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História Broken - The other side.


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hello hello, babes! Espero que gostem do capítulo, xx

Capítulo 10 - The other side.


Fanfic / Fanfiction Broken - The other side.

L U K E

Eu preciso urgentemente parar de fumar, pois estou cogitando a ideia que estou tendo todos os meus neurônios queimados, essa é a única explicação plausível para minhas atitudes nos últimos dias e, principalmente, para a da noite passada. Nunca, realmente, em hipótese alguma, eu ousei descontar a minha raiva por uma garota e transferir isso para um beijo.

Onde está a minha mente de sempre? Onde estão minhas regras? Onde está meus limites? Estou definitivamente pirando.

Dirijo até o armazém de Archie e estaciono o meu carro ao lado do de Ashton. Ele sai de seu carro e retira seus óculos escuros, revelando as olheiras que entregaram o seu pouco tempo de descanso essa noite. Logo após vejo Calum e Michael, saindo também do carro, com expressões nada amigáveis.

Olho para o garoto de cabelos vermelhos que bufava enquanto mastigava uma batata frita retirada de um pacote de fast food. Olho para ele incrédulo. Ele me encara e dá de ombros.

— Você só sabe comer, Mike? - pergunto-lhe e o vejo revirar os olhos.

— Quando o meu amigo é um empata fodas que me liga às três da manhã para transportar carregamentos, enquanto eu estava pronto para transportar outra coisa para dentro de uma garota, sim. Eu só sei comer. - ele diz de boca cheia e Ashton murmura alguns palavrões.

— Resolva logo isso, Luke. Estamos com sono. - Calum resmunga.

— Ótimos parceiros eu fui arrumar. - digo e retiro meus óculos escuros, enquanto ando até a entrada do galpão.

— Falou o senhor simpatia. - Michael replica, novamente de boca cheia.

Decido por não dar ouvidos aos moleques que costumo chamar de amigos e sigo meu caminho. Quanto antes eu resolvesse isso com Archie, melhor seria para mim e para minha cabeça. Essa manhã apenas deixei Valentina em sua Universidade e deixei dois homens vigiando-a, pois eu teria que resolver isso e não poderia adiar. A ruiva, como era de se esperar, evitou-me tanto quanto eu á evitei e não trocamos mais que duas palavras por todo o caminho.

Mas quem se importa?

— Pontualidade nunca será o seu forte. - Archie diz quando me vê entrando. — Educação também não.

— Manter-se quieto também não é o seu. - devolvo e arrasto para trás uma das cadeiras que estava de frente para sua mesa bagunçada com papéis espalhados.

Ele solta uma risada e ergue uma sobrancelha.

— Certo. Vamos tratar de negócios para que você tenha tempo para melhorar seu humor com sua ruivinha. - estreito os olhos diante de seu comentário. — Qual é, Hemmings? Somos homens, e eu sei que você não perdeu tempo antes de traça-la.

— Eu não á tracei, Archie. E não tenho tempo para essas merdas, minha única responsabilidade é não deixar com que ela se meta em confusões.

— Confusão parece ser seu nome do meio. - diz despreocupado.

— Como diabos sabe tanto sobre ela? Por acaso anda vigiando-a?

Isso me irrita. O sorriso que esse infeliz mantém em seu rosto me tira completamente do sério.

— Eu preciso me informar sobre tudo, já que você não me diz muita coisa. - ele umedece os lábios e retira uma pilha de papéis de dentro de uma das gavetas. — Pensei que tivéssemos um trato.

— O trato não envolve Valentina, e sim David. - digo entre dentes e aperto meus punhos.

Eu queria tanto acertar seu maldito rosto. Santa Merda!

— Então seja mais ágil, Luke. Pois tenho certeza que você não irá querer que eu faça tudo por conta própria.

Inclino meu corpo para frente e o lanço um olhar incrédulo.

— Está me ameaçando? - ele me encara. — Porque se estiver, sabe que está declarando uma guerra aqui, não sabe?

Ele solta os papéis na mesa e ergue as mãos para cima e sorri.

— Calma, garoto. Eu apenas estou lhe alertando, pois não quero que nossa parceria seja quebrada antes de vê-lo de volta ao circulo.

Agora ele começa a falar minha língua.

— Quando vai ser? - ele solta uma risada, mas eu não encontro o motivo para sua graça.

— Você não tem mesmo paciência, uh?

— Realmente não tenho, então me diga de uma vez quando vai ser e o que tenho que fazer.

Ele me entrega os papéis que segurava antes e quando começo á folheá-los, vejo que eram as fichas completas dos lutadores que já passaram e ainda irão passar pelo circulo na Classe A.

— O que exatamente isso significa? - pergunto com confusão.

— Dizem que precisamos conhecer nosso inimigo antes de atacar, certo? Então conheça seus possíveis oponentes e treine. - ele dita. — Você sabe como isso funciona. Não há hora e não há local até o dia das lutas. Se você perder, seja por um nocaute ou por uma mínima inflação, está fora. Estou lhe dando sua chance, agarre-se á ela e faça o seu melhor, filho.

Olho-o apertando meu maxilar.

— Não fale como se fosse à porra do meu pai ou do meu treinador, porque você não é.

— Eu não... - eu não queria ouvi-lo. Eu não queria conselhos ou dicas.

Levanto-me e a cadeira se arrasta para trás.

— Irei mandar as localizações de David pela noite. - jogo os papéis sobre a mesa. — Eu não preciso disso.

Ouço-me chamar antes que eu bata a porta atrás de mim, mas não olho para trás e nem espero para ouvi-lo. Continuo andando, até que vejo uma silhueta conhecida em minha frente. Penso em dar a volta e passar pelos fundos, mas era tarde demais, ela havia me visto e sorria para mim.

— Luke Hemmings. - ela divaga vagarosamente.

— Natasha Marroni. - digo em tom desdenhoso.

— Não sabia que teria a sorte de encontrá-lo logo na minha primeira semana de retorno.

Isso é o suficiente para eu revirar os olhos e dar dois passos para trás. Natasha era a irmã mais nova de Archie, e eu tive o desprazer de cair em seu jogo típico de sedução quando ela ainda era nova e virgem. Fui seu primeiro, não lhe dei um momento especial, e ela se contentou com isso. Tivemos mais algumas noites, éramos bons na cama, nem um de nós queria compromisso e ela não me implorava por beijos ou para que eu ficasse e dormisse com ela, mas chegou um momento em que ela viajou para a Grécia e nunca mais ouvi falar dela. Até agora.

Eu não podia negar que ela era fodidamente bonita e gostosa. Sua beleza angelical e quase que perfeita poderia tirar facilmente a sanidade de qualquer homem, mas não a minha. Em algumas noites, eu percebia que ela tentava ultrapassar a linha e tornar o momento intenso, mas eu não permitia. Eu não lhe dava espaço. Eu não me sucumbiria aos seus encantos e caprichos. Nem mesmo sua beleza e boa foda me soavam como motivos suficientes para ir além.

— Não irá me dar as boas vindas, querido? - sua voz manhosa estava ainda pior.

— Quer que eu faça uma festa?

Ela abre um sorriso malicioso e se aproxima, batendo seus saltos no chão, parando á poucos centímetros de mim. Um passo para frente seria o suficiente para estarmos colados.

— Isso me soa bem.

— É uma pena que eu não esteja ligando para festas. - forço um sorriso sem mostrar os dentes e passo por ela, mas sinto seu braço em meu peito, fazendo-me parar.

— Então o que dizem é verdade?

— Eles dizem muitas coisas, Natasha. - digo impaciente.

— E sobre a filha de Hunter estar sob seus cuidados? Isso é verdade?

— Não que isso seja da sua conta... - seguro o seu braço e o afasto. — Mas, sim. Eu sou o seu segurança.

Ela solta uma risada e me olha com graça.

— De lutador temido para segurança de uma garotinha mimada? - ela estala a língua no céu da boca. — O que aconteceu com você, Luke?

Olho-a e sorrio de canto.

— Eu não tenho os seus atributos para dar o golpe em velhos milionários, o que me resta é trabalhar. - aperto seu queixo entre meus dedos e o solto quando vejo suas pupilas dilatarem pela raiva que lhe causei.

— Você não mudou nada, seu... Cretino!

— Você também não... - deixo meus olhos, intencionalmente, caírem para o decote de sua blusa curta. — Quero dizer, que belos seios você tem agora.

Não espero sua resposta, apenas dou-lhe as costas e continuo o meu caminho para o lado de fora do armazém. Avisto os garotos fumando e Michael bebericava uma garrafa de cerveja, também mantendo um cigarro entre os dedos. Eles me veem e desencostam do carro de Ashton.

— Como foi? - Calum pergunta, franzindo o cenho.

— Como tinha que ser. Preciso passar informações de David para Archie. - estalo meu pescoço de um lado para o outro. — E meus treinamentos para o circulo precisam começar.

— Acha isso seguro? - Ashton pergunta. — Deixar Marroni saber sobre tudo o que acontece com David? Isso pode deixá-lo em uma grande enrascada.

Dou de ombros e ando até meu carro.

— É um risco que tenho que correr. Meu dever é proteger Valentina, e Archie anda muito ciente sobre seus passos.

Ouço Michael pigarrear.

— E isso o deixa irritado, eu presumo?

Olho sem entender onde ele queria chegar com isso. Ás vezes eu achava que os melhores momentos que Mike tinha eram quando mantinha sua boca ocupada com alguma comida.

— Não ouviu-me dizer? É o meu dever. - digo rapidamente e desvio o olhar do seu.

— Tem certeza que é apenas isso? - Ashton pergunta em tom zombeteiro. — Acho que você e a ruivinha tem passado tempo demais juntos. Já estão até morando sobre o mesmo teto.

Calum suspira pesadamente e solta a fumaça de seu cigarro ao mesmo tempo.

— Eu queria ter sua sorte, amigo. Aquele belo anjo ruivo é definitivamente o meu sonho de consumo. - ele encosta sua cabeça no ombro de Mike que se afasta e resmunga baixo.

— Vocês precisam realmente dormir. - digo e abro a porta do carro. — Nos encontramos amanhã no galpão. Preciso que verifiquem meu treino.

— O que fará hoje? - Michael pergunta.

— Irei treinar Valentina. - ambos param, praticamente, de respirar e me olham como se eu houvesse dito a maior atrocidade do mundo. — Não ousem dizerem nada ou juro que irei passar com meu carro por cima de vocês.

Entro no carro e bato a porta. Giro a chave na ignição e passo por eles, ignorando as expressões que se mantinham presentes. Eu sabia bem o que eles iam dizer e não estava nem um pouco afim de ouvir toda a conversa fiada sobre o quão próximo de Valentina eu estou.

Eles deduzem dessa maneira porque não á conhecem como eu conheço. Conviver com aquela garota é como um teste de sobrevivência e sanidade. Já perdi as contas de quantas vezes eu desejei torcer o seu pescoço ou espalmá-la até ela aprender á obedecer e seguir o que lhe é imposto, mas eu não bato em mulheres. Desconto toda a raiva e pouco de paciência que me sobra no fim do dia no meu saco de pancadas, mas sempre sendo interrompido pelos pensamentos do seu maldito cabelo esvoaçante e cumprido demais.

Porque diabos ela não podia ser morena ou loira? Porque ruiva? Porra! Eu odeio o seu cabelo. Eu odeio o tom dos seus olhos. Eu odeio o seu sorriso que sempre alcança os olhos e ela se torna a pessoa mais inocente presente em qualquer ambiente. E eu odiava ainda mais o fato dela ter ultrapassado a minha linha, por mais que eu tivesse lutado para manter as barreiras intactas durante anos, ela simplesmente se aproximou e me beijou. E por alguma piada de mal gosto da vida, não foi apenas uma vez e da seguinte eu fui o responsável por cruzar o que eu mesmo criei.

— Cacete! - rosno e esmurro o volante enquanto estou parado no sinal. Olho para o lado e sinto o olhar de um casal de idosos, olhando-me como se eu fosse maluco. — O que foi? Nunca viram alguém tendo um dia ruim?

Eles continuam me olhando assustados. Reviro os olhos e piso fundo quando o sinal é aberto.

Sigo até a Universidade de Valentina e estaciono o carro no lugar de sempre. Aviso aos seguranças que estavam parados em frente à porta, como se trabalhassem no lugar. Eles assentem e se retiram. Empurro as portas de vidro e adentro o lugar, fazendo a vistoria diária pelos corredores, procurando apenas por alguém suspeito, e hoje, mais do que nunca, eu queria encontrar alguém para socar-lhe o rosto e mandá-lo direto para um hospital com alguns ossos fraturados e uma lembrança de quem eu sou.

Fico algum tempo á espera do sinal anunciando o fim das aulas e quando o ouço tocar, me levanto e ando até a lanchonete, onde Valentina sempre passava para se despedir de uma das atendentes e comprar um pirulito de cereja. Quem no mundo muda seu caminho para se despedir de uma garçonete? E quem gosta tanto de um único sabor de pirulito?

Mas hoje eu não á vejo. Madison e o loiro de nariz empinado estavam conversando com a mesma garçonete, mas Valentina não estava com eles. Olho ao redor e vejo as pessoas saírem, mas nenhum sinal de sua cabeleira ruiva. Ando até os seus dois amigos e quando a morena me vê, arregala seus grandes olhos castanhos.

— Podem me dizer onde está Valentina? - pergunto e o loiro olha-me de cima á baixo, como se me avaliasse.

— Ela está lá fora com... - Jake começa á dizer, mas Madison intervém apressadamente.

— Com a sua professora. - ela força um sorriso e olha discretamente, ou nem tanto, para Jake que assente com um enorme sorriso. — Ela deve estar esperando por você.

— Nós temos que ir, segurança gosto... Luke, certo? Vemos-nos por ai. - Jake diz e Madison começa á arrastá-lo para um lado, mas eles viram rindo e correm pela porta da lanchonete.

Olho desconfiado para os dois se afastando, correndo completamente desajeitados e giro meus calcanhares na direção contrária, passando pela porta dos fundos da lanchonete. Vou em direção ao estacionamento e avisto de longe a cabeça ruiva de Valentina, mas meu sangue continua fervendo quando vejo um rapaz segurança seu braço e ela tentando puxá-lo.

— Eu te dou três segundos para tirar suas mãos dela antes que meu punho acerte seu rosto, playboy. - dito calmamente e os dois me olham assustados.

Valentina, por conta própria, consegue se solta e dá dois passos para longe do cara que ainda me olhava, mas agora havia misto de insatisfação e raiva em seu rosto. Bom, acho que sentíamos o mesmo. A diferença era que eu não me importaria em arrebentar cada um de seus dentes e quebrar todos os seus dedos, mesmo sabendo que teríamos plateia.

— E quem é você? - ele pergunta com desdém.

Eu gosto quando perguntam quem eu sou, mas ele já devia saber, para seu próprio bem.

— Alguém que está louco para desfigurar o rosto de algum metido á esperto. - avanço em cima dele, mas sinto um par de mãos pequenas em meu peito. Olho para baixo e vejo Valentina olhando-me assustada.

— Não, Luke. Ele já estava de saída.

— Afaste-se, Ariel. Eu realmente não estou tendo um bom dia. - digo e tento afastá-la, erguendo meu olhar para o cara que sorri e passa as mãos por seu cabelo engomado.

— Me trocou por isso, Valentina? E que porra de apelido é esse? - ele indaga e com um rosnado, em afasto de Valentina e só não consigo agarrar a gola de sua camisa, pois outro garoto interfere, surgindo de sabe-se lá onde.

— Tire ele daqui, Jude. - Valentina pede para o garoto e eu me lembro dele.

Entorto minha cabeça para o lado pressiono tanto meus lábios que consigo sentir o gosto metálico do sangue em minha boca, formado pela parte em que paira meu piercing labial.

— Isso não acabou. - o garoto diz, olhando para a ruiva desesperada, quase se jogando em mim.

— Espero que isso seja para mim. - grito ao vê-lo se afastar, encarando-me como se pudesse me enfrentar. — Quem é ele?

Ela hesita e se afasta.

— Eu lhe fiz uma pergunta e desejo uma resposta, Valentina. - passo a língua por meus lábios, tentando conter minha vontade de segurá-la pelos cabelos, para que ao menos assim eu conseguisse ver seus olhos. — Quem. É. Ele?

— Ninguém, Luke. Vamos embora. - ela vira-se de costas, mas á seguro pelo braço. Ela para de andar e me olha com receio.

— Você sabe que eu irei descobrir por conta própria, não é?

Ela suspira e assente. Solto seu braço e a deixo ir a minha frente. Eu precisava de um pouco de ar antes de ficar o resto do meu dia enfurnado em um lugar com essa garota.

Passo as mãos pelo meu cabelo e ando em direção á uma árvore baixa, com um tronco grosso e gasto. Fico de frente para ela e antes que eu perceba, soco-a quatro vezes, com muita força. Respirando fundo, olho para meus dedos fechados e marcados com gotículas de sangue sobre ferimentos superficiais que mesmo que fossem em causar incomodo mais tarde, foi como um alivio no momento.

Passo por um grupo de caras que me olhavam como se eu tivesse problemas. Olho-os raivoso, sentindo minhas narinas dilatando. Eles desviam os olhares, completamente assustados e eu sigo o meu caminho, em direção á Valentina que me esperava em frente ao meu carro. Dou a volta e abro a porta, ela faz o mesmo e se senta, encolhida no canto da porta, abraçando sua mochila.

— O cinto. - é tudo que digo e por incrível que pareça, ela não retruca ou banca a teimosa.

Boa menina. Ao menos uma vez.

Levo-a direto para a academia. Ela troca de roupa no banheiro e volta de lá fazendo careta, e eu não preciso de muito para deduzir que Calum havia nos deixado uma tremenda surpresa, ele era um mestre nisso, mas o farei limpar toda sua merda. Literalmente.

Não trocamos muitas palavras, e enquanto ela pulava corda e fazia toda a serie de exercícios que lhe passei, eu me mantinha com o olhar fixo no saco de pancadas que já estava ficando com o couro fundo de tantos socos que eu estava disparando sobre ele. Eu não me importava com minhas dores musculares, mas de alguma maneira, eu tinha que deixar minha raiva se esvair.

Acabamos o treinamento já anoitecendo. Levei Valentina para casa e enquanto ela tomava seu banho, eu pedi para o jantar uma pizza, não precisando ser um gênio para saber que seu sabor favorito era de pepperoni, já que era apenas esse sabor que ela pedia na lanchonete. Era quase possível ver seus olhos brilharem quando ela avistava seu prato com a fatia.

Mas que...

— Luke? - ela me chama na entrada da sala.

Ergo minha cabeça e vejo-a brincando com a barra do seu moletom.

— Algum problema? - olho no relógio na parede acima da televisão e vejo que já se passava das duas da manhã e eu não havia me dado conta disso.

— Eu não consigo dormir. - ela diz receosa. — Posso ficar aqui?

Engulo em seco e me sento no sofá, passando a mão por meu cabelo.

— Claro. Deve estar passando algum filme legal. - digo e olho para a televisão ligada em um canal de esportes.

— Obrigada. - ela sorri sem mostrar os dentes e anda em direção ao sofá, se sentando ao meu lado, mantendo uma grande distância de mim.

Entrego á ela o controle e permito que ela escolha o canal que lhe agradasse, já que minha mente parecia estar com os pensamentos em uma montanha russa gritante. Eu não queria olhar para ela e assumir o quão bonita ela ficava quando não usava maquiagem e fazia essa coisa estranha em levar todos os fios do seu cabelo para cima e prendê-lo, deixando que apenas algumas mechas rebeldes caíssem sobre seu rosto pálido e bem e desenhado.

— Pode ser esse? - ela pergunta e eu maneio a minha cabeça, olhando para a televisão e vendo cenas de um filme que eu desconhecia e que com certeza não conseguiria entender.

— Sim. Pode ser. - digo e ela sorri, erguendo suas pernas para cima e abraçando-as junto ao seu corpo antes de apoiar seu queixo em um de seus joelhos.

Limpo minha garganta e olho para a televisão, me perdendo nos próximos minutos, mas não conseguindo assimilar nada do que se tratava o filme, ainda mais quando a risada melodiosa de Valentina soava na sala silenciosa.

Eu estou quase deitado no sofá e de canto consigo vê-la se espreguiçar e alongar seu corpo, não parecendo muito confortável. Eu me martirizaria pelo resto da vida pelas minhas palavras seguintes, mas antes que o Luke esperto falasse, o Luke estúpido tomou frente da situação.

— Deita aqui. - ela me olha tensa e com a boca levemente aberta, devido ao ato interrompido de seu bocejo não terminado.

—  O que?

— Pode se deitar aqui. Se quiser eu me levanto e...

— Não. - ela me interrompe e sorri. — Pode ficar.

Ela se levanta e eu penso que ela irá correr novamente para o quarto e se trancar, mas ela faz o contrário e sinto o seu cabelo passando na frente do meu rosto e seu corpo pequeno se acomoda na beira do sofá. Endireito-me atrás dela e puxo-a cima, me sentindo ainda pior por estar tocando-a e não almejando soltá-la.

— Está tudo bem? - ela pergunta e eu tento soltar algum ruído que confirme sua pergunta. — Você parece não estar respirando. - sua voz torna-se bem humorada.

— Eu estou. - eu minto.

Ela não diz mais nada, apenas volta a prestar atenção no filme que já devia estar no final. Olho para baixo, focando em meu braço contornado em sua cintura e o puxo um pouco para trás, tentando tirá-lo, mas uma pele macia começa a roça-lo e quando sinto um dos pequenos dedos de Valentina fazerem círculos em meu braço, lentamente, quase que para que eu não sentisse, eu fecho meus olhos.

E eu querendo admitir isso ou não, aquela foi a primeira noite que eu não tive um pesadelo. 


Notas Finais




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