— Assim como? — ele abre um sorriso.
— Assim, como se estivesse tentando descobrir tudo que sinto apenas pelos meus olhos.
— Isso não é verdade. — arqueio uma sobrancelha. — Bem, talvez seja. Mas eu gosto de te observar, se acostume comigo aparecendo só para ver seu rosto.
Abaixei a cabeça e deixei que um sorrisinho surgisse em meus lábios.
— Quando se trata de você, sei lá, é diferente. — Justin entrelaça nossos dedos.
— Diferente? — ele aquiesce. — Huum, um diferente bom ou ruim?
— Bom. Um diferente muito bom. — sorrio e passo uma mecha de cabelo para trás da orelha.
*•*•*•*•*•*•*•*•*
— Bom dia. — Justin diz, após sairmos de nossos respectivos quartos ao mesmo tempo.
— Bom dia. — sorrio e nós descemos lado à lado até a cozinha.
— Dormiu bem, Katt? — ele pergunta, antes de morder sua torrada.
— Como nunca. E você?
— Dormi como não dormia há muito tempo. Como se houvesse uma certa tranquilidade na minha consciência.
— Isso é bom. — pego os ovos na geladeira.— Né?
— Sim, muito bom. — responde me olhando.
— Quer ovos mexidos?
— Vai me envenenar? — me viro para ele e abro a boca.
— Você descobriu. Droga! Pensei que ia dar certo dessa vez... — balanço a cabeça.
— Das outras vezes não deu?
— Bom, você está aqui não está? — me viro novamente para o fogão e ligo-o em chama alta.
— Acho que sim. — ele se tateia, como se estivesse certificando-se de que estava mesmo ali.
Quebro os ovos e despejo-os na frigideira.
— Não sabe nem quebrar um ovo? — Justin ri enquanto eu catava um pedaço de casca que havia caído junto com os ovos.
— Justin. — reviro os olhos. — Não me estresse. Não hoje.
— O grande dia. — mexo os ovos e sorrio.
— Finalmente. Nem acredito que o casamento é hoje.
— Sei. Você está feliz porque vai entrar comigo.
— Menos. Você não é tudo isso. — desligo o fogão e coloco os ovos em um prato, entregando-o para Justin.
— Nós dois sabemos que sou. — ele diz, se levantando e vindo até mim.
Chego para trás e me encosto no balcão, Justin chega tão perto que eu me estico. Ele me olha, estica seu braço e pega um copo no escorredor, olhando-me novamente, próximo demais.
— Eu falei. — diz, enquanto ia pegar a jarra de suco na geladeira. Eu reviro os olhos.
*•*•*•*•*•*•*•*•*•*•*
— Hails, me ajuda! — digo enquanto tentava tirar a barra do meu vestido da ponta do meu salto.
— Eu estou tentando, amiga. — ouço uma gargalhada e reviro os olhos.
— Olha só, acho que você está um pouquinho presa. — ele me manda uma piscadela e aperta meu queixo.
— Pronto, Katt. Cuidado pra não rasgar seu vestido da próxima vez.
— Obrigada, Hails. E vai se ferrar, Justin.
— "Vai se ferrar, Justin." — ele imita minha voz.
— Prefiro você cantando. — sorrio.
— Eu também. — Hails dá risada.
A cerimonialista aparece e pede para que eu e Justin nos posicionássemos, para logo em seguida entrarmos na igreja.
Justin estava lindo de terno. Sua gravata estava torta, mas parecia que isso o deixava mais charmoso. Seu jeito relaxado e sua calmaria. Sorrio e me aproximo endireitando a gravata, Justin sorri em agradecimento.
— Obrigado, Katt. — eu sabia que ele não estava me agradecendo pela gravata.
— Ao seu dispôr.
— Justin e Katterine, vocês são os próximos. — assentimos.
— Estou nervosa. — sussurro.
— Vou estar do seu lado. — ele entrelaça nossas mãos.
— Podem ir.
— Estou nervosa. — sussurro.
— Foque em nossas mãos. — responde com o mesmo tom.
Assim que damos nossos primeiros passos todos da igreja viram-se para nos verem entrando. Jaxon e Jazzy caminhavam juntos mais à frente. Minha menininha carregava as alianças enquanto segurava com a outra mão o braço de Jax.
Eu sorrio.
Talvez não o melhor sorriso. Mas ainda sim, demonstrava estar feliz.
Não vou negar que não existe aquele sentimento de filha que queria os pais juntos. Que queria sair em família à noite, ir ao shopping e almoçar na casa dos avós.
— Você está bem? — Justin aperta minha mão. Só então percebo o quanto estava molhada. Assinto fracamente e tento ao máximo mexer meus lábios em forma de sorriso, suponho que não tenha dado tão certo como eu esperava.
Papai estava no altar, ele sorri e aperta a mão de Justin, me dando um meio abraço em seguida. Nos sentamos e observamos as outras pessoas entrarem.
•*•*•*•*•*•*
— Olá. — me viro e encaro Justin parado no portal do salão, de onde dava para ouvir o barulho do mar e sentir a brisa que vinha dele.
— Olá. — respondo, encostando minha cabeça na madeira da porta e fitando, novamente, o mar.
— Todos querem saber o que aconteceu com você, Katt. Eu também quero.
— Não aconteceu nada, Justin. — suspiro. — Vamos voltar para a festa?
— Por quê faz isso? — franzo a testa. — Por quê se esconde tanto de si mesma?
— Você está bêbado?
— Não Katterine, eu não estou bêbado. E mesmo que estivesse, todas aquelas pessoas que estão naquele salão — ele aponta para trás. — Sabem que há algo de errado com você.
— Não tem nada de errado, entendeu? — meu coração acelera. — Eu só acho que eu podia ter sido diferente. Mas não, eu estraguei tudo. Como eu sempre faço, e pelo visto... como sempre vou fazer. — pego meu copo, engulo a seco e me viro.
Eu precisava ir ao banheiro, não estava me sentindo bem. Na verdade, acho que não me sinto assim há muito tempo.
Aproveito que todos comiam, dançavam e bebiam para chegar ao banheiro sem ter que responder mais perguntas.
Me encaro pelo espelho.
Quando foi que eu cresci? Em que momento eu mudei tanto?
— Está tudo bem? — uma voz, que eu demorei poucos segundos para reconhecer, me pergunta.
— Está, Selena. — ergo meu rosto e a vejo pelo espelho, me viro. — Obrigada.
— Que nada. — me afasto para que ela possa abrir a torneira. — Você é enteada de Pattie, não é? Eu te vi entrando na igreja, com Justin. — ela muda um pouco seu tom de voz e dá um sorriso fraco.
— Sim, sou sim. — me encosto na pia.
— Vocês foram incríveis, estavam lindos.
— Obrigada, de novo. — ela parecia estar sendo sincera. — Você sente falta dele?
— É complicado dizer... — semicerra os olhos.
— Katterine.
— É complicado dizer, Katterine. Passamos por muita coisas. Às vezes segurar... dói mais do que deixar ir.
— Realmente. — suspiro.
— Eu acho que já vou indo. Pode dizer a Pattie? Agradeça pelo convite, por favor.
— Claro. — ela sorri.
— Obrigada. — beija minha bochecha e eu retribuo.
•*•
— O que você tava fazendo com a Selena? — Hails me pergunta assim que eu fecho a porta do banheiro.
— Que susto, Hailey! — ela ri, nós voltamos a andar.
— Agora me responda. O que estava fazendo com Selena?
— Eu queria usar o banheiro e por coincidência nos encontramos lá. Só isso.
— Você está toda esquisitinha... Ela falou algo que te magoou?
— Não! Não tem nada! — nos sentamos e Justin caminha até a mesa.
— Justin, ela estava com Selena! — Hails fala olhando para suas unhas.
— O quê? — ele me olha assustado.
— Isso mesmo.
— Tava fazendo o quê com ela? — ele me olhava estranho.
— Ué, Justin, por coincidência nos encontramos no banheiro. Não vi problemas nisso. Você vê? — confesso, eu usei um pouquinho de sarcasmo na voz.
— Não. — responde. — Só queria ter certeza de que ela não estava te incomodando.
— Ela não estava. Mas esse interrogatório dos dois sim. — aponto para ele e Hailey.
— Você tá bêbada? — Justin repete minha pergunta.
— Não sei mamãe, eu tô? — balanço meu copo.
— Tudo bem. — ele revira os olhos. — Hails, pode avisar à minha mãe que estou voltando para casa com Katterine?
— Claro. — ela se levanta.
— Espera aí, o quê? — eles me ignoram.
— Não vou demorar, logo vou embora também. — Hails diz.
Bato minhas mãos nas pernas.
— Oi gente, só queria dizer o quanto é bom ser ignorada. — arqueio uma sobrancelha.
— Como você é chatinha. — Justin faz careta.
— Não fala uma coisa dessas, irmãozinho. — rio.
— Irmãozinho? Não me chama assim, é estranho. — nós estávamos indo para fora do salão.
Um garçom passa segurando uma bandeja com várias taças de bebidas e eu pego uma com vodka.
— Katt, já chega né? — ele tenta pegar minha taça.
— Não. Solta! Pega uma pra você. — choramingo.
— Se continuar assim vou ser obrigado a te dar banho, irmãzinha...
— Justin, não viaja, eu não estou bêbada.
— Não é isso o que você está demonstrando.
— Eu não estou demonstrando nada. — reviro os olhos, Justin destrava seu carro e eu abro a porta, passando o cinto de segurança assim que me sento no banco do carona.
— O que tem de errado? — questiona, antes de dar partida em seu carro.
— Como? — franzo a testa.
— Você, Katt. Está diferente comigo, não sei o que houve, até hoje cedo estava tudo bem.
— Ainda está, Justin. Não tem nada de errado. — eu dou um sorriso para tranquiliza-lo.
— Vamos conversar assim que chegarmos em casa, e não têm desculpas, garotinha. — me manda uma piscadela.
Imediatamente lembro-me das vezes em que Justin fez isso. Todas as suas piscadelas, todos os seus sorrisinhos. Tudo nele era indescritível, ele era indescritível. Justin era como o pôr do sol no fim da tarde. O mais incrível disso tudo é ele ser somente... ele. Agir como uma pessoa normal, com uma vida normal e um emprego normal. E acima de qualquer coisa; ser o melhor de si.
Ser o melhor dele, ser o melhor de mim.
— Tá sorrindo por quê? — Justin pergunta enquanto estacionava na garagem de casa.
— Nada. — continuo sorrindo.
— Não me parece nada. — cutuca minha barriga.
— Para, Justin! — gargalho quando ele cutuca mais vezes.
— Vem, vamos entrar.
— Vou trocar de roupa. — falo já subindo a escada, Justin estava logo atrás de mim.
— Vou te esperar em meu quarto, então.
— Tudo bem. — bocejo e entro em meu quarto.
Eu estava cansada, meus pés estavam doloridos e eu sentia que minha maquiagem havia se tornado sujeira. Querendo ou não eu teria que tirar tudo aquilo, e para dormir me sentindo limpa a melhor opção seria tomar banho. Pego uma toalha, meu pijama e vou para o meu banheiro. Fiquei alguns minutos só para limpar meu rosto, depois fui direto para o chuveiro, Justin reclamaria pela demora, então tentei ao máximo não demorar.
Assim que termino me seco e me visto, desembaraço meus cabelos e escovo meus dentes. Qualquer coisa, se eu capotasse de sono, já estaria pronta.
Calço meus chinelos e saio do meu quarto, seguindo para o de Justin. A porta estava aberta, e a porta de vidro que dava para a sacada também estava, vou até lá sentindo meus fios de cabelo molhados voarem contra meu rosto.
— Aproveitei para tomar banho, desculpe por ter demorado.
— Não tem problema, eu também acabei meu banho agora a pouco. — ele sorri, seu cabelo também estava molhado e caia sobre seu rosto.
Justin estava apenas de bermuda, sentado em uma poltrona e olhando as pequenas ondinhas que o vento fazia quando batia na água da piscina.
— Vai pegar um resfriado.
— Você também, vamos para dentro do quarto. — assinto, assim que passamos ele encosta a porta.
— Justin, estou com sono. — esfrego meus olhos.
— Vem aqui. — ele se deita em sua cama e me puxa, me viro encarando-o.
— Para de ficar me olhando assim. — sentia minhas bochechas esquentarem conforme ele passava seus olhos pelo meu rosto.
— Não. — sorriu e me abraçou, apertando-me contra seu corpo.
Me aconchego em seu abraço e fecho meus olhos, o que não seria uma boa ideia, eles estavam pesados e eu sentia que dormiria a qualquer momento.
— Justin? — sussurro com os olhos quase fechados.
— Hum?
— Eu vou dormir... — as palavras morrem e eu já não conseguiria mais segurar.
— Pode dormir.
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