História Brown - Capítulo XXVI

P.O.V. Niall Horan

Justin, tinha pedido para conversar comigo depois do show, eu estava curioso, mas ele não quis me adiantar nada. Enquanto esperava que o show dele acabasse eu tentava imaginar o que ele iria me contar, várias coisas se passavam pela minha cabeça, mas eu achava uma mais boba que a outra.

Quando finalmente o Bieber apareceu na sala de espera entre os camarins, ele apontou para a porta que levava a um corredor que dava acesso a outras salas. Inventei qualquer desculpa para o Louis e sai logo depois do Justin.

- Vem comigo – Bieber, segurou a minha mão e puxou até um banheiro.

- Fala logo que eu estou muito curioso - me encostei na pia enquanto ele fechava a porta.

- Niall - ele respirou fundo - Você sabe que se tornou um dos meus melhores amigos em muito pouco tempo de convivência, não sabe? – ele me olhou nos olhos.

- Sim, você já me disse isso.

- Você me disse que eu poderia contar tudo para você e que sempre me apoiaria – Justin continuava a me olhar nos olhos - Que estaria ao meu lado sempre que eu precisasse.

- Aonde você quer chegar com isso?

- Eu só preciso de alguém em quem eu possa confiar – ele olhou para baixo.

- Ei – me aproximei dele – Você pode confiar em mim – levantei o rosto dele - Eu já te disse isso, você se lembra? - ele assentiu em resposta - Pode falar o que você quiser, eu estou aqui para te ouvir.

- Está tudo tão esquisito. Eu já nem sei mais o que pensar, parece que eu estou ficando louco.

- Por quê? – eu já não estava entendendo nada, mas não queria que ele percebesse.

- Porque eu descobri um lado meu que eu não sabia que existia e eu não quero que ele exista - ele suspirou novamente - Na verdade eu já sabia que ele existia, eu só não queria aceitar e muito menos acreditar que ele existia - ele falava tudo muito rápido.

- Calma, primeiro respira fundo e tenta se acalmar.

Ele virou de costas para mim, mas eu ainda pude ver o quanto ele estava nervoso. O rosto dele estava tão vermelho que até as orelhas dele tinham uma tonalidade rosada, as mãos tremiam e pareciam estar suadas demais, já que ele as limpava na calça pela terceira vez desde que entramos no banheiro. Eu vi ele respirar fundo de novo, antes de se virar para mim.

- Mais calmo?

- Sim - Justin, sorriu nervoso

- Eu sei que isso vai me trazer muitos problemas e eu não quero isso. Estava tudo indo tão bem. Porque tudo isso está acontecendo agora? - ele se aproximou de mim - Logo agora que a minha carreira está andando nos trilhos e que eu não venho fazendo nenhuma merda para ajudar aquela mídia sensacionalista – Justin, voltou a falar rápido, eu podia ver o peito dele subindo e descendo em um ritmo acelerado - Que adora inventar coisas sobre mim... – o interrompi.

- Espera, primeiro se acalme de verdade e depois você me conta.

Bieber se afastou um pouco de mim, ele olhava para os seus dedos enquanto brincava com os mesmos.

De repente Justin veio para cima de mim, ele me empurrou contra uma parede. Tentei o empurrar, mas ele segurou os meus braços e me beijou, meus olhos se arregalaram automaticamente. Minha cabeça parecia ter dado uma volta de 360 graus enquanto uma voz dentro dela berrava “JUSTIN BIEBER ESTÁ ME BEIJANDO” e “EU SOU UM HOMEM MORTO”.

Não tive tempo de empurrar Justin, quando eu vi Louis e Ed na porta. Em um segundo Tomlinson estava lá, em outro ele já estava em cima do Bieber o batendo. Eu não consegui ter nenhuma reação de imediato, ainda estava em choque devido ao beijo.

Ed, correu até os dois os separando. Bieber continuava no chão enquanto Tomlinson tentava fazer com que Sheeran o soltasse.

- EU VOU MATAR VOCÊ. SEU DESGRAÇADO. ME SOLTA – Louis, tentava avançar sobre Justin – VAGABUNDO. EU SABIA, SABIA QUE VOCÊ NÃO PRESTAVA. DESGRAÇADO.

- Louis – ele continuou a xingar – LOUIS.

Todos me olharam.

- Me solta – Tomlinson, respirou fundo – ME SOLTA, ED.

Assim que Sheeran o soltou, Louis saiu do banheiro e eu fui atrás dele.

- Louis, espera, Louis – ele não me dava ouvidos e continuava a andar cada vez mais rápido – Louis – o segurei pelo braço quando já estávamos na sala de espera.

- Você acha que eu tenho cara de idiota? – ele não me deu chance de responder – Desde quando?

- Desde quando o que?

- DESDE QUANDO VOCÊ TÁ TRAINDO A GENTE COM AQUELE DESGRAÇADO? – todos na sala começaram a prestar atenção na gente.

- Eu não estou traindo vocês.

Tomlinson, começou a me dar inúmeros tapas, Michael precisou me ajudar a contê-lo.

- VOCÊ ACHA QUE EU SOU O QUE, HORAN?

- Louis, eu não... – ele me interrompeu.

- NÃO VENHA ME DIZER QUE NÃO É ISSO QUE EU ESTOU PENSANDO, EU VI VOCÊS DOIS. EU VI VOCÊS SE BEIJANDO NA PORRA DAQUELE BANHEIRO.

- Eu sei o que você viu e para de gritar – tentei puxar ele para o corredor, mas ele me empurrou.

- Não me toca – Tomlinson, disse entre os dentes.

- Deixa eu explicar.

- Eu não quero ouvir as suas explicações – Louis, se virou para Clifford – Me tira da-daqui, Michael – a voz dele estava chorosa - Por favor.

Ver o Tomlinson daquela forma era de partir o coração e saber que indiretamente a culpa por ele estar assim era minha, fazia com que eu me sentisse sufocado. Louis, sempre foi uma pessoa forte.

- Amor... – eu tentei tocá-lo, mas ele se afastou – Amor, por favor – ele foi em direção à porta de saída, eu tentei ir atrás dele, mas o Clifford me impediu.

- Não – ele me segurou pelo braço – Deixa ele esfriar a cabeça um pouco, amanhã vocês dois conversam.

- Eu preciso... – ele me interrompeu.

- Depois, Niall.

Me joguei no sofá mais próximo e vi Michael ir embora, Tomlinson já tinha ido. Só então eu deixei as minhas primeiras lágrimas caírem, algumas pessoas até tentaram se aproximar, mas eu não queria conversa, a única coisa que eu queria era que a merda desse beijo não tivesse acontecido.

P.O.V. Justin Bieber

Eu não sabia o que tinha dado em mim para ter agrado o Niall. A única coisa que se passou na minha cabeça era que eu precisava provar para mim que eu não era gay e para isso nada melhor do que beijar um cara. Como eu fui capaz de ter a ideia mais idiota do mundo?

- Levanta, Justin – Ed, me puxou pelos braços – Deixa eu ver – ele segurou meu queixo e eu dei um gemido de dor – Não foi nada grave, você vai sobreviver.

- Nada grave? – o empurrei – Aquele anão... – Sheeran, me interrompeu.

- Pensa bem no que você vai falar dele se não quiser ficar com a outra metade do rosto machucado – ele me olhou sério e eu bufei revirando os olhos.

- O que ele e o Niall têm para ele ter reagido daquela forma? – me olhei no espelho – Eles são namorados?

- Melhor eles explicarem isso para você – Ed, se aproximou – Lava o rosto com um pouco de sabão que eu já volto.

Ele não esperou resposta e saiu do banheiro, lavei meu rosto com cuidado, ele estava um pouco dolorido. Louis, é baixinho, mas era forte. Em poucos minutos Sheeran estava de volta com um quite de primeiros socorros.

- Senta na pia – eu não sabia o que estava acontecendo comigo, eu simplesmente o obedeci e ele se aproximou, abriu a maleta e de lá tirou um vidro e um pedaço de algodão – Não se mexa – Ed, molhou o algodão, segurou meu rosto e o passou aquela coisa que ardia pra caramba sobre o corte no canto da minha boca.

- Aí – tentei me afastar.

- Quieto – ele segurou meu queixo com mais força e eu soltei outro gemido de dor.

- Está ardendo.

- Que bom – Sheeran, sorriu. Desgraçado, estava rindo da minha cara – Isso significa que está matando todos os micróbios.

- Já está bom, já morreu tudo – ele continuou rindo – Está rindo do que idiota?

- Você parece uma criança, acho que nem a minha priminha de cinco anos reclama tanto quanto você.

- Não estou reclamando – olhei para o lado.

- Se você diz – ele deu de ombros e voltou a mexer na maleta – Isso vai ajudar a cicatrizar mais rápido – Ed, espremeu uma pomada no dedo e passou sobre o machucado no meu rosto, a sensação era boa, refrescante.

- Eu não vou ficar marcado, não é? - e ele voltou a rir – Para – o empurrei.

- Não, Justin, você não vai ficar marcado – Sheeran, me olhava nos olhos, eu nunca tinha percebido como os olhos dele eram profundos, puta que pariu – Foi um corte pequeno, mas acho que aqui vai ficar inchado – ele tocou onde Louis tinha me dado o primeiro soco, na mandíbula do lado esquerdo do rosto e eu gemi.

- Não faz isso, dói.

- Para de ser um bebê chorão – Ed, repousou suas mãos sobre as minhas coxas.

- Não sou um bebê chorão.

- Mas está parecendo um – ele sorria e que sorriso, porra o que eu estou pensando?

- Você que tem a mão pesada demais.

- Agora a culpa é minha de você ser sensível demais – ele deu um tapinha de leve na minha coxa.

- Eu não sou sensível.

- Ok, ok, ok, como você quiser, bebê.

- Para de me chamar de bebê – cruzei os braços.

- Vou pensar no seu caso. Agora vamos descer daí – suas mãos foram para a minha cintura e eu me arrepiei.

- Eu não preciso de ajuda para descer.

Ed, me puxou sem ligar para o que eu tinha falado, automaticamente eu levei minhas mãos para os ombros dele. Quando meus pés tocaram o chão eu me vi muito próximo a ele, eu podia sentir a respiração dele tocando o meu rosto. Babaca, você deveria ter beijado o Sheeran e não o Horan. O QUE? Você não devia ter beijado ninguém.

- Seria bom você colocar algo gelado na sua mandíbula - ele piscou lentamente e eu me vi fascinado naquele pequeno movimento - Só para ter certeza que não vai inchar muito, porque roxo acho que vai ficar sim - o Sheeran franziu o rosto - Você está me ouvindo? - eu não respondi, estava ouvindo, mas não sabia o que dizer - Justin?

- Gelo? É, gelo é bom - sorri nervoso despertando do transe - Está calor, não é?

- Que? - ele me olhou com dúvida.

- Justin – Scooter, meu empresário entrou no banheiro, o mais rápido possível eu me afastei do Ed – Que história é essa de você e o Louis terem brigado? – ele me olhava sério – Quando eu penso que você cresceu e que eu não preciso mais te vigiar vinte e quatro horas você me mostra que ainda é o mesmo moleque mimado de sempre.

Eu ia responder, mas Sheeran foi mais rápido e já estava na minha frente, entre mim e o Scooter.

- Não precisa falar assim com ele, Braun. Foi só um desentendimento, nada sério – Ed, me puxou e segurou a minha mão – Deixa comigo, está tudo sob controle.

Sheeran, me puxou para fora do banheiro, mas eu consegui ver a cara do Scooter de quem não estava entendendo nada. Para falar a verdade nem eu estava entendendo, Ed e eu costumávamos não nos dar bem e agora ele estava me defendendo.

Andamos em silêncio até a sala de espera. Niall, estava sentado em um dos sofás, ele tinha os olhos vermelhos e as bochechas molhadas pelas lágrimas. Agora eu tinha certeza que Horan e Tomlinson tinham sim algo a mais do que apenas amizade e eu tinha acabado de estragar tudo.

- Niall – me aproximei dele.

- Não fala comigo, Justin. Por favor.

- Desculpa, eu não deveria ter te beijado – olhei para baixo – Eu não sei o que deu em mim.

- Pedir desculpas agora não adianta de nada – ele se levantou e saiu da sala.

Eu queria chorar, mas eu não iria fazer isso na frente de todo mundo, principalmente por causa do Ed, não queria dar mais um motivo para ele me encher. Me sentei no sofá onde antes o Horan estava e mordi meu lábio inferior, a vontade de chorar só crescia.

- Ei – Sheeran, sentou ao meu lado – Não fica assim, ele só está irritado.

- Por minha causa.

- Sim, mas você ficar assim não vai ajudar em nada – Ed, levantou meu rosto de uma forma delicada – Você tem que... Você está chorando?

- Que? – me afastei e limpei meu rosto – Eu não estou chorando – eu não tinha percebido quando as lágrimas começaram a cair.

- Está tudo bem, Justin – ele me puxou para perto – Vai ficar tudo bem entre vocês – Ed, me abraçou e eu não sei por que eu retribui – Eu prometo.

Apoiei minha cabeça no peito dele. Era tão bom estar assim pertinho dele, eu não sei explicar, mas eu me sentia protegido de uma forma que eu só sentia com a minha mãe e com os meus avós. Isso me assustava, mas ao mesmo tempo me acalmava e eu só queria ficar ali para sempre.

Poucos minutos depois um dos seguranças veio nos chamar para irmos embora. No carro, além do motorista e um segurança estavam apenas eu e o Sheeran. O caminho até o hotel foi feito em um silêncio confortável, assim que chegamos cada um foi para o seu quarto, eu precisava de um banho urgente.

Olhei para o relógio que marcava meia noite, tirei minhas roupas, sem pressa, enquanto a banheira enchia. Joguei alguns sais de banho que tinha no banheiro e entrei. A água quente fez com que todos os músculos do meu corpo relaxassem. Fechei meus olhos e fiquei lá por um tempo indeterminado, estava tentando achar uma forma de consertar o que eu havia feito.

Já era bem tarde quando eu saí da banheira, por volta das duas da manhã. Vesti apenas uma boxer e me joguei na cama com o intuito de dormir, mas bateram na porta e eu tive que levantar.

- Droga – peguei o roupão que estava em cima da cadeira e o vesti – Já vai – me aproximei da porta e a abri – O que você quer?

- Eu posso dormir com você? – Ed, enfiou as mãos no bolso da calça.

- Você tem um quarto – tentei fechar a porta, mas ele me impediu com o pé.

- O Michael está lá com o Louis e o Niall não abre a porta do quarto dele e muito menos me responde.

- Ok – respirei fundo e dei passagem para ele.

- Me empresta uma roupa para dormir – Sheeran, se jogou na cama.

- Folgado – fui até a minha mala e peguei qualquer short – Me devolva limpo.

- Sim senhor – Ed, levantou da cama e bateu continência.

- Você é idiota assim ou só se faz?

- Acho que você me passou? – ele sorriu.

- Quer dormir no corredor?

- Foi mal – Sheeran, levantou as mãos em forma de rendição.

Me sentei na cama e liguei a televisão, procurei um canal que passasse um filme bom, mas nada. Foi quando eu senti ser observado, levantei meu rosto e Ed me olhava descaradamente, eu estava com o roupão aberto.

- Que foi?

O Sheeran me parecia envergonhado, o rosto dele estava vermelho. Mas eu deveria só está vendo coisa onde não tem.

- Nada, só estava vendo as suas tatuagens – ele deu de ombros e se virou tirando a camiseta.

Não vou dizer que eu não queria olhar ou que foi sem querer. Eu queria olhar. Para ser sincero eu sempre reparei nos corpos dos meus amigos, mas eu nunca tinha pensamentos sexuais com eles, mas agora as coisas tinham mudado um pouquinho. Na minha cabeça veio a imagem de Ed andando até mim enquanto mordia o lábio inferior, ele passava a mão sobre o peito dele e eu me via hipnotizado pela cena.

Tentei afastar esses pensamentos, mas o Sheeran tinha que tirar a calça bem na hora e ficar só de cueca bem na minha frente. Puta que pariu, ele tinha uma bunda maravilhosa, redonda e empinada, me deu uma vontade de ver como ela ficaria com a marca de um tapa meu, ele era branquinho, com toda certeza a bunda era bem mais então iria ficar vermelho.

- Justin... – Ed, se virou para mim assim que colocou o short – Está olhando o que?

- Olhando? – sorri sem graça – Eu? Não estava olhando nada.

- Você acha que eu sou idiota ou o que?

- Bem... – ele me interrompeu.

- Você estava olhando para a minha bunda?

Me engasguei com a minha própria saliva.