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História Broken Wings - Versão antiga! - Alguém me explica porque o Gael é assim?


Escrita por: Isazita

Notas do Autor


Então né gente, cá estou eu com mais um capítulo dessa bizarrice looool agora quem narra é a nossa querida Laurita <3

Capítulo 2 - Alguém me explica porque o Gael é assim?


.:Laura:.

Depois que Gael saiu da casa, eu fiquei sem nada para fazer. Me perguntei o porque de ele não conseguir resolver aquelas contas, ou o de precisar de ajuda para saber resolvê-las. Ou também há quanto tempo ele está aqui.

Passei a noite sem fazer nada, apenas olhando para o teto. Quando acabo me surpreendendo (lê-se: assustando) com algumas batidas na porta. Gael a abriu e eu o vi com a mesma roupa que usava ontem pela manhã, quando me achou na floresta. Era uma cultura usar estas vestes pelo período matutino?

- Vamos, Laura? Você já comeu?
- Não comi.
- Então pega alguma coisa das compras e vem comendo no caminho. -ele disse e saiu da porta, voltando pelo caminho de pedras até o portão e pulando-o.

Peguei um pão de dentro da sacola em cima da mesa e saí da casa, fechando a porta novamente e o seguindo para o lado de fora.

Gael permaneceu calado durante boa parte do caminho, com as mãos no bolso de sua calça jeans. A blusa dele era branca e tinha uns símbolos no lado esquerdo, pouco abaixo de onde o coração dele devia estar. Ele carregava uma mochila preta e surrada, que parecia pesada demais para um garoto do tamanho dele carregar. Dentre os símbolos na camisa, eu pude ler um nome. "Colégio Maria das Dores"? Que Maria? E que dores? Tudo bem, então.

- O que está escrito na sua blusa?
- Colégio Maria das Dores.
- Isso eu sei, mas o que significa? -permaneci com o olhar em Gael, que só então se virou em minha direção para responder.
- É o nome da fundadora da escola. Deram esse nome em homenagem à ela.
- Ah, agora faz mais sentido. -respondi, agora entendendo o motivo do nome. Mesmo que eu ainda não entenda porque alguém colocaria o nome da filha de "Dores", dor não é algo ruim?

Permaneci o resto do caminho calada, apenas o indo na mesma direção que ele e seguindo a vida.

A aparência infantil dele não condizia muito com sua atitude, mesmo eu não entender ao certo porquê. Gael era bem baixinho e pequeno, com a pele morena já empalidecida em um tom um pouco doente - como se raramente visse o sol. Ele tinha cabelos castanhos mal cortados e até bastante cumpridos, como se fizesse vários meses que não o cortava ou penteava. Ele usava um óculos de armação quadrada meio fundo de garrafa. Ele tinha várias espinhas espalhadas pelas bochechas relativamente magras, e olheiras embaixo dos olhos. E eram olheiras fundas, como se ele quase nunca dormisse. Seus braços eram bastante ossudos e seus cotovelos tinham alguns arranhões (o que não me surpreende, levando em conta que ele vive pulando muros pelo que pude ver). Ele também usava uma calça que provavelmente não era para parecer folgada, mas nele ficava.

Resumindo, ele parecia um Louva-a-Deus com mãos, dedos e cabelo.

E então ele virou a esquina dando de frente com um prédio enorme, de quatro andares e vermelho e branco. Gael andou em direção ao portão e entrou, enquanto eu tentava me manter o mais perto dele possível.

Enquanto eu passava, várias das crianças olhavam e começavam a cochichar entre si, e eu sabia que era sobre mim, me deixando desconfortável.

Ele entrou no prédio e foi subindo as escadas até o quarto andar, que ele chegou ofegante. Não sei ao certo porquê, já que eu não havia cansado nada.

Já na saída da escada, um homem de terno vinho nos recebeu com um olhar desconfiado para Gael. Ele devia ter seus quarenta e poucos anos, com alguns fios tanto da barba como do cabelo grisalhos, muito bem penteados.

Ele indicou uma direção com a mão que Gael logo seguiu e eu tratei de ir o mais rápido que dava. Ele entrou em uma sala espaçosa e relativamente rústica, com uma escrivaninha e duas cadeiras na frente e uma atrás. Gael de sentou em uma das da frente, enquanto eu me sentava na outra e o sujeito que estava na escada entrou na sala e sentou-se na última.

- Pode começar a falar, Gael.
- Obrigado, Sr. Dores. Então, esta é minha... Hm... Amiga, Laura. Eu a encontrei ontem na floresta durante a volta para casa, e ela não se lembra de nada e precisa de um emprego...
- Você quer que eu dê a vaga de bibliotecária para ela, certo? -o homem suspirou e voltou a encará-lo.- Mas como posso saber de ela está apta para o trabalho?
- Ela conseguiu me ensinar álgebra em duas horas e meia sem eu dormir ou desistir da vida.
- Wow. Isso é impressionante! É verdade, Laura?
- Sim, Senhor. Mas infelizmente não pude revisar um pouco mais a última matéria, pois já estava meio tarde.

O Sr. Dores coçou a barba e ponderou um pouco. Ele então ergueu os olhos e passava seu olhar de mim para Gael que estava claramente nervoso. Ele não gostava dessa sala.

- Sem incidentes com ela, certo?
- Sim.
- Que incidentes? -entrei na conversa.
- Tivemos um pequeno... Desintendimento entre Gael e a última bibliotecária. Você quer o emprego, Laura?
- Quero.

Ele suspirou novamente e me entregou uns papéis. Era um contrato. Fiquei meio apreensiva, mas quando olhei para Gael ele apenas assentiu encorajadoramente. Peguei uma caneta e começei a assinar. Quando assinei a última folha o Sr. Dores pegou os papéis e a caneta novamente e a assinou.

- Você começa hoje mesmo. A biblioteca fica no térreo, no prédio menor ao lado da quadra. Bem vinda. -ele disse apertando minha mão e sorrindo calorosamente.- E você trate de ir para a aula, Gael.
- Sim, senhor. -o menor respondeu, se levantando e saindo da sala, não antes de me dar um joinha.

Saí depois dele, indo direto para o local que me fora indicado, deixando o Sr. Dores sozinho em sua sala.

Que apenas ficou muito vazio até às 9:45 da manhã, quando alguns estudantes entraram a biblioteca, se calando pouco depois e começaraem a procurar por livros. Pude ver duas meninas na mesa à minha frente passando um papel de uma para a outra, como se fossem cartas.

- Laura.

Quase caí da cadeira com o susto. Esse menino surge do além! Não é possível. Gael estava apoiado na parte da bancada que ficava perto da porta, claramente se esforçando para permanecer pelo menos razoavelmente mais alto que a mesma. Ao lado dele havia um garoto até alto se comparado com Gael, de pele um pouco mais clara, cabelos pretos e encaracolados e um pouco gordinho. Ele também usava óculos quadrados e fundo de garrafa, mas os dele eram vermelhos enquanto os de Gael eram pretos. Vou adimitir, Ele tinha uma cara bem fofa, e o sorriso infantil dele só incrementava isso.

- Oi. Eu sou o Pedro! -ele disse ainda sorrindo. Ok, então nem todos são no estilo Gael de ser (sérios e fechados).
- Oi. Meu nome é Laura. -disse apertando sua mão e sorrindo também.

Gael não disse nada, apenas ficou nos olhando enquanto nos apresentávamos.

- Você é amigo dele? -perguntei, curiosa.
- Sou, sim. -ele respondeu ainda com o sorriso contente.- Desde que nós somos bem pequenos.
- É. Em nossas fotos de maternidade dá para ver que éramos vizinhos.

Maternidade? Como assim??? Achei melhor permanecer calada, já que essa pergunta soou meio idiota. Gael então pôs em cima da bancada uma sacolinha de papel, que claramente tinha alguma coisa dentro.

- Pra você comer. Eu vou lá pra árvore, você vem, Pedro?
- Claro. Bom apetite! -o garoto disse saindo de maneira claramente mais relaxada e feliz que Gael, que saiu da biblioteca com as mãos no bolso, parando na porta para me olhar e dar um pequeno sorriso.

Eu não entendia porque ele era assim. Por que era possível se ver medo e tensão o tempo todo demonstrado (sutilmente) por seu corpo? Ele estava sempre com os ombros um pouco para cima e com postura curvada. Seus olhos castanhos se moviam sempre de maneira meio tremida. Eu me perguntava o que tinha lhe acontecido para ele ser assim.

Peguei o pacote da bancada e o abri. Tinha um pão (provavelmente recheado com alguma coisa) e um copo muito bem lacrado. Tirei o pão e comecei a comer, só tinha presunto e queijo dentro - mesmo assim estava muito bom.

Quando eu terminei de comer, eu peguei o copo e abri o lacre. Café.

Já amo esse menino.

Tomei o café e assisti enquanto a biblioteca só esvaziava a medida que os estudantes perdiam o interesse ou quando o sinal tocou. E então a calma e o tédio do começo da manhã retornaram. Eu fiquei olhando para o relógio esperando meu horário de almoço, 12:30.

Quando o sinal bateu, saí da biblioteca em direção ao portão e me encontrei com os meninos no mesmo. Gael agora tinha um casaco preto grande demais para ser dele por cima do uniforme, que estava úmido assim como seu cabelo.

- Nem pergunte. -ele falou enquanto Pedro começava a rir.
- Depois eu te conto, Laura.
- Ok, então.

Seguimos a pé por alguns minutos, dobrando algumas ruas e atravessando pistas, até que paramos em uma casa amarela cercada por um muro bege e com um portão de grade branco na frente. Pedro tirou uma chave de dentro do bolso da calça jeans e abriu o portão, indicando para entrarmos em seguida.

Já dentro da casa, uma mulher de cabelos castanhos cheios de fios grisalhos nos recebeu com um sorriso muito parecido com o de Pedro. Ela usava um vestido rosa claro com um avental florido na frente, combinando com suas sapatilhas de estampa semelhante. Pedro disse que ela era mãe dele.

- E quem é essa moça bonita?
- Eu me chamo Laura. -eu disse, retribuindo o sorriso e apertando sua mão.
- Que nome lindo! Sou Sara, mãe do Pedro. Vamos almoçar?

Se eu já não entendia o motivo de Gael ser tão calado e ter uma aparência triste, agora eu fazia ainda menos ideia. Segui Sara até a cozinha e ouvi os garotos dizendo que Gael só iria trocar o uniforme e iria almoçar. Creio que seja por conta de ele estar completamente molhado.

Quando os garotos voltaram, eu e Sara já estávamos comendo, e ela falava de algumas histórias de quando ambos eram pequenos. Gael entrou depois de Pedro, usando uma camisa dos Ramones pelo menos cinco vezes maior que seu tamanho, uma bermuda marrom também grande demais e descalço.

Pedro colocou a comida e repreendeu sua mãe quando ela falava alguma coisa constrangedora que eles haviam feito. Gael apenas pôs uma quantidade mínima de comida no prato, que comeu lentamente enquanto Pedro e Sara enchiam os pratos e comeram mais de uma vez.

Eu realmente não via explicação lógica para o comportamento dele. Porque ele agia daquela forma fechada e meio tensa, quando todos pareciam sempre tão relaxados? Do que ele tinha tanto medo? E então Gael me viu o encarando e eu senti muita insegurança em seu olhar, mesmo quando Sara o chamou e lhe fez umas perguntas, sua voz saía bem firme mas sua linguagem corporal dizia o contrário.

- Laura, seu próximo turno não é às 13:30? -perguntou Gael.
- É, sim.
- Então você já devia ir, já é 13:20. -ele disse e me acompanhou até a porta.- Você lembra do caminho, não é?

Assenti com a cabeça e me despedi dos três.

A volta para a escola foi bem silenciosa, assim como a ida. Eu cheguei na biblioteca às 13:27, então fiquei esperando três minutos antes de entrar e bater o ponto. Durante a tarde apenas alguns estudantes entraram e saíram, pegando ou devolvendo livros emprestados pela biblioteca.

Quando fui embora, no fim da tarde, eu ainda estava encucada com aquilo. Fui para casa e deitei no sofá, apenas me perguntando o que fazer. Então eu resolvi fechar os olhos, e não me lembro de mais nada depois disso.


Notas Finais


Espero que tenham gostado da Laura quebrando a cabeça para entender esse menino kkkk


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