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História Broken Wings - Versão antiga! - Conheço a Rainha das Trevas


Escrita por: Isazita

Notas do Autor


Então né meu povinho lindo, isso daqui vai ser só mais um treco estranho feito por mim. Nada de mais ^^

Capítulo 1 - Conheço a Rainha das Trevas


.:Gael:.

Entenda, tanta coisa esquisita acontece na minha vida que durante muitos anos eu pensei que nada poderia me surpreender.

Vamos, me diga quando na sua vida você passava por uma das principais ruas da sua cidade e via um homem com roupa de galinha, equipamento de mergulho, bigode e óculos escuro passeando na rua com uma cacatua (como se o pássaro fosse um cachorro)? Eu acho que nunca, não é mesmo? Pois é, eu vi. Duas vezes.

Mas a questão aqui é que eu estava errado. E o que de fato conseguiu me surpreender (até me assustar de certa forma), foi uma garota. É, mas não vá achando que você está prestes a ler sobre um romance clichê entre um garoto de 16 anos e a "Garota que mudou a vida dele". De fato, ela mudou, mas eu nunca tive nenhum interesse romântico por ela (e nem vou).

O ponto é, ela apareceu e as coisas apenas começaram a ficar extremamente piores. E por piores eu quero dizer que elas ficaram mais esquisitas. Mas mesmo assim, eu enxergo isso como uma coisa boa.

Agora chega de enrolação, e vamos começar com a história, está bem, Gael?

Tudo começou no dia 22 de Maio deste ano. Como sempre, eu tinha matado a aula de educação física. Cá entre nós, eu sou um garoto de 16 anos, que pesa 38 quilos e tem 1,55 m de altura. Será mesmo que eu sou bom em esportes? PODERIA ser, não sou porque odeio atividade física. E só não peso mais que isso porque não como muito e sou magro de ruim. Chega a dar medo, você pode tranquilamente contar meus ossos quando eu estou sem camisa. Não que eu vá tirá-la (tenho pena dos olhos de quem vê esta cena), mas você entendeu.

Eu saí da aula pela janela do banheiro da quadra, tarefa simples para mim, devido ao meu tamanho. Após a minha fuga digna de filme de espião, eu pulei o muro da escola (usando um galão enorme de água como banco) e fui para a floresta que ficava atrás dela. Eu sempre acabava voltando antes do fim da aula então nem faria diferença para meu professor, mas para mim era muito melhor ficar na floresta que na escola.

Andei por uns dez minutos até que vi uma clareira. Eu nunca tinha visto essa parte da floresta até hoje, o que era estranho já que faço isso há anos. Perto da entrada em que eu estava, havia uma moça deitada no chão. Não parecia muito mais velha, mas não era adolescente. Ela tinha cabelo preto comprido e escorrido com uma franjinha, usava uma blusa preta solta que com certeza tinha um decote bem grande na parte das costas, jeans preto rasgado e coturnos... PRETOS, isso mesmo! Aquela lá devia ser a rainha das trevas. Ela tinha feições vagamente asiáticas, acho que por causa dos olhos, bem estreitos e escuros. Ela era bem bonita, eu admito.

- Moça? -chamei ao me abaixar para ajudá-la.- Tudo bem?
- Sim... -o olhar dela permaneceu distante, assim como sua voz que era tão calma que chegava a dar medo.
- Qual o seu nome?
- Laura.
- Seu nome todo.
- Laura. -achei estranho ela não ter sobrenome mas resolvi continuar o interrogatório enquanto a levantava.
- Quantos anos você tem?
- Não sei. Vinte, talvez?
- De onde você vem? Você sabe aonde está sua família?
- Eu não sei de onde venho -ela disse tirando algumas folhas da roupa de gótica.- e eu não tenho família.

Aquilo era no mínimo triste. Só pelo fato de ela não lembrar nem do básico sobre si mesma, eu achei melhor levá-la para um hospital ou algo do tipo.

O que era pior para mim é que Laura era muito alta. Mais ou menos 1,80 m, tornando a seguinte cena um pouco ridícula: um garoto baixinho e esquelético carregando uma moça alta e atlética. Quer dizer, "carregando", já que basicamente ela se apoiava vagamente no meu ombro.

Saímos da floresta após alguns minutos andando e fomos em direção a um pronto socorro que ficava relativamente perto. Parte de mim queria morrer, por ter que andar e de tanta vergonha, mas eu estava preocupado demais com a moça para dar muita atenção a isso. Não sei exatamente por que fiquei assim, mas acho que vi nela um pouco de mim. Eu sabia mais ou menos o quanto ela estava perdida, e talvez tivesse uma vaga noção do quanto ela estivesse sozinha, mas o importante mesmo é que eu não ia abandonar uma mulher machucada e provavelmente com amnésia no meio do nada.

Assim que passamos por uma porta automática uma enfermeira se aproximou e perguntou o que houve. Ela até se surpreendeu quando eu respondi, afinal eu tenho cara de ter, sei lá, 12 anos? Enquanto Laura podia se passar no mínimo por minha prima ou o que quer que seja.

De qualquer forma eu me sentei numa das cadeiras da sala de espera enquanto Laura era guiada por um dos corredores de lá. Só aí eu reparei as tatuagens de asas nas costas dela. Eram bem simples e minimalistas, mas eram asas.

Laura então se virou em minha direção rapidamente antes de entrar em um "consultório". Eu fiquei mais ou menos uma hora na sala de espera fazendo nada antes de um médico aparecer e chamar "O acompanhante da Laura". Ele disse que, tirando os cortes no corpo por conta das folhas, não havia absolutamente nada de errado com ela. Nem psicologicamente.

Cheguei a conclusão de que, ou ela estava mentindo... Ou ela realmente não tinha família e não sabia de nada sobre si mesma. Por fim, voltei à escola, busquei meus materiais e fui para casa.

***

Eu estava no sofá lendo um mangá quando a campainha tocou.

Era umas 19:00 horas, e vou ser sincero: não fazia sentido alguém bater na minha porta porque eu não tenho amigos. Me dirigi até a porta e subi no banquinho para olhar quem era pelo olho mágico.

Laura.

O que ela estava fazendo aqui eu não faço ideia, e muito menos como ela descobriu aonde eu moro. Talvez ela nem saiba que eu more aqui, mas ok.

Abri a porta com a minha melhor cara de "Que diabos você está fazendo aqui?", ouvindo meus pais perguntando quem era ela.

Minha namorada, só se for, pensei. Resolvi dar uma desculpa pelo menos 10% acreditável.

- Minha professora de reforço de matemática.
- E como você está pagando ela?
- Naaaaaão, é que...
- Eu faço trabalho voluntário para a escola dele. -Laura me interrompeu. Aquilo me rendeu mais credibilidade, o que foi bom.- Posso entrar?

Meus pais apenas assentiram e voltaram à cozinha enquanto eu subia com ela para meu quarto. Wow, isso soou muito errado.

- Ok, Laura, pode começar a falar.
- Falar o que? -quanta lerdeza, senhor. O pior é que até quando ela fazia uma pergunta o tom morbidamente calmo dela praticamente não mudava.
- Por que você está aqui?
- Como sempre, não sei.

Suspirei com a mão levantando a ponte do meu óculos. Ela não tem casa (ou não lembra), e nem comida. Ela precisa das duas coisas. Vamos, Gael! Pensa, criatura!

Claro, a casa abandonada da rua 2.

Levantei (literalmente) meu olhar para encarar Laura, que permaneceu imóvel esperando alguma reação de minha parte.

- Eu sei de um lugar que você possa ficar. E também sei um jeito de você conseguir dinheiro.
- Dinheiro para quê?
- Comprar comida.
- Você é deveras estranho. -ela fala deveras e me chama de estranho. Sou mesmo, mas ela é no mínimo tão estranha quanto.

Voltei-me à minha mesa de estudos, que estava atulhada de mangás e desenhos aleatórios, com meu livro de matemática no topo da montanha de papel.

- Laura você entende de álgebra?
- Sim.
- Se importaria em me ajudar um pouco?

***

Quando deu mais ou menos umas nove e meia da noite, ela já tinha revisado o conteúdo do ano inteiro comigo, o que era motivo de aplausos.

Desci as escadas seguido dela, e gritei para meus pais que ia na padaria. Sim, nossa padaria continua aberta às 21:30. E sim, meus pais nem ligavam mais, com o tanto de coisa esquisita que eu fazia/ acontecia comigo eles já aprenderam a não questionar.

Descemos umas duas ruas, passando na bendita padaria. Que na verdade era bem estranha, por ser uma padaria 24h. Talvez a única do mundo.

Eu comprei alguns pães, toddynho e negresco para Laura, seguido de um café para mim. Sentamos numa mesa em que ela ficou tentando abrir o pacote de toddynho mas não estava conseguindo.

- Me dá aqui, eu abro pra você. -ela me entregou e ficou me encarando enquanto eu abria para ela.
- Agradecida. -Laura disse quando eu estendi o toddynho novamente à ela, e eu pude ver seus olhos brilhando quando tomou o primeiro gole.

Sorri com a cena e fiquei observando a rua, surpreendentemente movimentada enquanto tomava meu café e Laura comia como se fosse uma criança.

- O que... O que é isso que você está tomando? -voltei minha atenção ao meu café e então à Laura.
- Café.
- É bom?
- COMO ASSIM VOCÊ NUNCA TOMOU CAFÉ???? -perguntei, indignado.

Ela fez que não com a cabeça. Não é possíveeeeeeel. Entreguei o copo para ela sinalizando que ela precisava, repito, precisava tomar. Laura tomou um gole e parecia que ela tinha tomado uma injeção de redbull na veia. Ela ficou com os olhos mais alertas, e pela primeira vez eu a vi sorrindo. Dava para ficar cego com os dentes dela, eram muito brancos.

- Senhor... Qual o seu nome? Eu te agradeço eternamente por me dar esta bebida divina. - dei uma risada soprada, sem mostrar muita expressão e falei:
- Gael.
- Este nome é deveras estranho.

Sorri de volta e peguei meu café, terminando de tomar um pouco depois, quando Laura fez eu pedir um para ela também.

Saímos da padaria com nossas compras e fomos andando até a rua 2. No caminho, Laura e eu fomos falando mais sobre nós mesmos. Ela disse que nunca viu um filme, nem foi ao circo e nem teatro, que nunca lera um livro ou até mesmo desenhou. Isso parece mentira, eu sei. Mas eu também sei quando alguém mente desse tanto, e Laura não estava mentindo.

Foi então que eu comecei a desconfiar, Laura não podia ser humana. Não, ela não era humana. Não podia ser.

Não falo isso por causa do que ela contou nunca ter feito. Eu falo porque ela simplesmente não parecia. Tinha alguma coisa ao olhar para ela - algo inexplicável - que fazia ela parecer uma heroína de quadrinhos. Algo na fala dela, na escolha de palavras, nos movimentos. Isso e realmente o fato de ela nunca ter lido um livro e saber realizar cálculos complexos como se fossem 1+1.

É, Eu acreditava nela. Mesmo porque, eu já havia me acostumado com coisas estranhas. E, se ela ia ser mais uma para minha coleção, eu faço questão de saber mais sobre ela.

Agora a questão era saber o que caralhos era ela.

Chegamos na esquina e avistei a casa quase no meio da rua, sua presença bem óbvia. Havia apenas 4 ou 5 anos que os donos se mudaram, mas desde então a casa tinha mudado muito.

Ela era branca (agora bem suja), tinha dois andares com telhado de... Bem, telhas? Rodeada por um jardim (agora coberto de mato e ervas daninhas) e com um portão branco na frente.

Eu escalei o portão (quase morri) e pulei para o outro lado (quase morri #2). Laura ficou parada do lado de fora, me encarando.

- Vem, mulher!
- Para onde, menino?
- Para cá, óbvio.
- Igual você fez?
- Sim. -eu estava quase perdendo a paciência.

Laura fez mais ou menos igual a mim, mas mesmo ela fazendo mímica da minha tentativa ridícula e desesperada de escalar aquela merda ficou melhor do que eu realmente tentando pular o portão. Ahg, porque todo mundo é melhor que eu em tudo? Enfim, resolvi relevar e começei a andar em direção à porta da frente.

Que eu também falhei ao tentar abrir.

Laura segurou minha mão enquanto eu ainda puxava a porta com toda a força (não que isto seja muito relevante), tirando-a da maçaneta e tentando abrir ela mesma.

Nem preciso falar que abriu de primeira, não é?

De qualquer maneira, quando a porta se abriu eu reparei que a casa ainda estava com todos os móveis. A única diferença era que todos estavam cobertos por um pano branco, mas tirando isso, tudo igual. Tirei o celular do bolso e liguei a lanterna.

Laura entrou na minha frente, tirando o pano de cima do sofá e da mesa de centro, onde colocou as compras e depois se sentou no sofá.

- Laura, você tem algum problema em dormir aí? -ela apenas negou com a cabeça.- Ótimo. Amanhã cedo eu passo aqui e te levo para a minha escola, você pode conseguir um emprego lá.

Me virei para sair da casa, e quando eu estava fechando a porta:

- Gael. -abri a porta novamente e a olhei.- Obrigada. -Laura disse se deitando no sofá.
- De nada.

Fechei a porta e voltei para casa, me sentindo estranhamente bem. Eu não sei, mas talvez esse seja apenas o começo de uma amizade.

Ou não, né, vai que?


Notas Finais


Espero que gostem <3


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