História Broken Angel - Shot

Meu Deus, é hoje que eu vou morrer. Chegou minha hora. 

Me levanto num pulo o enfrentando. Nao preciso de dizer nenhuma palavra, consigo o intimidar apenas com meu olhar, e Justin sabe muito bem o que ele significa. Depois de suas palavras eu nao ia pertencer mais a ele.

- O que pensa que esta fazendo ? - Ele fala se aproximando. Nao me afasto pois sei que nao ha maneira de o escapar. Ele envolve a mao no meu pescoço e o aperta atirando meu corpo para o chao.- Voce esta me desrespeitando debaixo de meu teto ? - Grita fechando as maos as apertando com força. Me levanto de novo o encarando. 

- Ele nao é nenhum monstro como voce. Teve sua chance, volte para suas vadias.- Sorri falsa o irritando ainda mais. Sua mao se move para a sua cintura retirando a arma que tinha escondida nas calças. Nathan ja se encontra a meu lado tentando calcular seu movimento. Sei que vai atirar, so estou tentando descobrir em qual de nos será. Vejo seu olhar irado cair sobre Nathan e nao preciso de mais provas, no preciso momento em que seu braço se levanta para atirar meu corpo ja esta em frente de Nathan. Ele nao tem tempo para mudar a trajetoria e a bala atravessa meu corpo como mil laminas de uma vez. Nao sinto dor, pelo menos nao agora, apenas fito o buraco de pano rasgado da camisola branca que usara criar uma mancha cada vez mais avermelhada.

De repente nao sinto minhas pernas e acabo caindo de joelhos, ouço um zumbido em meus ouvido e sigo o som. Meus olhos acabam fitando um Justin de olhos arregalados, noto que seus dedos tremem. Estou tao atenta como um falcao, consigo sentir os braços de Nahtan me agarrando com força, vejo a veia que Justin tem no pescoço ganhar um volume assustador. A face de Justin ganha manchas pequenas cinzentas e pretas, tao cintilantes que parecem pintadas por artistas.

Por momentos deixo de ver, os sons que ouço la ao fundo tornam se inaudíveis, tento falar, quero dizer que nao ouço, que nao vejo. Sei que mexo meus labios mas nao sei se alguma voz saiu por eles. Meu corpo é movido durante um tempo, aos poucos vou sentindo meu abdomen arder cada vez mais, como varias laminas me espetassem a pele ao mesmo tempo, como se alguem me penetrasse com a mao tentando arrancar algum orgao. A dor é aguda, e finalmente sei que meus ouvidos estao funcionando de novo porque meus gritos os fazem voltar ao trabalho. Meu desespero é enorme e meus gritos nao param por nada. Sinto algo frio tocar minha pele, levo as maos com a pouca força que tenho para afastar o intruso que tenta ser um parasita em meu corpo mas sou parada.

- Porra Nathan agarra ela.- Ouço sua voz, a voz do intruso, a voz do traidor, ladrao nojento. 

- Ela esta sofrendo Justin.- Nathan choraminga, mas claro, Justin pouco se importa com minha dor. 

A coisa fria continua mexendo e remexendo com meu corpo e meus gritos sao constantes. Atrevo me a abrir os olhos e vejo um mar de sangue  onde Justin esta concentrado me observando. Ele faz outro movimento me fazendo apertar os olhos, trinco meu labios inferior com tal força que sinto o sabor metalico do sangue na minha boca. Sinto umas maos apertar minhas bochechas.

- Hey Mia.- Justin fala. Abro os olhos aos pouco deparando me com seus olhos de caramelo me fitando.- Eu sei que doi mas se voce nao me deixar fazer isto, vai doer muito mais por isso vamos ter calma, respirar fundo e passar por isto.- Abano minha cabeça e ele volta a sua missao. Modero minha respiraçao inspirando forte quando o sinto bem fundo. Logo ouço algo caindo no chao, um som agudo e metalico. Eles suspiram de alivio mas ainda me sinto fraca, muito fraca. Um liquido inunda o buraco em meu abdomen fazendo o arder,  gemo baixo sem forças para gritar.- Ela esta muito fraca. 

- Deixe eu ficar com ela por favor Justin, os problemas sao entre nos dois, mas podemos resolve los depois.- Ouço a voz preocupada de Nathan.

- Nao, eu fico com ela.- Sei que Nathan quer protestar mas tambem sei que se ele desafiasse Justin poderia ser morte neste instante. Ele acaba por sair do quarto, vejo seus olhos cheios de raiva, sei que se Justin nao fosse tao poderoso poderia estar morto neste momento. Enquanto ele sai Justin nao tira os seus olhos de mim, parece desiludido consigo mesmo.- Ok.- Olho o confusa. Ele suspira e continua.- Eu deixo voce se aliar comigo, contando que invista seu dinheiro nos meus negocios e... com outra condição.- Levanto a sobrancelha nao tendo a certeza do que ele esta dizendo seja verdade ou alucinaçao. Abano a cabeça como sinal para que prossiga.- Voce é minha.- Sussurra e me olha autoritário. Sei o que quer dizer, nao me posso envolver com mais ninguem. Ver me com Nathan o deixou assustado mas... assustado o suficiente para me abordar em questoes de seus negocios ? Gemo de dor nao sabendo o que responder.- Voce precisa de alguma coisa ? - Justin se levanta, as correntes a volta de seus pescoço fazem um som agudo e me lembram que fui eu que o ofereci, que fiz uma oferenda de paz ao homem que acabou de me alvejar. Abano a cabeça e fecho os olhos com o intuito de simplesmente adormecer, de desligar para o mundo, nem que seja por um tempo. Quero esquecer a dor, quero esquecer todos os problemas, e isso inclui Justin. Deixo minha cabeça cair para o lado, quando sinto que estou quase adormecendo sinto um peso na cama a meu lado. O susto que me traz de volta ao mundo dos vivos me faz abrir os olhos, é ele.- Posso fazer companhia ? - Pergunta sorrindo. A sua bipolaridade me deixa tao frustada, nao consigo produzir nenhuma palavra, so sinto tristeza e raiva por aquele homem, que acabou de me fazer sofrer de novo. Mas, sabendo que nao vou puder fugir dele desta vez, apenas viro a cabeça para o outro lado o fazendo rir baixo. Ele passa seu braço por baixo de meu pescoço e vagarosamente para que nao me magoe passa o outro braço pela minha cintura, uns centimetros abaixo do ferimento que me causou. Como e possivel ter esta açao toda  num espaço de manha, realmente ele tinha reaçoes demasiado exageradas.

Sei que é bem cedo pois ainda a pouco o sol tinha nascido e concluo que ainda passaria umas horas com Justin me agarrando. Se nao houvesse dor ate podia aproveitar este seu gesto carinhoso mas visto que furou meu corpo apenas sinto nojo e ira. Gemo de dor mas rapidamente adormeço. 

Quando acordo seus braços ainda me envolvem, sinto meu corpo dorido como se tivesse passado a manha exercitando. Nao quero mexer a cabeça pois sei que ele esta ali.

- Eu sei que voce ja acordou.- Ouço a meu lado.- Sua respiraçao mudou.- Sussura ao meu ouvido. Finalmente viro a cabeça.- Pensou na minha condiçao ? - E me lembro: Voce é minha. E conlcuo uma coisa, eu ja o era. Nao sabia era se com isso viria a proibiçao de poder aproveitar a companhia de Nathan. 

- Nathan e meu amigo.- Minha voz sai rouca pela dor e pelos gritos que dei mais cedo.

- Costuma dormir muito com seus amigos ? 

- Voce disse que nao queria dormir comigo, disse que nao se queria envolver comigo, entao porque fica assim quando estou com Nathan ? - Ele bufa desesperado.

- Eu nao sei.- Fala me olhando como um cachorro abandonado. É suposto ter pena depois do fora que levei ontem a noite ? - Eu senti a sua falta...

- Nao me tivesse mandando embora.

- Porra Mia eu estou tentando ser carinhoso pode facilitar o trabalho ? - Ele apoia seu cotovelo na cama e fica me olhando irritado.

- Voce nao quer nada comigo para que precisa de ser carinhoso ? - Sei que o estou irritando demais pois sei que esta prestes a sair pelo quarto. Mas ele respira fundo e se acalma.

- Eu quero pedir desculpa por ter magoado voce.- E é a unica coisa que diz antes de ir embora. Nao ia ficar para a resposta. E realmente nao iria ter nenhuma, sou a prova viva de que suas reaçoes sao o cumulo do exagero. 

(...) 

- Mia, preciso de voce no meu escritorio.- Justin aparece no quarto apressado.

Estou no quarto de Nathan desde do acidente. Nao quero enfrentar o quarto Justin, nao desde que esse me rejeitou. Passei o dia fechada desejando por comida mas sem força ou vontade para descer e subir escadas. Consigo levantar meu corpo com uma lentidao vergonhosa. A dor é insuportavel. Nathan ainda nao apareceu uma unica vez, mesmo sabendo que estou sofrendo, mesmo sabendo que aquele tiro nao me era destinado. Entretanto tenho mudado o curativo desejando baixinho para que alguem apareça e me ajude, me poupando de movimentos escusados para alguem magoado. Mas estou só, se eu nao faço ninguem o fará. Sou assim tao insignificante. 

Por isso, ja nesta noite, quando justin aparece fico surpresa como alguem se lembrou de mim. Com toda a calma do mundo tento trocar a camisola ensopada com sangue enquanto ele me encara de olhos concentrados no meu corpo. 

- Voce vai ajudar ? - Falo finalmente o acordando do transe em que caiu. Ele se aproxima e com calma me veste a camisola e os calçoes.- O que vamos fazer no seu escritorio? - Ele nunca me tinha levado ao seu escritorio.

- Negocios.- Diz me ajeitando a manga no braço. Puxa minha mao e me leva pelo corredor. Cada passo é um pesadelo, gemo cada vez que meu pe pisa no chao. Justin expira forte se virando para mim. Pega no meu corpo bem devagar e me leva ate ao escritorio, eu o fito curiosa. Estou encostada ao seu peito e agarrada ao seu pescoço. Nao digo uma palavra, estou tao surpresa com suas açoes que nao consigo.

Finalmente paramos em frente a uma porta de madeira enorme, ele me pousa e abre a porta. No fim da sala tem uma secretaria grande com uma cadeira de couro que parece bem confortavel. Na sala estao espalhados varios homens esperando seu chefe.

- Com voces ja falei, quero o carregamento amanha de manha, nos vemos mais logo.- Fala dando um movimento de cabeça que faz com que todos eles se retirem da sala. Justin da a volta a secretaria e se senta na cadeira luxuosa.- Voce esta com pessimo aspeto.- Oh, como eu sabia disso. Todo meu corpo estava palido pela fata de sangue e de comida.

- Tudo graças a voce.- Sorri falso. 

- Bem...- Ele cruza os dedos e me olha pensativo, parece um admnistrador, um homem de negocios importante. E ele ate podia ser isso tudo, se nao parecesse tao novo pois com sua aparencia nem parece ter a profissao que tem.- Desde que voce aceitou a minha proposta... eu gostava que voce começasse a se envolver nos negocios.- Justin sorri malicioso. Sei que tem algo de mau em mente, simplesmente o sei.- Vou precisar de voce para um trabalho importante. 

- Algo nisso me soa mal. Eu estou magoada.

- Eu sei disso mas nao vai ser nada de especial. Meu rival tem algo que eu quero e eu quero que voce traga para mim.

- O que tem essa coisa de especial ?

- Voce vai precisar de ... trazer alguem por mim. 

- Voce quer que eu rapte alguem ? No meu estado ? 

- O trabalho duro vai ser feito por minha equipa, voce so precisa de ser a cara bonita da operaçao. Sabe os leiloes em que voce iria participar ? - Abano minha cabeça.- Voce precisa de fingir ser uma dessas pessoas e trazer um dos garotos que estará a ser leiloado. Percebeu ? 

- E porque nao vai voce ?

- Ele nao conhece voce, e voce me disse que queria participar nisto... se quer cair fora me diga agora.- Ele esta me desafiando. Isto e um teste de confiança. 

- Ok. Me diga quem vou pegar...- Sua expressao muda, vejo mal no seu olhar. Por momentos me assusto com o que poderia fazer. Ele nao quer saber se corro perigo ou nao, ele so quer ver se sua aliada e capaz de fazer algo. Se consegue ser tao calculista e empenhado como ele. 

- Seu irmão.