seus ossos! 

Ele pareceu se controlar e se afastou, chutando com tudo uma cadeira, a fazendo voar pra longe. 

- Acabou a palhaçada! - ouvi uma voz conhecida e o meu corpo gelou. Todos os homens do Nathan pegaram suas armas prontos para atirar e ninguém aparecia. Eu estava tão zonza, tão fraca que eu não conseguia nem reconhecer aquela voz. 

Meu coração quase saiu pela boca quando vi Chaz e Ryan entrando com suas armas apontadas para os capangas, mas isso não bastou. Começaram a atirar nas paredes do casarão, logo vi Jason, Chris, Cameron, David Sparks (o que nos ajudou com a história do Owen) e o Daniel, seu assistente. 

- Pelas minhas contas, falta o líder . - Nathan disse encarando eles.

- Presente. - ouvi a voz rouca de Justin e eu me senti fora de órbita. Eu não ouvia sua voz por mais de quatro meses, não o via por mais de quatro meses. 

- Se você tocar nela, a garota morre. - um dos capangas disse olhando pro Chaz que estava indo abraçar a Lizzie. Ele apontou a arma pra mim. 

Quando meus olhos se encontraram com os do Justin senti cada átomo do meu corpo se agitar de uma forma extraordinária. Não me senti mais fraca, senti que podia fazer tudo, porque quando isso acabasse, eu teria a minha vida de volta. Ao lado dele, da Lizzie, da Kelsey e dos meninos. 

Justin Bieber P.O.V

Não parei de procurá-la desde que li aquela carta. Sempre que estávamos perto de respostas, parecia que tudo sumia da nossa vista como se fosse uma armação. E eu sabia que nós termos encontrado o local onde eles estavam, também era uma armação. Jason recebeu uma mensagem anônima dizendo onde eles estavam, então a primeira coisa que fizemos foi arrumar reforços. Contatamos David Sparks e Daniel, que se apegaram a Hayley e pedimos para eles nos fornecerem homens para nos ajudar. Mas claro que os tiros do início foram apenas para assustar, se agissemos por impulso, perderíamos todas as chances de salvar a Hayley e a Lizzie. 

- Acabou a palhaçada! - Ryan disse, mas nós permanecemos escondidos.

Os moleques entraram e eu fiquei atrás. Eu estava com receio de entrar, estava com medo de entrar e ver a minha princesa toda machucada. Eu não conseguiria vê-la machucada, não novamente. O Chaz foi desesperado tentar soltar a Lizzie, mas antes que ele chagasse nela um dos capangas ameaçou a Hayley.

- Se você tocar nela, a garota morre. - ele apontou a arma pra Hayley.

Ela levantou o olhar me encarando e eu senti uma vontade enorme de largar essa arma e ir correndo abraçá-la. Ela estava péssima, e só de imaginar o quanto ela deve ter sofrido aqui, sentia vontade de estourar os miolos de cada um desses caras que estavam aqui. E o que mais me doeu, era que seus olhos imploravam por socorro. Ela queria ser salva por mim, mas mal ela sabia que eu não ia conseguir salvá-la se os planos do Nathan fossem matá-la.

Nós fomos pegos de surpresa. Não sabíamos que eles estavam tão preparados assim, mas eles estavam. 

- Abaixem as armas. - Nathan ordenou para seus capangas. - Se vocês moverem um músculo, as garotas vão pro saco. - disse quando seus capangas abaixaram as armas.

- Abaixem as armas. - ordenei para os moleques que assentiram me obedecendo, enquanto olhavam concentrados para a Hayley, que estava bem pior que a Lizzie. 

Ele soltou uma risada sarcástica e a minha raiva por aquele filho da puta só aumentou. De repente, Ethan entrou na sala acompanhado pelo Jacob, o irmão da Lizzie. Assim que todos olhamos pra eles inconformados, ambos pararam de andar. O Jacob está trabalhando com eles? E o Ethan? O Ethan é completamente louco pela Hayley, o que estava acontecendo?

- Vamos fazer isso. - Nathan disse com um sorriso debochado. 

Hayley Mitchell P.O.V

Eu só conseguia chorar. Parecia que era a única coisa que eu conseguia fazer, mesmo enquanto ouvia tudo abafado. Os meninos tentando convencer o Nathan, ou falar para ele simplesmente dizer o que pretendia fazer. 

- Nathan, por favor. - Justin disse para o Nathan, e ele levava tudo no deboche. 

Eu não estava espantada por ver o Jacob com eles, assim como a Lizzie. Nós já sabíamos que isso ia acontecer.

- Solta elas. - Jason e outros continuava dizendo.

- Me prende no lugar delas, mas...

- Sabe, Bieber - Nathan o interrompeu. - São as coisas que mais amamos que nós destroem. - ele disse. E eu entendi perfeitamente o seu código.

Ele ia me matar. 

Ele ia me matar e isso ia destruir o Justin. E ver a expressão do Justin, fez meu coração doer. 

- Nathan, ela nunca fez nada pra você! Isso é comigo! Eu matei a sua filha! - Justin disse. - Eu matei a sua filha, tenho sangue dela nas minhas mãos e não me arrependo nem um pouco!

- Se você morrer vai ser menos doloroso, Bieber. - Nathan disse como se nem ligasse sobre a filha. - Se eu te matar da forma mais cruel possível não vai ser mais doloroso do que você perder essa garota. - ele olhou de relance pra mim. 

Ryan olhou pro chão a procura de sua arma e foi aí que percebi que as armas dos garotos haviam sumido do chão. Ele vai mantê-los presos aqui também?

- Se vocês seguirem as minhas ordens, posso pensar no seu caso. - Nathan disse. - Fiquem encostados na parede, ao lado da Hayley. - todos vieram na minha direção, mas antes que eu pudesse sentir cheiro do Justin senti meus braços serem soltos com brutalidade.

Um dos capangas me puxou de uma forma bruta até o meio da sala e eu não entendi mesmo o que estava acontecendo. Ele me soltou com força, fazendo eu cair no chão e eu levantei de uma forma que me fez ficar orgulhosa internamente. Fiquei de pé, apoiando o peso do meu corpo em apenas uma das pernas e coloquei a mão direita no meu outro braço já que estava doendo. 

Um outro homem entrou desceu o elevador, e depois de alguns minutos, voltou. Meus olhos se arregaralam quando a porta se abriu, assim como todos que a conhecia. 

- Jenna?! - falei já começando a chorar. - O que você vai fazer, seu louco?! - perguntei olhando para o Nathan.

- Eu não vou fazer nada.

O cara sacou a arma e apontou pra cabeça da Jenna. 

- Por favor... - Jenna murmurou.

- Cala a boca. - o cara ordenou e ela abaixou a cabeça. 

- Não faz isso, por favor! - eu implorava. Se eu me movesse, o cara ia atirar em mim e eu não ia salvar ninguém. - Eu fico no lugar dela, deixa ela ir embora! - eu não aguentaria perder mais ninguém, muito menos assistir a Jenna morrer!

- Se mataria para salvá-la? - Nathan perguntou curioso. 

- Sim! - falei firme. 

- Sabe, eu te admiro, garota. - disse. - Tão decidida, tão forte a ponto de se matar por alguém que vale bem menos que você. - ele olhou de relance para Jenna. 

Nathan se aproximou do homem que estava apontando a arma pra Jenna, disse algo em seu ouvido, então ele abaixou a arma. Me aliviei tanto. 

- Hayley, não! - ouvi a voz do Justin. Que tipo de pessoa eu seria se deixasse a Jenna morrer? A mulher que cuidou de mim toda a minha vida?! 

- Hayley, não faz isso! 

- Parem, por favor. - pedi ao ouvir os meninos falando pra eu não fazer isso. Senti me segurarem com força, então o cara apontou a arma pra mim. 

Soltaram a Jenna e enquanto ela ia até a Lizzie, ouvi um disparo que me fez ficar estática. O corpo da Jenna estava caído no chão, com uma poça de sangue em volta da sua cabeça. 

- NÃO! - gritei desesperada e coloquei as mãos na boca. Podia ver as feições de todos em choque. Olhos arregalados, boca aberta. - JENNA! - estava chorando e eu não podia chegar perto. - Por que você fez isso?! - dei dois socos no peito do Nathan enquanto chorava inconformada. 

- Agora. - Nathan disse para Jacob e Ethan, então o homem e o Nathan saíram de perto de mim.

Eu não conseguia parar de chorar, estava até sem ar. Meus ombros iam pra frente pra trás, enquanto eu só tentava arrumar um jeito de conseguir ar no meio de toda essa dor. 

Jacob e Ethan vieram na minha direção e eu travei olhando pra eles com os olhos transbordando medo. Ambos me olhavam com dó e compaixão, eles não seriam capazes de matar.

Pelo menos o Ethan não.

- Jacob, se você tocar em um fio de cabelo dela, eu juro por Deus que mato você! - Lizzie gritou desesperada. Bingo. Ela sabia que Jacob era capaz de me matar.

- Eu sinto muito, Lizzie. - ele disse pra ela e a Lizzie arregalou os olhos tentando soltar seus pulsos. 

- Soltem a garota. - Nathan ordenou e soltaram a Lizzie, mas não a deixaram se mover. 

Jacob e Ethan estavam longe de mim, não tão longe quanto a Lizzie, mas eles estavam longe. Jacob sacou uma arma estranha que eu nunca tinha visto e levantou a mesma apontando na minha direção. 

- NATHAN, PELO AMOR DE DEUS! -  Lizzie chorava desesperadamente tentando se soltar dos braços dos trogloditas, mas nada adiantava. 

Eu ainda estava aérea, era só meu corpo que estava ali porque minha mente e minha alma já tinham ido embora fazia muito tempo. 

Tinha um pedaço de madeira perto de mim e eu me surpreendi com meus pensamentos. Olhei pro Justin, depois pra Lizzie e eu precisava sair dali, então agi por impulso. Ambos se aproximaram e eu não sei como diabos eu fiz isso, mas peguei o pedaço de madeira jogando na cara de algum dos dois e eu sai correndo na direção do Justin, que estava longe de mim. 

Ouvi um disparo e senti minha visão ficar turva, minha cabeça começou a girar e eu não era capaz de me mover. Tudo ficou em câmera lenta e eu pude sentir meu corpo ficar dormente por partes. Olhei pra Lizzie e ela estava com os olhos arregalados.

- ALLISON! - Lizzie gritou prolongando o final com a voz aguda, totalmente desesperada, mas isso soou abafado pra mim.

Coloquei as mãos na lateral da minha barriga e vi minhas mãos molhadas em sangue. Senti tudo ficar embaçado, parecia que tudo estava em câmera lenta e acho que realmente é assim. 

Sabe quando dizem que quando você sabe que vai morrer sua vida inteira começa a passar diante dos seus olhos? Eu pude ver isso. Vi os momentos felizes com todas as pessoas importantes da minha vida, vi a dor, vi o sofrimento, vi os sorrisos, eu vi tudo. E também senti meu corpo fraquejar de vez e eu cai lentamente no chão, mas antes de sentir o impacto das minhas costas no chão, algo me segurou.

Justin Bieber P.O.V

Eu observava tudo atentamente, sabia que Jacob e Ethan não eram capaz de matá-la. Eu desviei o olhar por dois segundos e quando percebi a Hayley tinha acertado a cara do Jacob aleatoriamente e saiu correndo na minha direção, mas não deu tempo nem de enxergar seus olhos com clareza. Jacob havia dado um tiro na lateral de sua barriga e eu juro que senti a mesma dor que ela quando vi ela olhar na minha direção com os olhos arregalados perdidos e desesperados.

Ela levou as mãos a barriga e olhou para frente novamente. De repente, tudo ficou em câmera lenta pra mim. Ela não podia morrer, simplesmente não podia. Antes que ela pudesse bater as costas no chão, eu corri o mais rápido até lá como se ninguém mais existisse e a segurei em meus braços.

- Allison! - Lizzie gritou com a voz aguda. - Não! Aí, meu Deus, não! - Lizzie gritou desesperada tentando se soltar dos homens que a seguravam, mas era em vão. - Allison! - ela tentava de todas as formas chegar perto da Hayley, mas o cara não deixava.

A respiração da Hayley estava ofegante, seus olhos estavam perdidos e ela estava em pânico, sabendo que ia parar de respirar.

- Shhh, está tudo bem, está tudo bem. - senti meus olhos aguarem. - Você vai ficar bem, você vai ficar bem, eu te amo. - eu estava tremendo. 

- Eu... - ela começou a dizer.

- Shhh. - a calei. - Eu te amo, você vai ficar bem. 

- Não. É perfeito - ela disse colocando a mão em meu rosto com a respiração entre cortada e sorriu com dor. Senti uma lágrima escorrer do meu rosto caindo na bochecha dela. - Eu preciso dizer... você me deu tudo o que eu sempre quis. - disse com dificuldade. - Você me deu amor, paixão, aventura, perigo, você me fez perceber que quando se tratava de nós nem o céu era o limite. - ela sorria cada vez que falava e eu a observava assim, viva, enquanto podia. - Está tudo bem, Justin. Eu estou morrendo... - senti meu coração trincar quando ela disse isso. - Eu estou morrendo nos braços do meu único e verdadeiro amor. - ela sorriu novamente. - A primeira pessoa que eu amei e a pessoa que eu sempre vou amar. D-diga pra Lizzie e Jason - ela gaguejou. - Que eu os amo mais do que tudo, ok? - assenti. - Está tudo bem, Justin. - ela disse percebendo que eu estava entrando em pânico quando percebi que sua respiração diminuiu de velocidade. - Eu amo você. - ela começou a entrar naquele estado de choque e eu desejei morrer com ela. Ela começou a tentar encontrar ar, fazendo aqueles barulhos perturbadores. 

- Apenas feche os seus olhos, imagine o por do sol. - falei, ela adorava o por do sol e assim ela fez. - Você vai ficar bem, ninguém pode te machucar agora. - eu disse baixinho e dei um beijo em sua testa. Senti sua mão fica mole, caindo no chão e seus olhos se fecharam lentamente. Senti meu mundo desabar, principalmente quando uma gota de sangue escorreu pelo seu nariz. 

- Não... Hayley, por favor. - eu implorava. - Não pode ser verdade que eu estou perdendo você. Por favor, não me deixa, Hayley. Não...

Eu abracei seu corpo que ainda estava quente e lembrei do último olhar que ela lançou pra mim antes de fechar os olhos. Ela me amava, ela disse isso em último suspiro. Soltei o seu corpo delicadamente e levantei do chão, e fiquei com os olhos arregalados tentando encontrar algum ponto pra olhar. Vi os olhos da Lizzie arregalados. 

- Você já perdeu, meu amigo! - Nathan disse com divertimento. 

- Não, isso não está acontecendo! Não! - Lizzie gritava desesperada enquanto chorava e se debatia nos braços do Chaz. - Está doendo! - ela gritava chorando e isso estava me torturando. Ela fechou os olhos com força, Chaz a segurou e ela procurou forças na parede. Suas mãos escorregando pela parede e caindo no chão completamente sem forças, me destruiu ainda mais. 

Senti uma mão nas minhas costas e vi o Ryan olhando pra mim com os olhos cheio de lágrimas. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo, não estava acreditando que nunca mais a veria, nunca mais veria aqueles olhos azuis, que nunca mais ouviria sua voz, que nunca mais ia poder amá-la...

- Ela está morta, Justin! - Lizzie disse completamente destruída. 

- Você precisa se acalmar, Lizzie. - Chaz disse, mas também estava chorando.

- Não, não, não, eu não consigo. Eu não consigo. - ela gritou chorando e se ajoelhou no chão colocando a mão na barriga. - Está doendo, Chaz... Está doendo. - ela disse recuperando o ar soltando um grunhido do choro, colocando as mãos no rosto. 

Ela ficou um bom tempo ajoelhada com as mãos no rosto soluçando e de repente ela levantou o rosto e olhou pra mim, logo vindo me abraçar. 

Jason estava chorando desesperado, ao lado de seu corpo, assim como Chris, Ryan e Cameron. 

 - Justin, eu preciso te contar uma coisa. - Lizzie disse e por algum motivo eu estremeci. - Ela estava grávida, Justin. - ela começou a chorar novamente. 

E foi aí que eu soube que se eu metesse bala na minha cabeça seria menos doloroso do que ouvir isso. Virei meu rosto na direção dele e fui como um leão atacá-lo, mas antes que eu chegasse perto dele o Chris me segurou.

- Grávida?! - Chris disse. - Como assim, Lizzie?! 

- Ela estava desconfiada. - Lizzie disse. - E pensava que tinha perdido de tanto que bateram nela, mas... antes ela estava sim.

Assim que a Lizzie me soltou, ela foi até o corpo pálido da Hayley e ficou acariciando o rosto dela chorando fazendo suas lágrimas caírem no rosto da Hayley. 

É, eu estava decidido sobre o que eu ia fazer.

Peguei a arma no chão e andei lentamente até o Nathan que observava tudo com satisfação. Ele gostava de me ver sofrendo, gostava de ver eu derrubar lágrimas por isso, gostava de ver todos sofrendo por isso. 

- Vai, atira. - entreguei a arma na mão dele e o mesmo me olhou confuso.

- Você prefere ser morto pelo seu inimigo do que conviver com a perda da sua garota, Bieber? - assenti deixando uma lágrima do olho esquerdo escorrer. - Eu não vou matar você. - disse. - Como eu já falei, mesmo se eu te matar da forma mais cruel o possível não vai ser mais doloroso do que perdê-la. 

- Eu já perdi! - gritei. - Mas ótimo, então eu mesmo faço isso. - peguei a arma da mão dele e apontei pra minha cabeça.

- Você não vai fazer isso. - Ryan disse vindo até mim.

- Eu não posso viver sem ela, Ryan. Eu simplesmente não consigo. - falei. - O vazio que eu estou sentindo agora não vai conseguir me manter de pé. - disse. - Ela era a única coisa nesse mundo que eu morreria sem... - eu não conseguia chorar, e era tudo que eu queria agora, sabia que poderia aliviar. - E agora ela está morta. Morta, Ryan! - falei. - Eu não vou conseguir conviver com o fato de que nunca mais vou vê-lá, nunca mais vou senti-la, nunca mais vou ouvir sua voz. - saquei a arma e coloquei o dedo no gatilho apontando pra minha cabeça.

- Justin, para com isso! - David gritou.

Fechei os olhos e apertei o gatilho, mas não senti nada. Como que caralhos essa porra estava sem bala? 

Nem tive tempo de ouvir o que os caras diziam, nem estava ligando na verdade. Eu só queria que parasse de doer. 

Olhei ao meu redor procurando munição e encontrei uma mesa cheia da mesma. Fui até lá tentando colocar na arma de todos os jeitos, mas parecia que eu tinha perdido a pratica, que eu tinha perdido tudo. Parei de fazer o que estava fazendo, eu estava parecendo um lunático procurando por algo que nunca ia encontrar. E aquele foi o oonto.

Cai de joelhos no chão e cobri o rosto com as mãos como se se eu fizesse isso ninguém pudesse ver o estado deplorável que eu estava. 

- Justin, vem, vamos pra casa. - David disse vindo até mim.

- Eu vou dar um jeito no corpo dela, pode deixar. - Ethan disse e eu olhei pra ele com raiva. Ele também estava chorando, mas...

- Por que você não fez nada, seu porra?! Você a amava, Ethan! Que tipo de amor é esse?! - gritei descontrolado, mas Chris impediu de que eu continuasse.

Olhei pra trás e vi o corpo da Hayley nos braços do Cameron. Ele chorava discretamente enquanto passava a mão no rosto dela.

Cameron levantou depois de dar um último beijo na testa dela, então Jason se agachou ao lado dela. Ele a encarava assustado, seus olhos estavam arregalados, ele não estava acreditando, assim como eu também não. Assim como ninguém estava acreditando. 

Ele a colocou em cima de uma mesa que tinha lá e logo saiu, então eu fui até ela novamente.

Seu corpo estava estático e pálido em cima daquela maca. Eu nunca tinha a visto apagada assim, não literalmente, mas ela sempre foi tão acesa, sempre tão feliz. Eu estava quebrado. Eu queria acreditar que isso era apenas um pesadelo, que eu ia acordar daqui a pouco justamente com um beijo dela. Eu queria acreditar que assim que eu segurasse sua mão, seu corpo ia se encher de cor, ela ia abrir seus olhos grandes e penetrantes e me olhar do jeito que só ela sabe, que ela ia sorrir e me beijar como sempre fazia, mas não. Ela permaneceu com seu corpo rígido naquela mesa fazendo cair a ficha de que ela nunca mais abriria os olhos.