***MIKE.***
Parado na chuva, as gotas geladas batiam na minha pele e escorriam pelo meu corpo. Sinto meu corpo rígido, não consigo alcançar a cabine telefônica. Mas mesmo que eu conseguisse, para quem ligar? Dean, Alice? Do que exatamente estou fugindo? Da Pâmela ou de mim? Eu fiz uma promessa, eu sei, mas não quero cumprir. Suspiro e me forço a entrar na cabine. Começo a discar o número que vem em minha cabeça. O telefone toca do outro lado. Toca e toca. Quando estava prestes a desligar, escuto sua voz, tão perto de mim, mas ao mesmo tempo tão distante. Meu corpo gela, sinto-me fraco e me apoio na parede da cabine.
_ Alô? Quem é? ( Sua voz estava baixa e calma. Sorrio, mas não sei o que responder. Talvez o meu nome? Penso no seu rosto, delicado e lindo. Seus cabelos castanhos iguais os seus olhos. Alice, há muito tempo não vejo a minha pequena. ) Oi, alguém na linha?
_ Blar, o que houve? Me da isso. Ei, babaca, para de ligar e passar trote para os outros! Deixa a minha namorada em paz, escutou? ( Largo o telefone e me afasto da cabine. Fico a olhando como se ela fosse um monstro. Percebo que as pessoas estão me olhando. Uma senhora de idade vem com um guarda-chuvas aberto em minha direção. Ela o coloca nos cobrindo. )
_ Esta bem filho? ( Olho para ela e concordo com a cabeça. Saio correndo em direção a lugar algum, aonde meus pés me levarem bastara. )
***ALICE.***
[ ... ] Estava deitada abraçando Dymi, que havia acabado de fazer massagem nos meus ombros. A televisão estava ligada, em um programa qualquer, achei bem chato, mas como Dymi gostava, acabamos vendo. Dymi começa me beijar, coloco meus braços em volta do seu pescoço. O telefone meu telefone começa a tocar. Paro de beijá-lo e pego o aparelho.
_ Não precisa atender. ( Dymi beija meu pescoço e sorrir. Olho para tela, numero desconhecido. Sinto uma certa agonia, não sei dizer o porque, mas sinto. Atendo o telefone. )
_ Alô? Quem é? ( Escuto uma respiração forte e pesada do outro lado da linha. O silêncio predomina a ligação. ) Oi, alguém na linha? ( Dymi franze a testa irritado. Ele pega o telefone da minha mão sem permissão. )
_ Blar, o que houve? Me da isso. Ei, babaca, para de ligar e passar trote para os outros! Deixa a minha namorada em paz, escutou?
_ Dymitre, me devolve isso! ( Falo puxando o celular da mão dele. ) Alô, alô? Alguém ai? ( Só há um barulho forte de chuva. Sinto um aperto no peito. Fico meio tonta, mas me levanto mesmo assim. )
_ Mas que porra foi essa Blar?
_ Sai daqui... ( Sussurro. )
_ O que? O que você disse? ( Dymi tenta se aproximar de mim, mas eu ando para trás. )
_ VAI EMBORA! ( O rosto de Dymi fica duro como pedra, algo inexpressivo, sem emoção alguma. Dymi se vira e pega sua blusa, ele anda em direção da porta sem falar nada e a bate ao sair. Começo a chorar. Mas que droga deu em mim? Eu, eu acho que era o Mike... Talvez não fosse, mas... Pego meu telefone e ligo para ele. Toca e toca, mas só cai na caixa postal. Se fosse mesmo o Mike, porque ele não ligaria do meu telefone? Ai meu Deus, o que eu fiz com o Dymi. Corro até a frente da porta dele e começo a bater nela. ) DYMI! DYMI! ( Ele abre a porta e me puxa para dentro, fechando a porta atrás de nós. )
_ Esta louca? Olha o escândalo que esta fazendo no corredor, e ainda por cima de calcinha e sutiã! ( Me olho, minhas pernas, barriga, meu corpo semi nu. Caio de joelhos e começo a chorar. Eu tenho que voltar, não aguento mais, quero o Mike, quero ele, nenhum sucesso no mundo e nem ninguém vai preencher o vazio que sinto sem ele. Sinto os braços de Dymi em volta do meu corpo. Seu abraço era cuidadoso e sem força. )
_ Eu não sei o que houve lá, mas eu estou aqui para você Blar. ( Dymi me aperta mais em seus braços, e a única coisa que consigo pensar, é, eu não os mereço, nenhum dos dois. )
***UMA SEMANA DEPOIS/ALICE.***
Haaaaa! ( Grito ao acordar. meu coração estava acelerado, meu corpo suado, e minha mente imaginando mil coisas. Me sento na cama e enrolo meu cabelo em um coque, aproveitando para desgrudar os fios que ficaram grudados pelo suor. Olho ainda ofegante para o relógio digital a minha frente. Sinto sua mão sobre meus quadris e sinto seus lábios frios em meu corpo quente. Um arrepio percorre meu corpo todo. Coloco meus braços para trás, acariciando seus cabelos. Deixo um sorriso brotar em meus lábios quando ele segura a minha bochecha, vira meu rosto para trás e me rouba um selinho. O arroxeado me joga na cama e me beija com fervor. Entrelaço meus dedos em seus cabelos e prendo minhas pernas em volta de seu tronco. Ele sorri e afasta os cabelos que caíram em meu rosto. )
_ Nunca vou me acostumar com o fato de que você tá indo embora. ( Ele fala me encarando olho a olho. )
_ Se afastar não significa se esquecer. ( Falo com um sorriso de lado, Dymitre se senta na beirada da cama. )
_ Foi o melhor mês da minha vida. Ha ha ha ha. ( Entrelaço meus dedos na sua enorme mão. ) Só... Só não desiste, tá bom!?
_ Do quê exatamente?
_ De tudo, dessa carreira, da fama, de ser feliz, de um futuro brilhante, de mim... ( O silêncio e a troca de olhares foi o as melhores opções. ) Blar...
_ Sim?
_ Qualquer coisa é só me ligar, sabe que pode contar comigo para tudo, né? ( Concordo com a cabeça. Dymi me rouba um beijo, um ultimo beijo. ) Até mais Blar, eu sei que vai voltar para mim. ( Sorrio e me levanto. )
_ Preciso ir.
_ Eu sei, mas você sabe o por quê? Talvez devesse descobrir antes de tomar alguma decisão.
_ Dymi, porque sempre fala coisas que me deixam confusa? ( Sorrio e vou embora, sem me despedir, sem um adeus ou um até logo. Cansei de fazer promessas das quais me martirizo para cumprir. )
[ ... ] Ninguém no aeroporto, ninguém a minha espera. Penso no quanto Dymi havia enchido o meu saco para poder me levar no aeroporto, mas eu não havia deixado, não queria me despedir dele, dele não. Talvez Mike não soubesse que fosse hoje o dia da minha volta, eu mesma vim um dia antes do planejado. Não haveria shows amanhã mesmo. Cada curva que o táxi fazia deixava meu coração mais e mais apertado. O carro para, minhas mãos suam, meu coração bate acelerado e minha boca fica seca. Sorrindo toco a campainha. Mordo meu lábio inferior e aperto uma mão na outra. A porta se abre, vejo Mike sem camisa e de calça social, seu cabelo bagunçado caia no rosto, ele havia deixado a barba crescer.
_ Alice... ( Antes que ele falasse qualquer coisa pulo em seu colo, o abraçando e me agarrando á ele. Beijo seu pescoço e fecho minhas pernas em volta do seu quadril. Sorrindo olho seu rosto, há quanto tempo não o vejo? Há, que saudade. Mordo meu lábio inferior, esperando as caricias e o seu beijo. )
_ Michael Arata, quem é essa louca em cima de você? ( Olho por cima do ombro de Mike, e vejo uma mulher com um roupão e cabelos longos e lilás. Ela é alta e magra, do tipo perturbadoramente perfeita. Mike me segura pela cintura e me coloca no chão. )
_ É só a minha irmã mais nova. ( Mike fala e segue em direção da cozinha. Olho para a mulher, meus olhos começam a se encher de lágrimas. Me viro e caminho até minhas malas. A mulher vem em minha direção. )
_ Quer ajuda... Alicia?
_ Alice, e não, nem precisa se incomodar, não vou ficar muito tempo mesmo. ( Cuspi as palavras olhando em direção de Mike, que bebe um como de água enquanto nos olhava. Colocando as malas no meus quarto, percebo o quanto idiota eu fui, deveria ter esquecido de vez a Alice, do mesmo jeito que o Mike fez. Sem pensar duas vezes pego o telefone e ligo para Dymi, que me atende no primeiro toque. ) Dymi... ( Começo a chorar. )
_ Blar, o que houve? Aonde você esta? Quer que eu vá te buscar? Blar, por favor fala alguma coisa, estou ficando desesperado! ( Em meio aos soluços respiro fundo. )
_ E-eu só fiquei com saudades...
_ Blar... Tem certeza?
_ Claro, seu chato. ha ha ha. ( Minhas lágrimas começam a descer pelo meu rosto lentamente. )
_ Seu chato.
_ Só meu?
_ Claro, todo seu, só seu. ( Meu choro começa a sair mais forte. Sorrindo e tentando me conter me despeço de Dymi. )
_ Dymi, preciso ir, fica bem seu chato.
_ Você também minha princesa. ( Desligo o telefone e encosto o meu rosto nos meus joelhos, minhas lágrimas escorrem por eles, e a única coisa que quero fazer e parar de existir. Escuto a porta do meu quarto se fechando, olho para cima e vejo Mike me olhando. )
_ Para, nem tudo é sobre você Alice! ( Mike fala irritado. Me levanto indignada. ) Eu fiquei, eu te esperei, eu vivi por você, mas chega, chega de ser só o seu brinquedo, eu mereço ser feliz também. Por que você voltou? Para destruir a única chance que eu tenho?
_ POR QUE EU PROMETI A UM BABACA! ( Grito e Mike segura meu maxilar forte. Dou um tapa na sua cara. ) Não encosta em mim! ( Mike olha sua mão e depois vira de costas. ) Por quê ela? E o amor que sentia por mim? E tudo que fez por mim? Por nós? Por nós Mike, você e eu, isso não existe mais?
_ Não sei, mas sei que existe você e um outro alguém. ( Mike se vira, ele estava chorando. ) Cansei de correr atrás de quem não precisa de mim. De quem não me ama.
_ Eu te amo seu ridículo! E não é só porque conheci outras pessoas que te amaria menos!
_ Há não, não venha me colocar como o monstro da história, não de novo! Você me traiu!
_ Eu não lhe namoro para ter te traído! ( O quarto fica em silêncio, um silêncio horrível. ) Foi você, naquele dia, você me ligou e o Dymitre pegou o celular da minha mão.
_ É, parece que agora até se importa. ( Mike se vira e eu seguro seu braço, ele me olha. )
_ Mike, me da uma segunda chance? Lembra, você me pediu uma, agora é a minha vez. Me desculpa, eu estou errada, eu estava errada. Que se foda o mundo, que se foda a Blar, que se foda o passado, vamos comprar duas passagens e ir embora agora. Sair do pais, sei lá, sai do mundo, sempre achei a lua um lugar romântico. ( Deixo um sorriso tímido aparecer. )
_ Eu realmente te amo Alice, amo mesmo, eu me destruiria por você. ( Puxo o queixo de Mike para baixo e devagar encosto meus lábios nos dele. Sua boca se abre junto com a minha, ele segura firme meus quadris e chega meu corpo para perto do dele. Podia sentir seu coração acelerado. Sua língua invade a minha boca, percorrendo cada canto que há nela, como se estivesse descobrindo todos os meus segredos, achando o meu tesouro mágico. ) Alice...
_ Sim? ( Sorrio olhando em seus olhos, senti muita falta disso, dele, de seu toque de seu gosto. )
_ Eu vou me casar amanhã.
CONTINUA>>>
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