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História Broken - Prologue.


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hello, hello!
Começo aqui mais uma Fanfic, tendo um conteúdo cautelosamente planejado durante alguns meses, e finalmente pronto para ser publicado. Alguns avisos:

● Obra de minha total autoria. Portanto, não aceito cópias ou inspirações.
● O prólogo é extenso, eu sei, mas não poderia dividi-lo, nem mesmo deixar de detalhar. É importante para a história, sendo nosso ponto de partida.
● A história começou sendo escrita como um original. Em breve, será postada no wattpad, quando acontecer, irei deixar o link nas notas finais de todos os capítulos.
● Luke Hemmings como Luke Hemmings.
● Katherine Mcnamara como Valentina Hunter.
● Seria um baita eufemismo dizer que Luke é um idiota. Sua personalidade, primoridalmente, é ácida, e difícil de entender. E eu não sou de acordo com noventa e oito por cento de suas atitudes machistas. Mas, como tudo tem o seu tempo, não percamos as esperanças sobre ele.
● Não faço apologia a drogas e/ou violência - verbal e física. Não incentivo, apenas escrevo.
● Os outros membros da 5SOS também irão aparecer aqui, todos com os nomes reais, porém suas personalidades, assim como a dos demais personagens, são criadas por mim.
● Reviso os capítulos antes de postar, mas a história passará por uma grande correção apenas quando estiver concluída. Caso encontrem erros incômodos na leitura, não deixem de me avisar, pois tratarei de corrigi-los.

Bom, acho que é isso. Espero, de coração, que gostem. Boa leitura. MWAH!

Capítulo 1 - Prologue.


Fanfic / Fanfiction Broken - Prologue.

  A vida me causou danos irreparáveis. Deixou marcas em minha mente e alma. E o lugar em que um dia esteve o meu coração, não restou nada além de um grande vazio. Nunca fiz o tipo de ser humano que, todos os dias, se levanta disposto a agradecer pelo que tem, pelo ar que ainda consegue respirar. Até porque, eu não tenho nada. A autopiedade é algo que foge do meu raciocino, e não faço questão de conhecer, pois isso vai além do que posso ter, ou sentir. Sou apenas um condenado. Um condenado a morte? Não, muito pior. Um condenado a viver, sozinho com a minha maldita consciência assombrada por fantasmas do passado. 

Eu nunca tive o amor de pai ou mãe. E por quê? O meu padrasto assassinou a minha mãe quando eu tinha seis anos, e foi tudo em minha frente. Assisti o sangue jorrar e molhar o carpete embaixo do corpo pequeno da mulher que desfalecia no assoalho empoeirado. Não consegui me mover, gritar ou lutar contra aquele monstro. O disparo da arma foi alto, quase ensurdecedor. Era um garoto covarde, e inseguro, que só chorava e pedia aos céus para que aquele pesadelo acabasse, mas nunca adiantou. E foi naquele dia que o tal Deus falhou, e eu passei a odiá-lo por me odiar tanto.

O desgraçado que colaborou para o meu nascimento, que muitos chamam atenciosamente de pai, deixou a minha mãe assim que soube que ela esperava um filho. E o meu padrasto, quando a policia invadiu a nossa casa, o mataram por tentar fugir pela janela, ele estava apontando a arma em minha direção e gritando que foi por minha culpa. E talvez tenha sido. Fui encaminhado para um sistema, sem nem um membro da família ao redor, fiquei em um orfanato, e passei por várias famílias, até ser despachado com dezoito anos. Ninguém queria um garoto problemático, egoísta e calado. Fiquei vagando pelas ruas, com fome, frio, sede e fedendo a peixe morto por dias. Até que, ao empurrar as portas de um bar miserável, tudo mudou.

Hoje, eu sou Luke Hemmings. Mas costumam me chamar de outros nomes por ai, muitos que não caberiam em uma lista, e alguns não são agradáveis de ouvir. Os homens me apelidaram de ''o intocável'', tudo por eu ter sido um dos melhores lutadores que já passou pelos círculos ilegais da Califórnia. 

Tatuagens, piercings, e um corpo malhado devido aos meus anos de luta, formam um prato apetitoso para as mulheres. Ah, essas me deram uma infinidade de adjetivos. Na hora do sexo, me chamam de todos os nomes, sedentas por mais, por estocadas mais velozes, toques brutos, e noites inesquecivelmente quentes. Mas, no momento seguinte, após suprir minhas necessidades, e as descarto para longe do meu radar, me chamam de coisas ruins. Não me importo, no entanto. Se eu estalar os dedos, sei que as terei nos meus pés, quando eu quiser, e como quiser. Eu sou um grande filho da puta. Não posso negar, e nem mesmo tento.

E como um sobrevivente, farto sobre tudo, apelidei a vida de cadela. Uma cadela maldita, que parece ter prazer em me ver fodido.

Eu sou um fodido.

Olho atento para a televisão e passo os canais. Era uma noite de quarta feira, e estou jogado no meu sofá, em busca de algo para fazer. A minha casa fede a enxofre e comida podre, em algum lugar, com certeza, deve ter animais mortos, já em suas fases de decomposição. 

Tateio o bolso da minha jaqueta que estava caída sobre o sofá, procurando por cigarros, mas não os encontro. Solto um suspiro frustrado, sabendo que isso indicava que o maço que havia comprado na noite passada, tinha chegado ao fim, e nem mesmo dei-me conta disso. Eu poderia ficar sentado o resto da noite, apenas passando os canais durante horas, mas se não tivesse algo para me distrair, além de pensar em procurar por alguma foda rápida, ficaria louco.

Levanto-me do sofá e caminho até o meu quarto. Pego minha carteira e meu celular em cima do criado mudo, ao lado da minha cama, e me sento na beira da mesma. Calço meus coturnos, que também fediam como o resto de todo o apartamento, escovo os fios do meu cabelo com os dedos, e volto até a sala, olhando brevemente para a tela da televisão. 

''Já se passaram quatro dias desde o sequestro de Valentina Hunter. O Governador está cada dia mais aflito com o desaparecimento de sua filha, que foi vista pela última vez em um racha com homens altamente alcoolizados. A polícia não tem informações sobre o seu paradeiro. Mas, fontes próximas indicam que os sequestradores entraram em contato e pediram uma grande quantia de dinheiro para o resgate, e...''

Alcanço o controle e desligo vejo a tela se apagar, assim que meu indicado direito pressiona o botão vermelho. Jogo-o na poltrona, e puxo minha jaqueta, vestindo-a, em seguida. Marcho até a porta, retiro as chaves da porta e abro-a, colocando meu corpo para o lado do corredor vazio. Desço as escadas depressa, e passo pela portaria sem ao menos olhar para os lados, mas sabia que algumas senhoras do terceiro andar murmuravam sobre mim, como sempre faziam. Uma vez, ao passar por uma delas, avistei-a beijar o crucifixo que nunca saia de seu pescoço.

Abro a porta do meu carro, o meu eterno e único amor. O meu Chervrolet Impala, modelo 1967, era a minha garota. Ganhei esse carro como pagamento de uma aposta no meu segundo racha de toda a vida. Um dia pertenceu a um mafioso cubano. Desde então, se tornou a minha única prioridade. Ashton, o meu melhor e provável único amigo, tentou tocar nele, mas eu realmente quebrei a sua mão direita, e ele ficou sem poder se aliviar por vários dias. Chutem o meu traseiro, mas não toquem um dedo em meu carro.

Dirijo até um pub velho que ficava próximo a minha casa. Saio do carro e entro no ambiente pouco movimentado, ouvindo os ruídos de algum clássico antigo. Costumava frequentar esse lugar, vez ou outra, sempre que Lorenzo arrastava sua banda para arranhar nos instrumentos e ensurdecer as pessoas com sua péssima voz. 

— Luke! - ouço a voz de Hugo atrás de mim. Olho-o por cima dos ombros. — Você sumiu, cara.

— Estou ocupado. – replico, sem interesse no que ele tinha a dizer. Curvo-me sobre o balcão, e estendo a mão para uma garota loira. Karla, ou Kaya. Não sabia o seu nome. Ela vem sorridente em minha direção. — Uma carteira de Marlboro e uma cerveja bem gelada. 

— Claro. - sorri e pega rapidamente o que eu lhe pedi. — Aqui está. - ela apoia-se no balcão e eu consigo ver seus seios fartos, saltando de seu decote. Talvez, ter saído de casa não tenha sido tão ruim. 

— Tem falado com Bruce? - Hugo pergunta.

O velhote era um chute no meu saco.

— Não. Eu não estou mais lutando no clube.

 — Ele não lhe perdoou por...

— Vai mesmo ficar me enchendo com essa merda? - sou ríspido, mas não me importo. 

Ele não diz mais nada, apenas se distancia, como se tivesse entendido o recado. Hugo era um homem bom, mas gostava de conversar, algo que não tínhamos em comum. Alguns homens bêbados gritavam enquanto davam tacadas nas bolas sobre a mesa de sinuca. Algumas mulheres dançavam do outro lado, querendo seduzir e atrair os homens que jamais as dispensaria.

Olho para a garrafa em minha frente, ergo-a até meus lábios, e viro todo o liquido gelado e amargo em minha garganta. Gota por gota. Katherine, a loira de bons seios continuava me olhando, e em algum momento, meu olhar se prendeu no seu. Sabia o que ela queria, estava escrito em seu rosto.

Desvio o olhar, e fico sentado por algum tempo, ainda com os cotovelos apoiados no balcão. Peço mais algumas garrafas de cerveja, e bebo todas, rapidamente. Viro uma dose de tequila, também, sendo a última bebida da noite. O bar estava prestes a fechar as portas, joguei algumas notas sobre o balcão, e arrastei-me para fora do pub, enquanto procurava pelas chaves do meu carro. No entanto, o som de passos sustentados por saltos ecoam atrás de mim, e não preciso me virar para saber de quem se tratava. Então, guio-me até o beco que fazia lateral entre o pub e a casa de Hugo.

A loira para em minha frente, e diante a pouca iluminação, não conseguia ver o seu rosto, o que era bom. O tom de seu cabelo me enjoava um pouco, pois eu sabia que não era natural. Mas, conseguia ver o sorriso malicioso em seus lábios finos.

— Ajoelhe-se. – cuspo as palavras e ela franze o cenho. — Não ouviu, porra?

Ela faz o que eu mando, e ajoelha-se em minha frente. Agilmente, deslizo o zíper do meu jeans, e abo o único botão, descendo as duas peças que cobriam o meu membro que salta e fica rente ao rosto da loira que olha-o sedenta. Estava duro feito rocha.

Seguro o seu cabelo com força, trazendo-a para perto do meu membro. Ela compreende, e abocanho-o com vigor. Fecho os olhos, e sinto sua língua fazer movimentos, e barulhos, como se ela chupasse o seu sorvete de sabor preferido. Aperto mais o seu cabelo em minhas mãos, forçando-a para ir mais fundo. Ela estava longe de ser a melhor nisso. Mas, eu estava um pouco alto pela bebida, então, gozaria fácil.

Ela continua, sugando com tudo o que podia, engasgando vez ou outra. Sinto os primeiros espasmos, e segundos depois, meu corpo estremece, enquanto liberava o liquido quente em sua boca. Gota por gota, ela lambe tudo, sem deixar nem mesmo um sinal de que gozei. Espero-a se afastar um pouco, e quando o faz, colocando-se de pé, subo meu jeans, junto a minha cueca, ajeitando meu membro um pouco dolorido. 

Katy apoia as mãos em meu peito, e raspa seus lábios em meu pescoço. Desliza sua língua pela pele exposta, e sobe os beijos molhados por meu maxilar, queixo, e tenta encostar em meus lábios, mas sou mais rápido, e seguro o seu rosto, usando um pouco de força.

Nem uma garota me beija. Nunca. Nem mesmo um beijo amigável, rápido, e sem emoção. Nada. O ato de beijar é algo intimo demais, e se eu beijar alguém, será por estar em uma merda mais funda do que a minha vida. 

— Tenha uma boa noite. - digo e empurro-a, de leve. 

— Eu pensei que... - ouço-a dizer enquanto dou as costas. — Pegue ao menos o meu número. 

— Para que? - ralho, já no inicio do beco. 

— Para me ligar! - diz como se fosse óbvio. 

— Não tenho intenção de vê-la novamente, para que te ligaria? - digo e corro até o meu carro. — Passe bem, Kamile.

— Meu nome é Madeleine! - ouço-a gritar, e sinto vontade de rir.

Como eu disse, sou um filho da puta, e muitas mulheres desejam a minha morte, de todas as maneiras possíveis. Disso, eu sei bem. Alguns olhares que elas me lançam quando me encontram após a rejeição, poderia me causar medo, e faria com que começasse a olhar por onde andava. Mulheres são loucas. Mas, não consigo evitar. Também sou louco por elas.

Entro em meu carro e decido ir até o Monte Hemmings. O nomeei assim por ser o único lugar na merda desse país que não me faz pensar em suicídio, ou, em como a minha vida é uma grande bola de merda. 

Levo algum tempo para chegar, mas não demoro muito, graças ao trânsito inexistente dessa noite. Salto para fora do carro, e fico na beira do monte. Do alto, era possível ver toda a cidade. As inúmeras luzes acesas. Um dia, eu tentei contá-las e passou de um milhão, mas eu estava chapado demais para ser coerente quanto a isso. Tudo parecia ser pequeno quando eu estava na beira do despenhadeiro, e somente eu era grande. Como se meus problemas tivessem ficado lá em baixo, com aquelas pequenas luzes que iluminam, todos os dias, as ruas para pessoas insignificantes. 

Sinto apenas o barulho do vento frio se chocar contra as folhas das varias árvores ao redor. Mas, de repente, ouço um barulho desconhecido. Franzo o cenho, e espero mais algum tempo, apenas para não pensar que a bebida tenha me afetado tanto. 

Eram gritos em ecos. Vozes masculinas alteradas, como se estivessem discutindo. 

Ninguém nunca havia encontrado esse lugar. Talvez, alguém tenha o descoberto, mas em todos esses anos, nunca vi nada, e nem ninguém, rodar esse lugar, tão pouco a essa hora da noite. Mas, o barulho continua. E eram gritos que eu não conseguia decifrar o que diziam. Meu instinto grita para que eu me aproxime e verifique. Embora, ao mesmo tempo, sinto que só devesse relaxar e esquecer de todo o resto.

Um barulho de algo se chocando. Um baque. 

Não consigo ignorar mais. Em passos rápidos, ando até o meu carro, novamente, abro a porta, e apanho em meu porta luvas a minha arma. Estava carregada e limpa. Eu não tinha um papel que me autorizasse ter o porte da arma de fogo, mas não dava a mínima. E não hesitaria em matar alguém, também. Fecho a porta, novamente, e retiro o meu celular do bolso de trás do meu jeans, ativo a lanterna e começo a iluminar o caminho em minha frente, tendo a arma apontada para a mesma direção. Sigo pela mata, e continuo ouvindo os murmúrios masculinos, cada vez mais próximos.

Alguns passos são o suficiente para que eu ouça mais que ruídos ecoando, mas também aviste duas figuras masculinas. Eles estavam colocando alguma coisa dentro do porta malas de um carro. Há uma pequena cabana, velha e, sem duvidas, abandonada.

— Ela fica, porra! - um deles grita.

Esgueiro-me para trás de uma rocha alta, e continuo os observando. Eram suspeitos, e não pareciam estar acampando.

— E se ela fugir? - o segundo pergunta, tão nervoso quanto o outro. 

— Ela só irá fugir se tiver poderes sobrenaturais, seu imbecil. – o mais alto rosna, e fecha o porta malas, batendo a porta. 

Eles continuavam falando algo, mas era mais baixo. Eu queria entender que merda estava acontecendo, mas eu tinha que estudar o lugar, antes de qualquer coisa. Fico alheio as seguintes ações, mas vejo-os entrando no carro, e logo dando partida rumo as folhas secas. Eles seguem por outro caminho, e pareciam conhecer bem a mata. Espero por alguns instantes, até que o som dos pneus raspando no chão, se torne mais distante.

Aproximo-me da cabana, mantendo a arma apontada para todos os lados. O único som, eram os das folhas voando, e bichos correndo. Empurro a porta da cabana, mas encontrava-se trancada com um cadeado, como se houvesse algo muito preciso dentro da velharia. Analiso tudo, e toco na madeira, sentindo-a quase podre, como eu imaginava. Um sopro levaria todo o lugar a baixo.

Deduzo ser um ponto de drogas de jovens ricos, que se escondem das famílias no correr da noite. Faço menção de ir embora, mas ouço um ruído. Gemidos, soando de dentro da cabana. 

— Tem alguém ai? – pergunto, e não obtenho resposta. 

Os gemidos se intensificam, em repetidas vezes. Certo. Se fosse algum ponto de drogas, uma pessoa não estaria gemendo dolorosamente do lado de dentro. E pelo pouco da conversa que consegui ouvir daqueles caras, alguém tinha ficado para trás.

Eles disseram, ela.

Balanço a porta, mas não se abre. Dou alguns passos para trás, e dou um chute contra a estreita base de madeira. A cabana inteira parece balançar, mas o cadeado continuava intacto. Faço o mesmo, e dou mais um chute. Nada. 

Tendo mais algumas vezes, e na quinta e ultima tentativa, a porta se abre. Aponto a arma, e minha respiração falha assim que meus olhos caem sobre um corpo caído no chão. Era uma garota, amarrada e amordaçada. Ela encolhe-se, assustada, e começa a soltar altos murmúrios abafados.  

O que eu faço porra? Quem é ela? Porque ela está aqui? 

Ilumino o seu corpo, e noto que ela estava completamente machucada. Seu cabelo possuía um tom de vermelho ou laranja, e sua pele clara não parecia mais tão clara com os hematomas espalhados por cada pedaço exposto. Sua roupa estava rasgada e ela... Merda! Ela foi abusada?

— Eu vou te soltar, tudo bem? - me aproximo dela, mas ela geme e se encolhe um pouco mais. — Eu não vou te machucar...

Guardo a arma em minha cintura, e seguro o meu celular em uma das mãos. Estendo a minha mão livre para perto dela, e ela continua recuando o quanto pode, tanto que parece sentir dor. Eu tento ser cauteloso, e consigo alcançar as amarras da corda. Um nó bem feito, e muito apertado, parecia estar prendendo sua circulação. 

Solto seus braços, e sinto-a estremecer. Observo os cortes fundos em seus braços, e não consigo mais respirar regularmente.

— Consegue se sentar? – pergunto em tom baixo.

Ela tenta se sentar, mas geme de dor. Do lado esquerdo de seu corpo, próximo as suas costelas, tinha uma grande mancha de escura. Trinco meu maxilar, e me apresso para desamarrar os nós da corda em seus pés. Cortes e sangue estavam por toda parte, e ela sentia uma dor que eu não conseguia imaginar quão inquietante era.

Ouço seu choro, e seus soluços presos. Ergo minha mão para tocar seu rosto, no intuito de acalmá-la, mas ela tem espasmos, e começa a espernear, me atacando com chutes e tapas.

— Ei, ei, ei. – digo, e seguro, cuidadosamente, seus pulsos. — Eu não vou machucar você. Vou te tirar daqui, e a levarei para casa. 

Tiro a fita de sua boca, com cuidado. E só então posso analisa-la de mais perto, e sentir asco por vê-la tão ferida. O seu olho direito estava inchado, como tivesse sido agredida com socos. Guardo o meu celular em meu bolso, e tiro a minha jaqueta. Seguro um de seus braços e puxo-a para cima, fazendo-a ficar sentada. Passo por entre seus ombros, e ouço seus soluços mais altos e livres. 

— Consegue ficar de pé? – pergunto, e ela tenta se erguer, mas parecia fraca. — Eu vou te pegar e te levar até meu carro. Certo?

Seguro em suas pernas, e ela começa, novamente, a me estapear, mas agora gritava praguejares que não conseguia compreender. 

— Eu não sou como eles. Eu vou te levar embora! – digo, repetidas vezes, e sua respiração que antes estava como a de um animal raivoso, se normaliza. 

Pego-a de uma vez, e mal sinto o seu peso. Ela era leve como uma pluma, mas eu tenho receio de que ela parta ao meio em qualquer momento, ou que suas lágrimas a afoguem. Passo com ela pela porta, e ao chegarmos ao começo da cabana, só consigo ver algo batendo em minha direção com força. 

A garota voa dos meus braços, e cai no chão, grunhindo pela dor. Minha costela estava dolorida, e sinto-me quebrado em várias partes. Ergo meu olhar e vejo que os malditos homens tinham voltando, e bateram o carro contra mim. Olho para ela, que tentava se levantar, a todo custo.

— Você é um tira? - um deles pergunta, ao sair do carro. — O que faremos com ele?

— Mate-o. - o outro diz. 

Forço-me a ficar de pé, e, cambaleio um pouco para trás. Passo a mão esquerda por meu cabelo, e encaro ambos os vermes. Eu só conseguia ver uma única cor, mesmo com toda a escuridão a minha volta, e apenas os faróis do carro como iluminação. Vermelho. Minha visão estava completamente vermelha ao imaginar o que eles fizeram com ela. Em como foram capazes de feri-la, torná-la lixo em suas mãos.

Memórias amargas do meu passado se misturam com as cenas do agora, e eu sinto uma fúria que não pensei que sentiria por muito tempo. E tudo acontece como uma cena planejada em uma mente doentia.

Saco a minha arma no mesmo instante em que um deles mira em minha direção, e acerto em seu peito quatro tiros. Aponto a arma para o outro que tentava correr, mas acerto suas costas com mais três tiros. 

Eu queria descarregar minha arma em suas cabeças, arrancá-las e jogá-las do monte, mas ouço um grito que me faz voltar ao mundo real. O mundo em que eu acabara de matar dois homens e nenhum remorso se passa em meu peito. 

Olho para a garota, e vejo-a chorando mais alto, encarando os homens sem vida. 

— Ei! Você está bem? - era uma pergunta estúpida, não tinha como ela estar bem.

Pego a jaqueta que caiu no chão com o impacto em que ela foi lançada, e coloco-a sentada, cubro-a, novamente. Ela estava suando frio, tremendo e chorando como uma criança assustada.

Muitas reações humanas em uma única pessoa e para que eu saiba lidar. 

Pego-a em meus braços, e faço o mesmo de minutos atrás. Volto a andar, segurando-a com firmeza, mas sem deixá-la desconfortável. Seus dedos afundam no tecido da minha camisa, e ela se sustenta como se eu fosse tudo o que pudesse mantê-la protegida. Abro a porta do carro e ergo o banco, tento soltá-la, mas ela não me deixa ir, e chora um pouco mais.

— Eu preciso dar a volta e dirigir. – digo, olhando-a. — Estarei logo ali na frente. Não irei deixá-la sozinha.

Ela se solta aos poucos, e seu corpo despenca no banco do carro. Ajeito-a como posso, e seus olhos se fecham, junto às lágrimas secas, e outras ainda recentes.

— Ei! Não desmaie agora. Eu vou te levar para um hospital. - digo depressa e toco o seu rosto, mas retiro a minha mão ao sentir os hematomas que pareciam arder em sua pele fina. — Me diga o seu nome. 

Eu não podia chegar ao hospital com ela em meus braços, e não saber de quem se tratava. Precisariam encontrar sua família.

— Val... - ela balbucia baixo, aproximo-me para conseguir ouvi-la. — Valentina Hunter. 


Notas Finais




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