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História Broken Strings - Hazy


Escrita por: loudestecho

Notas do Autor


Olá, povoooo! Tudo certo? Espero que gostem do capítulo!

Capítulo 22 - Hazy


Passado. 

Terça-feira.

— Está no mundo da lua, Marizinha? — Danny me deu um susto enquanto passava pela sala de estar. — Deixa eu adivinhar: está pensando em voltar com o otário que também está hospedado aqui.

— Você errou! — reviro os olhos. — Eu só estou um pouco confusa em relação ao cara que estava aqui antes de você chegar. Tirando o Maurício. 

— Que merda. Manda. 

Explico a ele toda a situação e inclusive a situação um pouco chata que aconteceu hoje. Eu estava esperando que realmente ficássemos conversando normalmente, mas o Leonardo não era mesmo bom em disfarçar o que está sentindo. Antes que percebesse, lançava alguns flertes ou ficava me olhando de um jeito que amigos não fazem. Ao dizer isso a ele, seu humor mudou. Ele saiu de perto de mim e passou a conversar com as outras pessoas da mesa, ignorando a minha existência. Até aí tudo bem. Eu o entendia. Porém, me lembrei de quando ele disse que estava passando um tempo com a Nicole na última vez que conversamos e vê-lo conversando com ela de forma tão sugestiva foi péssimo. 

O maldito ciúme. 

O maldito sentimento de contradição. Fui eu quem o dispensei, não foi? Foi. 

— Que merda. — Danny repete quando termino de contar. Solto uma risada. — Sabe o que é? É da natureza humana ser possessivo e egoísta. Você não quer ficar com ele, mas também não quer que ele fique com mais ninguém. 

— Não é isso! Eu... eu não ligo se ele fica com outra pessoa. Isso é o de menos. — dou de ombros. — A minha preocupação é quando eu vou me livrar desses... sentimentos. 

— Agora eu saquei! Você quer ficar com ele, sim, mas tem medo. Do que você tem medo?

— Ele não é confiável no quesito relacionamento.

— E eu não sou confiável no quesito conselhos. Não sei como te ajudar. — ele balança a cabeça. — Deve ser por isso que não existe vida amorosa na minha vida. 

— Duvido! 

— Aposto que você transa mais que eu. — quase me engasgo ao ouvi-lo dizer isso. Danny cai na risada. — Estou brincando, linda. Relaxa. 

— Está mesmo! — dou um tapa em seu braço enquanto passo por ele e subo as escadas. — Maurício! Sai do banheiro! Você está demorando muito! — bato na porta. 

— Tô tomando banho! 

— Eu sei! E eu também quero tomar! 

Cruzo os braços enquanto escuto-o desligar o chuveiro e ele abre a porta só de toalha.

— Cretino. 

— Gostosa.

Mostro o dedo do meio antes de entrar no banheiro. Eu tinha alguns minutos para terminar de me vestir e ir para o colégio. O primeiro período seria vago, então eu podia chegar mais atrasada. 

 

Eu não sabia mesmo que estava acontecendo comigo. Não conseguia tirar o Leonardo da cabeça. Eu tinha dito a ele que não queria me envolver, que queria apenas ser sua amiga, mas me encontro em uma situação que nunca tinha imaginado. Estamos no meio do intervalo e tem uma garota praticamente sentada no colo dele. O que ele é agora? Uma cadeira? Bufo impaciente enquanto me viro para a Priscila e para a Clara. As duas estão me olhando com a mesma expressão: um sorrisinho ridículo. Reviro os olhos enquanto levanto do banco. Eu precisava sair dali antes que dissesse algo que iria me arrepender e, além do mais, eu não queria ficar assistindo de camarote a cafajestagem do Leonardo. Não sou obrigada. A Priscila e a Clara vieram atrás de mim, certamente para não ficar tão na cara que levantei bruscamente daquela mesa. Sentei do outro lado do refeitório, pegando o celular do bolso e fico vendo algumas publicações no Instagram. Nem olho para Clara e Priscila quando elas senta na minha frente, porque sei que estão rindo da minha cara. Não vejo, mas escuto.

— Tô com cara de palhaça? — perguntei irritada. Elas ficaram sérias na mesma hora. 

— Desculpa, mas é que eu nunca pensei que te veria com ciúme do Henck. Sério. — Clara disse.

— Não estou com ciúmes. 

— Está sim! — Priscila dá risada. — Se te tranquiliza, ele não estava dando a mínima para ela. Mas você não deve ter percebido isso. 

— Ah, tá! Como se ele não amasse uma garota bonita no pé dele. — murmurei. — Pior de tudo é ser a Nicole. Já percebi que ela é a fim dele faz tempo! E eles estavam passando um tempo juntos esses dias. 

— Estão fazendo um trabalho juntos, Mari. Ele não gosta dela desse jeito. 

— Bom, claramente, aconteceu alguma coisa. Ela está quase sentada no colo dele como se ele fosse o maldito banco. — digo como quem não quer nada, ainda olhando para o celular.

Elas arregalaram os olhos, certamente tentando me transmitir um sinal, mas levo um susto com alguém colocando as mãos em minha cintura. 

 — Porra, que susto! — coloquei a mão no coração e, ao me virar, dou de cara com Taylor. — Oi, Taylor! 

— Oi, Taylor. — Priscila, que também já o conhece, diz. 

— Taylor essa é a Clara e Clara esse é o Taylor. — os apresentei. 

— Prazer! — disseram em uníssono. 

— O que manda, Taylor? — perguntei. 

— Imagino que você já tenha sido convidada, mas posso passar na sua casa para irmos a festa dos Parker's? —perguntou. Não teremos aula durante o resto da semana! 

Priscila e Clara se entreolharam e seguraram a risada, fazendo Taylor franzir o cenho. 

— Para de rir! — falei em português para o Taylor não entender mesmo. — Eu aceito ou não? Digo que não estou interessada?

— Você não está interessada? Porra, ele é muito gato! Fala pra ele me levar, então. 

Taylor estava com um ponto de interrogação no meio da cara. Estávamos discutindo sobre ele na frente dele... isso não era legal. 

— Tudo bem, Tay. — voltei a falar em inglês. — Que horas?

— 20h?

— Pode ser. 

— Combinado. — ele sorriu e voltou para onde estava sentado. 

— Fechou! — falei em português e bufei. 

— Aí que merda! Eu ainda acho que você deve parar de doce se quer ficar com ele! — Clara disse. 

— Não quero! 

— Ah, tá! — disseram, em uníssono. 

***

— Olá, latina. Posso saber por que está me evitando? — Gregg Parker parou na minha frente durante a festa. 

— Eu não estou te evitando. — falei. — Eu só estava indo pegar uma bebida. 

— Sim. Desde que chegou aqui e me viu indo falar com você. — ele encostou na parede. — O que foi? 

— Nada. Eu só... 

— Mari! Vem aqui! — Priscila me chamou e agradeci mentalmente. — Urgente! 

— Nos vemos depois. Espera aí. — falei rápido e fui até a Priscila. — Obrigada. —sussurrei. 

— Vamos lá fora. Todos estão lá. — ela me abraçou de lado e avistei todos perto da piscina. 

Comecei a rir quando ouvi que estava tocando algum funk com uma batida viciante. Me aproximei fazendo um minucioso passo de dança e a Paloma gritou "Como você consegue fazer isso com a cintura?!". Todo mundo me pergunta isso, era engraçado. 

— Mexe sozinha! Como você faz isso? - a Paloma parou do meu lado e eu comecei a rir. 

— É hoje que o Henck morre. — Lucas disse como quem não queria nada. 

Eles trocaram de música, colocaram uma mais agitada e a Paloma realmente queria que eu ensinasse, mas eu sou péssima ensinando. Tentei, pelo menos. E era demais ver todos eles dançando juntos. Alguns já estavam meio bêbados, mas mesmo assim era divertido. A única menina que não dançava e ficava só olhando era a Melissa. Todas nós estávamos curtindo. 

Mas fomos distraídas pelo Daniel e pelo Lucas dando uma de loucos. Eles colocaram uma música internacional mesmo e gritaram para o Daniel fazer a "Dança da minhoca". Não entendi, até que ele se moveu igual minha minhoca no chão. Minha barriga doía de tanto rir. Que porra era essa?! A música trocou de novo, a da vez era One Dance. Eu tinha uma coreografia por causa da aula de dança da outra escola e a melhor parte de dançar é ter a coreografia, fala sério. 

— Ahhh, você dança demais. — fui interrompida por alguém me virando. Me assustei com o Taylor.

— Obrigada, Tay. — sorri, mas me afastei um pouco. — Há quanto tempo você está espiando?

— Espiando você? Desde que você desapareceu com a Priscila quando chegamos. 

Merda, eu vim com ele. Isso significa que preciso ficar com ele durante a festa? Acho que sim, droga. 

— Foi mal. Eu só quero ficar com eles. 

— Tudo bem. 

— Você está com mel, hein amiga! — Priscila disse em português e eu quase dei um tapa nela, mas lembrei que Taylor não entende. 

— Mel nada, eles só querem me levar pra cama. — respondi revirando os olhos. 

— Vocês não podem ficar falando em português na minha frente para eu não entender. — Taylor disse. 

— Desculpa. — sorri nervosa. 

— Vamos dar uma volta? 

Olhei na direção da Priscila e ela, Lindsay, Íris e Clara estavam rindo. Acho que minha expressão não era das melhores. 

— Eu... na verdade, eu vou embora com a Priscila e preciso ficar aqui. 

— Precisa ficar aqui ou quer ficar aqui? 

— Como assim?

— Sério que você está querendo ficar com o Henck?

— Eu?! Não! Por que está dizendo isso?

— Eu queria muito que você estivesse olhando pra mim enquanto estava dançando, mas você estava olhando pra ele. Da mesma forma que ele olhava pra você. 

Tudo bem, acho que eu quero ficar por causa disso.

— Não, não tem nada a ver. — balancei a cabeça. — Eu preciso mesmo ficar. Podemos sair outro dia se você quiser.

— Tudo bem. 

Ele ia me dar um selinho, que com certeza se transformaria em um beijo, mas eu desviei o rosto. 

— Beijos na bochecha por enquanto, Taylor. — o avisei. 

— Por enquanto... é, gostei desse por enquanto. — ele sorriu. — Vou pegar mais bebida.

— Ok. 

Taylor entrou novamente e olhei para a Priscila enquanto balançava a cabeça. Ela fez um sinal com a cabeça na direção do Leonardo e o vi sentado em uma das espreguiçadeiras todo quieto. Estava mexendo no celular e mal notou quando sentei ao seu lado. 

— Você não parece mesmo ser o tipo de cara que fica parado durante uma festa. 

— E não sou mesmo. — ele deu de ombros, ainda sem me olhar.

— Leo, qual é! — ele me olhou quando o chamei de Leo. — Por que está fazendo isso? Você é divertido e pegador. E você estava dançando antes... parecia bem. 

— Não sou muito bom em esconder o que estou sentindo. Na verdade, sou péssimo nisso. 

— Eu notei.

Estava prestes a perguntar algo, mas o Leonardo praticamente pulou da espreguiçadeira enquanto olhava para o celular. 

— O que foi? — perguntei.

— Você tem um canal no Youtube? Que você canta?! — ele ainda olhava para o celular.

— Meu Deus, onde você achou isso?! —tentei pegar o celular da mão dele, mas ele sentou novamente e colocou os fones de ouvido. — Não! Não escuta comigo aqui! 

Mas ele clicou no vídeo mesmo assim.

— Puta merda, tô apaixonado. 

— Cala a boca! — murmurei envergonhada e tentei tirar o celular da mão dele de novo, mas ele não deixou. 

— Porra... 

— O que foi? Qual você está ouvindo? 

— Hoje eu vou te levar para o melhor lugar, perto das estrelas de frente para o mar... 

Puta merda, ele também canta! 

— A droga do amor, não é mesmo? — falei baixo. 

— Por que você não contou que tinha um canal no Youtube conhecido?

— Sei lá, é meio estranho... não é?

— Porra, claro que não. Só pelo fato de você dar o privilégio das pessoas ouvirem sua voz... traz uma paz, morena. 

— Obrigada. 

— E olha só, você não só canta. Também tem vídeo que você fala sozinha e com a sua prima.

— Se você continuar assistindo na minha frente, eu vou jogar seu celular na piscina. — avisei e ele levantou os braços em forma de rendição. 

— Vou assistir quando estiver sozinho e na minha cama.

— Bem melhor.

— Melhor mesmo seria ouvir ao vivo. 

— Só se você também cantar. — ele levantou as sobrancelhas. — Qual é, você cantou o comecinho de "A droga do amor" e você não canta mal. 

— Um dia, quem sabe. 

— Vou esperar esse dia. 

Percebi que ele ficou me olhando por mais tempo que deveria e eu juro que queria desviar o olhar, mas simplesmente não conseguia. Adorava/odiava o jeito que me sentia quando o via me olhando desse jeito. Meu coração dispara e parece que tem uma pena fazendo cócegas na minha barriga. Não sabia se era porque eu sentia alguma coisa por ele, se era apenas excitação ao lembrar da nossa noite ou se era porque ninguém nunca tinha me olhado desse jeito. Só eu sei o quanto isso é perigoso. Talvez ele também saiba. Sei que causo nele a mesma coisa que ele causa em mim e sei que ele não está acostumado com isso, assim como eu também não. Nos conhecemos há tão pouco tempo, isso era precipitado. Já tínhamos um histórico em algumas semanas, imagina só se algo a mais acontecer? Por Deus, não quero nem ver. 

— Ei! Os brasileiros que eu falei chegaram! — Daniel chamou minha atenção. Ele me disse que não tem apenas esses brasileiros existentes no colégio... tem muito mais, mas eles preferem manter amizade com os americanos para realmente aprender a língua. 

— Todos esses são brasileiros? - perguntei para o Leonardo. 

— A maioria. Tem alguns americanos e mexicanos. 

— Caramba! 

Fomos cumprimentar todo mundo e decorei bem rápido o nome dos que eu não conhecia. Já havia trombado com alguns nos corredores ou em alguma das aulas, mas nunca imaginei que teria outros brasileiros que não andavam com os brasileiros. É até compreensível... nós só falamos português e para quem quer aprender mesmo inglês é mais fácil conviver com pessoas que falam inglês. Eu estava tranquila em relação a isso porque eu sempre tive contato, mas o André, por exemplo. Ele não sabe falar inglês. Ele entende tudo o que as pessoas falam e sabe da parte teórica, mas ele não sabe falar coisas mais complexas. Falta de prática. 

— Então você já teve alguma coisa com a Patrícia ou com a Nathália? — cutuquei o Leonardo e ele levantou as sobrancelhas pra mim. 

— Como assim?

— Elas estão falando de você. 

— Nunca tive nada com nenhuma das duas. Credo. 

— Ahhh, Leonardo, não se pode cuspir no prato que comeu. 

— Não comi. Bem que ela queria, mas ela não é bonita não. 

— Ela Patrícia? Porque a Nathália é bonita. 

— Você acha a Nathália bonita? Credo. — ele me olhou. — Bonita é você. Ela é, no máximo, arrumadinha. 

— Ah, arrumadinha? — levantei as sobrancelhas com um sorriso. 

— Sim. Olha, tem níveis de beleza. Beleza exterior, claro. — disse e eu ri pelo modo que ele falou. — Tem o nível você, o nível Patrícia, o nível Nathália e o nível Joana. 

— Quem é Joana?

Ele apontou com o queixo.

— Entendi... — assenti devagar. — Ela só não se cuida... ela não é feia, se você olhar bem. 

— Ela é bem legal. Já conversei com ela várias vezes. 

— Viu? Beleza exterior não conta. — falei. — Você ficaria com ela por ela ser bem legal?

— Não, porque uma ficada é casual. 

Puta merda, lembrei da nossa ficada casual e me arrepiou os pelos da nuca. 

— Me fala, então. Já ficou com quais meninas daqui? 

— Vish... vou ficar quieto. 

— Foram tantas?! 

— Já fiquei com a Íris, com a Clara, com...

— Com a Íris e com a Clara?!

— Casualmente. 

— Claro. — revirei os olhos. — Prossiga. 

Ele olhou em volta enquanto eu o olhava. 

— Ágata, Laura, Brenda, Lara, Juliana, Amanda, Fernanda...

— Caralho, você pegou aquela rodinha inteira?! 

— Tirando a Nathália e a Patrícia. 

— Você já ficou com a Nicole, né? 

Ele me olhou de soslaio meio desconfiado. 

— Já. 

— Eu sabia. — dei de ombros. — Acho que ela gosta de você. 

— É... 

— E você não faz nada a respeito?

— Vou fazer o que se não sinto o mesmo por ela? 

— Ela sabe disso? — ele assentiu. — Menos mal.

— E você? 

— Eu o que? — o olhei. — Com quantos meninos eu já fiquei? — ele assentiu. — Vish...

— Até perdeu a conta? 

— Você também não falou todas. 

— Mulher não tem aquele lance de contar? 

Eu tenho, mas não queria falar pra ele. 

— Não.

— Duvido que você não tenha. 

— É, eu tenho, mas não quero falar. 

— Eu esperava. — ele se afastou da parede. — Vem dançar comigo. 

— Não. Não mesmo. 

— Por que?

— Você já viu o jeito que algumas dessas menininhas estão me olhando só porque você está falando comigo? Estou bem com os meus cabelos no lugar.

— E se eu te beijasse agora na frente de todo mundo?

— Eu ia te dar um chute no saco. 

— Estou pagando pra ver... — ele me puxou pela cintura e eu prendi a respiração. 

— Leonardo, Leonardo... pegação em público não é legal. 

— Qual é, estamos em uma festa. 

— E somos amigos. — me afastei um pouco. 

— Você vai ficar fugindo de mim até quando? — ele mesmo me soltou. 

— Até eu ter certeza que é seguro. —murmurei. 

— Vou pegar alguma coisa pra beber. — e ele se afastou.

Bufei e fui para a rodinha onde estava o Tomás e o Daniel com mais quatro meninos. Felipe, Júnior, Rafael e Alex. Já tinha sido apresentada a eles e preferia ir falar com a Priscila ou Lindsay, mas Pri estava conversando com o Lucas e Lindy estava ficando com um garoto chamado Brady. Clara também havia sumido com um garoto. 

— E aí? Está gostando da Cypress? - o Alex começou a puxar assunto comigo.

— Sim. É bem melhor do que o outro que eu estudava. — respondi. — Mora aqui há quanto tempo?

— Alguns meses. 

Assenti. Fiquei conversando com os meninos por um tempo, mas eu precisava fazer xixi. 

— Lucas, tem outro banheiro lá em cima? O de baixo está ocupado faz tempo. — perguntei ao dono da casa. Quer dizer, mansão. 

— Tem. Se não achar o do corredor, pode ir no do meu quarto. — ele respondeu. 

— Obrigada! 

Subi as escadas e o corredor poderia seguir para o lado direito ou esquerdo. Para onde eu vou? Fui para o lado direito e abri a primeira porta. 

— Desculpa! - falei tampando os olhos. Atrapalhei uma transa, eu acho. 

Que nojo! O Lucas sabe que as pessoas subiram? Pelo menos não é o quarto dele e nem dos pais dele. 

Abri a segunda porta e tinha mais um casal se pegando, mas percebi que era o quarto do Lucas. Pelo que eu saiba ele só tem um irmão mais novo e esse quarto tem a cara dele. Ia perguntar se o Lucas sabia que tinham pessoas usando o quarto dele como motel, mas o menino afastou a menina quando me viu. Ahá, olha só! Era uma menina que eu não sabia quem era e... o Leonardo.

Sorri sem descolar os lábios mesmo me sentindo um pouco estranha e ele veio até mim. 

— Eu só queria usar o banheiro. — falei. — Podem continuar. 

— Eu também só queria usar o banheiro. — o Leonardo disse. 

— Eu só queria te dar um beijo mesmo. — a menina deu de ombros olhando para o Leonardo e logo saiu do quarto. Ok. 

— Estava se divertindo? — alfinetei mostrando a minha irritação antes que eu pudesse evitar. Merda, eu queria ser melhor nisso.

— O que foi? Você não quer ficar comigo, mas também não quer que eu fique com mais ninguém?

— O que? Não! Você pode ficar com quem quiser, eu não tenho nada a ver com isso. 

— Ótimo.

Ele também saiu do quarto e eu entrei no banheiro antes que fizesse xixi nas calças. Fiquei com vontade de ficar deitada na cama do Lucas durante a festa inteira ou talvez entrar na jacuzzi que ele tem perto da sacada. Caralho, ele tem uma jacuzzi no quarto! Desci as escadas e encontrei a Priscila e o Lucas conversando. A Priscila parecia toda envergonhada enquanto o Lucas estava todo confiante jogando seu charme para minha amiga. Ela estava ainda mais constrangida por eles terem ficado ontem. O problema é que a Priscila não está preparada para outro relacionamento. Não pelos mesmos motivos que eu. Ela ainda sente algo pelo ex-namorado que precisou deixar. 

— Vocês se pegaram de novo? — Clara perguntou, parando ao meu lado. 

— Não. Acho que ele está bravo comigo. 

— Com certeza está. — ela apontou com a cabeça e o vi aos beijos com outra garota.

Revirei os olhos e fiquei de costas para a ceninha, esperando que a Clara me distraísse com outro assunto.

— Taylor está vindo na sua direção e não quero te ver na seca hoje. — disse. — Agora vá pegar o Taylor.

— Cruzes, Clara. — falei rindo e ela sumiu da minha vista.

Não demorou muito para Taylor chegar em mim de novo. Nós ficamos conversando sobre várias coisas e eu até esqueci que estava com ciúmes do Leonardo beijando outras. Taylor era engraçado e tinha um senso de humor interessante. Fico até com raiva de não estar interessada nele no jeito que deveria. Tudo bem, eu queria muito beija-lo agora, mas não estou a fim dele. Só quero agora. Sei que não vou querer de novo e só de imaginar que talvez ele queira... não é legal ser egoísta com pessoas legais. 

Até o momento que ele me beijou. Foi ele, eu juro! Mas também sou culpada. Correspondo, puxando-o para mais perto e ele deu alguns passos para frente, me deixando contra a parede. Taylor beijava muito bem e definitivamente tinha pegada, mas eu ainda estava fazendo comparações durante o beijo. Isso estava muito errado, acho que estou ficando louca. Isso nunca aconteceu antes e eu já fiquei com tantos caras desde que beijei pela primeira vez. Quando eu estava beijando alguém, sempre ficava completamente envolvida no momento e nem conseguia pensar em nada além daquilo, mas desde que fiquei com o filho da puta do Leonardo fico fazendo comparações. 

Merda. 

Me afastei do Taylor lhe dando um selinho e avisei que ia encontrar a Lindsay. Avistei a rodinha dos meus amigos — acho que eu podia chama-los assim — e fui para perto da piscina com eles. Apenas Leonardo não estava por perto e imagino que ele deve estar na quarta ou quinta menina da noite. 

— E eu vi o seu beijão com o Taylor! Ele beija bem? Curtiu?

— Sim. Foi bom. — dei de ombros. — Sabe como é?

— Não sei, nunca beijei ele.

— Mas beijou o Brady, safada. 

— Ok! - ela queria mudar de assunto. — Não gostou do beijo então? Esperava mais? 

— Ah, sei lá! — revirei os olhos. 

Voltei a prestar atenção em Tomás e Íris. Ele a jogou na piscina e ela ficou tão brava. Deu um chute no saco dele e também o jogou na piscina enquanto murmurava que ele era um otário. 

— Eles ainda vão voltar. — Clara disse.

— Vocês todos já se pegaram, né? Fiquei sabendo que você já pegou o Leonardo. 

— Sim. A maioria já pegou todo mundo. —disse. — Pelo menos ninguém se apaixonou. Isso daria merda. 

— Na verdade, o Tomás e a Íris tem amor reprimido. Os outros não. — Brenda disse. — Bom, tirando a Luíza pelo Lucas. 

— E a Nicole pelo Henck. — Clara completou. 

— Fiquei sabendo.

***

Acordei com dor de cabeça no dia seguinte mesmo sem ter bebido nada alcoólico. A Priscila ia dormir na casa da Lindsay, mas eu não e tive que voltar de carona com o Leonardo. Ele não disse uma palavra durante o caminho inteiro e claramente estava bravo comigo. Como ele mesmo disse... não consegue esconder o que está sentindo e eu podia sentir de longe que está bravo. Mesmo quando eu agradeci pela carona, ele só assentiu sem nem me olhar e eu fiquei com tanta vergonha que só sai. Estava esperando que ele ao menos me deixasse dar um beijo em sua bochecha como eu sou acostumada, mas ele nem deu liberdade. Isso estava me deixando triste, eu não queria que as coisas ficassem desse jeito. 

"Mariana: Ei, você está em casa?"

Fiquei esperando-o responder.

"Leonardo: Sim. Por que?"

"Mariana: Sozinho?"

"Leonardo: Aham."

"Mariana: Estou indo aí, tá?"

"Leonardo: Tá." 

Grosso! 

Terminei de lavar a louça do almoço porque eu estava sozinha — de novo, porque Danny foi com o Gustavo para Miami e Maurício foi no Town Center — e fui me trocar para ir na casa do Leonardo. Eu não sabia nem o que ia falar, mas eu queria só... sei lá, conversar com ele. Ou talvez a gente nem fale nada, só ficar perto já vai bastar. 

— Oi. — sorri brevemente quando ele abriu a porta. Sem camisa. 

— Oi. 

— Que cheiro é esse? 

— Eu estava fazendo algo pra comer. 

— Você sabe cozinhar?

— É só panqueca. 

— Americana?

— Sim. — disse. — O que está fazendo aqui?

— Posso entrar? 

Ele abriu um espaço para eu passar e senti o aroma gostoso das panquecas. Eu não sabia para onde ir, então o segui até a cozinha. 

— Você vai querer? — ele me perguntou. 

— Eu não vim aqui por isso, mas sim. 

— Por que veio aqui?

Tentei me concentrar no que dizer, mas ele estava de pé na frente do fogão enquanto mexia a panqueca na frigideira e estava tão lindo desse jeito.

— Hein? — ele me olhou por cima do ombro e eu desviei o olhar, envergonhada. 

— Você está bravo comigo. Você não pode ficar bravo comigo por não querer o que você quer. 

— Não estou bravo com você por causa disso. Estou bravo porque você finge que não quer. Eu sei que você quer e você também sabe. 

— E você entende por que não devo?

— Entendo. Só não concordo. — ele deu de ombros. — São dois lados da moeda, Mariana. Você acha que eu também estou de boa em relação a isso? Em relação ao que você sabe que me faz sentir?

— Eu sei?

— Sabe. Sabe muito bem. — disse. — A diferença é que quem está com medo agora é você. 

— Mas você tinha medo de se aproximar, de sentimentos...

— É, mas a minha vontade de ficar com você é muito maior. 

Ele não estava me olhando e aproveitei para me aproximar. Parei atrás de seu corpo e passei os braços em volta do seu abdômen, descansando a cabeça em suas costas. Sabia que ele estava se perguntando que porra eu estava fazendo, mas eu só precisava me aproximar. Permaneci passando a mão por seu abdômen, sentindo seus gominhos e em um movimento rápido, ele segurou meus braços e se virou pra mim.

— Você ainda vai foder comigo. E não no bom sentido. — falei baixo enquanto o olhava.

— Você já está fodendo comigo, morena. — e ele me beijou. 

O puxei para mais perto e suas mãos pararam em minha bunda, me puxando para cima. Apoiei os braços em seus ombros e minhas pernas passaram a rodear sua cintura, então ele me sentou na bancada. Enlacei as pernas em volta de seu corpo enquanto ele beijava meu pescoço, mas logo trouxe sua boca de volta pra minha. Senti minhas coxas em algo gelado e me lembrei que eu estava de vestido. As mãos bobas do Leonardo estavam na minha cintura e já tinham levantado o meu vestido mais do que eu deveria deixar. 

— Que cheiro é esse, Leonardo?! — ouvimos uma voz e antes que eu pudesse pular da bancada, a mãe dele nos flagrou. 

Puta que pariu! Eu não posso pular a janela? 

— Puta merda, a panqueca! — o Leo foi correndo desligar o fogão. 

Estava arrumando meu cabelo quando a Ana me olhou. Sorri sem saber o que dizer. Será que ela viu que o meu vestido estava quase na minha cabeça? 

— Desculpa... você se lembra de mim?

— Como poderia esquecer, não é mesmo? 

Ela estava sendo irônica e malvada? Aí, droga. 

— Desculpa mesmo. Bancada não é lugar de sentar. 

O Leonardo e a mãe se entreolharam e começaram a rir. Não entendi. 

— E nem de pegação, mas isso não impediu vocês, né? — ela disse.

Ah... entendi porque eles estavam rindo. 

— Mãe, para de fazer isso com ela. Vai pra lá. — o Leonardo disse. A mãe dele estava me olhando pra me deixar com vergonha, eu entendi.

— Desculpa, não consigo evitar. — ela riu, mas depois olhou para o filho. — Juízo. Falo sério. Pior do que transar em uma bancada, é engravidar aos dezesseis anos. Sei disso por experiência própria. 

— Nossa, está dizendo que foi péssimo me ter?

— Você sabe que não. Só que eu era uma criança. E vocês também são.

— Nós não estávamos fazendo... isso. — falei e estranhei de novo o jeito que ela olhou para o filho. Acho que estava pensando que eu era virgem. 

— Tudo bem, brincadeiras à parte. — ela me olhou. — Só cheguei na hora errada. Aliás, eu só vim pegar o meu celular.

— Tudo isso só pra pegar o seu celular, mãe? Sério? 

— Seríssimo. — ela foi até a sala. — Beijos, crianças! Juízo, Leonardo. Falo sério. 

E ela foi embora. Cobri o rosto com as mãos na mesma hora morrendo de vergonha. Ouvi a risada do Leonardo e ele se abaixou na minha frente. 

— Relaxa, ela estava só brincando. — ele tirou minhas mãos do rosto, mas não as soltou. 

— Eu sei, mas mesmo assim... tenho a sensação de que ela não gosta muito de mim. — falei. — Não é pra menos, né? Ela me conheceu quando eu estava gritando com o filho dela e agora estou me estabacando com ele na cozinha. 

O Leo soltou uma gargalhada. 

— Estabacando, Mari? 

— Sim, estou com vergonha. 

— Você se importa se ela gosta de você ou não? 

— Claro que sim! 

— Por que? 

— Porque ela é sua mãe, ué. E nós somos amigos. Aposto que ela adora a Íris, a Clara, a Nicole... 

— E qual é a sua diferença de todas elas?

— Nenhuma. Você já ficou com elas e é amigo delas. Você já ficou comigo e é meu amigo.

E ele me beija mais uma vez. Ele estava na minha altura, já que eu estava sentada e ele de joelhos. Ao sentir seus braços envolvendo minha cintura, interrompo o beijo e encosto o queixo em seu ombro, o abraçando também. 

— Você não está só ficando comigo porque está carente, né? — ele disse no meu ouvido e eu soltei uma risadinha. 

— Bem que eu queria que fosse só isso... — me afastei para olha-lo e a intensidade que seus olhos me encaravam me deixou arrepiada. Lhe dei um selinho demorado. — E as panquecas?

— Deu merda. Você me distraiu. 

— Eu?! Você que me beijou e esqueceu o fogão ligado. 

— Tenta continuar cozinhando se eu te abraçar por trás, morena. — diz. — Senta aí. — ele apontou pra bancada e eu assenti, me sentando. Fiquei balançando as pernas entediada.

— Olha só, tem até morangos para decorar! — falei quando ele abriu a geladeira. 

— Claro. É completo. — ele me olhou de relance, mas estreitou os olhos pra mim. 

— Que foi? 

— O que você realmente está fazendo aqui? 

— Me deu vontade de ficar com você, tá legal? Que saco! Eu não posso sentir vontade de ficar com você e vir até a sua casa? 

Ele sorri sem descolar os lábios e sinto meu coração derretendo-se. 

— Devo esperar isso todos os dias?

— Não, Leo. — balanço a cabeça. Vejo um resquício de decepção em seus olhos, mas logo ele me dá as costas para prestar atenção nas panquecas. — Desculpa. 

— Eu preciso sair daqui a pouco com o João. 

— Ele está aqui? 

— Lá em cima. Vamos comer e vou levá-lo para jogar futebol na casa do Lucas. Sabe que ele tem um irmão, né?

— Sei. — suspiro. — Então estou sendo expulsa? 

— Não, só dispensada. Depois que você comer as panquecas, claro. 

— Claro. — reviro os olhos. Eu sabia que merecia isso. 


Notas Finais


Me conteeem o que vocês acham que vai rolar tanto agora quanto no próximo capítulo do presente! Quero saber a opinião de vocês e o que esperam huahauha bjs! ❤️


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