História BROTHERs - Casa de Vidro

Ele se sentou em uma das poltronas brancas da sala, onde era possível manter a visão para exterior do apartamento. Seus pensamentos permaneciam vidrados, o olhar brilhando em luxuria e êxtase. E em meu quarto de hotel eu podia sentir suas mãos deslizando firmes por todo meu corpo como se aquele encontro não tivesse acabado horas atrás.

As luzes das sirenes invadiam o cômodo, em meio a escuridão dançavam por sua pele bronzeada, mas nada era capaz de distraí-lo. Nem mesmo o som do celular a tocar. Por horas o silêncio e a fumaça do cigarro foram sua companhia. Mas a confusão em sua mente perdurou por cada estrela e acontecimento naquele lugar, e parecia não querer ir embora da minha cabeça.

Larguei a maleta sobre a cômoda, conferindo que o dinheiro era mais que o triplo do que ganhei naquela noite. Em outra ocasião o procuraria para devolução, mas tudo o que eu conseguia pensar naquele momento, eram na verdade os pensamentos dele. Cambaleei até a cama, retirando desajeitadamente os sapatos, deixando-os pelo caminho. Engatinhei pela cama, para debaixo dos cobertores na esperança de que aquilo fosse apenas um mal súbito. Maldito alfa!

Fechei os olhos desistindo de lutar contra o que acontecia e senti meu corpo relaxar e suas memorias seguirem para o fundo da minha mente, como se pretendesse pôr um fim aquilo, fosse o que fosse. Não tinha me dado conta de como meu corpo estava, até vê-lo através dos olhos de Steve, enquanto era arrastando para a inocência.

Nós descíamos sete degraus para um extenso e claro corredor, feito de vidro fosco. Enquanto seguia-o, percebi que haviam pessoas do outro lado. Elas se moviam dentro do que pareciam salas, assuntando-me, ao perceber que sangue era espirando em todo o cenário branco. Me virei, apressando os passos, deparando-me com o corredor vazio.

Eu estava só e cada passo me levava para o final do corredor. Ali não existiam paredes ou portas. Caminhei para dentro do local que lembrava uma selva tropical, se as selvas fosse vermelho sangue. Um belo lago refletia toda a paisagem coberta por um teto escuro. Olhei em volta à procura de Steve, quando vi algo sair do lago.

Numa transfiguração que minha mente jamais imaginou, o ser arrastou-se para fora. A longa calda cintilando em meio a escuridão âmbar, enquanto as escamas davam lugar a uma pele, ainda húmida pela água, e então a forma da calda partia-se em duas, dando lugar a lindas pernas. De joelhos ele agonizou até suas guelras sumirem, e seus pulmões se adaptarem ao ar do local. Ele se levantou e veio em minha direção. O sorriso cheiro de escárnio e os olhos tão escuros quanto aquele lugar. Foi refletido ali que eu vi, não a mim, mas à Steve.

Meus olhos se abriram abruptamente, mas aquela visão se repetia a cada raio de sol que tocou o corpo de Steve pela manhã, mantendo-me acordado e paralisado, como se eu não pudesse me livrar dele nunca mais.