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Escrita por: loudestecho

Notas do Autor


Oiiii povo! Como vocês estão? Espero que gostem do capítulo!

Boa leitura! ❤️

Capítulo 21 - Empty


Presente. 

Duas semanas depois.

| Leonardo Henck |

— Aqui, Leo! — ouvi a voz da minha mãe e a vi acenando para mim do início do campus. — Que carranca é essa na cara, filho? 

— Bom dia pra você também, mãe. — a abracei. 

Talvez ela estando aqui durante esse final de semana melhore um pouco o meu humor de merda que se iniciou desde que fui embora do dormitório da Mariana no outro domingo. Porra, era complicado. O que você quer nem sempre condiz com o que você sente. E esse era um dos casos; eu sei exatamente o que eu quero e o que eu não quero fazer, mas tudo aquilo que eu sentia por ela antes voltou de uma maneira que eu não consegui evitar. Eu pensava que ela só está esperando que eu dissesse "eu quero você" para poder admitir o que sente também. Mas eu estava errado, como sempre. Suas visitas a fraternidade nas últimas duas semanas foram bem frequentes. Ela chegava e eu saia. Nas duas únicas vezes que fiquei jogando vídeo game ou comendo pizza com todo mundo, tive que aguentar ver Aiden e ela entre beijos e abraços. Isso quando eles não disseram que iam subir na maior cara dura. Não suportava imaginar. Não ia ficar no andar de baixo enquanto eles trepam no andar de cima. E, porra, eu não sou idiota. Consigo perceber quando alguma garota perde o interesse e, antes, eu sempre via a Mariana me olhando quando eu não estava prestando atenção; agora era eu quem fazia isso. 

— Como estão as coisas por aqui? — minha mãe volta a perguntar. — Ainda está namorando aquela garota fresca? Faz muito tempo que não nos falamos. 

— Não estou mais namorando a Heather. — respondi. — Espero que os caras tenham saído. O meu colega de quarto disse que vai ficar no quarto de outro amigo nosso. 

— Que adorável da parte dele. 

Abri a porta da frente e, aparentemente, está vazia. Entrei com a mala — grande demais para passar apenas o final de semana — da minha mãe. Ela está elogiando a casa no exato momento em que a Mariana desce as escadas usando nada além de uma camiseta do namorado. E penso que minha mãe vai desmaiar ao vê-la. As duas se encaram praticamente boquiabertas e a Mariana me lança um olhar que não soube identificar. Talvez quisesse saber se eu contei a minha mãe que ela estava aqui. E, não, não contei. 

— O que... como... desde quando? — minha mãe se apressa em ir abraçá-la. — Vocês voltaram?! — ela perguntou com um sorriso maior do que seu rosto. Aiden apareceu na ponta da escada, mas não disse nada. — Ah, Mari, senti tanta saudade! Eu sabia que vocês iam voltar. Sempre esteve muito claro o quanto vocês são loucos um pelo outro. Seria impossível negar. 

— Mãe... — tento dizer alguma coisa, mas ela volta a falar. Diz que a Mariana está linda e parece mais feliz. 

— Ana, eu... — a Mariana começa a dizer, pigarreando logo em seguida. — Eu também senti muito a sua falta, mas eu e o Leonardo não voltamos. 

Minha mãe a solta no mesmo instante. 

— O que? 

— É. Eu comecei a estudar aqui esse ano. 

— Mas o que está fazendo na fraternidade que ele mora e... só com uma camiseta? — vejo o rosto da Mari ficar vermelho ao ver minha mãe medindo-a de cima a baixo.

— Namoro com outra pessoa daqui. — ela sussurra. Só sei que disse isso por ler seus lábios. 

— Tudo bem aí, Mari? — Aiden desce as escadas e minha mãe arregala os olhos. 

Ela me olha por cima do ombro com os olhos tristes e apenas balanço a cabeça, fazendo um sinal para que ela venha pegar a mala. Ou pelo menos para sair de perto dela. 

— Aiden, essa é a Ana. Mãe...

— Ex e única sogra da Mari, prazer. — minha mãe estende a mão, fingindo simpatia. 

Puta que pariu.

— Mãe, vem aqui pegar a merda da mala. — praticamente imploro. 

— Atual e futuro namorado da Mari, prazer. — Aiden devolve a alfinetada e a Mariana revira os olhos, abraçando minha mãe mais uma vez. 

— Como você está? Está bonita! Parece radiante! 

— Tenho muita coisa pra te contar, minha querida! Vamos comer uma pizza hoje à noite? 

Caralho, que merda. Nunca pensei que o fato delas se adorarem tanto me traria desconforto um dia. 

— Claro! Mais tarde mando uma mensagem para o Leo com o nome da pizzaria e você escolhe o horário. Pode ser?

— Claro! — minha mãe da um beijo na bochecha dela. — Vou levar as coisas lá pra cima. 

— Mãe, a gente já tinha combinado uma coisa. Lembra? — preciso dizer. Não quero que elas saiam, porque a minha mãe não vai parar de falar nela ou terei que acompanhar e, porra, é demais pra mim. 

A Mariana estreita os olhos para mim. Volto a olhar para minha mãe. 

— Não importa. Mando a mensagem e se você puder ir, tudo bem. Se não, marcamos amanhã ou domingo. — a Mariana diz e, depois de abraçar minha mãe novamente, vira para subir as escadas.

Minha mãe da um tapa no meu braço ao notar que estou olhando para sua bunda com a calcinha a mostra enquanto ela sobe. — Quando isso aconteceu?! Como ela está namorando um cara que mora com você? Que merda, Leo! Como você está? — ela disparou a falar.

— Eles se conheceram antes de ela começar a estudar aqui. Foi uma surpresa pra pra ela e pra mim quando Aiden a apresentou como namorada e eu como amigo. 

— Mas... como vocês conseguem? Como vocês conseguem ficar tão perto e ao mesmo tempo tão longe? Me lembro antes, Leo. Vocês nunca conseguiram se conter de tanto que sentiam. Não aconteceu nada?

— Aconteceu quando ela terminou com o Aiden. E ela ficou bem confusa no começo, mas agora eu é quem estou. — murmurei enquanto subíamos as escadas.

— Que saco! Não acredito. Esse menino é gente boa? Porque eu não gostei dele. 

— Ele costumava ser, mas acho que agora tem birra comigo porque já peguei a mina dele. 

— Ela foi sua antes de ser dele. Aliás, duvido que tenha deixado de ser sua! 

— Não viaja, mãe. Por favor. — falei. — E eu não vou com vocês hoje. 

— Por que não? Você não me disse que tinha superado?

— Isso foi antes de ela aparecer e bagunçar a porra da minha vida de novo. 

— Ah, Leo... — ela sorriu para mim, mas só bufei impaciente. — Ela está linda, né? Mais linda do que sempre foi. 

— Infelizmente. 

| Mariana Lenzi |

Aiden tagarelava sobre a mãe do Leo ser "folgada" de dizer aquilo na frente dele, insinuando que eu ainda fosse voltar para seu filho. Sinceramente, não estava ouvindo uma palavra que saia de sua boca desde que ele passou a falar da Ana. No começo nós não nos demos muito bem, mas agora e até mesmo antes, eu a defendia com unhas e dentes de qualquer pessoa que abrisse a boca para dizer merda sobre ela. Ninguém a conhece. Ninguém sabe a sua história, o que ela já passou para estar aqui com o Leo hoje. Ela é uma mulher extraordinária e não contive o impulso de mandar Aiden calar a porra da boca. Ele me encarou com os olhos estreitados, como se estivesse desconfiado de alguma coisa. Revirei os olhos enquanto vestia minhas roupas. Estou me sentindo envergonhada de ela ter me pego desse jeito; ainda mais por não ter sido com o filho dela. 

O filho dela...

Fecho os olhos para afastá-lo dos meus pensamentos como tenho feito nas últimas semanas. Abri a porta do quarto de Aiden e após me despedir dele, saio pelo corredor até a escada. A porta do quarto do Leonardo está entreaberta e preciso controlar o meu impulso de ouvir alguma coisa. Quero saber o que ele pensa. Preciso saber o que ele pensa. O que ele sente. Já fui boa em desvendar as linguagens corporais do Leonardo, mas agora eu sou uma mera observadora. Balanço a cabeça, indignada por estar cogitando a ideia de ouvir atrás da porta e desço as escadas correndo, dando de cara com Nate na porta. 

— Onde vai tão cedo? — perguntou depois de me dar um abraço. — Merda. Aconteceu alguma coisa? 

— A mãe do Leo chegou. 

— Fiquei sabendo. Algum problema? Ela não gosta de você ou algo do tipo? 

— Ela gosta. Muito. Mas não sei, tô me sentindo um pouco estranha. — passei a mão na barriga. — Prestes a vomitar. 

— Isso se chama nostalgia. A viu aqui com ele e sentiu saudade. — Nate passou o braço pelos meus ombros e me guiou até o sofá. — Mari, por que você não diz o que você sente? 

— Isso não basta! Nada disso basta! Você acha que palavras são importantes, Nate? Não são! Do que adianta dizer alguma coisa e mostrar outra? — levantei do sofá. 

— Assim como você diz que não sente mais nada, mas mostra o contrário? — disse. Olho feio para ele, querendo lhe dar um soco. — Não me agride.

— Não vou te agredir. Vou embora. — falei e o abracei por um momento. — Obrigada, Nate. Você é demais. 

— Não fiz nada. Mas espera aí! Você ainda tá enjoada?

— Sei lá o que eu tô sentindo. Acho que só quero ir para o meu dormitório, deitar no colo da Leigh e assistir filme... ah, é! Sabia que comparamos uma TV? 

— Você é ótima em mudar de assunto. — ele riu antes de me dar um beijo na testa e subir as escadas. 

Soltei uma lufada de ar enquanto ia até o carro da Leigh. Pedi para que ela viesse me buscar no instante em que entrei de novo no quarto do Aiden. Ela me disse para contar o que aconteceu e, enquanto ela me escuta atentamente, sei que tem algo para dizer na ponta da língua. Sei muito bem o que ela pensa. Sei o que Brooke pensa. Sei o que Priscila pensa. Sei o que todo mundo pensa e a resposta é simples: que Leonardo e eu somos dois idiotas que não estão vendo o que está embaixo do nosso nariz. Bom, eu vejo. Vejo muito bem. Ele que não vê. Não vê que ele nunca encontrará ninguém que o ame da mesma forma que eu amei. Ou que ele sempre ficará me comparando a qualquer garota que aparecer em sua vida, porque tentará achar um pouco de mim nelas. Assim como eu tenho feito. Agora sei que é patético, porque é impossível. Não importa se eu conhecer centenas de pessoas se quem faz eu me sentir daquela maneira é ele. 

O que estou fazendo, meu Deus?, me pergunto quando o silêncio se instala no carro. 

— A Priscila me ligou. Ficou preocupada porque você não atendeu. — Leigh disse. 

— Estou falando com ela agora. Vocês estão fazendo um tipo de complô de novo? Porque isso é...  

— Não é complô. Só temos sorte de ter a mesma opinião sobre a sua vida amorosa. — Leigh sorriu e eu revirei os olhos enquanto voltava a conversar com a Pri. 

Leigh e eu realmente escolhemos uma comédia romântica na Netflix parar assistirmos quando chegamos e deitamos na mesma cama de solteiro para ser mais fácil de dividir a pipoca. E também porque eu estava triste e se em algum momento eu começar a chorar, vou poder deitar no colo dela para ser consolada. Pelo menos apenas uma de nós duas está assim; Leigh tem estado nas nuvens nos últimos dias com Kian. Torço muito por eles, ainda bem que se resolveram. 

— Ei! Ei! Você deve estar com muito sono mesmo para dormir numa comédia romântica! — Leigh me chacoalhou. 

— Que horas são? 

— Quase seis. Vai mesmo comer pizza com sua ex-sogra?

— Sim. O que acha do Blaze? 

— Donatos, melhor. 

— Boa! 

Vou nos meus contatos e entro na conversa com o Leonardo. 

"Mariana: Donatos Pizza as 20h. Tudo bem pra vocês?" 

"Leonardo: Aviso minha mãe. Deixo ela lá."

"Mariana: Você não vai?"

"Leonardo: Por que eu iria?"

"Mariana: Por que você não iria? Ela veio te ver. Qual o problema de você ir comer uma pizza com a gente?"

"Leonardo: Por que a minha presença é tão importante pra você, morena?"

— Que merda. — falei em voz alta e Leigh esticou o pescoço para ver a conversa. 

"Mariana: Só achei que seria legal. Se o problema for eu, me fala." 

É um absurdo se não conseguirmos ficar no mesmo ambiente. 

"Leonardo: Não é você. Só fiz outros planos." 

"Mariana: Outros planos com a sua mãe na cidade?" 

"Leonardo: Foi de última hora com o Nate."

"Mariana: Hum... então tudo bem."

Ele digitou por alguns segundos, mas logo parou. Bufei frustada e deixei o celular de lado novamente. 

— Quer ir com a gente, Leigh?

— Quero, na verdade. Kian vai sair com os amigos. Não tem problema?

— Claro que não! Acho que vocês vão gostar uma da outra. E, pelo amor de santo cristo, não pergunte sobre o pai do Leo, maridos ou namorados. Tá? 

— Nossa! Por que não? 

— Longa história, Leigh. Pode perguntar qualquer coisa da vida pessoal dela, menos sobre relacionamentos ou o pai do Leo. 

— Tudo bem. Tô até com medo do motivo. E se ela mesma começar a falar sobre?

— Duvido. Vai querer saber sobre você e seus namorados, apenas. Só se ela mudou nisso, porque eu me lembro que foi bem constrangedor quando eu perguntei a ela sobre o pai do Leo ou sobre qualquer outro namorado. Nunca mais na minha vida.

— Ela fica brava?

— Chateada. Perde o dia. O humor cai e ela não consegue mais falar sobre nada.

— O pai dele é um filho da puta?

— Sim. E toda a família dele também. 

— Pode me contar o que aconteceu? Tô meio curiosa. 

— Aham. Te conto enquanto a gente estiver tomando banho. 

— Ainda odeio banheiros coletivos. Acho que até quando eu casar, vou ter um só meu! 

Soltei uma risada. 

— Não é tão ruim assim, vai. 

— Isso porque você nunca foi assediada por uma lésbica! Sério, naquele momento eu fiquei com medo. Ela ia me agarrar! Nossa, ainda bem que a Brooke chegou e pulou nas costas dela. 

— Pelo menos ela foi expulsa daqui, amiga. Fica tranquila. — a abracei de lado.

Leigh não ia mais tomar banho sozinha desde que isso aconteceu. Ou ia comigo ou ia com a Brooke. Nunca sozinha. Se eu tivesse visto aquilo ao invés da Brooke, eu provavelmente teria quebrado o nariz da filha da puta em dois tempos. Pelo menos ela foi expulsa daqui e teve que encontrar outro alojamento — ou talvez nenhum, já que teria que ser supervisionada. A garota não teria como estuprar a Leigh, obviamente, mas ela era enorme e ainda se encaixa na categoria de assédio sexual. 

— Olha só! Banheiro cheio! — falei quando entramos. Brooke tinha acabado de sair do banheiro e veio até nós. 

— Quais seus planos para essa sexta-feira à noite? — ela perguntou. 

— Vamos comer pizza com a minha ex-sogra que nunca chegou a ser minha sogra. E você? 

— Ah, é! A mãe do Leo está aqui, né? Ela é um amor! 

— Você a conhece?

— Aham. Uma vez ela veio pra cá, bem no começo da faculdade. Nós conversamos bastante. 

— Legal! O que você vai fazer hoje? Quer ir com a gente? 

— Claro! Que horas vocês vão?

— As 20h. Vamos no Donatos. 

— Tudo bem. A gente se encontra na recepção então, pode ser?

— Sim. 

***

A Ana ficou superfeliz de ver a Brooke novamente e, logo de cara, notei que gostou da Leigh. Conversamos sobre a faculdade durante longos minutos, até que a Brooke fez a pergunta:

— Por que o Leo não veio, Ana?

— Porque ele pensou que a Mari ia trazer o Aiden. Da pra acreditar? Até parece que...

— O que? — a interrompo. — Mentira dele! Eu até insisti para que ele viesse e ele me disse que tinha planos. 

— Planos? Ele estava só de cueca jogando vídeo game quando pedi para que ele me trouxesse. 

— Então o problema sou eu. 

— Sim, é você. Ele não quis conversar muito sobre o assunto, mas claramente está apaixonado de novo. Ele disse algo sobre vocês dois terem caído, mas só você levantou. 

Quase me engasgo com o refrigerante. 

— Eu... eu preciso falar com ele. 

— Agora? — Leigh perguntou.

— Vocês se importam se eu dar uma saidinha? Prometo que volto em quinze minutos. 

Ana sorriu para mim. Brooke também. Leigh me jogou a chave de seu carro. — Quinze minutos, prometo. — garanti antes de sair da pizzaria. 

Não faço ideia do que estou fazendo. 

Não faço ideia do motivo real de estar indo atrás dele agora, mas eu preciso... porra, eu não estava mais aguentando as coisas desse jeito! Preferia estar perto como amiga, do que longe desse jeito. Detesto essa distância que ele tem criado entre nós, quando eu só quero colocar uma ponte. Quero dizer, estou Aiden e sei que ele é o cara certo para mim, mas preciso de um esclarecimento com o Leonardo. Uma libertação. Qualquer coisa. 

— Estou vendo os seus planos. — digo ao vê-lo deitado no sofá, assistindo um filme. Sem camisa. 

Seu olhar se encontrou com o meu e ele apenas deu de ombros antes de desviar o olhar para a televisão ligada. Ele não estava dando a mínima para mim; para o que eu achava que estava sentindo. Ele tomava as decisões apenas pensando em seus próprios sentimentos. No momento tudo o que eu queria do Leonardo era uma despedida do que não teve um ponto final antes. Ele mal queria me olhar agora, como se estivesse bravo por eu não estar mais confusa. Uma parte de mim sabia que ele estava gostando de me ver daquele jeito; sofrendo um pouco por causa dele. Uma parte dele não queria me ver feliz e eu sabia disso. 

— Estou falando com você. — falei me aproximando. Ele apenas levantou do sofá e começou a ir em direção as escadas. — Você vai ficar desse jeito mesmo? Não estava disposto a ser meu amigo? — chamei sua atenção, mas ele só voltou a subir as escadas. 

Suspirei impaciente. 

— Leonardo! Porra! — puxei seu braço. — Qual é a sua?! Você queria que eu ficasse no seu pé? Queria ser meu amigo para me ver sofrendo por não conseguir ficar com você? O que diabos se passa pela sua cabeça? 

— Vai se foder, Mariana. — ele me deu as costas novamente.

Continuei subindo atrás dele. O filho da mãe ia fechar a porta na minha cara, mas coloquei a mão. Por pouco não fiquei sem ela.

— Da para você me explicar o que está acontecendo com você, caralho?! — berrei esperando que ele prestasse atenção em mim. Que ele me olhasse.

— Não está acontecendo nada, porra! Por que você não consegue me deixar em paz?!

— Eu não consigo te deixar em paz?! Você não consegue me deixar em paz! — gritei de volta. — Você me quer por perto como alguém que corre atrás de você, sendo que é você quem vem atrás de mim cada vez que percebe que estou escapando! Babaca! 

— Você acha que eu quero te ver correndo atrás de mim?! Eu só queria te ver sentir o mesmo que eu senti por todo o tempo. E você tendo a porra da noção! — ele se virou para mim de repente, me assustando um pouco. 

— Sabe por que você não consegue superar? Porque você não é capaz de perdoar! Seu coração está tomado por mágoas, decepções e ódio. Você não consegue sentir nada por ninguém por causa disso! Você é incapaz de perdoar. — gritei encarando-o. — Você nunca perdoou o seu pai e também nunca vai me perdoar. Você está vazio, Leonardo! Vazio

— Vai embora, Mariana. Na moral. 

— Olha só! — ri incrédula. — Você nem consegue falar sobre sentimentos! Você ao menos sente algo além de ódio e decepção? 

— Como você quer que eu sinta algo se sempre acaba em dor? — ele não aguentou me encarar por mais três segundos e me deu as costas, levando ambas as mãos a nuca. 

— Você quer que eu saia? Tudo bem, eu saio. Mas fique sabendo que eu não vou voltar. 

— Você já me disse isso tantas vezes. — ele me olhou por cima do ombro. Engoli em seco. Ele continuava tão lindo a ponto de eu esquecer todo o resto. 

— Eu sei. Eu sempre disse isso e você me deixava ir. Não passava dois dias, você pedia para que eu voltasse. — falei. — Vai ser diferente agora. Não vou voltar por conta própria. 

— Você já não decidiu que quer ficar com o Aiden? Foi tudo alarme falso o que você pensou que ainda sentia por mim. Deixa seguir. — ele deu de ombros, mesmo estando com a voz um pouco alterada. — Nada te impede. Nem mesmo eu te impediria, porque estaria mentindo se dissesse que quero tentar de novo.

— Você só me quer no seu pé. Admite isso. Vai ficar menos feio se você admitir. 

— Não é questão de você estar no meu pé ou não, porra! A questão é você estar sentindo e eu não. Eu não ligo se você vai se magoar ou... 

Para impedi-lo de falar qualquer merda, não pensei duas vezes antes de espalmar seu rosto e beija-lo. Pensei que ele tentaria me afastar, mas não evitei um suspiro aliviado ao sentir seus braços firmes envolvendo a minha cintura. Sua boca na minha era uma sensação tão familiar e pareceu que não tinha se passado nenhum dia desde que começamos a nos envolver. Quando não tinha nada além de beijos urgentes, famintos e intensos.

— Você é o maior mentiroso de todos os tempos. — sussurrei entre a pausa de um dos beijos. — Você se importa sim. Se importa se me magoar, se importa de me deixar amando sozinha. 

— Não seria capaz de fazer isso com você. 

— Eu sei. E não quero que se sinta culpado por não me querer de volta. — mexi em seu cabelo, sem desviar os olhos dos seus. — Eu estou me sentindo livre agora. E me libertando, também liberto você. Não devemos nada um para o outro e agora que sei o que eu quero, nada nos impede de sermos amigos.

Pareceu que eu havia lhe dado um soco no estômago. 

— Por que você me beijou? — ele tirou minhas mãos de seu rosto. 

— Eu citei a despedida, certo? Eu era uma pedra no seu caminho para...

— Não tem jeito. Você era o único jeito de me fazer sentir alguma coisa e depois do que aconteceu... não consigo sentir nada

— Mesmo se você ainda quisesse me amar, não conseguiria nem convencer a si mesmo. De que é real. — falei. Ele ainda não era capaz de perdoar. Seu coração estava mesmo tomado por mágoas e ódio. — Só me responde uma coisa. 

— O que? 

— Estou disposta a tentar ser sua amiga. Você está? 

Por um momento, penso que ele dirá sim.

— Não mais. É impossível. 

— Leo...

— Só vai embora. Você não tem que estar na pizzaria com a minha mãe?

— Sim, eu tenho. — peguei a chave do carro em cima da cama e dei as costas para ele. 

Eu sabia que Aiden não estaria aqui, mas tive o azar de esbarrar com um dos garotos. Jake me olhou de cima a baixo, como se não soubesse que eu era a porra da namorada do Aiden. Ou como se soubesse o motivo de eu estar aqui. Ele começou a morar na república na semana passada. 

— Algum problema? — perguntei cruzando os braços. 

— Aiden não está aqui. E você sabia disso. Não sabia? 

— Sabia. Vim pegar algo que esqueci mais cedo. — respondi tentando desviar de seu caminho, mas ele se colocou em minha frente novamente. — Sai da minha frente, Jake. 

— Por que ir tão cedo? Sabe que sou novo aqui. Você se importaria de me mostrar onde fica o quarto que divido com o Caleb?

— Me erra, seu escroto. — desviei de seu corpo, mas ele me segurou pelo cotovelo. — Se você não me soltar em três segundos eu vou gritar. 

— Grita então. Não tem ninguém em casa. — disse, colocando uma das mãos em minha nuca. Tentei dar uma cotovelada em seu nariz, mas ele agarrou a minha bunda para me puxar para perto. 

— Me solta, Jake! Que merda! — tento tirar a mão dele da minha bunda, mas só senti sua língua nojenta no meu pescoço. — Leo! Nate! Des...

Ele tampa minha boca com a mão direita e mordo seu dedo com toda força que consigo, fazendo-o apenas apertar-me mais forte. — Vai dizer que você ficava desfilando pelo corredor só de camisa a toa, gata? Eu sei que...

Fui puxada para longe do Jake em um solavanco e dou de cara com Nate. Leonardo priorizou deformar a cara do escroto. 

— Cara, já chega! — Nate tirou o Leo de cima do Jake, que agora tinha o nariz e a boca sangrando. 

Meu olhar se encontrou com o do Leonardo e ele respirou fundo antes de vir em minha direção, espalmando meu rosto com ambas as mãos. 

— Você está bem?

Assinto com um aceno de cabeça e fico surpresa quando ele me abraça. Troco olhares com Nate e vejo seus lábios se voltando para cima em um sorrisinho malicioso. Revirei os olhos, mas me distrai demais ao sentir o Leonardo beijando minha cabeça e logo depois minha testa. Depois minha têmpora. Depois minha bochecha. Sinto minha respiração ficando desregulada, assim como meus batimentos cardíacos. Seus lábios deslizam de meu rosto até minha boca em beijos castos, que deixam minha pele queimando e todo o meu estômago se remexendo como se estivesse acontecendo um desfile de carnaval. 

— Não vou te beijar de novo. — sussurrou contra meus lábios. Murmuro algo incompreensível, ainda de olhos fechados.  — Aiden não iria gostar disso. 

Abro os olhos no mesmo instante, a tempo de ver Nate revirando os olhos pelo que o Leonardo disse. Comprimo uma risada enquanto dou um beijo demorado em sua bochecha. 

— Obrigada por terem vindo. Esse cara é um escroto. — olhei para Jake caído no chão. Consciente. — Uma pena que será expulso apenas com uma semana aqui. 

— Expulso?! — Jake cuspiu.

— Se qualquer membro da fraternidade assediar qualquer garota dentro ou fora da casa e for descoberto, é expulso na mesma hora. — Nate disse. — E só pra você saber... se fazer isso com ela ou qualquer outra garota e a gente ficar...

— Não vou mais fazer isso! — Jake interrompeu. — Eu preciso ficar! Eu não tenho culpa se a garota fica andando por ai desse jeito. 

— Olha aqui, seu escroto!, eu nunca saio "só de camiseta" pela casa quando sei que tem gente! Você só viu uma vez enquanto eu estava indo na porra do banheiro e você ficou espiando desde que me viu chegando! — quase avanço em cima dele, mas sinto o Leonardo segurando meu pulso. — Machista do caralho! Vai se tratar! E você vai ter sorte se não sair com nenhum osso quebrado se algum dos dois contarem para os outros garotos. 

Me virei para Nate e Leonardo. 

— Vou embora. Obrigada de novo. 

— Vai pra pizzaria?

— Sim. Mudou de ideia? 

— Pizza? Posso ir também? — Nate perguntou e eu dei risada. 

— Pode! O Leonardo não quer ir. 

— Não quer? — Nate estreitou os olhos para ele. 

— Vou me trocar. — o Leo revirou os olhos. — Levanta desse chão e vai arrumar a porra das suas malas, Jake. Quero você fora antes de eu chegar. 

Jake levantou na mesma hora e subiu as escadas depois do Leonardo. Notei que Nate estava me olhando de soslaio. 

— Que foi?

— Vocês. Cara, dá pra sentir de longe...

— Cala a boca. 

— Tá legal. Calei. 


Notas Finais


Não se esqueçam de fomentar o que acharam!! ❤️❤️❤️ E se alguém quiser entrar no grupo das histórias é só me avisar nos comentários, beijosss


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