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História Broken Dreams - Dê-me anestesia.


Escrita por: PinkNeonFantasy

Notas do Autor


Tradução: "E a dor é apenas um simples compromisso" - Misguided Ghosts, Paramore.
Música: Give Me Novacaine - Green Day

P.s: No título a tradução literal é "novocaína", que é o mesmo que "procaína", um fármaco anestésico, por isso coloquei "anestesia".
Boa leitura <3

Capítulo 47 - Dê-me anestesia.


Fanfic / Fanfiction Broken Dreams - Dê-me anestesia.

Broken Dreams

PinkNeonFantasy

Capítulo 47 - Give Me Novacaine

Tire a sensação de dentro de mim

Enxaqueca agridoce em minha cabeça

É como uma dor de dente pulsando da mente

Não posso mais aguentar esse sentimento

 

- O que você está fazendo?

- Indo ver Gerard, não é óbvio? - Abriu a porta do quarto num rompante. O jornal em uma mão e a maçaneta firme na outra, haviam mechas de cabelo sobre seu rosto e, mesmo com os olhos ainda um pouco inchados e o gosto amargo matinal na boca, ela sentia-se completamente desperta e em alerta.

- Mas você está de pijamas! - Escutou a voz de Hayley, mas não estava se importando com o fato de que estava vestida com uma camisola extremamente curta e que do lado de fora do Salão Comunal, estava frio. Não esperou para ouvir o que Aline parecia estar prestes a falar; desceu as escadas correndo, e nem sequer viu metade do caminho, notando que estava longe da Torre da Grifinória quando entrou nas masmorras.

Ali era frio, muito frio, mesmo que ela não estivesse se importando muito. Começou a encontrar alguns sonserinos saindo do salão comunal para tomar café da manhã, esbarrou em vários quando os corredores de pedra começaram a se tornar apertados demais para a quantia de alunos num único espaço.

Não parou para reparar nem para brigar com aqueles que lhe gritavam, reclamando por ela estar indo para o salão comunal que não era o dela, ou apenas por estar no meio do caminho. Estacou, vendo a porta do salão da sonserina aberto, e dezenas de alunos saindo de lá, era quase como um enxame de pessoas vestidas de verde e preto.

- Lily? - Virou, vendo Jared lhe encarando com a testa franzida. - O que você... Ah, você já soube.

- Pois é, digamos que nos últimos tempos não tenho tido muito boas notícias, e elas parecem estar vindo pela manhã agora... - Ela puxou o ar. - Como eles estão, Mikey, Gerard...?

- Mikey não parece muito abalado e Gerard... Bem, não dá para saber exatamente. Ele parece muito bem, ao mesmo tempo em que está revoltado com tudo e todos.

- Caramba... - Suspirou, erguendo a mão para esfregar seu olho direito. O frio das masmorras estava começando a lhe afetar, e começava a se arrepender por ter saído do salão comunal da Grifinória sem nem sequer uma manta. - Ele deve estar uma bagunça enorme, Merlin, por que justo agora? Não que eu não sinta muito pela morte do Jimmy, é só que...

- Eu entendo - Jared cortou, colocando sua mão no ombro da ruiva. - Estão todos uma bagunça, alguns mais que outros. Enfim, Taylor levou Mikey para fora. Brendon disse que alguém deveria ficar de olho nele, porque seria bem a cara do Mikey deixar comer e passar mal. Gerard não saiu do dormitório, e tampouco falou comigo ou com Brendon, mas talvez se eu disser que você está aqui...

- Não estou deprimido a ponto de me manter recluso no dormitório - a voz de Gerard se fez presente, e Lilian virou-se, sentindo um misto de alívio e ansiedade. Gerard parecia bem, em primeira vista. Não estava usando o uniforme, mas sim vestes completamente negras e um pouco mais justas do que a maioria de suas roupas, mas combinavam muito bem com ele. Por um momento ela lembrou-se do Gerard que encontrou na outra dimensão e sentiu um arrepio subir por sua espinha.

Seus cabelos estavam muito bem penteados, mas ainda assim um pouco revoltos, sua varinha estava firme entre seus dedos da mão esquerda, e seu olhar era de poucos amigos. Estava muito pálido, por ainda não estar completamente recuperado de seus mais recentes mal-estares, o que fazia as olheiras se tornarem mais visíveis. No entanto, mesmo com uma aparência não muito saudável, ele permanecia como uma rocha. Fria e dura.

Suas costas estavam retas, seu nariz empinado, sua expressão era tão arrogante que imediatamente lembrou Lilian dos piores momentos que passaram juntos, e seu olhar poderia congelar alguém. Ela não estava gostando daquilo.

 - Mas obrigado por não deixá-la sozinha aqui. - Ele se aproximou e ela notou que, pelo olhar que ele lhe lançou, não estava muito feliz em vê-la ali. Quis socá-lo, mas sabia que por trás de toda aquela fachada estava uma enorme bagunça sentimental.

- Gerard, você está bem? - Jared perguntou, sua mão ainda permanecia no ombro da ruiva, e ela se abraçou sentindo os arrepios causados pelo frio se tornando mais intensos, e novamente se amaldiçoou por não escutar suas amigas. As masmorras eram extremamente frias, e quando o último aluno, do grande grupo de sonserinos, saiu da sala comunal e fechou a porta, a temperatura pareceu cair ainda mais. - Você sabe que não precisa fazer isso, não conosco, certo?

- Eu estou bem - o olhar dele intercalava entre Lilian e Jared. - Não foi realmente uma grande perca. E, eu não estou fazendo nada demais, Leto, apenas sendo o que eu sempre fui.

- Você nem sempre foi um grande filho da puta arrogante. - Jared resmungou, retirando a mão do ombro da grifinória e colocando-a no bolso da manta. - Já teve momentos melhores e sabe disso. - O rosto de Gerard permaneceu lívido e Leto balançou a cabeça negativamente, parecendo cansado. - Não precisa se tornar uma rocha sempre que algo assim acontece, não precisa mudar da água para o vinho, todo mundo tem sentimentos ok? E ninguém vai julgar você por demonstrá-los.

- Jared, eu realmente aprecio sua preocupação e adoro você, mas dos meus sentimentos e das minhas atitudes quem sabe sou eu.

- Okay, okay, entendi o recado... - Jared recuou, com as mãos para o alto e um sorriso irônico e um pouco entristecido. - Só... Não seja um merda com ela, porque você sabe que depois que você a magoa, ela pode até te perdoar, mas você não se perdoa, e eu acho que você já tem muito peso para carregar nas costas.

Jared virou-se e saiu, deixando um silêncio tenso no corredor escuro e frio das masmorras. O silêncio permaneceu até que o casal não pudesse escutar os passos do amigo.

Lilian cruzou os braços, tentando se esquentar e encarou Gerard. Não havia alterações em seu semblante, mesmo que uma sombra de arrependimento e tristeza houvesse passado por seus olhos durante alguns segundos.

- O que você está fazendo aqui? - Ele se aproximou, levantando uma sobrancelha. - E de pijamas?

- Eu fui acordada com a notícia - ela hesitou. Ele estava próximo o suficiente para repelir o frio e ela agradeceu mentalmente por aquilo. - E vim ver como você estava, fiquei preocupada...

- Não precisava desse escândalo todo - ele revirou os olhos, e logo em seguida focou em algo atrás dela. - Perdeu sua bunda aqui Dimitry? - Perguntou num tom agressivo, puxando Lilian pela cintura abruptamente. A ruiva virou-se para ver um garoto de cabelos cinzentos dar meia volta e sumir pelo corredor afora. - Vista isso, qualquer um pode ver seu traseiro com esse pijama - resmungou, desfazendo os botões da manta e retirado-o para colocar nos ombros da grifinória.

- Como você está?

- Perfeitamente bem, já disse. - Gerard estava com os olhos baixos, abotoando o casaco. - Jimmy não era grande coisa, eu não iria me afetar por isso.

Ela tinha certeza de que ele estava mentindo, conhecia-o bem demais para acreditar que ele não estava nem um pouco abalado. Respirou fundo, tentando ter paciência com ele.

Envolveu seus braços em volta do corpo de Gerard, deitando sua cabeça no ombro dele mesmo que ele não houvesse retribuído o abraço de imediato. Fechou os olhos quando sentiu os braços dele se erguendo e lhe apertando. 

- Eu preciso ir - ele pigarreou, se afastando. - Por causa do enterro o diretor me deixará sair e eu vou passar sete dias em casa, pelo luto. - Havia uma ponta de amargura na voz dele, e ela sabia que o motivo era porque ele não queria sair de Hogwarts.

- Eu vou junto!

- O máximo o que diretor vai deixar é você sair por um dia, para o enterro.

- Quando Molly, Lucy e Hugo morreram você ficou dias comigo em casa.

- Bem, você pode ir até o diretor. Espero que tenha sorte. - Se distanciou, resmungando de forma irritada. Ela manteve-se parada, observando-o se afastar com as mãos no rosto. Se perguntava porque ele tinha tanta dificuldade em deixá-la lhe apoiar, mesmo depois de anos juntos. Porque ele precisava complicar tanto a relação dos dois, principalmente em momentos tão delicados como aquele. Mas desistiu de ter uma resposta.

 

- Então... - Frank hesitou, olhando a arquitetura humilde e ao mesmo tempo sombria da casa. - É aqui que os Way moram? Depois de tudo que ouvi sobre essa família, achei que a residência deles fosse algo parecido com a dos Malfoy.

Há dois dias a morte de Jimmy havia sido anunciada, o enterro seria naquela manhã e só então os amigos de Gerard e Mikey foram autorizados a sair de Hogwarts para prestar consolo aos dois e também participar do enterro. E não era surpresa para Lilian o fato de que não conseguiu dormir um segundo sequer desde então, ou que não conseguiu se concentrar nas aulas e que por sua distração, fez bobagem na detenção e teve que ficar mais do que o previsto.

Nesse meio tempo, Gina respondeu sua carta, pedindo para que se encontrassem na próxima ida de Lilian à Hogsmead, e a ruiva implorava mentalmente para qualquer força divina que pudesse lhe ouvir, para que sua mãe tivesse uma solução, ou o mais próximo disso que fosse possível.

- A casa é maior por dentro - foi a única coisa que lhe veio em mente para dizer à Frank. O céu estava escuro, e bruxos que Lilian nunca havia visto aparatavam vez ou outra, dirigindo-se até a casa.

A primeira coisa que Lilian reparou, foi que todas as janelas da casa estavam devidamente trancadas. Os bruxos estavam espalhados pelo jardim e alguns entravam e saiam da casa com frequência, lançando olhares de esguelha para os dois grifinórios. A primeira pessoa conhecida que Lilian viu foi Marcy, a tia que Gerard odiava.

A mulher de longos cabelos encaracolados se aproximou, com um olhar hostil. O relógio atrás dela estava parado e a sala repleta de bruxos que fariam a Lilian de 15 anos sentir arrepios, mas não aquela que estava ali, a atual Lilian não sentia medo deles. Talvez estivesse até mesmo familiarizada com aquela aura sombria que dominava aquela família.

- Então você ainda está com Gerard. - Marcy a encarou, com os olhos pesados por uma maquiagem preta, os cabelos caiam abaixo de sua cintura e o vestido negro de ceda marcavam as curvas de seu corpo rechonchudo. Lembrando Lilian da famosa senhora Black, aquela do quadro da casa do Largo Grimmauld.

- Não sei porque está surpresa.

- Lilian, Frank! - Desviou o olhar de Marcy, vendo o cunhado se aproximar. Mikey estava estranhamente formal, mas parecia fisicamente bem. - Vamos subir, por enquanto não há nada que possa ser feito aqui embaixo. - O mais novo indicou para as escadas, sendo seguido imediatamente por Frank. 

Lilian ficou, olhou em volta, notando o caixão de Jimmy do outro lado da sala. O corpo estava coberto com uma manta branca e três bruxas desconhecidas, com seus longos chapéus pretos estavam em volta do caixão, com um livro flutuando entre elas. Lilian não tinha ideia do que elas estavam fazendo, mas algo lhe dizia que ela não iria querer saber.

Virou e foi em direção as escadas. Estavam vazias e todos os quadros da casa estavam silenciosos e estranhamente parados, sem um movimento sequer, quase como os quadros feitos pelos trouxas. Todos os espelhos da casa estavam cobertos por mantas pretas, e tudo estava muito abafado, tenso, escuro.

Ouviu as vozes de Mikey e Frank no final do corredor e em seguida uma porta se fechando. Notou que na curva da escada havia um candelabro de prata que Lilian nunca havia visto na casa, o quadro de Elena adormecido na parede. 

Respirou fundo e subiu um degrau, apoiando a mão no corrimão de madeira antiga, com o coração dando um salto dentro de seu peito quando olhou para o final da escada. A silhueta esguia estava no alto, vestido completamente de preto, lhe observando silenciosamente.

- Você me assustou - reclamou, voltando a subir os lances de escada com mais pressa. Gerard cruzou os braços, com um olhar condescendente em seu rosto lívido.

- Deveria ficar mais atenta, nem todos aqui são confiáveis.

- Me deixou muito mais tranquila agora, Gerard, obrigada.

Ele esboçou um leve sorriso irônico. - Pare de reclamar e venha aqui - lhe puxou pelo cotovelo, sustentando seu peso ao puxá-la para cima e lhe deu um beijo leve, porém lento, com saudades. - Taylor me contou que você quebrou o braço.

- Sim... - mentalmente xingou Taylor por ter contado aquilo. - Ela estava tentando me ensinar alguns golpes e eu acabei caindo sobre o meu braço. Mas está tudo bem, madame AnyDeep deu um jeito.

- Na minha opinião esses treinos de vocês sempre foram uma grande perda de tempo - revirou os olhos. - Vocês são bruxas, não precisam disso!

- Mas é divertido.

- Tanto faz - deu de ombros, recuando. - Acho melhor irmos para o meu quarto, a casa está cheia demais para que possamos ter uma boa conversa aqui. - Concordou, ouvindo um barulho no andar de baixo e passos com salto alto logo em seguida. Deu uma última olhada em volta, a casa estava diferente do que ela se lembrava.

- As coisas estão diferentes aqui... - Sussurrou, seguindo-o pelo corredor. As paredes de madeira escura estavam repletas de espelhos cobertos e quadros, assim como no andar inferior, ali parecia estar mais abafado do que qualquer outro cômodo da casa, e o cheiro de velas incomodava o nariz da garota.

Haviam candelabros de prata flutuando próximo às paredes, e a cera derretida dava um aspecto ainda mais sombrio. Era como se ela estivesse numa casa mal assombrada dos antigos filmes de terror trouxa que Frank e Jay assistiam há alguns anos.

Gerard abriu a porta, e o quarto dele estava totalmente mudado, e ela se perguntou o que havia acontecido com aquela casa.

- Quando cheguei de Hogwarts as coisas já estavam assim - explicou. Ele estava lendo seus pensamentos? - Eles são altos. Aconselho que se proteja, há muitos legilimentes aqui dentro hoje.

- Obrigada por avisar, eu nem tinha percebido.

A janela do quarto estava trancada com um grande cadeado de ouro maciço, e Lilian franziu a testa, perguntando-se qual era a necessidade daquilo. As paredes já não eram mais brancas e sim de madeira, exatamente como o corredor, o guarda-roupa de três portas que antes não ficava ali, tomava conta de grande parte da parede a sua esquerda, o chão também era de madeira, e o tapete havia sumido, a cama, pelo menos, parecia ser a mesma. No lugar onde, antes havia uma cadeira, agora estava uma estante repleta de livros.

- O que aconteceu com essa casa?

- Jimmy está morto, tudo que veio através da magia dele foi embora. - Gerard caminhou até a estante, tocando os livros distraidamente. - A maioria dos bruxos lá embaixo são pessoas com quem ele tinha negócios. A maior parte da nossa família está morta, mas descobri que Jimmy tomava conta dos negócios que meu avô deixou quando morreu, por isso tanta gente...

- Eu vi... Quem são aquelas bruxas, ao lado do caixão do Jimmy? - Sentou-se na cama, olhando em volta sem acreditar na mudança brusca que aquilo sofreu. - Pareciam fazer um ritual...

- Digamos que, depois da minha "volta" - Gerard virou-se, com um livro nas mãos e um sorriso discreto, porém cínico, no rosto. - Lindsey não quer arriscar que o mesmo aconteça com o marido. - Lilian ergueu a sobrancelha. - Elas estão jogando feitiços antigos no corpo dele para evitar que o espírito de Jimmy possa voltar. Fizeram o mesmo durante a noite em volta da casa, para evitar que ele fique preso aqui dentro. Lindsey não o quer aqui de maneira nenhuma.

- Não sei se deveria dar razão à ela ou não... - Comentou, erguendo os ombros. Gerard balançou a cabeça, sentando-se ao seu lado. - Como você está?

- Eu? Eu estou perfeitamente bem. - Ele não ergueu o olhar, continuando a folhear o livro. - Como disse, não foi uma grande perda.

- Gee... - Gerard ergueu o olhar descontente. Lilian respirou fundo, desviando o olhar. - Eu sei, você sabe, seus amigos e os meus amigos também sabem que você não é esse idiota insensível que insiste em demonstrar que é. Mas eu compreendo que você não goste do seu lado sentimental, está tudo bem sobre isso. - Ela afastou a saia do vestido preto e cruzou as pernas. - Mas estamos apenas nós dois aqui, você sabe que pode falar sobre qualquer coisa comigo.

- Você com essa mania de me fazer ter sentimentos é que arruína a minha reputação de idiota insensível. - Ele fechou o livro. - Eu já disse, eu estou perfeitamente bem. Pessoas morrem todos os dias, nós viemos ao mundo com o propósito de crescer, conhecer pessoas e fazê-las nos amar e então ir embora deixando-as depressivas e solitárias com a sensação de ter um buraco no seu peito. É sádico isso, a vida. Mas não importa realmente porque a dor é apenas um simples compromisso, e ela vem e vai o tempo todo.

Era seu jeito de dizer que estava triste, ela só não tinha certeza se Gerard havia admitido sem perceber, ou se havia feito de propósito. Mas ele tinha admitido a dor, a seu modo.

- Eu não preciso de pena - ele continuou, com um olhar sério. 

- Não estou com pena de você, estou preocupada.

- Você se preocupa demais, isso da rugas. - Suas mãos se embrenharam nos fios ruivos dela e a puxaram com mais força do que o necessário. Esmagou seus lábios contra a bochecha dela, num beijo demorado. - Em breve estarei novamente em Hogwarts e tudo vai voltar ao normal.

 

O enterro havia saído mais tarde do que Lilian imaginou. Jimmy foi enterrado no mesmo cemitério que seus pais. Um lugar diferente de Godric's Hollow. Era uma montanha repleta de cruzes de prata, onde a maior delas ficava no topo. Passar por todas aquelas covas com cruzes enterradas e algumas um pouco tortas entre a neve rendeu arrepios na espinha de Lilian, e seus amigos pareciam tão atormentados quanto. 

Os amigos de Gerard e Mikey estavam presentes, e a cerimônia durou mais do que o esperado. O céu começava a ficar escuro, o frio se intensificava e flocos de neve voltaram a cair quando saiam no cemitério. 

- Você vai com a gente? - Hay perguntou enquanto dos se despediam de Gerard. Segundo o diretor, eles deveriam voltar para a escola imediatamente após o enterro, mas Lilian não queria deixar Gerard sozinho naquela noite. Ele tentava esconder, mas ela conseguia ver que ele estava quase passando mal.

- Não... Se alguém perguntar, por favor diga que eu fiquei mais um dia, não quero deixá-lo sozinho essa noite. - Lançou um olhar preocupado para o namorado, que estava abraçado a Taylor. - Algo me diz que ele vai precisar de mim aqui.

- Claro. Espero que tudo fique bem.

Lindsey não os esperou, a tempestade de neve estava chegando e todos precisavam ir. Aos poucos, tudo ficou vazio e apenas Mikey, Gerard e Lilian ficaram. A casa estava completamente vazia quando chegaram, o cheiro de velas ainda estava presente, os relógios permaneciam parados e os espelhos cobertos, e assim deveria permanecer até o sétimo dia de luto.

Mikey estava mais quieto que o normal, assim que entrou foi direto para seu quarto e não saiu de lá, e ao olhar para Gerard, percebeu que ele parecia segurar suas emoções com dificuldade. O seguiu pelas escadas e o viu parado no meio dela.

Gerard estava de costas, com ambas as mãos nos cabelos; ela o puxou, fazendo-o encará-la, e lá estava a expressão de dor. Sua expressão era de pura angústia, tristeza e magoa, e a primeira coisa que pensou em fazer foi abraçá-lo o mais forte que podia.

- Eu não consigo mais - choramingou, sua voz abafada entre os fios longos do cabelo dela. - Eu não consigo mais fingir que eu não me importo com as pessoas ao meu redor. Eu não consigo mais ser indiferente as coisas que acontecem a minha volta, eu não consigo... - Ele lhe apertava com tanta força que ela começava a sentir dificuldades para respirar, mas tentou retribui-lo com o máximo de força que podia. - Eu odeio sentir. Eu odeio poder ter sentimentos pelas pessoas, eu odeio o fato de que sempre que estou tendo algum sentimento bom por alguém, essa pessoa vai embora. Eu odeio o Jimmy, porque exatamente quando eu estava pensando que pela primeira vez poderíamos ter uma conversa, o mais próximo que fosse, de pai e filho, ele simplesmente morre!

O corpo dele tremia de forma violenta, e ela apenas se apertou mais a ele, acariciando seus cabelos, sem saber exatamente como acalmá-lo. Talvez ele só precisasse falar...

- Eu odeio Donna, e eu odeio Elena, porque as duas foram as únicas que me deram algo próximo a carinho materno, eu odeio isso porque ambas morreram também! Eu odeio toda a minha fodida família, porque no fim todos eles morrem e me deixam nesse estado estúpido de fraqueza. - Ele grunhiu, com voz de choro. - É uma dor muito grande, em todo o meu corpo, e está em todos os lugares, e eu não quero e não posso aguentar isso. - Um soluço alto veio dele e então se afastou, seus olhos estavam vermelhos e molhados, o coração dela se apertou ao vê-lo naquele estado. Ele colocou ambas as mãos no rosto dela, segurando-a com força. - Por favor, tire a sensação de dentro de mim.

Sentiu sua garganta apertar com aquela cena, com aquele pedido. Queria ter o poder de tirar toda dor dele, mas não tinha. Sentiu os lábios dele esmagando os seus de forma dolorosa e seu corpo sendo empurrado violentamente para trás, até que estivesse entre a parede e o corpo dele.

Retribuiu o beijo dele, e foi doloroso, não fisicamente, mas o emocional de ambos estava quebrado, os dois estavam em pedaços, ela estava machucada porque ele também estava, e a conexão dos dois era maior agora.

A saia longa do vestido foi puxada para cima e não demorou para sentir os dedos dele apertando fortemente suas coxas pálidas, puxando-as para cima, até que suas pernas estivessem em volta do seu corpo.

Com as mãos tremulas apertou os fios negros do cabelo dele, puxando o ar com força, quando ele mordeu seu lábio inferior, retirando algumas gotas de sangue. O gosto do beijo dele nunca foi tão salgado, amargo e triste, mas continuava sendo intenso e quente, desesperado, como sempre foi. 

Haviam marcas vermelhas de unhas em suas coxas e a dor dos arranhões parecia inexistente. Sua cabeça estava doendo e girando, e seu corpo tremia a cada vez que ele empurrava os quadris contra o centro de suas pernas. Suava, mesmo que a neve estivesse caindo com força do lado de fora da casa e as luzes das velas já tivessem se apagado a muito tempo.

Sentiu sua calcinha ser puxada para baixo com força e abriu os olhos. Gerard se afastou, obrigando-a abaixar as pernas, e percebeu o quanto estava tremula, tendo que se apoiar o ombro dele para se manter em pé. Ajudou-o a abaixar a calça e novamente foi empurrada contra parede. 

O rosto dele estava molhado, por suor e por lágrimas, e seu olhar era tão triste que ela achou doloroso encará-lo. Mordeu o lábio ao senti-lo entrar, e o rosto dele encaixou-se na curva de seu pescoço. Sua cabeça começou a girar e ela ergueu o rosto, com os olhos fechados fortemente, obrigando-se a abafar cada gemido que pôde, a cada estocada forte, a cada vez que ele a esmagou contra parede, sentindo as lágrimas dele molhando seu ombro e seus dedos apertando suas coxas com enorme força.

Não era pelo prazer, mas para afastar a dor. 

Estremeceu e apertou-o num abraço quando veio, um pouco antes dele. Tudo ainda parecia girar, tudo parecia quente demais, no entanto, um pouco menos doloroso. A realidade sumiu de sua mente por alguns minutos, deixando tudo em branco, em paz.

Podia sentir o coração dele batendo contra o peito, e o corpo dele tremulo lhe apertando, apoiando. Ele ergueu o rosto, os olhos vermelhos e um pouco inchados, o rosto com uma expressão mais leve, porém ainda dolorosa. Ergueu uma das mãos e colocou uma mecha do cabelo ruivo atrás de sua orelha, lhe dando um beijo leve logo em seguida.

- Posso te dizer algo estranho? - Perguntou num sussurro.

- Pode.

Ele se aproximou de seu ouvido, suspirando próximo a sua bochecha. - Aku cinta kamu.

- O que isso significa? - Ela franziu a testa, buscando os olhos dele com os seus.

- Significa que amo você. - Ele franziu a testa levemente, tocando o rosto dela com carinho. - Eu posso falar isso em vários idiomas, mas tem sempre o mesmo significado. O seu nome. Obrigado por ficar, mesmo depois de tudo.

Ele estava tão vulnerável, e ela não tinha palavras naquele momento, então apenas o abraçou. Gestos falam mais alto, de qualquer forma.


Notas Finais


Obrigada por ler até aqui ^^
Beijoooooos :*


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