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História Broken - First problem.


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Espero que gostem <3

Capítulo 3 - First problem.


Fanfic / Fanfiction Broken - First problem.

Sozinha, em meu quarto, pintei as telas, enfurecida, nos tons mais escuros que as tintas podiam formar, representando a minha irritação e frustração. As lágrimas picavam meus olhos, mas nenhuma delas caiu, porque não permiti.

Praguejei a decisão de meu pai, por horas, assim que deixei o seu escritório, sem acreditar que ele estava transformando minha vida, em sua vida. Durante anos, lidei com homens me seguindo por cada lugar que eu passava, era irritante, e lutava para me livrar dos grandes homens que não se perdiam, mesmo que tentasse despistá-los. Eles estiveram em todos os colégios que passei, andavam entre pessoas nas ruas, e seguiam-me com seus carros escuros. Em um certo tempo, não precisava mais olhar para trás, apenas os sentia me espreitando, tão próximos, mesmo que tentassem manter os disfarces. Ninguém podia se aproximar de mim, pois para eles, eram ameaças. Com certa idade, cansei-me, gritei com meu pai, briguei, e impus meus direitos. Sua vida, não era a minha vida. Ele pertencia a isso, mas eu não queria ser nem mesmo figurante nesta cena.

Os seguranças diminuíram, e eu aprendi a como enganá-los bem. Um ou outro me seguiam, mas davam-me espaço. Resolvi aproveitar, testar-me, viver. Lilian me disse uma vez que mamãe foi rebelde em sua adolescência, e meu pai foi como ela. Viveram um amor proibido, pois mamãe pertencia a igreja, e papai era festeiro e encrenqueiro. Aquele puro amor venceu tudo, apenas não conseguiu vencer o que a levou de nós. E eu sabia, se ela estivesse viva, muita coisa teria sido diferente, para todos nós.

Talvez. Eu detestava essa palavra.

— Droga! - urro, e empurro as latas de tinta para longe.

Aquele homem... Lembro-me vagamente de seu rosto. Ele me salvou, falou comigo e me carregou em seus braços, assim que terminou de lutar. As memórias não eram frescas em minha mente, como se o breve tempo que passou tivesse apagado-as. Mas, ainda tinha lapsos. Ainda conseguia me lembrar de partes de seu rosto, de seu corpo e sua voz era inconfundível. Nos pesadelos que tive nas primeiras noites em que voltei para casa, em meio aos meus gritos, ouvia-o dizer que tudo ficaria bem, e que ele não ia me machucar. E então, eu acordei, todas as vezes, porque acreditava nele.

Sua postura se manteve firme, sentando na cadeira, enquanto apreciava o show particular de pai e filha dentro de uma crise. Mason se retirou, minutos depois, e tocou em meu ombro ao passar por mim. Ele, o homem vestido de preto, demorou um pouco para se levantar, e meu olhar sobre sua expressão impassível, não o intimidou. Não se importava se detestava a ideia de tê-lo em meu encalço. Na verdade, parecia não dar a mínima para nada ao seu redor. Algo nele era estranho, sombrio, e angustiante. Eu não o queria por perto, mas meu pai também não dava a mínima para isso.

Após um longo banho saio do meu quarto para livrar-me das marcas escuras das tintas, e das gotículas que grudaram em meu cabelo, retorno ao quarto. Visto-me em uma roupa casual; jeans e camiseta, e deixo o quarto, escovando os fios do meu cabelo úmido com os próprios dedos. Não sentia fome, mas desejava bebericar um pouco de suco. Encontro uma impecável figura feminina na cozinha, dando ordem as cozinheiras que assentiam depressa. Era Margaret, em sua postura sempre elegante, trajando roupas da mais alta costura e em tons claros, mas moldados de forma chamativa. Seu cabelo estava firme em um de seus penteados bem alinhados, sem nem um fio escapando. Tão bonita, mas tão fútil.

— Olá, querida. - ela diz ao notar minha presença, virando-se para mim, girando seu corpo suspenso pelos grandes saltos.

Rolo os olhos, e mantenho-me quieta.

Passo ao seu lado, e paro em frente a geladeira. Apanho uma maça, e fecho a porta. A cozinha estava silenciosa, mas conseguia ouvir as cozinheiras cortando coisas, e mexendo em panelas, assim como estavam respirando.

— Não se esqueça do jantar beneficente que ocorrerá no fim de semana, Valentina. - Margaret me relembra. 

— Eu não vou. - informo-a do óbvio. Mordisco um pedaço da maça, e viro-me de frente para ela.

— Você sabe que precisa estar lá. O seu pai precisa de apoio. - ela diz em um tom mais grave, como se ousasse me repreender. 

Encaro-a, erguendo uma sobrancelha. Nos últimos meses, desejei poder bagunçar cada fio daquele cabelo, apenas para vê-la fora de si.  

— Ele não precisa de mim. E, eu vou voltar para a universidade.

Eu cursava artes. Por anos, antes mesmo de concluir o colegial, lutei para conseguir arrancar isso do meu pai, mesmo que ele não me permitisse passar por toda a experiência de universitária, vivendo com uma colega em um dormitório, ou indo para quilômetros de distância. Alcancei um passo para a liberdade, mas caminhei para trás outros passos ainda sendo controlada como um fantoche.

— Vai voltar para o curso de artes? Porque não faz algo como se tornar uma executiva, uma dançarina, ou...

— Escuta aqui, Margaret... - perco a calma, e aponto o meu dedo indicador direito para ela, segurando a fruta com os outros dedos. — Você pode fazer parte da vida do meu pai, mas não faz parte da minha vida. Não ouse me dizer o que eu tenho ou não quer fazer. Eu nunca serei como você.

Mantenho meu queixo erguido enquanto passo ao seu lado. Deixo a cozinha, sentindo meu sangue borbulhar, e o pouco de apetite que sentia, tendo desaparecido. Subo os degraus depressa, e volto ao meu quarto, lugar de onde nunca devia ter saído. Lanço meu corpo sobre a cama, afundo meu rosto nos travesseiros e bufo, repetidas vezes. Meu celular começa a tocar, em algum lugar próximo a mim. Tateio a cama, e encontro o aparelho debaixo do cobertor.

Sem ao menos olhar o identificador, deslizo o polegar direito sobre a tela.

— Valentina Bennet Hunter, onde diabos você estava? - Madison indaga raivosa do outro lado. 

— Tendo apenas o pior dia da minha vida. – murmuro e viro-me, passando a encarar o teto.

— Margaret? 

— Também. Mas, meu pai reforçou a minha segurança e me tornou definitivamente uma prisioneira. E a megera de sua mulher veio me dizer, a minutos atrás, que eu devia seguir carreira de executiva. - ouço-a bufar. 

— Amiga, eu sei que o seu pai pega muito no seu pé, mas sabe que depois do que aconteceu esse é o mínimo que ele pode fazer, não é? - fecho os olhos, lutando contra as suas palavras tão racionais. — Mas, quanto a Margaret, ela é uma vaca. 

— Papai não pode mudar o que aconteceu. Ele me culpa por ter sido imprudente e sei que pode ter razão, mas e a minha liberdade? Quando irei encontrá-la? Eu nunca vou poder ir à uma esquina sem ser seguida por homens que assustam todos ao redor.

 Os seguranças são tão ruins assim? - mordo o lábio inferior me lembrando dele.

Luke Hemmings.

— Não exatamente. Bom, um deles é um pouco... Misterioso? 

 Misterioso? - noto a empolgação de sua voz. — Isso é algum tipo de sinônimo novo para alguém bonito?

— Não. - minto. — Não tive tempo para observá-lo. - era verdade. A nossa troca de olhares foi muito breve, e quase mortal. 

Então, nos vemos na segunda? - ela pergunta e eu olho para a janela entre aberta. 

— Vamos nos ver hoje. - digo rapidamente. — Margaret está em casa e ela provavelmente irá levar o meu pai para jantar. Vamos à festa de Jax. Chame Jake.

— Val, você está brincando com fogo. Como irá sair sem ser seguida? - essa era uma boa pergunta.

— Eu ainda não sei, mas darei um jeito. Encontro-a lá? 

 Claro que sim. Boa sorte. 

— Eu vou precisar. - digo e encerro a ligação. 

Fico algum tempo deitada em minha cama, tentando pensar em alguma forma de sair sem ser pega por um dos seguranças. Levanto-me em um salto, e espio pela janela. O gramado estava cercado pelos seguranças, e havia muitos deles aos arredores do portão, sabia disso. Se saísse com meu carro, eles iriam me ver no mesmo instante, e me seguiriam, ou ligariam para o meu pai.

Ainda faltavam algumas horas para que tivesse que sair de casa e encontrar Madison e Jake na casa de Jax. Era apenas a festa de um universitário que, com certeza, seria repleta de coisas ilegais. Eu devia ficar longe de qualquer tipo de encrenca, mas não podia evitar. Precisava espairecer, colocar minha mente no lugar. Não seria uma prisioneira. Se estava sendo privada de viver, encontraria um meio de me libertar das amarras.

 (...)

Termino de me vestir, amarro os cadarços dos meus coturnos, e quando ouço passos no corredor, me apresso, deito-me na cama, cubro-me até a altura do pescoço e estreito os olhos. Não demora muito para que uma leve batida soe na porta, em seguida, é aberta. Meu pai coloca sua cabeça, e logo o seu corpo. Se aproxima, e senta-se na beirada da cama.

— Irei sair com Margaret. Ficará bem? - anuncia o que eu já sabia. 

— Sabe que sim. – digo indiferente.

Eu odiava mentir para o meu pai, mas ele havia quebrado parte de mim. 

— Se quiser, chame Madison para ficar com você. - sugere e eu meneio minha cabeça. 

— Vou terminar de pintar meus quadros. – digo, e ele suspira, mas assente. 

— Se precisar de alguma coisa, me ligue ou avise aos seguranças.

— Todas as minhas sombras estarão do lado de fora da minha porta? 

— Não, filha. - ele passa a mão por seu cabelo levemente grisalho em algumas partes. — Todos ficarão lá fora. Hoje o responsável por você é Luke. 

— Luke?! 

— Sim. Ele irá sair daqui alguns minutos para tomar um banho e descansar, mas a meia noite ele irá voltar e tomar conta de você. 

Bingo!

Essa seria a minha chance. 

— Tudo bem. - digo e mostro ao meu pai um sorriso. Ele franze o cenho. 

— Tudo bem? Não vai gritar ou brigar comigo? - nego com a cabeça. — Não vai mesmo bater o pé e dizer que sou controlador, e que te privo de ser feliz?

— Se eu disser tudo isso, irá me deixar livre? - ele ri fraco. 

— Não. E sabe que é para o seu bem. - dou de ombros. — Eu te amo, filha. 

— Eu também te amo, pai. - curva-se para frente e beija a minha testa. 

Fecho os olhos e começo a cogitar a ideia de ficar quieta em meu quarto e respeitar o seu pedido para que eu não apronte mais.

— Querido! - a voz da sua doce quase-esposa soa no andar de baixo, e eu faço careta. 

— Acho melhor você ir antes que ela dê um ataque de histeria.

Meu pai se afasta, e coloca-se de pé.

— Vai mesmo ficar bem? 

— Estou bem, papai. - forço um sorriso. — Divirta-se. 

— Será um jantar com quatro casais e todas as mulheres são socialites e amam o mundo da moda. - ele balbucia e olha para a porta. — Me deseja sorte?

— Boa sorte. - digo e ele sorri, saindo do quarto. 

Espero os seus passos se distanciarem, e me levanto rapidamente. Apanho o meu celular e digito uma mensagem para mandar para Madison, mas Jake é mais rápido. 

Jake: Escute aqui senhorita Hunter, eu preciso beijar na boca e não posso fazer isso até você arrastar essa sua bundinha linda para cá, pois Madison não sai do meu pé. Sabe quantos caras gatos tem aqui? MUITOS! E eu quero admirá-los de perto. Venha, agora!

Solto uma risada e balanço o celular em minhas mãos. Talvez eu devesse mesmo ir.

O que poderia dar errado se saísse e voltasse antes do meu pai retornar de seu jantar chato? 

Guardo o meu celular no bolso da minha calça, e ajeito a minha camisa jeans. Entro no banheiro e faço uma rápida e leve maquiagem. Aperto os cachos ruivos que nunca ficavam lisos, mesmo que lutasse para conseguir isso. Retorno ao quarto, e suspiro. Caminho até a janela, e avisto o carro do meu pai se distanciando, sendo seguido por mais dois carros escuros.

Era a minha deixa. Todos os seguranças deviam estar reunidos no portão para verificar a saída do Governador e de sua companheira. Passo para a sacada, encosto-me nas barras douradas semelhantes a todas as outras das janelas do andar. Alcanço o galho mais firme das trepadeiras que se entrelaçavam junto a outras plantas que nasceram na lateral da casa. Assim que sinto firmeza, coloco meu corpo para fora da sacada, e começo a descer, lidando com a altura e risco de ser descoberta. Mas, já estava acostumada a isso.

Quando era mais nova e brigava com meu pai, descia pela mesma trepadeira, e me escondia na pequena gruta que tinha sobre a piscina coberta. Ele levava horas para me encontrar. E quando completei dezessete anos, continuei usando-a para fugir, mas não mais para a gruta, e sim para fora da mansão.

Assim que me estabilizo e me aproximo do chão, salto e firmo meus pés no gramado. Jogo o cabelo para o lado, e ajeito minha roupa. Ouço vozes na sala de estar, e devia ser Lilian conversando com uma das cozinheiras, se elas me vissem, estaria mesmo enrascada. Apuro-me em uma corrida rápida, conseguindo chegar na garagem dos carros dos funcionários. Todos eram carros simples, mas importados e caros. Entre eles, apenas um se destacava. Era antigo, porém um bonito Impala.

Sem muito pensar, abro a porta do motorista e passo por cima do banco, jogando o meu corpo para o banco de trás. Encolho-me próximo ao acento atrás do volante, e ouço passos na garagem. Fecho os olhos e, mentalmente, peço para que Luke simplesmente entre no carro e saia em disparada, sem verificar o fato de ter uma intrusa em seu veículo. 

A porta é aberta, e um corpo alto e pesado se senta no banco do motorista, inclinando-o para trás, deixando-me por breves segundos sem ar. O som de chaves girando me tranquiliza um pouco, pois ele parecia simplesmente desejar partir.

Sempre gostei de carros, mas meu pai nunca me permitiu ter um até recentemente. Dizia que temia colocar um carro em minhas mãos, e eu sair por ai como uma corredora de corridas ilegais, mas nunca fiz isso. Não por falta de oportunidades ou por não desejar, e sim por ele. 

Amava a velocidade. Não era a toa que meus filmes prediletos eram do gênero de ação, não de romance ou comedia romântica.

Luke pisa fundo no acelerador e sinto o carro em movimento. Rapidamente, espiando pelos vidros, sabia que estávamos passando pelos portões da segurança. Aperto meus olhos, e encolho-me um pouco mais, torcendo para que o carro não fizesse nem uma parada diante aos homens.

— Nos vemos mais tarde, garoto? - era a voz de Ronald, meu motorista.

— Não tenho escolha. - Luke murmura sem humor, e eu sinto um estranho calafrio tomar o meu corpo. Sua voz era tão fria. 

Ouço o som do portão se abrindo. E quando sinto que passamos por ele e entramos na estrada, solto o ar preso em meus pulmões, aliviada por estar saindo de casa. Um celular começa a tocar e eu arregalo os olhos, implorando para que não fosse o meu, mas não era o meu toque. Jake havia colocado alguma de suas músicas preferidas, e tinha certeza que meu amigo ainda não estava ouvindo nenhum tipo de Rap Americano.

— Fala... Não, Ashton. Eu tenho que voltar para a mansão... E eu tenho escolha?... Eu só preciso me certificar que aquela pirralha fique segura e não meta mais em confusão... Não, ela não tem nada demais... É uma criança, cara... Cai fora... E o lance com Calum? Está tudo certo?... Ótimo... Não, eu não vou voltar lá. Ele sabe por que eu fiz aquilo e não me arrependo... Que se foda... Te vejo depois.

Pirralha? Não tenho nada demais? Sou uma criança? 

Sinto todo o meu rosto e orelhas esquentarem. Eu queria, definitivamente, agarrar o seu pescoço e em seguida socar todo o seu rosto até que ele fique inconsciente.

Ele acelera o carro e eu estou contando até duzentos para que eu não voe por esse banco e mate-o. 

Depois de algum tempo, estaciona o carro e sai do veiculo. Aguardo um instante e me levanto um pouco para olhar pela janela do carro. Ele passa pelo hall de um simples prédio, e aproveito para ir para longe dele. Passo por cima do banco, e abro a porta do carro. Atravesso a rua, correndo, e avisto um táxi com um modelo antigo de carro amarelado, mas devia servir. Entro, e dou as coordenadas ao taxista de onde ficava a casa de Jax.

Seguimos em silêncio e quando chegamos á casa, acerto a corrida e saio do carro, arrumando o meu cabelo e minha roupa. O lado de fora da casa estava cercado por carros de todas as marcas e modelos. A música eletrônica estava alta, daria para ser ouvida por muitos quarteirões se houvesse vizinhança pelas redondezas. Todos pareciam empolgados e entretidos com suas bebidas, flertes e jogos estúpidos de universitários egocêntricos.

— Ei! - chamo atenção de Madison, que estava sentada em cima do capô da caminhonete de Jake, e o mesmo estava encostado na lataria, bebericando uma lata de cerveja. 

— Já era hora, princesa. - ele ironiza, e eu reviro os olhos. Beijo o seu rosto e faço o mesmo em minha amiga. 

— Como conseguiu fugir? - ela pergunta e salta do capô. 

— Entrei escondida no carro do meu novo segurança. - digo e Jake solta uma gargalhada. 

— Estou orgulhoso de você, querida. A cada dia me surpreendo com sua rebeldia. - Jake diz com o seu sotaque Irlandês. — Agora vamos logo, porque estou a horas de olho em um garoto que está quase se jogando para mim. 

— Ele está se jogando para todo mundo, Jake. E está bêbado. - Madison alerta nosso amigo, mas isso não atinge Jake.

— Pare de ser invejosa e arrume um homem para você. - alfineta e nos dá as costas, rebolando dentro de seu jeans escuro, com uma camisa em tom vermelho sangue. 

Conheci Jake, assim como Madison, no meu primeiro dia na universidade. Eu me sentia um pouco perdida e os dois apareceram, e se sentaram comigo na lanchonete, pois estava lotada. Começamos a conversar e foi como se houvesse uma conexão imediata entre nós. No dia seguinte, trocamos telefones e começamos a conversar como amigos de longa data. Até que eles descobriram que eu era filha do Governador, me surpreendendo ainda mais por nenhum deles ter me tratado melhor ou pior. Jake apenas gritou, e disse que queria conhecer o estilista de Margaret, pois segundo o loiro, o ele devia ser banido do mundo da moda. E hoje, somos apenas nós três. E somos melhores amigos para todos os momentos. 

Passamos pelo portão da casa de Jax e me surpreendi ao ver a real multidão quase destruindo o jardim da sua casa. Jake saiu correndo e abordou um garoto alto e moreno, ele estava sem camisa, e sorriu ao ver Jake que não pensou duas vezes antes de levar suas mãos até o peitoral do moreno.

— Quando ele tomará jeito? - murmuro e Madison ri, segurando a minha mão esquerda. 

— Acho que no dia em que dinheiro cair do céu. - ela diz e eu não posso deixar de rir. 

Madison me arrasta para o bar improvisado, e pede a um dos universitários que serviam de barman, duas doses de alguma bebida alcoólica. O garoto não demora a servir-nos, e coloca dois copos sobre o balcão, e sorri para nós.

Apanho meu copo, e minha amiga faz o mesmo. Bebericamos o liquido amargo, mas também doce. Um único gole, e acabamos com a bebida. Faço uma breve careta, e a morena solta uma risada, torcendo seus lábios. A música estava ainda mais alta que quando chegamos, e algumas pessoas dançavam, outras se jogavam na piscina, vestidas em suas roupas, ou apenas em peças intimas.

Bebemos mais duas ou três doses. Madison resolveu misturar outras bebidas, e na quarta rodada, me senti satisfeita com uma cerveja. Sabia que meus amigos não estavam acostumados a beber, e alguém teria que cuidar dos dois.

Em especial, a minha amiga que não podia ficar bêbada no mesmo ambiente que Jax Rider. Ele era o garoto mais bonito e rico da universidade. Podia ter a garota que quisesse e todas cairiam aos seus pés, exceto nós duas. Ele nunca flertou diretamente comigo, mas com Mad, sim. Ele estava atrás dela desde o inicio das aulas, e ela sempre o negava, e isso o deixava frustrado, no entanto, determinado a conquistar o sim. Mas, dois finais de semana atrás, ela acabou caindo em seus encantos e aceitou de bom grado o seu beijo, e agora, está o evitando como o diabo evita um crucifixo. Ela o quer, mas a sua cabeça é complicada demais. 

— Vamos dançar. - arrasta sua voz, e solta um soluço.

Apenas seguro sua mão e ela me guia para fora. Muitas pessoas dançavam animadas, próximas ao jardim. Madison começa a se mexer em minha frente, e solto uma risada sonora, achando divertido vê-la tão animada, mas levemente tonta. Acompanho seu ritmo, e balanço meus braços no ar, em sintonia com as batidas graves da música agitada. Sabia que minha amiga queria que Jax a visse, linda e feliz, dentro de seu vestido preto, com parte exposta de sua pele naturalmente bronzeada, e o belo par de coxas que ela possuía.

Dançamos mais algumas músicas, sem nos importar com as coreografias, estávamos nos divertindo. Sentia gotículas de suor se formando em minha testa, mas não queria parar. Estava com meus olhos fechados, e a respiração quente de Madison me fez abrir os olhos.

— Não olhe agora, mas tem um gato loiro e muito gostoso olhando para você como se estivesse prestes a te devorar. - ela diz um pouco alto, beirando meu ouvido direito, e eu olho lentamente para trás. 

Quando meus olhos encontram um par de olhos azuis profundos, sinto minha respiração ofegar e meu coração bater mais depressa. 

Merda, merda, merda!

— É o meu segurança, Madison. - digo e olho-a desesperada. Ela arregala os olhos, e mesmo estando um pouco alta, entende a gravidade da situação. 

— Corre! - ela diz e eu olho-a ainda mais confusa. — Ele está te olhando como se fosse te matar. Corre, Val!

Engulo em seco, e quando a música eletrônica acaba, dá inicio a uma música pop lenta. Um belo momento para melancolia. 

Esbarro em algumas pessoas enquanto peço desculpas, e quando coloco meus pés em um lugar mais afastado do jardim, sinto meu braço direito sendo puxado para trás. Viro-me assustada, e encontro a figura de Luke me olhando com raiva, ódio e, talvez, desprezo. 

— Como chegou até aqui? - ele pergunta entre dentes. 

— Isso não é da sua conta. - tendo desvencilha-me de seu aperto, mas ele não afrouxa e nem me solta, apenas reforça os seus dedos em minha pele.  

— Eu sou o seu segurança. - diz e eu sinto vontade de rir. 

— Você nem queria estar trabalhando em minha casa, porque agora quer me proteger? - o olho em desafio. 

— Não me diga que... - ele parece ignorar parte do que digo, mas liga os pontos. — Você entrou no meu carro? 

— Isso não importa. Agora, me solta! - digo e com um tranco, consigo soltar o meu braço. 

Ele avança para frente e tenta segurar meu braço novamente, mas sou mais rápida e dou dois passos para trás. 

— Vamos embora... - soa rude e impaciente. 

— Não! - cruzo os braços. 

Eu não queria Luke como meu segurança, e ele não queria ser meu segurança. Não encontrava razões para que ele permaneça, tentando me proteger. 

— Vamos embora, Valentina. Agora. - diz mais baixo, mas com uma entonação ainda mais fria. 

Eu poderia ter cedido facilmente por seu olhar perfurando o fundo da minha alma, ou, por ser uma luta desleal, mas eu não me entregaria a isso. 

— Não, Luke. – digo, dando ênfase em seu nome. 

Empino o meu nariz e o olho na mesma - ou quase - intensidade em que me olhava. Com as luzes alternadas e coloridas que iluminavam o jardim, ele parecia ainda mais assustador, e mais bonito, também. Vejo seu maxilar travar-se e não havia um mínimo pingo de emoção em seu rosto, a não ser a raiva.

— Você pediu por isso. 

Antes que eu possa dizer alguma coisa, ele se abaixa e pega as minhas pernas e, na mesma velocidade, me joga por cima de um de seus ombros como se eu não pesasse mais que uma simples pena. 

— Luke! Coloque-me no chão! – grito, de cabeça para baixo, e começo a me debater e bater com os punhos fechados em suas costas. 

Ele aperta um único braço em minhas pernas e eu continuo gritando e o batendo, mas não parece afetá-lo. 

Ergo a cabeça e vejo os olhares curiosos em nós dois, mas ninguém, nem mesmo os garotos com corpos atléticos se atreveram a intervir. Malditos covardes!

Sinto meu corpo sendo colocado no chão, sem delicadeza. Luke prende o meu corpo em algo frio e pressiona suas pernas contra as minhas. Ele estava próximo demais de mim. 

— O que...

— Você vai entrar nesse carro ou terei que te amarrar? 

— Você não me amarraria. -  minha voz vacila, pois não sabia do que ele era capaz. 

— Não duvide de mim, Valentina. - e mais uma vez ele diz o meu nome. 

Porque a cada vez que o ouço saindo de sua boca eu me arrepio. Foram apenas duas vezes, mas... Argh! 

Ele descola nossos corpos e abre a porta do carro. Encaro-o por algum tempo e ele me olha com firmeza como se dissesse ''entra agora ou eu juro que te amarro''. 

Entro no carro e ele fecha a porta. Ele dá a volta e entra no carro. Encosto-me na porta e cruzo os braços, irritada. 

Ele trava as portas e olho-o de canto. 

Oh meu Deus! Há uma expressão assassina ali. 

— Dá próxima vez que entrar no meu carro sem minha permissão, eu me esquecerei de qual é o meu real trabalho. - ele diz e eu engulo em seco. 

 


Notas Finais




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