História Brown - Capítulo XVIII

P.O.V. Josh Devine

- Harry, nós precisamos conversar – levantei do sofá.

- Claro – ele andou até ficar na minha frente.

- Porque você me odeia tanto? – perguntei olhando nos olhos dele.

- Eu não te odeio.

- Não parece – respirei fundo – Me diz o que eu te fiz, Harry? Porque eu não entendo o que eu te fiz para você.

- Não entende mesmo, Devine? – Styles, me olhava nos olhos – Por sua culpa eu acreditei durante anos que eu realmente era um nada, um viadinho, um perdedor, uma aberração que deveria morrer... – o interrompi.

- Eu nunca disse isso.

- Você era o meu melhor amigo, quer dizer, era o único amigo que eu tinha – ele se aproximou – Como você pode?

- Eu não fi... – mais uma vez ele me interrompeu.

- PARA DE MENTIR, JOSH – Harry, bagunçou os cabelos. Os olhos dele transbordavam raiva.

- Eu não estou mentindo.

- FOI VOCÊ – Styles, apontava o dedo pra mim – FOI VOCÊ QUE CONTOU PARA A ESCOLA INTEIRA QUE EU ERA GAY.

- Que? – meus olhos se arregalaram.

Harry, respirou fundo e olhou nos meus olhos.

- Você foi a única pessoa que eu contei sobre achar que eu era gay.

- Eu juro para você que não contei para ninguém sobre isso.

- Então me explica como todo mundo ficou sabendo? Porque eu me lembro muito bem que estávamos sozinhos.

- Sim, nós estávamos sozinhos – tentei puxar na memória quando isso tinha acontecido – Eu lembro que você me disse sobre estar sentindo coisas estranhas, que não sabia se realmente gostava da Sam ou do irmão dela.

- Eu confiei em você, Devine.

- Já disse que não contei para ninguém.

- ENTÃO COMO TODO MUNDO FICOU SABENDO? – Styles, me segurou pela camiseta.

- HARRY – Liam e Zayn o seguraram.

- É TUDO CULPA SUA DEVINE, EU NÃO DEVIA TER ACREDITADO NA SUA AMIZADE – algumas lágrimas caíram dos olhos dele – O QUE EU FIZ PRA VOCÊ? O QUE EU TE FIZ, JOSH?

- Eu não contei para ninguém.

- COMO VOCÊ TEM CORAGEM DE OLHAR NA MINHA CARA E MENTIR DESSE JEITO? – Styles, tentava se soltar de Malik e Payne.

- Harry, se acalme – Niall, parou na frente dele – Se o Josh disse que não contou para ninguém é porque ele não contou.

O Styles respirou fundo.

- Então como todo mundo ficou sabendo?

- Eu não... – parei de falar assim que lembrei de uma conversa que eu tinha tido com a Sam – Foi ela.

- Ela quem? – Louis, perguntou.

- A Sam.

- É muito conveniente para você colocar a culpa nela – Styles, sorria debochado – Ela não está aqui para se defender.

- Eu lembro quando ela foi embora e me disse que tinha completado um item da lista dela. Você lembra da lista? – Harry, apenas assentiu – Ela tinha ido se despedir de mim e me disse que tinha conseguido acabar com uma amizade. Na época eu achei que ela tinha acabado com uma amizade dela com alguém, eu nunca parei para pensar o que isso realmente significava, mas agora eu entendo.

- Para de jogar a sua culpa para cima dos outros.

- Eu não estou jogando a minha culpa para cima dos outros, Harry. Eu sei que eu errei naquele dia, eu não devia ter dito o que eu falei e muito menos ter feito o que eu fiz. Me desculpa.

- Você não sabe o que eu passei por sua causa, Devine – Styles, olhou para baixo – Eu estava confuso, não sabia o que estava sentindo – ele voltou a me olhar com os olhos marejados – Você não sabe o quanto foi difícil para mim ver eles dois me xingando. Não sabe o quanto cada soco e chute doeu, você não sabe de nada.

- Eu fiquei com medo. A Sam me disse que você estava mentindo pra mim. Ela falou que o que você disse sobre achar gostar dela e do irmão dela era mentira, que você só disse isso para ver a minha reação porque você na verdade gostava de mim.

- Por favor, Devine, porque ela falaria uma coisa dessas? – Harry, negava com a cabeça.

- Não sei, mas eu fiquei tão assustado, eu não soube como agir, eu... – Styles, me interrompeu.

- E por isso preferiu contar para todo mundo que o menino que todos diziam ser gay, realmente era gay.

- Eu já disse que não fui eu – me aproximei do Harry.

- Não acredito em você.

- Porque eu contaria para todo mundo se era eu quem te defendia daqueles garotos idiotas que batiam em você?

- Eu não sei, Devine, me diz você.

- Harry – me aproximei mais dele – Por favor, acredite em mim – ele se afastou – Eu quis ir atrás de você, mas eu fiquei com medo.

- Você ficou com medo? Medo de que Josh?

- De que você realmente gostasse de.... – Styles, me interrompeu.

- Você é um babaca Devine.

- Eu estava confuso – olhei para baixo.

- E por isso afastou as pessoas que eu amava de mim?

- Eu não afastei eles de você.

- Então quem foi? – voltei a olhar para o Harry – E não venha dizer que a culpada de tudo é a Sam.

- Porque você não acredita em mim?

- Porque eu acreditaria em você?

- Eu era seu melhor amigo... – mais uma vez ele me interrompeu.

- Disse certo, era – Harry, se aproximou de mim – Eu até consigo acreditar que não foi você quem espalhou para toda a escola que eu gostava de um menino também. Mas eu não consigo entender porque você ficou com a Sam, sendo que eu tinha te dito que gostava dela.

- Foi ela quem me beijou.

- E você não tinha mão para empurrá-la? – Styles, me olhava nos olhos.

- Não deu tempo. Quando eu percebi ela estava me beijando e logo depois você me empurrou e nós começamos a brigar.

- Você sempre faz isso? Sempre empurra a culpa para outra pessoa? – Harry, bufou.

- Porque é tão difícil acreditar em mim?

- Porque você me virou as costas no momento em que eu mais precisei, Devine – Styles, apontava o dedo na minha cara – Obrigado por ter sido meu amigo no momento mais difícil da minha vida – ele passou esbarrando em mim.

- Eu vou provar para você que a culpa não foi minha, Styles – Harry, me olhou de cima da escada e negou com a cabeça, logo me dando as costas.

P.O.V. Michael Clifford

- Você fez o que? – meus olhos estavam arregalados.

- O cara disse que precisava de um vídeo nosso juntos para avaliar – Ed, deu de ombros – Então eu mandei um de nós três. Eu só tinha aquele, então não tive escolha - o Sheeran sorria sem graça.

- Quantas vezes eu vou ter que dizer que não quero ser cantor?

- Você pode ao menos tentar, Mike – Calum mexia com uma colherzinha o resto do sorvete derretido do copo.

- Eu odeio multidões, Cal – suspirei.

- Amor – Luke, segurou meu rosto fazendo com que eu me virasse e o olhasse – Pensa bem, você pode fazer um bom dinheiro com isso e depois abrir a sua gravadora. Lembra o que seus pais disseram?

Meus pais sempre quiseram que eu seguisse a mesma carreira deles, medicina. Mas eu tinha pavor de hospitais, cômico, já que eu era filho de dois médicos. Quando eu tinha nove anos passei quase dois meses internado, tudo por causa de uma simples gripe que virou pneumonia. Esses foram os piores dias da minha vida. Todas as vezes que eu entrava em um hospital eu lembrava de tudo que eu tinha passado dentro de um deles.

- Eu não sei se eu consigo.

- Eu tenho certeza que você consegue – Hemmings, sorria.

- Qualquer coisa você só precisa olhar para o lado – Ed, segurou uma das minhas mãos – Eu e o Ni sempre estaremos ao seu lado.

- Ou para a plateia – Ashton, sentou-se com mais um copo cheio de sorvete – Porque nós vamos está lá gritando bem alto, “Mike gostoso”.

- Você é um idiota, Irwin – eu disse rindo e ele assentiu também rindo.

- Bom saber que o senhor acha o Michael gostoso – Calum, continuava a mexer o sorvete derretido.

- Baby, não seja bobo – Ashton, comia o sorvete devagar – Para mim existem sete categorias de beleza: Misericórdia, feio, arrumadinho, bonito, gostoso, puta que pariu e Calum Hood.

Todo mundo riu enquanto Calum ficou envergonhado.

- Como eu disse, bom saber – Hood, passou o dedo no sorvete de Irwin e depois no nariz do namorado.

Conversamos um pouco mais sobre coisas aleatórias até que o celular do Sheeran tocou, era o produtor do Justin. Ficamos em silêncio, por um lado eu queria que ele tivesse ligado apenas para dizer que éramos bons, mas que não nos encaixamos na “pegada” que o Bieber tinha para a nova turnê. Só que por outro eu queria muito que o produtor dissesse que tinha amado o nosso vídeo, eu sabia que isso era muito importante para o Ed e o Niall, eu não queria estragar o sonho deles.

- Ele disse que adorou o vídeo, que nós três cantamos muito bem e que tudo fica melhor quando cantamos juntos – o ruivo disse assim que desligou o celular, ele tinha um sorriso de orelha a orelha – E pediu para que amanhã nos três fossemos no escritório dele que ele tinha uma proposta.

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Quando voltamos para casa e contamos a novidade para o Horan eu achei que ele ia enfartar. Parecia uma criança que tinha acabado de ganhar aquele brinquedo que tanto queria.

Já eu não compartilhava com porcento da felicidade de todos. Cinquenta porcento meu estava entrando em colapso, eu não sabia o que fazer. Queria tanto que tudo isso fosse só um sonho, mas também não queria que fosse. Cantar na faculdade era fácil, deveria ter no máximo mil pessoas nos festivais. Já cantar em um show de um dos cantores teen mais famoso do momento era totalmente diferente, lá não teria apenas algumas mil pessoas e sim milhares.

Além de que querendo ou não eu acabaria me tornando um pouco conhecido e isso me assustava.

No outro dia, depois da faculdade todo mundo foi para o escritório do produtor do Justin, mas apenas eu, Ed e Niall entramos. O cara falou sobre como tinha gostado do vídeo que o Sheeran tinha mandado, como nossas vozes se harmonizam e falou também sobre o novo álbum do Justin.

- Bem, a minha proposta é que vocês abram os shows da turnê do ano que vem do Justin, mas eu preciso dos três.

Niall e Ed me olharam.

Com certeza o produtor percebeu que eu era o único que me sentia deslocado, já que não tinha aberto mais minha boca depois que me apresentei e dei boa tarde. Sheeran e Horan falavam como duas matracas.

- Mike – Niall, segurou minha mão – Não se sinta pressionado para aceitar a proposta.

- É cara – olhei para o Ed – Se você não quiser tudo bem, não ficaremos chateados com você.

- Pelo contrário, iremos sempre estar ao seu lado e vamos te apoiar em todas as suas decisões - Horan, sorriu - Acima de tudo, somos amigos.