(Somebody That I Used to Know — Boyce Avenue♪)
O cansaço e o estresse emocional acabaram esgotando Emma e Regina e ambas adormeceram por algumas, horas antes do jantar com Mary. Foram despertadas pelo choro de Charlotte, que parecia bem impaciente querendo algo.
— Deixa que eu, vou. — Emma se ofereceu já se levantando. Regina abriu os lentamente e se lembrou de onde estavam. Olhou em direção a namorada que já estava de pé, com Charlie nos braços.
— Ela deve estar com fome, Emma.
— Eu estou com fralda molhada mamãe. — Emma começou a falar como se fosse à pequena, após verificar a fralda de Charlie. — Por isso toda essa choradeira. Charlie agora fazia beicinho, e esticava os bracinhos para Regina, ameaçando chorar novamente.
— Mamãe é malvada filha, dormiu demais e esqueceu você. — A morena respondeu entrando na brincadeira. Emma caminhou até a cama e se sentou ao lado da namorada. Charlie se agitou ainda mais estando próxima a Regina.
— Não mamãe, você só estava cansada. — A empresária continuou a brincadeira. Em seguida Swan deu um selinho na namorada, entregou a pequena a ela. — Porque tomar um banho para relaxar. O jantar será em algumas horas, ainda temos tempo. Eu cuido da pequena aqui. — Swan sugeriu.
Charlie não pareceu gostar muito da ideia, pois se aconchegou mais nos braços de Regina e escondeu o rostinho em seu pescoço.
— Acho que alguém não concorda muito com a ideia. Emma abraçou as duas e fez uma cara como se estivesse se sentindo magoada.
— Poxa princesa, não quer ficar com sua outra mamãe aqui. — Swan brincou com a pequena, que não lhe dava muita atenção.
Regina sorriu diante da afirmação de Emma, ela tinha se referido a si mesma como segunda mãe de Charlie. E mesmo sem ter noção, a loira tinha dado novos motivos a Regina para se apaixonar ainda por ela. O medo que Mills sentia da reação de Emma ao saber da verdade diminuiu e ela sentiu a coragem que tanto ansiava para finalmente lhe contar a verdade.
— Emma, eu preciso lhe contar algo. —Regina disse do nada.
—Pode me contar, mas vou ficar aqui agarradinha com vocês.
— Emma é algo sério. A empresária percebeu pelo tom de voz da namorada que se tratava de algo serio, e se ajeitou melhor na cama sentando ao lado de Regina.
— Sou toda, ouvidos Regina, pode me falar. Mills respirou fundo e ficou tensa.
O que falaria a seguir poderia mudar tudo, e mesmo munida de toda coragem lá no fundo ainda havia certo receio. Emma percebeu a relutância da namorada, e quis lhe oferecer apoio.
— Meu amor, não importa o que seja, pode me contar. Regina eu te amo, e nada no mundo vai mudar isso. — Emma afirmou segurando a mão de Regina e apertando levemente. Aquilo foi tudo que a morena queria ouvir, e lhe deu forças para continuar.
— Antes de tudo, eu quero que saiba Swan eu te amei desde primeiro instante. — Regina finalmente se pronunciou.
As palavras saiam com certo alivio, e cada uma parecia um peso a menos em seu coração.
— Quando você apareceu na porta querendo saber da Charlie, as coisas não foram... — Regina não pode continuar, pois foi interrompida por batidas na porta.
— Senhorita Swan é urgente. — A voz de Ruby soava do outro lado da porta.
— Eu já estou indo Ruby. — Emma respondeu.
— É algo na empresa matriz, não me disseram ao certo no telefone.
Emma ficou nervosa e Regina resolveu adiar o momento, afinal parecia ser algo importante para a namorada e ela precisava ser compreensiva. Aquela conversa podia esperar um pouco mais.
— Vá Emma, conversamos depois. — Regina sugeriu. A empresária deu um selinho na namorada e foi atender a porta.
— Conversamos depois do jantar com minha mãe morena. Eu prometo. Mills balançou a cabeça em concordância e voltou sua atenção para Charlie.
— Acho que podemos tomar um banho nos duas meu amorzinho. Assim ficarmos cheirosas para jantar com a vovó, o que você acha? — Regina disse brincando com a sobrinha.
Charlie apenas sorriu e balbuciou algo incompreensível, que a morena julgou ser uma resposta afirmativa. Minutos depois elas já estavam na banheira entre espumas e bolhas tomando um banho relaxante. O depois poderia esperar.
***
Depois de cuidar de Charlie, Regina a deixou aos cuidados de Ruby, a pequena pareceu ser dar bem com a jovem. Não houve choros ou problemas, por parte da bebezinha e Mills, ficou mais tranquila. Ela voltou ao quarto para se arrumar, para o jantar. A morena começou a pensar em como retomaria a conversa com Emma, e se viu olhando a bela vista da janela do quarto. Uma leve brisa fazia as cortinas esvoaçarem, carregando o aroma das flores de laranjeira para o quarto. Ela ouviu uma leve batida na porta. A garganta ficou seca, por um momento temeu o que poderia vir a seguir, mas assim que viu Emma entra relaxou.
A loira estava vestida formalmente, o terno feminino a deixava com ar mais autoritário a camisa branca evidenciava a pele branca e os detalhes verdes realçavam os olhos. Emma estava linda, e Regina sentiu uma sortuda por ter aquela mulher magnífica ao seu lado.
— Me desculpe se te assustei, meu amor. — Emma se desculpou.
— Está tudo bem, Emma. Eu não vou me demorar. Só quis ver se Charlie ficaria bem sem a minha presença.
— Você é uma mãe maravilhosa, por isso a baixinha é tão agarrada a você. — Emma disse se aproximando dela, e a envolvendo em um abraço apertado.
— Swan assim você vai ficar toda amassada. — Regina reclamou.
— Só queria ver você antes do jantar, e dizer que tudo ficara bem. Vou esperar você no corredor. E depois vou lhe mostrar o resto da casa.
— Obrigado. — Mills agradeceu. — Ela esperou que Emma saísse para voltar a se trocar.
Regina queria ter mais tempo para poder pensar melhor, mas não queria se atrasar e aborrecer Mary. Escolheu uns dos vestidos que pertencia a Rhana, que mesmo justo, era elegante e simples. Já pronta ela caminhou ate a porta e abriu Emma a esperava do lado de fora ansiosa. Swan não conteve o suspiro ao ver o quanto Regina estava maravilhosa. Essa fora a palavra que ela dissera sem ao menos perceber.
— Pronta? — Emma perguntou, olhando-a com toda admiração que tinha. Regina lhe deu um sorriso nervoso.
— Sim. Ao seu lado sempre estarei pronta para qualquer coisa.
***
A sala de jantar da casa dos Nolan era suntuosamente mobiliada quanto o resto da casa. Candelabros de cristal pediam o teto, e as paredes exibiam grandes obras de artes. Espelhos de moldura dourada tornavam a sala ainda mais ampla. Ao longo da mesa de jantar estava posta para três pessoas, a louça disposta de maneira elegante, com um perfumado arranjo de rosas ao centro. Mary Margaret Nolan estava sentada a cabeceira, e assim que viu Regina começou a reclamar.
— Está atrasada, Emma. — Ela disse em um tom reprovador. — Ainda não ensinou a sua esposa que gosto de ser pontual?
Emma ignorou as reclamações de sua mãe e puxou a cadeira para Regina enquanto olhava zangada para sua mãe.
— Não é culpa de Regina o atraso. — Emma justificou o motivo do atraso. — Eu tive que fazer algumas ligações, para resolver negócios importantes. Fui quem deixou Regina esperando. Alem de termos um bebê para cuidar mamãe, não se esqueça disso.
Regina seguiu a regras de etiqueta a risca, ela esperou Emma se sentar a sua frente e sentou em seguida. Seu olhar a namorada era de agradecimento, Emma lhe deu um sorriso encorajador e ela soube que tudo ficaria bem. Mary resmungou algo mais e tomou um gole de vinho tinto. Regina viu os olhos de Emma ir da taça na mão da mãe ao jarro quase vazio.
— A senhora tem uma bela casa, Sr. Nolan. — Regina elogiou tentando quebrar o silêncio desconfortável.
— Será de Charlotte um dia. — Mary respondeu de forma breve, em seguida acenou para que o criado enchesse novamente o jarro de vinho. — Claro a não ser que você e Emma tenham outro filho. O que acha Emma? — Mary voltou a falar em tom de insulto. — Pode continuar onde seu irmão parou. E tenho certeza que sua futura esposa não se importará, desde que a pague bem. E nem precisará abrir as pernas para você, afinal não tem o mesmo equipamento de seu irmão.
Regina perdeu a compostura, respirou fundo apertando as mãos sobre o colo, o rosto ficou vermelho de raiva.
— Mamãe contenha-se e não diga coisas das quais irá se arrepender depois. Regina é a mãe de sua única neta, leve isso em consideração e a respeite. E acho que a senhora já bebeu vinho demais por hoje.
Os olhos de Mary se reviram, ela demonstrava toda sua fúria contida.
— É por causa dela que seu irmão morreu! E ela tem pagar por isso!
—Como? — Emma perguntou calmamente. — Achei que essa culpa a senhora havia atribuído a mim. E não insultado Regina a todo o momento que mudará a sua dor. Não pode culpar a ninguém por fatalidades da vida mãe.
Mary bateu o copo de vinho com tanta força sobre a mesa que os candelabros balançaram junto com as outras peças que estavam sobre a mesa. A mulher voltou a encarar a filha, o rosto vermelho e os lábios brancos de tão apertados.
— Então chegamos finalmente à verdade, não é mamãe? — Emma continuou com o mesmo tom calmo. — Neal sempre foi seu preferido, e me culpa até mesmo pelos erros dele. Admita Mary Margaret.
— Se você já sabe para que perguntar isso!
—Porque precisava ouvir da sua boca. — Emma afirmou gentilmente. — Não tive culpa de nascer e muito menos tenho culpa dos erros do seu preferido. Sempre tentei lhe agradar e ser a filha que você sonhava, mas parece que nunca foi suficiente.
Regina se angustiou quando Mary engoliu o restante do vinho na taça, o queixo tremia como se ela não pudesse conter suas emoções.
— É mais fácil culpar a mim do que admitir que Neal não fosse perfeito... Assim é mais fácil de enfrentar a dor. — A empresaria suspirou. — Eu não sou culpada, e não vou mais permitir que tente me fazer sentir dessa forma. A loira finalmente tinha enfrentado a mãe por mais que doesse e fosse difícil, tudo naquele instante tinha ficado para trás.
Mary afastou-se da mesa e gesticulou para que o criado a levasse embora. Tudo tinha sido intenso demais. Emma se levantou por respeito à mãe. Regina continuou sentada, sua garganta embargada pelo sofrimento de Emma.
— Me desculpe Regina. Eu não queria que tivesse presenciado isso.
— Está tudo bem, meu amor. — Regina olhava com ternura para Emma. — Eu compreendo... Não tem ideia do quanto eu compreendo você.
Regina não conseguia pensar em nada que pudesse dizer para amenizar o sofrimento da namorada. E houve um longo silencio entre elas. A morena estava ciente que tudo aquilo era delicado demais, e temia que sua chance de conversar com Emma em meio aquela confusão se perdesse.
—Acho que podemos conversar agora Regina. — Emma disse quebrando o silencio entre elas.
Por um momento, Mills pensou em continuar o assunto que iniciara no quarto, mas desistiu vendo estado frágil da namorada.
— Não precisamos falar disso agora, meu amor. Apenas vamos deixar isso passar, e logo voltaremos a conversar.
Emma se permitiu desabar uma vez mais diante de Regina, e sua única reação foi ir até a namorada e abraça-la. Mills repetiu inúmeras vezes que tudo ficaria bem, e alguns minutos depois foram para quarto. Emma adormeceu nos braços de Regina, se sentido segura e em paz, até o celular de Mills virar no criado mudo ao lado da cama. Regina pegou o aparelho e destravou a tela, ao ler a mensagem de texto e o nome na tela seu coração parou por um segundo.
“Querida irmãzinha, vi suas fotos com Emma nos jornais. Fez um bom trabalho, mas eu estou voltando e assumirei tudo.“
Beijos
Rhana Mills
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