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História BROTHERs - Ela é um alarme falso


Escrita por: _Melpomene

Notas do Autor


Hey! Segundo meus cálculos o capitulo anterior me desclassifica do concurso, mas é aquele ditado...vamo continua postani.
xoxo

Capítulo 3 - Ela é um alarme falso


 

Alfas jamais confundiam as espécies por ter os sentidos mais aguçados, mas nós éramos fisicamente inconfundíveis. Pele levemente acinzentada, como um dia nublado e triste, e olhos que lembravam a escuridão de um abismo.  Mas diferente dos nossos antepassados, tínhamos consciência entre o bem e o mal, e também dos sentimentos que faziam parte das demais espécies. O máximo que tínhamos relacionado ao sentir era empatia, por poder compreender.

Blears e Betas não tinham expectativa de vida. Eramos a barriga de aluguel que poderia virar alimento ou gerar alimento. Ou, apenas um buraco quente para aconchegar Alfas em seus cios. Éramos mais procurados que os betas, pelo simples fato de não exigirmos nada em troca. Betas eram sentimentais, não aceitavam o abandono e podiam transformar a vida dos alfas e ômegas num inferno. Eram carentes de atenção, se magoavam facilmente e se irritavam na mesma proporção. Queriam ter a mesma posição que um ômega tinha na sociedade e vida dos alfas, eram tolos.

Por isso a maioria de nós vivia da prostituição, era uma profissão feita para nós. Não nos envolvíamos regularmente com Alfas. Eles não estavam insetos de sentir. Ao procurar um Blear, alfas sabiam que era apenas por um dia. Casos de cios eram usados para reprodução, e raramente Blear's aceitavam fazê-los. O primeiro cio de um alfa não era negociado, não aceitávamos. Não havia diamantes no mundo que cobrisse o risco que trazia um alfa em seu primeiro cio. Enquanto betas e ômegas sucumbiam às ordens dos alfas, nossa natureza nos permitia dizer não. Isso e alguns dólares podiam nos manter a salvo por algum tempo. 

Éramos seres da noite. Não vampiros como nas lendas. Consumávamos ser mais bizarros, ainda que não bebêssemos sangue ou torrássemos a “luz do dia”. Vivíamos nas sobras, pois era a maneira mais confortável. Nosso sol, nada mais era que uma barreira de pequenas “cápsulas de ozônio” em torno da terra, separando-nos do espaço. A tecnologia permitia que pequenos raios do sol infiltrassem sua camada sem nos desintegrar e causar danos maiores. Por isso os dias ainda eram claros o suficiente, mas nós, de fato nunca víamos o sol.

Esgueirava-me sorrateiro e silencioso pelos becos de nossa pequena “selva de concreto”, enquanto a noite caia. Seguia rumo ao centro da cidade, onde tudo aconteceria. Mais um protesto, ou rebelião se preferirem, dos menos favorecidos. O mais engraçado é que o movimento era liderado por Mary, e aparentemente seu pai não fazia ideia disso. Os alfas que comandavam essa potência não interviam de forma violenta. Eles se defendiam de ataques, obviamente, era instinto. Mas não soltavam sua matilha em cima dos rebeldes, que mesmo assim não protestavam de forma pacifica. De qualquer forma, não era como se tivessem muito que depredar.

A balburdia que faziam era apenas para distrair seus oponentes. Naquele noite ele invadiriam os computadores das três potências, com objetivo final de expô-las. O numero em suas contas bancarias faziam parte do segundo plano. Uma vez que entrassem no sistemas, mudariam as chaves de acesso de cada líder. Eles não teriam muitas opções a não ser ceder o poder. Era um plano simples, e sem falhas. Afinal, alfas não eram invencíveis.

Parei na entrada de um beco que dava acesso a uma das avenidas principais. Era uma bela cena. Os prédios sendo engolidos pela completa escuridão, enquanto os rebeldes se uniam, ocupando a avenida em direção ao prédio do governo. Acendi outro cigarro, enquanto o pandemônio espalhava-se. As vitrines eram quebradas, os manequins farfalhavam iluminando a noite. Eles gritavam por igualdade, por um governo justo. Queriam voz, e um espaço digno. Queriam uma chance, de não ser só poeira, penso eu.

Estava ali só como um expectador, não nego. Não estava incomodado com minha vida. Tinha o suficiente para manter meus vícios e sobreviver. Os alfas e seus domínios não me interessavam. Mantinha-me nas sobras e estava seguro ali, era confortável. Então não era errado da minha parte pensar que toda aquela agitação não mudaria o sistema no qual vivíamos. E você pode pensar que o meu problema era não esperança, não senti-la como as outras espécies podiam sentir.

Traguei o cigarro, e soltei a fumaça observando-a subir e se misturar as nuvens negras vindas dos manequins em chamas. Aquele não era o ponto, era o erro. Talvez a distração que estavam criando, nada mais era que uma distração para eles mesmos. Alfas não eram invencíveis, tanto quanto não eram confiáveis. Aprendíamos isso desde cedo. Eu era fruto de um relacionamento entre um alfa e uma Blear que serviu de alimento após oito partos. Pensar na minha infância era como entrar no limbo, não havia nada em minha memoria sobre. E se você me perguntar como cheguei até aqui eu provavelmente responderia exatamente o que me vem à mente.  Eu apenas acordei num belo dia sem sol e tudo estava exatamente assim.

Olhei para as duas torres que se erguiam em 50 andares, seus vidros refletindo as chamas e caos. Era uma ignorância tamanha negar que eles nos manipulavam desde o inicio de tudo. Somos frutos de uma criação daqueles homens. Parecia a ordem natural das coisas, ainda que não fosse. Eles tinham um foco, mas eu não estava tão certo assim do alvo.

Eu me lembro. Eu estava de acompanhante naquela noite, anos atrás, e Mary estava sendo apresentada para alta sociedade. A primeira e única filha de Ross Burke, alfa que liderava a Rússia. No mar de roupas de gala, tecidos caros e diamantes reluzentes sua presença podia ser sentida por todos os presentes naquele local. 21 anos, postura rígida, tão firme quanto a do pai, mas talvez a beleza tenha sido herdada da desconhecida genitora. Os cabelos eram longos e ondulados, o tom ruivo fazia “escorrendo” pela pele clara e sardenta lhe dava o ar de selvageria que seu pai lutou anos para esconder. O vestido de cetim preto possuía um decote em V que descia até a altura de seu abdômen. Seus olhos eram familiares, demorei anos para perceber como lembravam os meus. Era como se a morte tivesse saído para dançar naquela noite.

Se todos ali tinham a atenção voltada para anfitriã, esta só tinha olhos para outro alguém. Reluzindo deslumbrantemente em seu vestido azul celeste Nancy. Olhos âmbar, lábios rosados e finos, tudo nela ressoava delicadeza. Todos no salão pareciam se mover entorno de Mary, mas eu pude ver o exato momento que o coração da alfa inflou. Ela queima no centro do salão. Era como uma raposa vermelha, degustando sua presa muito antes de tê-la.

Os estouros vindos da manifestação trouxeram-me de volta a realidade. Os gritos vinham de todos os lados, a multidão furiosa avançava para dentro das torres. Era hora de ir. Virei-me para retornar ao beco, esbarrando num pequeno grupo que seguia na mesma direção. O rapaz cujo ombro toquei, virou-se me encarando por um momento. Seus olhos cintilaram azuis tão frios quanto à face sem expressão. Quase que hipnotizado o vi partir, a pele pálida envolta em roupas escuras, seguindo com o grupo para as sobras. Algo nele pareceu-me tão raro. Fez-me pensar sobre as histórias que rodeavam nossa criação. O que mais havia sido feito naqueles laboratórios?  


Notas Finais




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