Toda manhã Ayume levantava numa enorme agitação, ela adorava ficar com Kaori e não parava de falar da babá pra todos. Seu pai pegaria mais tarde no trabalho então quando ela desceu Kouyou tomava café, a menina deu um beijo de bom dia e sentou-se à mesa.
- Não vai tabaia hoje pai? – A pequena pegou uma maçã e mordeu.
- Vou mais tarde. E qual motivo dessa alegria toda? – Perguntou seu pai enquanto tomou um gole de café.
- Eu vou pa casa da Kaoli, adolo fica lá. – A menina era só sorriso.
- Essas duas estão num grude só. – Aya apareceu na cozinha, ela trazia a mochila de Ayume.
- Vou começar a sentir ciúmes hein. – Kouyou apertou a bochecha da filha que ficou sem graça.
- A Kaoli é legal pai, você ia gosta dela. E ela palece muito a mamãe. – Um silêncio pairou sobre o local, Kouyou e Aya se olharam confusos, os dois olharam para a menina que tomava seu leite sorridente.
- É sério filha? – Ele olhou para a irmã que deu de ombros. – Nem sabia que se lembrava de sua mãe ainda?
- Lembo sim, eu tenho uma foto dela no meu quato.
- Roubou minha foto sua danadinha?
- Diculpa pai, é que eu não quelia esquece o rosto dela. – Kouyou paralisou, seus olhos encheram-se de lágrimas. Ele se levantou da mesa e saiu da cozinha, Ayume olhou e ficou confusa. – O que eu fiz tia?
- Nada meu anjo. – Aya se aproximou da sobrinha e se ajoelhou na sua frente. – Seu pai se emocionou em saber que você ainda lembra de sua mãe.
- Mas poque eu ia esquece?
- Você era muito pequena quando ela se foi, e ultimamente estamos evitando falar tanto dela aqui.
- Eu amo a mamãe, falo sobe ela todos os dias com a Kaoli.
- Continue assim meu amor, tenho certeza que lá no céu ela está feliz. – As duas se abraçaram. – Agora vamos que já estamos atrasadas.
- Oba! Vamos lá. – A pequena levantou correndo e foi em direção ao carro da tia, Aya antes de ir passou no quarto do irmão, ele chorava na cama agarrado num porta retrato.
- Vai ficar bem ai? – Ele a olhou e limpou as lágrimas, largou o porta retrato em cima do criado mudo e levantou-se.
- Vou sim, nem sei por que comecei a chorar. Tantos anos já se passaram e eu ainda sofro toda vez que me lembro dela. – Kouyou deslizou o dedo sobre a imagem da esposa na foto.
- Isso é normal mano, você a amava demais.
- Só que não posso ficar demonstrando minha fraqueza toda hora na frente da Ayume.
- Esconder será pior, ela é pequena mas sabe o quanto você sofre.
- Só não quero fazer ela sofrer também.
- Não vai fazer. A Ayu ama a mãe e nunca vai esquecê-la. Estou indo, até mais tarde.
- Até mana. – Aya se retirou e Kouyou foi até uma parte do seu quarto onde tinha uma espécie de altar. – Como eu queria te dizer eu te amo mais uma vez meu amor...
Ayume saiu correndo do carro indo em direção a sua babá que a esperava na porta de casa, Aya se despediu das duas e foi para o hospital, as duas entraram para casa felizes. Na sala Ayume contava para a amiga tudo que tinha feito, inclusive o que havia acontecido antes dela vira para a casa da babá.
- Eu fiz meu pai chola hoje.
- Como assim Ayu? – Kaori olhou para Ayume curiosa. – Fez alguma malcriação? – Ela fez cócegas na pequena que se contorcia no sofá.
- Ele ficou tisti poque eu disse que ainda amava a mamãe, e tinha uma foto dela no meu quato.
- Entendo... Seu pai deve sentir muita falta de sua mãe, e ver que você também sente emocionou ele.
- Minha tia disse a mesma coisa, meu pai ta pior que bebê. – As duas começaram a rir. - Imagina se ele soubesse que eu falo com ela todos os dias, ele ia chola toda hora. – Kaori olhou assustada para a pequena.
- Vo-você fala com ela Ayu? – Kaori engoliu a seco.
- Sim. Ka, eu quelo pinta, vamos lá.
- Ah claro, vou buscar os lápis. – Kaori ficou intrigada com o que acabara de ouvir, mesmo curiosa ela se levantou e foi pegar os lápis, Ayume brincava com seu urso no sofá como se nada tivesse acontecido.
Aya ligava insistentemente para o irmão, cada vez que a ligação caía na caixa postal a médica bufafa de raiva. Ela andava pelo corredor do hospital muito nervosa, a raiva dela era tanta que pensou várias vezes jogar o celular na parede.
- Tem telefone pra que esse bosta. – Ela continuou insistindo até que completou a chamada.
- Se eu não atendo é por que estou ocupado. Tive que parar a musica pela metade pra atender, o que foi? – Ele falou bastante irritado, podia se ouvir ao fundo murmurinhos e sons de bateria.
- Eu só insisti por que é urgente. – Aya retrucou. – Não vou poder pegar a Ayu hoje.
- Como assim? Você sabe que eu não posso também, eu trabalho.
- Ah e eu não trabalho também? – Kouyou ficou em silêncio. – Fui escalada para uma cirurgia de emergência, e é uma de sete horas, não terei como busca-la na casa da babá.
- Mas eu só consigo sair as oito daqui, e nem sei onde fica a casa dessa moça.
- Isso é o de menos, eu mando o endereço por mensagem. E quanto ao horário eu já falei com ela e sem problema, Kaori fica com a Ayu até você chegar.
- Se for assim tudo bem então, assim que eu for liberado vou busca-la.
- Ok, vou avisar a babá, até mais.
Kaori desligou o forno e ajeitou a mesa para o jantar, quando foi até a sala para chamar Ayume para jantar se deparou com a pequena encolhida num canto, ela parecia cochichar algo. Ao se aproximar Kaori pode ouvir a menina dizer “adeus mamãe” e abanar, a babá um tanto assustada chamou a menina.
- Ayu? – A pequena se assustou e olhou sem jeito para a babá.
- Oi ka, que foi? – Como sempre Ayume estava agarrada no urso.
- Vim te avisar que vai jantar comigo hoje?
- Vou? – Ela coçou a cabeça perdida. – Poque?
- Sua tia teve uma emergência no trabalho e quem vai vir te buscar é seu pai.
- Meu pai? Legal! – Ela abriu um enorme sorriso.
- Só que como ele chega mais tarde vai jantar aqui.
- OK! – As duas de mãos dadas foram para a cozinha onde se sentaram e começaram a jantar. – Sabe Ka, as vezes eu acho que meu pai não se impota comigo. – Disse ela enquanto brincava com a comida.
- Não fala assim Ayu, seu pai se importa sim com você, ele te ama.
- Então poque ele sempe ta longe? Poque nunca fica comigo? Só vejo ele de noite e ainda é poco tempo.
- Seu pai faz de tudo pra te dar uma vida boa Ayu, e pra fazer isso ele precisa trabalhar.
- Mas eu num quelo uma vida boa, quelo ele comigo. – A menina ficou cabisbaixa, Kaori respirou fundo e tentou pensar em algo pra ajudar a pequena.
- Entendo você muito bem Ayume, eu também passei por isso.
- Passou?
- Aham. Meus pais trabalhavam o dia todo, eu ficava numa creche rodeada de outras crianças, mas me sentia sozinha por que queria ficar com meus pais.
- E como você ficou?
- Bem... Depois de alguns dias meu pai resolveu largar o trabalho pra cuidar de mim. – Kaori preferiu mentir pra não deixar a menina mais magoada. – Se você ter paciência seu pai um dia ficará só com você.
- Tomara. – A menina abriu um lindo sorriso, Kaori respirou aliviada.
- Agora termine seu jantar por que seu pai já deve estar chegando.
Logo após o jantar as duas foram para a sala assistir TV enquanto esperavam pelo pai de Ayume, Kaori ficou pensando sobre o que a menina havia falado na mesa, ela percebeu que Ayume se sentia sozinha e que ela precisava ser alguém para cobrir a falta de carinho que ela tinha. Desde que conheceu Ayume ela sentiu uma forte ligação entre as duas, e ela usaria isso para suprir a carência da pequena.
Ao ouvir a campainha o coração de Kaori disparou, essa seria a primeira vez que ela veria o pai de Ayume, ela se levantou e foi em direção a porta enquanto a pequena foi pegar sua mochila.
- Boa noite. – Kouyou falou e ficou paralisado ao ver a babá, ela fez o mesmo.
- Bo-boa noite. – A babá sentiu o coração sair pela boca, ela observava aquele homem dos pés a cabeça sem acreditar, a boca carnuda, os cabelos lisos e claros... Ela tinha certeza que era ele.
- Eu sou o pai da Ayume, me chamo Kouyou Takashima, muito prazer. – Sem jeito ele estendeu a mão para a jovem que ficou um vermelhão.
- Mu-muito prazer senhor Takashima, eu sou Kaori Asakura. – Totalmente envergonhada ela segurou a mão dele e o cumprimentou.
- PAPAI! – Ayume apareceu correndo e pulou no colo de seu pai. – Você demolou. – Fez beiço.
- Desculpe meu amor, além de demorar pra ser liberado eu peguei um transito infernal até aqui, mas agora vamos pra casa por que estou morrendo de saudade de você. – Ele beijou sua filha que o retribuiu da mesma forma. – Me desculpe por isso, você deve estar cansada.
- Jamais. Adoro ficar com a Ayu, nos divertimos muito hoje não é?
- Sim, a Ka ta me ensinando as letas e numelos pai.
- Isso é ótimo. Mas agora vamos deixa-la descansar.
- Até amanhã Ka. – A menina desceu do colo do pai e abraçou a babá.
- Até minha princesa, aproveite bem do seu pai. – A babá piscou para a pequena que sorriu.
- Mais uma vez obrigado, e prazer conhecê-la. – Kouyou se despediu de Kaori e levou a filha até seu carro, os dois abanaram para a babá e partiram para casa.
Kaori ao entrar em casa foi até seu quarto, abriu a porta e ligou o interruptor. A jovem em choque olhava para todos os cantos de seu quarto, por todo lugar o rosto dele estava estampado, seu coração estava acelerado e sua respiração ofegante, ela acabou de descobrir que o pai de Ayume era a pessoa que ela mais admirava, o seu ídolo.
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