.:Laura:.
De novo não. Isso não.
- O que foi, Laurinha? Com medo de mim? Seu pai?
Eu não tenho pai. Aquele não era meu pai. Nunca seria.
Eu estava num quarto escuro, talvez a única fonte de luz fosse eu mesma.
- Não vai responder? Tem certeza que isso é uma ação inteligente? -senti uma mão gelada como um iceberg tocar meu ombro, mas quando olhei não vi nada.
- Pare. Por favor, eu não te fiz nada...
Senti um puxão em meu cabelo e uma respiração tão fria quanto a mão tocar a pele do meu pescoço. Tentei me soltar, mas ele passou sua mão livre em volta de mim, me deixando imobilizada.
- Tem razão, Laurinha. Mas justamente por isso será punida. Você é uma falha, devia proteger aqueles molequinhos que você gosta e nem para isso você serve. Como fará para proteger todo o resto se você não consegue evitar a quase morte de apenas dois. Inútil, fracasso. -largou meu cabelo e começou a passar suas unhas afiadas por minhas costas, me fazendo sentir uma ardência onde elas encostavam. Senti um líquido descer por minhas costas.- Ora, ora, quem diria! Você tem sangue, veja!
Em minha frente eu vi uma imagem, como uma tela de TV. Era eu, Mas estava cheia de cortes, com um líquido vermelho e espesso escorrendo de vários cortes na minha pele, ele estava me prendendo ainda, deslizando suas unhas linhas e afiadas pelo meu rosto.
Até que ele repetiu a ação e eu fui tomada pela for.
Lutei para sair de seus braços, em vão. Cada movimento meu só me machucava mais, ele afundava suas unhas por todas as partes dó meu corpo, fazendo cortes profundos que doíam até na minha alma. E talvez estivessem a machucando mesmo.
Ele cortava todos os lugares possíveis e impossíveis de se cortar, até que eu olhei para frente (no espelho) e lá estavam minhas asas, as únicas partes intactas de meu corpo.
- N-não...
- Sim! Você merece bem mais que só isso!
E então ele começou a cortar e tudo virou uma chuva de sangue e penas, eu gritei em agonia e acordei com isso.
- CARALHO! -gritei novamente. Ainda sentindo as dores. Corri para o banheiro e observei-me.
Nenhum corte, só a dor mesmo. Olhei o relógio na parede e já estava na hora de me levantar. Ou quase.
Aquele cara tinha razão. Eu sou um fracasso. Eu não devia estar mais aqui.
Eu desisto dessa merda. Tchau.
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