História Bring Me Back - 00. Prólogo;

Uma longa e cansativa viagem, deu-se por terminada para todos os homens que seguiram para a Rússia, quando o general avisou que esta seria a última noite, antes de tudo realmente começar. Todos, silenciosamente e friccionando suas mãos uma na outra – devido ao frio que se fazia sentir –, seguiram caminho para o local onde dormiriam naquela noite.

Estariam, talvez a pensar se, algum dia, conseguirão regressar a casa?

Deixaram tudo para trás pela pátria. O mais importante eram as suas famílias, muitas delas recém formadas e outras em crescimento pelas crianças a serem geradas no ventre das esposas. Muitos soldados, temiam não conhecer os seus futuros herdeiros, seres tão puros num mundo tão podre. Outros receavam as reações que a futura notícia provocaria em seus lares e outros tinham medo do que estava pra vir.

Mas um deles somente receava não ter uma última oportunidade para resolver todo o mal entendido que tinha ficado para trás. Justin Bieber iria fazer de tudo para poder esclarecer à sua noiva – ou ex-noiva –,  o que realmente acontecera na noite em que tudo descambou.

De fato, todos eles já tinham o seu destino traçado e, de agora em diante, veríamos quais tinham a capacidade de o conseguir desviar do precipício.

Após se acomodar o melhor possível em condições não muitos boas, Justin retirou do bolso, as únicas coisas que conseguiu trazer com ele: um pequeno terço, que sua mãe lhe dera na despedida e uma foto, que fora tirada no seu último aniversário. Começou a acariciar os rostos ali gravados e parou na pessoa que estava ao seu lado. Aos seus olhos, Madeleine era a mulher mais encantadora desse mundo. Loira, de olhos verdes, com um sorriso magnífico. Claramente, ela era o seu único e verdadeiro amor.

Perto das seis da manhã, todos foram acordados. Os soldados norte-coreanos descobriram que os americanos entraram em solo russo pela noite e, assim sendo, estes tinham que se preparar o mais rapidamente possível, para responderem aos futuros ataques.

Na primeira semana, podemos considerar que foi uma guerra defensiva, visto que o que pairava no ar, era somente a expectativa do que iria acontecer.

Na segunda semana, aconteceu o primeiro bombardeamento, dando-se então, o verdadeiro início da guerra. Foi inesperado. Ninguém sabia o que realmente fazer e instalou-se o caos. O fumo levantou tapando a visão a todos, fazendo alguns tropeçarem nos corpos dos homens que foram atingidos e jaziam no chão.    

Em resposta e, em conjunto com os russos, na terceira semana, foram feitos três bombardeamentos em três pontos estratégicos, destruindo assim, as principais bases militares norte-coreanas.

E assim o tempo ia passando mas, o dia de tudo isto terminar, ainda estava muito longe. Sempre atentos, de mãos queimadas pelo frio e a com mente confusa, os que sobreviveram seguiam caminho. Justin teve que parar, depois de alguns passos já feitos com um esforço excessivo. O seu coração batia fortemente em seu peito, a sua respiração ficou curta e as suas pernas cederam, o fazendo gemer quando seus joelhos foram de encontro ao chão. Charles Somers, soldado o qual Justin ajudou quando o mesmo fora atingido num tiroteio dias atrás, dispensou as suas últimas gotas de água ao mais recente amigo. Depois de um tempo, Bieber sentiu sua respiração voltar um pouco ao normal e assim foram capazes de seguir em frente.

Tal como era costume todas as noites, foram feitos turnos de vigilância para que todos os soldados tivessem um tempo pra cochilar e tentar repor forças. Quando chegava a vez de Justin tirar um cochilo, este sempre preferia escrever primeiro. Todos os dias, ele escrevia duas cartas: uma para os seus pais e outra para a sua amada, Maddie. Quando terminou, descansou sua mão no lado esquerdo do seu peito, que era onde estava o pequeno terço e a foto que trouxera com ele, e apertou os olhos com força, antes de começar a fazer uma oração, agradecendo, principalmente, por ainda continuar vivo.

Acordou sobressaltado quando ouviu disparos. Estavam a ser atacados na madrugada. Rastejou para pegar na sua arma e rapidamente se levantou, começando a correr pela lama, até chegar num ponto de segurança. Apoiado num rochedo, Bieber viu ao longe, Somers se preparando para responder ao ataque.

— Somers! — gritou, tentando chamar à atenção do soldado que não deu conta de um inimigo se aproximar, cada vez mais, pelo lado oposto em que o mesmo apontava sua arma. O que foi em vão, pois o mesmo não ouviu.

Arrumou sua arma em suas mãos e, cuidadosamente, tentou se aproximar. Quando ia disparar, tudo aconteceu muito rápido. Sentiu algo queimando sua pele, seguido de uma dor muito aguda. Caiu de joelhos, com a mão um pouco abaixo do peito, e logo a viu toda ensanguentada. Assim que ergueu o seu olhar, viu, em câmara lenta, Charles se aproximar, enquanto movimentava sua boca falando algo que Justin não conseguia ouvir pois seus ouvidos zumbiam. Madeleine, lhe surgiu na mente e a única coisa que fez foi engolir a seco.

Somers o arrastou até ao rochedo de onde Bieber tinha saído e tentou fazer de tudo para que ele não fechasse seus olhos, o que foi totalmente em vão.

Em Portland, Madeleine ouvia a chuva cair lá fora, enquanto aquecia suas mãos na caneca que continha chá de camomila. Ela não gostava mas resolveu colocar em prática uma das táticas de sua mãe para tentar acalmar seu filho, que se revirava mais do que nunca no seu ventre, como se soubesse que algo com o pai acontecera. Faziam exatamente 8 meses que ele se tinha ido e que tudo tinha acontecido, mas o seu coração continuava doendo dentro do seu peito.  

Definitivamente, seria algo difícil de superar.

Dizem que o amor magoa; que dói. Que nos corrompe por dentro e nos faz sofrer tanto que a angústia torna-se sufocante. Dizem que o amor nos faz cegos. Cegos diante tudo em nossa volta e apenas focados no que faz o nosso coração bater mais forte.

E, de fato, era verdade.

Ela era feliz. Na verdade, os dois eram felizes juntos e se amavam mas bastou um pequeno erro para que tudo fosse jogado para o ar.

A vida é totalmente imprevisível.

Apesar de todos saberem que a qualquer momento tudo pode mudar, nenhum de nós estará preparado para o que ocorrerá. Irão surgir tempestades e obstáculos, criados no intuito de nos fazer desistir de todos os sonhos que ambicionamos, nos arrastando, assim, para um labirinto aparentemente sem solução. São poucos os que seguem caminho, outros traçam uma nova rota e a maioria desiste. Assim como Justin, que deixou Madeleine da pior forma possível e a fez sentir todas as consequências de amar alguém tão intensamente.